São Paulo — Os drones que riscam o céu em áreas urbanas — os aeromodelos usados em atividades de lazer —, não dão a dimensão do crescimento de um outro tipo de uso dessas pequenas aeronaves. Nos primeiros quatro meses de 2019, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou a operação de 92.805 drones para uso profissional. Foram aprovados para esse tipo de voo, em média, 700 equipamentos por dia, ou um a cada dois minutos — sem contar os modelos para uso recreativo.
O volume crescente — em quatro meses, foi autorizada quase a metade do total de drones de 2018 — mostra que o uso desse tipo de equipamento vai muito além do uso recreativo. Hoje, há aeronaves remotamente tripuladas (as RPAs) em uso em diferentes setores — de distintas atividades no segmento agropecuário à geração e transmissão de energia, passando pela construção civil e produção de insumos, como o cimento.
Segundo os dados publicados pela Anac, há atualmente em operação no Brasil 396.267 drones para uso profissional. Com novas funções acrescentadas a esse tipo de equipamento, é difícil calcular quando a curva de crescimento vai mudar de tendência.
A multinacional ABB, por exemplo, trouxe no início do ano para o Brasil uma tecnologia que, acoplada aos drones, permite a identificação de vazamentos de gás. Ajustada à aeronave, essa espécie de “nariz biônico” pode chegar a lugares onde os funcionários teriam dificuldades e enfrentariam riscos.
Rubens Escobar, diretor de Measurements & Analytics da ABB, explica que essa tecnologia, com um sistema de detecção móvel de vazamento de gás, complementa um equipamento que já era oferecido pela companhia, mas que não permitia a mesma mobilidade. “Ela se beneficia da utilização de drones com menos mão de obra, cobrindo áreas de difícil acesso. O equipamento verifica a presença de metano e de etano, mas com uma precisão maior (em vez de parte por milhão, a PPM, em parte por bilhão, ou PPB)”.
O equipamento que vai preso ao drone não só constata o vazamento de gás como registra as coordenadas, para que os técnicos possam saber o ponto exato onde está o problema. Esse tipo de tecnologia pode ser aplicado em diferentes segmentos, como em concessionárias de gás e na localização de vazamento em gasodutos. “Quando acontece esse tipo de problema, as empresas têm de chamar as equipes de manutenção várias vezes para fazer a checagem in loco. O equipamento, quando acoplado ao drone, vai reduzir esse trabalho”, afirma Escobar.
Waze do campo
A CNH Industrial é outra multinacional que recentemente passou a incluir o uso de drones nos seus negócios, por meio da área Parts&Service, responsável por soluções de pós-venda. O conglomerado, que fabrica de caminhões a máquinas agrícolas, já tinha essa modalidade de prestação de serviço desde 2018, mas lançou oficialmente durante a Agrishow, no fim de abril, o serviço de mapeamento de áreas rurais com o uso dos RPAs para coletar imagens transformadas em dados para a agricultura de precisão.
O serviço é oferecido pelas concessionárias da CNH Industrial e a principal vantagem para os clientes, segundo Felipe Sousa, gerente de negócios e soluções da divisão, é a redução do tempo e das despesas, além do aumento do índice de acerto. Uma área de 60 hectares precisaria de 16 horas para a conclusão do levantamento topográfico feito por funcionários. Com um modelo de drone com boa autonomia de voo, esse trabalho é realizado em quatro horas e a redução de custo chega a 90%.
Os dados coletados pela aeronave são processados por um parceiro comercial da multinacional, a startup Bem Agro, e servem não apenas para saber se houve falhas no plantio e no desenvolvimento das culturas, mas também para fazer o levantamento de dados topográficos da propriedade que serão usados para criar as chamadas “ruas virtuais”, uma espécie de Waze do campo.
Processadas, essas informações serão acrescentadas ao software do piloto automático encontrado nas máquinas agrícolas. É o que definirá com precisão por onde o maquinário — pulverizadores, colheitadeiras e tratores — vai trafegar, onde fará a semeadura e a colheita, reduzindo o desperdício.
Nesse caso, o drone é uma ferramenta de suporte. “O cliente quando contrata drone já tem as máquinas e busca outras aplicações, que vão do período de preparação do terreno antes do plantio até a identificação do índice de clorofila da lavoura, que mostra onde estão as áreas mais e menos verdes, que podem ser resultado de uma infestação de pragas ou deficiência de nutrientes”, diz o executivo da CNH Industrial.
Quando a CNH entrou nesse segmento, em 2017, ainda nos Estados Unidos, seus executivos perceberam que não fazia sentido trabalhar com a venda de drones porque “o produtor quer plantar e colher”. A exceção, diz Sousa, está nos grandes produtores rurais, em especial os grupos que plantam cana-de-açúcar, que têm uma demanda tão grande que a aquisição acaba valendo a pena.
Fonte: correiobraziliense.com.br
Bom dia. Achei bem interessante a matéria sobre drone e acredito que está será uma tendência mundial na prestação de serviço e até na entrega de pequenas encomendas, utilizando-se de pontos centralizadores de carga estocada.
CARTA – REFLEXÃO: Nossa empresa precisa modernizar a forma de entrega de cartas, acho que deveríamos aproveitar a tecnologia e acabar de uma vez por todas com o transporte em meio físico (papel), seria muito fácil desenvolver um aplicativo de mensagens que pudesse ser acessado por regiões menos desenvolvidas tecnologicamente, e num primeiro momento manter somente a entrega no destino em meio impresso e para aqueles clientes com endereços eletrônicos a entrega se daria por este meio. Veja que neste medida já se economizaria uma pequena fortuna em triagem manual, mecanizada e sem falar no transporte!