Marketplaces usam lojas físicas como hubs de armazenamento e ampliam centros de distribuição.
A pandemia mudou hábitos de consumo e impulsionou o comércio eletrônico que cresceu 68% alcançando um faturamento de R$ 126,3 bilhões em 2020, frente aos R$ 74,5 bilhões em 2019, segundo um estudo da Kearney. O e-commerce, que representava 5% na receita total do varejo em 2019, deve chegar ao final de 2021 com uma participação de quase 20%, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
Saíram na frente os marketplaces que já vinham investindo em tecnologia e logística para chegar rapidamente à casa do consumidor. O Magalu, braço de comércio eletrônico do Magazine Luiza, que tem mais de cem vendedores virtuais, cresceu 121% em 2020, com faturamento de R$ 9,5 bilhões – representando 64% das vendas totais em comparação a 48% em 2019.
Com malha logística própria, coleta e entrega aproximadamente 40% dos pedidos do marketplace e 415 lojas físicas oferecem a retirada no local. Neste ano investiu em três novos centros de distribuição (CD) – localizados nas regiões Sul e Sudeste – vai inaugurar mais cinco ao longo de 2021 e outros cinco já em operação serão ampliados.
“Em 2020 apostamos no sistema Ship From Store que transforma as lojas físicas em pequenos CDs para encurtar as distâncias entre produto e o cliente”, ressalta Marcio Chammas, diretor de logística do Magalu. A empresa tem 8,2 mil veículos próprios ante os 3,3 mil operados no primeiro trimestre de 2020, que são responsáveis por 84% do total de entregas.
A Americanas S.A, criada a partir da combinação das operações da Lojas Americanas e B2W Digital, soma mais de 100 mil vendedores e 90 milhões de clientes cadastrados, sendo 46 milhões usuários únicos. A logística ganhou uma plataforma própria multimodal, a Let’s, que integra as operações das vendas físicas e digitais, responsável desde a retirada da mercadoria no fornecedor até a chegada ao cliente. Segundo Welington Souza, diretor da Let’s, foram abertos cinco novos CDs totalizando 22 e as entregas no mesmo dia já representam mais da metade do total.
Essa operação foi reforçada com a aquisição da startup Shipp, de “delivery on demand”, em abril de 2021, com mais de 20 mil entregadores cadastrados para dar mais velocidade às entregas. Além disso investiu em tecnologias para realocar o estoque entre os centros de distribuição de acordo com a demanda de cada região e no rastreamento das mercadorias.
A Via, dona das marcas Casas Bahia e Ponto, projeta que cerca de dois terços das vendas totais em 2025 virão dos canais digitais, informa Fernando Gasparini, diretor executivo de logística da empresa. A companhia adota um modelo de vendas multicanal com a integração do comércio eletrônico com as lojas físicas que operam como mini hubs, ou pequenos centros de distribuição, contando também com 29 CDs.
“Para dar mais alternativas aos lojistas lançamos o Envvias, uma plataforma de serviços logísticos para os vendedores parceiros com uma tabela de frete 15% mais barata que os concorrentes”, afirma Gasparini. Outra iniciativa foi investir em uma frota de veículos elétricos com capacidade para 720 quilos de carga e 300 quilômetros de autonomia.
Com nove CDs no Brasil, a Amazon inaugurou em maio de 2021 uma nova operação em Cajamar, na Grande São Paulo, para atender fornecedores que fazem parte do programa Fulfilment By Amazon ou FBA – Amazon Logistics que armazena produtos dos parceiros e fica responsável pela logística de transporte e o atendimento ao cliente final.
A empresa de comércio eletrônico oferece no Brasil 30 categorias de produtos e mais de 45 milhões de itens. “O FBA dá flexibilidade para aumentar a oferta de produtos disponíveis no site e os elegíveis para o selo Prime que tem frete grátis e entregas rápidas”, ressalta Ricardo Pagani, diretor de operações da Amazon. A empresa anunciou também uma loja on-line de compras internacionais reduzindo o tempo de entrega em 40% quando comparado a outras modalidades internacionais de transporte.
Fonte : valor.globo.com