Diante dos desafios, algumas companhias investiram em novos formatos intralogísticos, tecnologia de ponta, diversificação de fornecedores e parceiros para repensar o modo de gestão dos estoques.
Com a transformação digital que marca os processos – dos mais variados segmentos – nos últimos anos, é comum deparar-se com uma visão de mercado em que o digital irá substituir as operações presenciais. No caso da logística, isso fica mais evidente em um cenário: a expansão do e-commerce em relação ao varejo presencial.
Com o impacto causado pela pandemia de Covid-19, a alta do e-commerce – o relatório da Mastercard SpendingPulse apontou um crescimento de 75% em 2020, comparado ao ano anterior – poderia ser vista como uma ameaça ao varejo tradicional. No entanto, para algumas empresas, o que se viu foi uma adequação de estratégia que aponta uma nova tendência de mercado, principalmente quando se fala em gestão de estoques.
Segundo o especialista Bruno Faria Honório, muitos foram pegos de surpresa, mas algumas empresas tiveram uma grande velocidade para se adequarem. “[Algumas companhias] investiram em novos formatos intralogísticos, tecnologia de ponta, diversificação de fornecedores e parceiros e, ainda, repensaram o modo de gestão dos estoques.”
“Os mais pessimistas previram que acabariam todas – em uma clara alusão ao modelo 100% digital. Entretanto, o que vimos foi justamente o contrário. Pressionados a atenderem uma crescente onda de e-commerce, os varejistas viram da noite para o dia a possibilidade de transformarem lojas fechadas em dark stores, micro fulfillment centers urbanos – na verdade, pontos de uma rede de distribuição omnichannel. Estoques que estavam parados passaram a ser vendidos, o que possibilitou entrega mais rápida para o cliente.” – Bruno Faria Honório, sócio fundador da Delage.
No artigo publicado na edição 84 da MundoLogística, Honório citou algumas medidas que precisam estar no radar das empresas quando se trata de gestão de estoques. Uma delas é a identificação dos itens de massa crítica. “Aumento do estoque e produtos-chave: não só de itens comercializáveis, mas também itens essenciais à própria operação (produtos de limpeza e saneamento; equipamentos de proteção pessoal, tais como máscaras e luvas; principais peças de reposição e produtos de manutenção; e demais itens usados apenas em pequenas quantidades, mas que são cruciais para as operações)”, pontuou.
A gestão de estoques também precisa ser pautada no modelo de múltiplos cenários, uma vez que muitas indústrias, como processadores e distribuidores de alimentos, não puderam mais confiar em dados passados para prever o futuro.
“Pensando nos dados do primeiro trimestre do ano passado para todos os segmentos de consumo em geral, provavelmente nada terá sido útil, uma vez que a indústria viu compras em pânico, fechamento repentino de fábricas e nenhum negócio de serviço de alimentos para falar. Olhando para o futuro, todos viram a importância de planejar e prever múltiplos cenários – otimista, intermediário e crise. Ou seja, os negócios que considerarem uma gama mais ampla de possibilidades estarão mais bem posicionados.” – Bruno Faria Honório, sócio fundador da Delage.
Fonte : https://revistamundologistica.com.br/noticias/gestao-de-estoques-empresas-de-logistica-se-adaptam-e-criam-tendencia-de-mercado