Embora a pandemia do novo coronavírus tenha afetado a economia como um todo, o setor de e-commerce seguiu firme durante todo o ano de 2020, apresentando recordes históricos. Agora, mesmo com a chegada da vacina — e a consequente normalização da mobilidade –, a expectativa é que as compras on-line continuem mostrando um desempenho forte, com um crescimento superior a 32% em 2021. É o que prevê um relatório da XP Investimentos, divulgado na última segunda-feira (8).
O levantamento mostra uma visão otimista do mercado para um país que ainda tem muito espaço para a expansão do e-commerce. Em 2019, por exemplo, a taxa de penetração das vendas on-line ficou em 6%. No ano passado, esse índice cresceu e fechou em 9%. A maior contribuição para esse resultado veio do segmento de eletrônicos, que registrou um quarto de todos os pedidos. Na sequência, a categoria de jogos contribuiu cerca de 19%.
“Se olharmos a penetração por categoria, fica claro que o e-commerce brasileiro ainda tem muito crescimento para entregar, o que deve ser acelerado pela digitalização dos consumidores aliada ao fortalecimento das iniciativas multicanal. Vemos a multicanalidade como uma vantagem competitiva, pois oferece aos clientes uma experiência mais ampla e completa, aliada a redução dos custos de entrega”, diz a pesquisa.
O relatório também ressalta que, diferente de outros países, como Estados Unidos e China, onde uma única companhia domina o comércio eletrônico, no Brasil existe uma forte concorrência interna — com marcas fortes e consolidadas — além da concorrência externa, com nomes como Amazon e Alibaba.
“Esperamos ver um cenário competitivo muito mais desafiador em 2021 e, portanto, acreditamos que empresas maiores e consolidadas devem ter a vantagem, pois oferecem uma plataforma mais robusta ao mesmo tempo em que têm mais escala”, destaca a equipe de analistas da XP.
Serviços financeiros e cashbacks
Parte desse crescimento do comércio virtual está e deve continuar ligado aos serviços financeiros oferecidos pelas empresas. Um exemplo disso é o Mercado Livre, com sua carteira digital Mercado Pago oferecendo soluções financeiras para facilitar as compras. Os bancos digitais estão inclusos nesse ambiente, pois se movimentam e criaram seus próprios marketplaces, como é o caso do Inter, PagBank e BMG.
Além de facilitar o pagamento e o recebimento das transações realizadas nas plataformas, essas carteiras ainda oferecem cashbacks, que é um forte atrativo para os consumidores, com recompensas por cada compra realizada. “À princípio, isso pode ser visto como uma forma simples de “dar descontos” aos seus clientes, mas na verdade é muito mais do que isso. É um mecanismo que aumenta sua conversão de vendas e, ao mesmo tempo, aumenta a frequência de compra e a fidelização”, avalia o estudo.
A tendência do ano é o ‘figital’
A pandemia também promoveu a união dos serviços físicos e digitais em uma nova modalidade denominada “figital”. As lojas varejistas, que muitos acreditavam seguir um modelo ultrapassado, estão passando por um processo de reinvenção e já são usadas como lojas de conveniência para compras físicas e, simultaneamente, como centros de distribuição de onde saem os pedidos virtuais.
Este movimento fica evidente com a ampliação da rede Amazon Go que a companhia quer realizar ainda em 2021. Já grupo chinês Alibaba dobrou sua participação e assumiu o controle da Sun Art, uma das principais redes de departamento da Ásia. Isso se estende ao comércio brasileiro, que, apesar de engatinhar, já traz novidades neste setor, como a Zaitt, que foi a primeira com este modelo de negócio no país.
“Embora acreditemos que os consumidores devem continuar a valorizar a experiência de compra na loja física, entendemos que os varejistas deverão redesenhar a experiência na loja e torná-la mais digital para se adaptar a clientes digitalizados. Levar conveniência às lojas será a chave para ter sucesso e se destacar no novo normal”, cravam os analista.
Fonte : cnnbrasil.com.br