Americanas entra com pedido de recuperação judicial; Empresa deixará de fazer parte da B3

A Americanas confirmou em fato relevante encaminhado à CVM nesta quinta-feira (19) que ajuizou, com suas subsidiárias ST Importações Ltda, JSM Global S.Á.R.L. e B2W Digital Lux S.Á.R.L, pedido de recuperação judicial do Grupo Americanas na 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do estado do Rio de Janeiro.

No documento, a empresa afirma que, a despeito dos esforços e das medidas que a administração dos últimos dias, em conjunto com seus assessores financeiros e legais, para proteger a companhia dos efeitos decorrentes da descoberta de financiamentos de compras da dimensão de R$ 20 bilhões não adequadamente refletidos nas demonstrações financeiras de 30/9/2022, o conselho de administração aprovou o pedido em caráter de urgência, por unanimidade.

A decisão, segundo a Americanas, considerou os desafios que está enfrentando na interface com credores e fornecedores desde revelação das inconsistências contábeis; a necessidade de atendimento dos interesses de seus credores, acionistas e stakeholders; a posição de caixa que reduziu-se sobremaneira; e a necessidade de preservação da continuidade da oferta de serviços de qualidade.

No fato relevante, a Americanas afirma que o total dos créditos listados nos documentos protocolados com o pedido de RJ soma aproximadamente R$ 43 bilhões e que “o grupo de acionistas de referência informou ao presidente do conselho de administração que pretendem manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, – americanas.com – , da Ame e suas demais coligadas”.

A companhia disse ainda que mantém seu esforço na busca por uma solução com os seus credores e reafirma “a confiança que tem em sua capacidade operacional e comercial para que seja bem-sucedida na proposição e aprovação de um plano de recuperação que permita ganho de valor para a companhia e seus stakeholders”.

A apresentação do pedido de RJ foi feita nos autos da Tutela de Urgência Cautelar ajuizada em 12 de janeiro e a administração pretende tomar as providências necessárias à efetivação do pedido de recuperação em todas as jurisdições que sejam necessárias. A medida será levada à Assembleia Geral da Companhia, a ser convocada.

Americanas deixará de fazer parte dos índices da B3
A B3 informou nesta quinta-feira (19) que, a partir de amanhã, a Americanas deixará de fazer parte de seus índices.

A varejista terá seus títulos excluídos de todos os índices da B3, informou a companhia, em comunicado. Isso inclui o Ibovespa, que é a referência da Bolsa brasileira.

De acordo com a B3, o ativo será excluído de IBOV, IGCX, ICO2, ICON, IBXX, IGCT, IGNM, IBRA, IVBX, ISEE, ITAG, SMLL, IBXL e GPTW ao seu preço de fechamento após o encerramento do pregão regular desta sexta, “sendo sua participação redistribuída proporcionalmente aos demais integrantes da carteira com o pertinente ajuste nos redutores dos índices”.

A B3 informou ainda que, em razão dos últimos acontecimentos envolvendo a varejista, deliberou-se pela exclusão da empresa da carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3). Porém, devido à listagem sob o título de “Recuperação Judicial“, a empresa será excluída conforme tratamento dos outros índices.

A saída da Americanas dos índices já era esperada, uma vez que, pelas regras da B3, uma empresa em recuperação judicial não é elegível para fazer parte de índices da Bolsa.

A Americanas, que está com dívidas que somam R$ 43 bilhões, informou que apresentou pedido imediato de recuperação judicial, após o fracasso das negociações entre acionistas e credores para acertar o valor da injeção de capital na varejista.

Em recuperação judicial, a Americanas terá um prazo de blindagem por 180 dias em que todas suas obrigações de dívida ficam suspensas.

Chega a 5 o número de processos abertos na CVM
A partir de denúncia enviada pela Associação Brasileira de Investidores (Abradin), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo administrativo para apurar os eventos relacionados à Americanas e à auditoria PwC, elevando a cinco o número de procedimentos instaurados. O processo poderá ser encaminhado à Superintendência de Relações com Empresas (SEP).

Na medida em que as apurações avançam, mais procedimentos podem ser criados e os processos administrativos – abertos em diferentes superintendências da reguladora – podem ser convertidos em “processos sancionadores”. Também podem se transformar em inquéritos administrativos.

“Fizemos uma denúncia na CVM pedindo para apurar as informações relativas ao buraco contábil, para que com base nos dados apurados possamos fazer uma denúncia mais concreta. Ainda não entramos com ação, pois seria aventureiro e açodado”, diz o economista Aurélio Valporto, presidente da associação, que tem sede no Rio.

De acordo com Valporto, a associação tem auditores trabalhando em paralelo às investigações oficiais. “Estamos usando uma auditoria nossa, com técnicos nossos, para chegar às nossas conclusões”, afirmou, para completar: “Há evidências de que havia desvio de caixa não apenas erros contábeis. Estes serviriam para acobertar aqueles. “Já encontramos indícios sérios desse tipo de prática.”

Para Valporto, não há dúvida de que houve erro da auditoria PwC, embora não esteja claro se houve dolo. “Ninguém sabe o que está acontecendo. O que sabemos é que há uma fraude. A fraude aumentou de R$ 20 bilhões para 40 bilhões. Não sabemos como correu. Precisamos de mais detalhes para apontar mais corretamente a culpa e eventualmente o dolo.”

O processo mais recente foi aberto pela SEP para avaliar a divulgação de notícias, fatos relevantes e comunicados. Um dos processos está sob a responsabilidade da Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários (SMI), que analisa, entre outros, temas relacionados a informações privilegiadas e manipulação de mercado.

Os demais processos apuram o cumprimento das regras de divulgação pela empresa e as divulgações financeiras da companhia.

Fonte : https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/americanas-pedido-recuperacao-judicial

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