As grandes operadoras globais de cartões elegeram o pagamento por aproximação como carro-chefe para expandir seus negócios. O avanço da modalidade abriu caminho para o crescimento de empresas especializadas na tecnologia contactless. É o caso da startup catarinense ATAR. A empresa, que lançou a primeira pulseira de pagamentos por aproximação da América Latina, recentemente se tornou parceiro tecnológico da Mastercard na criação de cartões pré-pagos promocionais contactless para eventos esportivos.
A ATAR apresentou sua pulseira de pagamentos ao mercado em 2016, quando não havia outro acessório semelhante no país, nem era comum realizar uma compra usando o celular. A ATAR band era vista como uma promessa revolucionária. Hoje, três anos depois, os usuários do wearable – como são chamadas as tecnologias adotadas como acessórios de vestir – já realizaram pagamentos por aproximação em mais de 9.000 estabelecimentos diferentes no Brasil e em outros 15 países.
“A ATAR band foi protagonista da maior pré-venda de um produto brasileiro de tecnologia na época, com mais de 1.000 unidades encomendadas”, conta Orlando Purim Junior, diretor executivo da ATAR. “A ideia era tão inovadora que as pessoas queriam ter acesso antecipado à pulseira, apoiando o projeto ao comprá-las mesmo sem pronta entrega”.
Para desenvolver o produto, a ATAR contou com nomes de peso. A Mastercard se tornou a bandeira da ATAR band, permitindo que a pulseira fosse aceita em estabelecimentos comerciais em mais de 200 países. Já a Edenred Soluções Pré-Pagas, que se adaptou para atuar com pagamentos por aproximação, virou o emissor.
“Essas empresas apostaram no contactless e nos wearables de pagamento quando ainda eram uma promessa. Agora que esse segmento ganha tração, temos uma solução robusta pronta para atender o mercado”, diz Purim. Para Alfredo Bernacchi, diretor geral da Edenred Soluções Pré-Pagas, a tendência é de expansão. “Emitimos dispositivos de pagamento por aproximação pela primeira vez com a ATAR. A modalidade dá agilidade ao processo de compra, permitindo que a transação seja até dez vezes mais rápida do que com outros meios”.
Parceria com a Mastercard
O pioneirismo e a expertise em contactless levaram a ATAR a ser escolhida pela Mastercard para parceria durante alguns eventos esportivos que a operadora patrocina. Entre maio e junho, mais de 9.500 cartões pré-pagos promocionais com a tecnologia de pagamentos por aproximação da fintech foram distribuídos a clientes da Mastercard. Também foram entregues 500 pulseiras de pagamento da ATAR, personalizadas para a Mastercard, a torcedores, executivos e influenciadores.
Esses cartões tinham um crédito de R$ 15 e as pulseiras da ATAR, de R$ 30. Para usar o recurso, válido até 31 de julho de 2019, era preciso ativá-los por meio da conta digital e do aplicativo ATAR pay. “Nos empenhados em assegurar comodidade, operacionalizando back-office, tesouraria e atendimento”, diz Mike Allan Pellin, diretor de operações da ATAR.
Ganhando corpo
A ATAR band funciona por meio da tecnologia NFC (transmissão de dados sem contato). Após adquirir a pulseira, o usuário deve baixar o aplicativo ATAR pay (disponível para iOS e Android), criar uma conta digital (Conta ATAR pay) e fazer a ativação do produto. Para realizar pagamentos, é preciso depositar recursos na Conta ATAR pay, o que pode ser feito com cartões de crédito, TED ou boleto bancário emitido no próprio aplicativo. A ATAR band é aceita em toda a rede contactless da Mastercard, presente em 85% das maquininhas no Brasil.
Entre cartões e pulseiras, a ATAR emitiu mais de 17 mil dispositivos de pagamento nos últimos 12 meses. Instituições financeiras como o banco Bradesco e a cooperativa Sicredi se tornaram clientes corporativos da fintech. Neste ano, até maio, o volume de depósitos na conta digital ATAR pay cresceu 146% em relação ao mesmo período de 2018. “Acreditamos que estamos fazendo a diferença para a disseminação dos pagamentos por aproximação no país”, afirma Purim. Os pagamentos por aproximação já podem ser feitos em cerca de 4.500 cidades brasileiras.
Pivot no modelo de negócio
Fundada em Timbó, cidade de 43 mil habitantes no interior de Santa Catarina, a ATAR nasceu focada no desenvolvimento de wearables de pagamento. A empresa foi uma das selecionadas para participar da primeira turma do InovaBRA, programa de inovação criado pelo banco Bradesco, em 2015, quando o modelo da ATAR band foi testado e aprovado. Até o momento, a empresa recebeu cerca de R$ 1 milhão em aportes, entre investimentos anjo e equity free (sem envolver participação societária).
Diante da resposta dos clientes à ATAR band, os executivos perceberam que havia uma oportunidade de ajuste no modelo de negócio da empresa. Com o tempo, a base de usuários se diversificou. “Notamos que muitos clientes se consideravam mal atendidos pelos bancos”, diz Pellin. Ao mesmo tempo, a forma de usar a solução também evoluiu. “Os clientes estavam usando a Conta ATAR pay para finalidades que não tínhamos previsto, como guardar dinheiro, pagar mesada, rachar a conta com os amigos ou fazer cobranças”.
A startup, então, decidiu democratizar o acesso à conta digital. Até o ano passado, só tinha acesso à ATAR pay quem comprasse a pulseira de pagamentos. Em maio de 2019, os dois foram desvinculados – agora, é possível aderir à conta digital sem ter a pulseira. Os resultados estão aparecendo. Neste ano, até maio de 2019, o número de novas contas foi o dobro das abertas em 2018 inteiro. “Começamos com o ‘tech’, mas resolvemos agregar o ‘fin’. Com a conta digital podendo ser aberta por qualquer pessoa, hoje somos oficialmente uma ‘fintech’, empresa dedicada à tecnologia para a área financeira”, conclui Pellin.
A conta digital ATAR pay não tem taxa de manutenção e nenhum custo para depósito. Deve ser lançado também o Cartão ATAR, cartão pré-pago internacional, com a bandeira Mastercard, sem cobrança de anuidade. Em fase de teste, o cartão permitirá fazer saques no Brasil e no exterior, além de pagamentos em mais de 40 milhões de estabelecimentos no mundo.
Tag: Financeiro
Fonte: e-commerce news