Dark stores: o que são e como funcionam os supermercados “escondidos”

Criadas para atender o mercado de delivery, as dark stores servem como centro de armazenamento e distribuição de produtos para o ecommerce.

Um estudo da Paypal, publicado no começo deste ano, revela que 5 em cada 10 brasileiros já compraram remédios ou mantimentos online. Destes, quase 90% preferem essa modalidade de entrega porque economizam tempo ou dinheiro.

Empresas como Ifood, Rappi e Daki são as que mais operam nesse segmento, prometendo entregas em até 15 minutos. Para agilizar o serviço, esses apps importaram para o Brasil o conceito de “dark store”.

Uma dark store (loja escura, na tradução literal) é um centro de distribuição próprio de um aplicativo, que elimina a necessidade de fazer parceria com outros supermercados para entregar os produtos. Desta forma, a empresa monta um espaço personalizado e, dentro de sua própria estrutura, atende os pedidos feitos pelos clientes.

O app Daki opera exclusivamente neste modelo e, assim, consegue maximizar os lucros da operação. O sócio-fundador da marca, Alex Bretzner, explica que todo o negócio está sob o controle da empresa, da construção dos centros à avaliação final pelo serviço, o que inclui a gestão do estoque dos 80 pontos em atividade.

Ele destaca que o funcionamento via marketplace -modelo em que o aplicativo apenas faz o serviço de entrega dos itens- leva cerca de 15 dias para começar. No entanto, isso depende de negociações com supermercados, seja para vender a ideia ou estabelecer condições contratuais.

Por outro lado, mesmo que uma dark store leve, em média, 30 dias para começar a funcionar, ela permite que a companhia gerencie os custos, desde a negociação de preços com os fabricantes ao valor do frete para o cliente final.

Com esse sistema, é possível ‘espremer’ toda a operação para pagar os custos, deixar cada unidade no verde e lucrar.

“O grande diferencial é que não têm terceiros, tudo é feito dentro de casa. Elimina, também, aquele problema do cliente fechar uma compra e, na hora que o entregador chega no supermercado, precisa fazer substituições, porque não encontrou um produto específico”, exemplifica.

“O modelo verticalizado resolve muitas dores operacionais e traz uma eficiência ao ponto de, se eu vender um produto por um determinado preço, para entregar em um tempo pré-determinado, eu consigo cumprir com o prometido”. “Eu controlo meus produtos, minha qualidade e o meu compromisso com o cliente”.

Expandir é um problema
Embora este mercado esteja se expandindo, ele ainda é incipiente no país, e fica concentrado no eixo Rio-SP. Somando as três maiores empresas do segmento, são menos de 300 dark stores -ou seja, cerca de uma unidade para cada 730 mil pessoas.

Por isso, o que é qualidade acaba se tornando uma pedra no sapato dos aplicativos que oferecem esse tipo de serviço. Se no modelo padrão a operação é apenas do recebimento do pedido e da entrega dos produtos, no caso das lojas próprias todas as etapas ficam sob responsabilidade do aplicativo.

Neste cenário, mesmo que o negócio como um todo apresente um crescimento exponencial em menos de dois anos da inauguração, a Daki teve de fechar algumas lojas que havia aberto. Segundo a empresa, isso não teve a ver com um problema operacional em si, mas com uma reorganização da estratégia, que hoje está focada em bairros que são mais lucrativos.

Além disso, o mercado de tecnologia tem sofrido com uma queda de investimentos de risco, o que dificulta que startups recebam aportes. Até as que já têm status de unicórnio -como é o caso da Daki- estão com dificuldades para reforçar seu capital com recursos externos.

“Hoje, nossa dinâmica busca trazer saúde operacional e financeira. Uma vez retomado o apetite de risco no mercado, a gente sabe que vai estar em uma condição privilegiada para atrair capital”, prevê Bretzner, sócio-fundador da Daki.

Dark store versus mercado de proximidade
Outro ponto de atenção deste segmento tem sido a chegada acelerada dos mercados de vizinhança. Grandes marcas do setor, como Carrefour, Extra e Pão de Açúcar, adaptaram seus modelos de negócios ao novo comportamento do consumidor que agora prefere ir às lojas menores e mais próximas de casa.

Os modelos Minuto Pão de Açúcar e Carrefour Express somam mais de 100 unidades cada só no estado de São Paulo. A concorrência é feita, de igual modo, por uma operação agressiva da rede mexicana Oxxo que já passa de 120 conveniências no país em apenas dois anos desde o desembarque. A empresa é a maior rede de mercados do tipo na América Latina e surgiu de uma joint-venture entre a Femsa e a Raízen Combustíveis em 2019. A operação em conjunto resultou nas lojas Shell Select e lojas Oxxo, que somarão 1.374 pontos de venda no Brasil e 236 na Argentina e Paraguai até o final do primeiro trimestre de 2023. Outras 5.000 novas lojas devem abrir nos próximos 10 anos.

Fonte : https://www.infomoney.com.br/negocios/dark-stores-o-que-sao-e-como-funcionam-os-supermercados-escondidos/

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