Na guerra do e-commerce, leva vantagem quem consegue entregar o pedido primeiro ao cliente. Como cada segundo importa, gigantes do varejo como Casas Bahia, Magazine Luiza e Mercado Livre recorreram a motoristas autônomos para concluir o último trecho da cadeia logística, que é levar as encomendas até a porta do comprador.
Que motoristas são esses? São autônomos, ou seja, profissionais sem vínculo empregatício com o e-commerce, que utilizam o próprio veículo para fazer entregas. Os custos com combustível, manutenção do carro e eventuais acidentes são do entregador.
Quanto os motoristas ganham? Depende do tipo de acordo que foi feito com a empresa responsável pelas entregas de cada e-commerce. No Magazine Luiza, cuja entrega é gerenciada pela Logbee, os autônomos recebem de R$ 200 a R$ 300 por dia, dependendo da quantidade de pacotes entregues.
“Em geral, carregando o veículo uma vez por dia, ele consegue fazer de R$ 200 a R$ 300. O motorista coleta de 50 a 80 pedidos e sai fazendo as entregas. Esse volume ocupa o dia todo dele. Quanto mais entrega, mais ganha”, diz Guilherme Schmidt, diretor da Logbee.
Nas Casas Bahia, as entregas são administradas pela Asap Log, que possui um sistema de remuneração bem parecido com o do Uber. O motorista recebe no app um aviso informando onde tem encomendas, quanto receberá por elas, e decide se quer aceitar ou não o serviço.
“No app, ele consegue ver quantos pedidos há para pegar na loja X. Se aceitar, ele vai até o estabelecimento, se identifica, confere e faz a rota dele. Pode ter pedido da Casas Bahia, de seller [vendedor do marketplace] ou coleta”, afirma Daniel Ribeiro, diretor de Logística da Via Varejo. “Ele não precisa ficar disponível o tempo todo para as entregas.”
O Mercado Livre não deu informações sobre seu sistema de entrega, mas motoristas que fazem esse serviço dizem receber R$ 200 por dia e um adicional de R$ 50 se passarem de 80 pacotes.
Dá para diferenciar na rua quais são os veículos que fazem essas entregas? Depende da área em que a entrega é feita. Daniel Ribeiro, da Via Varejo, diz que é mais seguro que os veículos não tenham nenhuma identificação.
“O risco [de furto] é muito maior quando o carro é adesivado. O veículo chama mais atenção, as pessoas sabem que ele está transportando objetos que podem ser de valor”, conta Ribeiro.
Mas e os veículos amarelos do Mercado Livre? A empresa não explicou como funciona essa parceria com os autônomos. Mas anunciou recentemente a criação de uma linha de crédito para que os entregadores pudessem comprar carros elétricos.
Schmidt, diretor da Logbee, diz que em breve haverá veículos de autônomos rodando com a identificação do Magazine Luiza pelas cidades do país. Como os carros não pertencem à frota da companhia, os motoristas ganharam um incentivo financeiro para adesivarem os carros.
Como ser um entregador autônomo? A seleção funciona na base do cadastro e na indicação. Quem já está dentro, indica um colega ou parente.
Quantos motoristas cada uma já tem? A Asap Log, que faz as entregas da Via Varejo, possui um cadastro com 200 mil motoristas. Mas ela não tem demanda para todos eles. Mensalmente, em média, são 16 mil autônomos que fazem essa última etapa da entrega a partir de pacotes retirados em 500 lojas. Na Logbee, são 2.500 motoristas ativas que realizam entregas em 600 cidades do país.
Que outros modais são utilizados para essas entregas da última milha? A Logbee planeja incorporar o serviço de entrega por motocicleta ainda neste semestre. O Magazine Luiza comprou recentemente o app de delivery AiQFome, que deve ser aproveitado também no braço de entregas do e-commerce.
Qual a vantagem de recorrer aos autônomos? Existem várias. Uma delas é que os marketplaces reduzem o prazo da entrega ao cliente. “Uma meta que devemos perseguir é a redução de prazo. Poder ampliar para mais praças a possibilidade de comprar na segunda e receber até quarta-feira”, afirma Schmidt, da Lobgee. “Hoje, já temos um percentual elevado de entrega no mesmo dia, mas não são em todos os lugares que dá para fazer isso ainda.”
Outra vantagem é a redução do custo com a entrega. “O fator custo é muito interessante. O app pode disponibilizar uma entrega por R$ 4 e o motorista aceitar. Se fosse por outro modelo, o custo que seria cobrado seria muito maior”, diz Ribeiro, da Asap Log.
Fonte : 6minutos.uol.com.br