Como a indústria e varejo podem se ajudar compartilhando dados

O conceito de indústria 4.0 traz consigo tecnologias como automação e machine learning. Já o varejo 4.0 conta com reconhecimento facial e inteligência artificial. Ambos os conceitos são amplamente debatidos e as disrupções causadas por essas tecnologias são amplamente difundidas.

Mas, no fim das contas, indústria e varejo equipados com o que há de mais novo em tecnologia são concorrentes? A partir do momento em que a indústria é munida com o conhecimento dos hábitos do consumidor pode eliminar o varejo ou varejo, dono dos dados e sabedoria de melhores práticas, pode canibalizar a indústria?

Este tema foi debatido no Retail Meeting Days. Com mediação de Tania Zahar Mine, professora da pós-graduação da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e colunista da NOVAREJO, representantes da indústria e varejo falaram sobre os pontos de atrito entre os setores e onde varejo e indústria podem – e devem – se ajudar.

Análise de dados

Dentro do varejo e indústria 4.0 os dados são itens de luxo. Para Bruno Balduccini, head sênior de e-commerce da Unilever, a análise de dados na indústria e varejo brasileiros ainda é deficiente. “Temos um monte de dados, mas não tomamos decisão em cima disso. A indústria precisa participar da tomada de decisão e do outro lado o varejo tem que vir com o contato e conhecimento do consumidor”, diz Balduccini.

No mercado de construção civil a coleta e análise dos dados pode fazer com que o varejista antecipe as necessidades dos clientes. A Telhanorte vai lançar um programa que vai ajudar o consumidor antes mesmo dele procurar a loja.

André Chevis, diretor de marketing da Telhanorte, explica: “o mercado de construção civil é bastante previsível. Quem troca o piso depois de dois meses vai precisar pintar a parede, por exemplo. Por isso vamos lançar um programa onde podemos ajudar o cliente com essa previsibilidade”.

O mercado de impressão traz consigo outro exemplo de como os dados podem ser valiosos na previsão de comportamento do consumidor. Quando os consumidores instalam os drives de impressoras HP a empresa consegue ter acesso a informações como tipos de cartucho utilizados, frequência de uso e reposição dos cartuchos.

Usando esses dados, a HP consegue dizer aos varejistas que é preciso reforçar o estoque durante os fins de semana porque a maioria das reposições de cartucho acontecem na segunda-feira. “A partir da instalação do software começamos a ter informações sobre o hábito de consumo. São informações muito básicas que você consegue passar para o varejista”, diz Gleyson Ferreira, head de retail trade marketing da HP.

No entanto, é importante analisar os dados que sejam relevantes para a realidade da empresa. Como o trabalho movido por dados é uma atividade relativamente nova no Brasil, investir tempo e dinheiro em informações que não são relevantes para o negócio pode frear a eficiência da análise de dados.

Para Denize Mattos, sócia-diretora da M. Loures, varejista de acessórios, é necessário “traçar os itens relevantes para sua marca e acompanhar intensamente esses dados. É preciso foco para entender o que você vai acompanhar”. Ela diz que os varejistas precisam se lembrar de fazer o simples: “o essencial é ter a história do consumidor com seu produto, quantas vezes ele consome seu produto e o que ele mais consome”.

Fonte: portal no varejo

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