Programas de aceleração de startups valem mesmo à pena?

Recentemente recebi o convite de um jornal para falar sobre minha experiência como empreendedora. No dia da gravação, durante um papo descontraído, contei ao jornalista como havia surgido a Vittude. Falei da ideação, das fases que passamos e das conquistas atuais. Uma das perguntas feitas foi sobre a eficácia dos programas de aceleração.

Ele compartilhou que frequentemente recebe e-mails de aceleradoras, querendo participar de alguma pauta do jornal. Além disso, ao longo das entrevistas com outros empreendedores, observou que alguns problemas costumam ser comuns entre empresas que passaram por aceleração. Uma das queixas recorrentes era o excesso de diluição do capital social, o que eu aprendi a chamar de cap table sujo com alguns fundos de investimento.

Além disso, essa semana li uma matéria noticiando o encerramento do programa de aceleração da ACE, antiga Aceleratech, uma das mais prestigiadas aceleradoras brasileiras. A decisão, muito comentada no ecossistema e nos grupos de Whatsapp de empreendedores, com certeza é um avanço a ser celebrado.

Enquanto empreendedora, pude experimentar dois opostos. Passei por dois programas de aceleração. Ambos proporcionaram momentos de aprendizado, no entanto, um deles gerou também frustração e muita dor de cabeça. Decidi compartilhar a minha experiência com aceleradoras de startups e talvez ajudar futuros empreendedores a fugir de algumas possíveis armadilhas.

Se você está avaliando recorrer a alguma aceleradora para avançar com sua startup, separe uns minutinhos para ler os próximos parágrafos! Eu adoraria que alguém tivesse me contado, 3 anos atrás, tudo o que vou escrever abaixo. Tenho certeza que esse conhecimento teria me livrado de algumas noites sem dormir e muitos comprimidos de advil.

Afinal, aceleração de startups vale à pena?

Minha resposta é depende!! Cada um sabe bem onde seu calo aperta, não é mesmo? O primeiro ponto, e talvez o mais crucial de todos é entender qual é a contrapartida do programa de aceleração. Se houver equity envolvido, abre o olho!

Esse equity, que parece inofensivo quando estamos começando a empresa, pode inviabilizar completamente o crescimento e o futuro da sua startup. Na matéria que citei acima, há um parágrafo que explica exatamente o que eu quero dizer.

“No começo da aceleradora, era comum investir de 20 a 50 mil reais nos negócios em troca de 10 a 15% de participação. Tais valores, hoje, seriam pouco para o caixa de uma startup e a participação inviabilizaria a captação de rodadas posteriores.”

Logo, ceder equity em função de mentorias e um pequeno aporte de dinheiro, ao invés de ajudar, pode inviabilizar completamente seu sucesso.

A boa notícia é que tem crescido o número de programas e iniciativas de apoio a startups em nosso país! Siga comigo.

Fomento e contribuição ao ecossistema

Algumas organizações têm estruturado programas de aceleração corporativa com o objetivo de contribuir para o fomento do ecossistema. Entre elas, cito duas que amo de paixão: Google e Facebook. As duas organizações possuem programas de residência e aceleração no Campus São Paulo e na Estação Hack, respectivamente.

Apesar de não ter sido acelerada pelo Google for Startups Brazil, a Vittude teve a alegria de ser indicada pela organização, por meio da Fernanda Caloi, para um programa de imersão no Vale do Silício chamado BlackBox Connect. Nesse programa, fiquei duas semanas em São Francisco com outras 13 empreendedoras de todos os continentes. Recebi uma bolsa de U$$ 17 mil do Google for Startups e tive a oportunidade de me desenvolver enquanto líder e CEO. Essa imersão tinha por objetivo desenvolver as fundadoras, dar a elas instrumentos que ajudassem a levar sua organização para um próximo nível. Não canso de dizer que foi uma das experiências mais ricas que já tive o prazer de experimentar. O programa de residência no Campus também é reconhecido por empreendedores do ecossistema como sendo diferenciado e bastante disputado.

Em 2018, a Vittude foi uma das 10 startups selecionadas pela Artemisia para aceleração na Estação Hack, primeiro centro de inovação do Facebook no mundo. O programa tem um foco voltado para Impacto Social. Trata-se de uma aceleração destinada a startups que utilizam dados para o bem. O principal diferencial é que cada empresa possui a figura do acelerador (membro da Artemísia que vai acompanhar semanalmente a startup) e o mentor Facebook. Estamos falando de um programa de aceleração personalizado para a necessidade de cada organização. Ao início estabelecemos em conjunto qual será a meta de crescimento, se existe necessidade de mudança no modelo de negócios ou se há uma demanda, por exemplo, de coaching ou preparação do time. Todas as empresas que passam por lá experimentam não só crescimento, como um aumento significativo do networking e exposição a parceiros e potenciais investidores.

Além do grande aprendizado proporcionado por essas organizações, o mais legal é que  nenhum dos programas que citei acima tomam equity dos fundadores.

Fonte: e-commerce news

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