Lançar um negócio na hora certa pode fazer toda a diferença para o sucesso da operação. No caso da startup brasileira Unbox, o momento do lançamento não poderia ter sido melhor. A companhia, que oferece uma solução de comércio eletrônico para pequenos varejistas, entrou no mercado em novembro de 2019, poucos meses antes da pandemia de coronavírus tomar o mundo e forçar a digitalização de dezenas de milhares de lojistas, que precisaram vender on-line para sobreviver.
Com um produto pronto para e-commerce, a empresa passou de 50 clientes em março para mais de 1.000 em dezembro. Agora, para escalar sua operação, recebeu um aporte de 3,5 milhões de reais da gestora Maya Capital.
O fundo, administrado por Lara Lemann e Mônica Saggioro, busca empresas que possam resolver grandes problemas da América Latina. Em seu portfólio estão startups como Gupy (de software para RH), Trybe (escola de programação), NotCo (de comidas a base de planta) e Truora (de soluções antifraude).
De acordo com Bruno Pereira, presidente e cofundador da Unbox, foi o fato de sua solução ser pensada para mercados emergentes que chamou a atenção do fundo. “Acreditamos que nosso modelo, pensado para o Brasil, possa ser replicado para outros países da região”, afirma.
Trajetória do negócio
A ideia da Unbox nasceu da junção de experiências pessoais e profissionais de Pereira. Ele cresceu com pais empreendedores, que administram um atacado de materiais de construção em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Acompanhando o trabalho dos pais, via a dificuldade que era não ter processos de gestão digitais.
Pensando em um dia assumir o negócio, ele foi estudar administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas. Saindo da faculdade, conseguiu um emprego no banco americano Merrill Lynch, onde descobriu os gargalos do e-commerce em países emergentes.
Em 2019, após quatro anos no banco, decidiu deixar o emprego para empreender. Para ajudá-lo na empreitada, convidou dois amigos para serem seus sócios: Gabriela Alves (que estava na Loggi) e Lucas Leite (do James Delivery).
Juntos, os três criaram uma plataforma que simplifica as decisões que o pequeno empresário tem que tomar para ter um e-commerce. Em menos de dez minutos, respondendo um questionário de dez perguntas, qualquer empreendedor consegue colocar uma loja no ar, que já nasce conectada às redes sociais. A empresa oferece também soluções de meio de pagamento e também um serviço de logística, feito em parceria com Correios, Loggi e Total Express.
Como funciona
A Unbox cobra uma mensalidade de 49,90 reais e mais 3,5% de cada venda efetuada pela loja on-line. Os custos de meio de pagamento e logística não estão inclusos no pacote. Segundo o presidente, a taxa de pagamento é de 2,79% e o preço do envio é 50% mais barato que o praticado pelas operadoras logísticas.
Hoje, as principais clientes da Unbox são empresas que faturam de 10.000 a 50.000 reais por mês com as vendas digitais. A empresa tem força especialmente no segmento de alimentação saudável e de moda.
Em 2021, usando o dinheiro do aporte, a empresa vai investir em tecnologia para melhorar as integrações de venda da plataforma com as redes sociais e também os serviços de logística e pagamento. Até o final do ano, o plano é ter dezenas de milhares de PMEs usando o serviço.
“Nosso desafio é conseguir criar uma solução que ajude a reduzir o atrito para o lojista chegar até seu cliente final. A integração com as redes sociais são um bom começo, mas há outras opções que estamos de olho, usando inteligência artificial e dados. Queremos apontar para os nossos clientes o que eles precisam fazer para vender mais”, diz Pereira.
O boom do e-commerce
O e-commerce brasileiro cresceu 122% em 2020, na comparação com o ano anterior, segundo dados da empresa Neotrust, que monitora o segmento no Brasil.
Esse salto fez os investidores se voltarem para empresas com soluções de comércio eletrônico. Além da Unbox, companhias focadas em PMEs, como Olist e Nuvemshop conquistaram investimentos multimilionários para expandir suas operações pelo país.
Mas o aporte mais significativo em uma empresa do setor foi o da VTEX. Em setembro, a companhia levantou 225 milhões de dólares em rodada de captação série D liderada pelo fundo Tiger Global. Na transação, a empresa foi avaliada em mais de 1 bilhão de dólares, o que lhe garantiu o cobiçado título de unicórnio.
Fonte : exame.com