Copa do Mundo e cenário econômico tiram foco da Cyber Monday

Voltada a descontos para eletroeletrônicos, a segunda-feira seguinte à Black Friday vem em segundo plano neste ano; retorno dos fabricantes é de que o mercado não está aquecido.

O calendário estendido de promoções da Black Friday 2022 e o foco do varejo em chamar a atenção do consumidor durante a Copa do Mundo 2022, realizada no mesmo período, deixaram a Cyber Monday, segunda-feira seguinte à Black Friday voltada a descontos para eletroeletrônicos, em segundo plano neste ano.
“A Cyber Monday embarcou nas promoções alongadas durante o mês, a ‘Black November’, este ano, já que a Copa foi ganhando espaço não só na cabeça do consumidor, mas do varejo”, diz Fernando Baialuna, diretor de varejo da consultoria GfK.

A atenção do consumidor aos jogos da seleção brasileira e a animação em torno da Copa do Mundo do Catar não são os principais motivadores das perspectivas conservadoras de vendas do setor entre fabricantes e varejistas no mês da Black Friday e da Cyber Monday.
“O varejo, desde o Dia das Mães, vem reportando números difíceis de vendas para o usuário, e o retorno que temos dos fabricantes é de que o mercado não está aquecido”, afirma Reinaldo Sakis, gerente sênior de pesquisa e consultoria da IDC Brasil.

“Os resultados do setor para vendas de celulares, computadores, tablets e dispositivos vestíveis (wearables) estão abaixo dos volumes esperados”.
“Olhando para o cenário nacional, e os retornos do mercado de que o brasileiro está com a renda comprometida, a Black Friday e Cyber Monday não devem ter vendas excepcionais, embora haja uma concentração de vendas e de descontos mais altos nessas datas”, analisa Sakis.

O reflexo deste cenário foi o resultado do e-commerce com eletroeletrônicos nesta Black Friday. A categoria líder nas listas de compras dos brasileiros nesta época do ano teve uma queda de 28,7% em faturamento bruto no e-commerce na sexta-feira (25), em relação à data equivalente de 2021, mostra uma pesquisa da consultoria NielsenIQ|Ebit.

Já ao longo do mês, até o dia 25 de novembro, as vendas brutas do segmento nas lojas on-line tiveram alta de 9,5%.
Criada como uma forma de incentivar as vendas on-line logo após a Black Friday, nos Estados Unidos, e oferecer serviços complementares aos produtos comprados pelos americanos na sexta-feira, a Cyber Monday foi se concentrando em promoções de eletroeletrônicos. Por aqui, entretanto, ainda não é uma data significativa de vendas em relação à Black Friday.

“O Brasil nunca foi um país que colocou foco na Cyber Monday de maneira clara, e esse é um ano atípico por conta do mundial de futebol”, observa Baialuna. No ano passado, as vendas da Cyber Monday recuaram 6,2% em unidades vendidas e 5,7% em faturamento no país, na comparação com 2020, segundo levantamento da GfK.

Já em 2020, a data teve uma boa performance de vendas, refletindo a demanda por equipamentos para trabalhar ou estudar remotamente, no auge da pandemia da covid-19. O volume de vendas cresceu 7,7%, e o faturamento saltou 36,8% na segunda-feira de promoções de eletroeletrônicos de 2020 em relação à data equivalente em 2019.

De 2018 a 2021, a Cyber Monday teve uma participação de 18% a 17,3% no volume de vendas de eletroeletrônicos dos períodos de Black Friday e antecipação da Black Friday, informa a GfK. No ano passado, a sexta-feira de promoções gerou 42,2% das vendas na categoria no país e a prévia, ou “esquenta” da Black Friday, gerou 40,5%.
Para a distribuidora de eletroeletrônicos RCell, a demanda do varejo por celulares nesse período de promoções continua aquecida, mas com um valor médio de compra (ticket médio) mais baixo, em relação ao de 2021.
De 1º a 20 de novembro, as vendas de celulares da distribuidora aumentaram 39%, para 543 mil unidades, na comparação com o mesmo período do ano passado. Já o tíquete médio recuou 10%, de R$ 1.000 para R$ 900.

Fonte : https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/11/28/copa-do-mundo-e-cenario-economico-tiram-foco-da-cyber-monday.ghtml

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