A Alibaba quer transformar o aeroporto de Viracopos, em Campinas, em uma espécie de centro de distribuição para mercadorias vindas da China. A ideia seria investir pesado no transporte de cargas e menos no de pessoas, de forma que o local possa servir como um ponto de apoio primordial para as operações da companhia no Brasil. Hoje, o país é o quarto maior mercado do e-commerce asiático.
O valor da negociação não foi revelado, mas ela estaria em andamento entre a Alibaba e a Aeroportos Brasil, concessionária formada por empresas privadas e que tem 51% de controle sobre Viracopos, enquanto os outros 49% de participação são de propriedade da Infraero.
A ideia seria adquirir essa parcela majoritária para desenvolver o projeto, que seria um grande passo rumo a operações locais da gigante chinesa por aqui, algo que já é comentado há anos pelo CEO Jack Ma. Em recente visita ao nosso país, por exemplo, ele também comentou estudos para ofertar crédito ao consumidor e investir em logística — algo que, agora, se encaixa com a empreitada em Campinas.
A Alibaba, entretanto, enfrenta competição nesse cenário. Desde a privatização, em 2011, o aeroporto de Viracopos vê um declínio no número de passageiros e voos, principalmente pela proximidade com São Paulo e seu gigantesco polo aeroportuário. Com dívidas milionárias e falta de investimento, inclusive com credores temendo um grande calote, uma mudança de controle se tornou viável e, principalmente, interessante para empresas privadas que desejam aproveitar as operações do lugar.
Um exemplo é a CCR, concessionária que pertence ao grupo Camargo Côrrea e que também está interessada nas operações de transporte de cargas. Enquanto isso, o fundo de investimentos IG4 quer pagar R$ 500 milhões aos acionistas e converter as dívidas de R$ 2,6 bilhões com o BNDES em ações, transformando Viracopos em uma espécie de ponto de parada para voos entre as regiões Nordeste e Sudeste do país — o que incluiria, por exemplo, a construção de uma linha de trem para ligar o aeroporto à capital paulista.
Enquanto isso, a Aeroportos Brasil se encontra em um processo paralisado de recuperação judicial, que aguarda, principalmente, a entrega de um plano para Viracopos. Nos anos recentes, a UTC, principal controladora da concessionária, se viu nas páginas dos jornais devido à prisão de seu diretor, Ricardo Pessoa, pela Operação Lava Jato e tentou, sem sucesso, devolver a concessão do aeroporto à União, algo que foi negado pela Anac. Um processo de cassação dessa permissão também foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça.
Fonte : canaltech.com.br