Internet das Coisas nos bastidores da logística

A Internet das Coisas trouxe um novo olhar para os objetos do nosso dia a dia, mudando características e adicionando novas funções à logística. Ao usar um app de transporte urbano, seu telefone já se conecta diretamente à empresas de entrega, indicando o local para onde você está indo. O próximo passo dessa conexão é a ligação direta entre seu celular e o meio de entrega, que poderá ser por drones e robôs, sem auxílio humano nesse processo.

O mercado para novas aplicações logísticas com IoT é gigante. Há, inclusive, mais máquinas conectadas do que celulares. São 8,4 bilhões ao redor do mundo. A Business Insider indica que até 2020 o gerenciamento de frotas conectadas atingirá 90% dos veículos comerciais na América do Norte. No Brasil, o potencial de crescimento desse setor é ainda maior, considerando todo o desenvolvimento necessário para competir com outros países.

Dispositivos instalados em carros de entrega, caminhões e motos que transmitem dados diretamente para os centros logísticos e pontos de entrega, servem como ferramentas de serviços tanto para quem vende quanto para quem compra. Atrasos ou problemas no trajeto são avisados em tempo real e a coleta de informações do veículo gera um histórico que permite (com o uso de data analytics e data mining) a avaliação precisa de produtividade da equipe, do veículo e da empresa como um todo.

Para Jean Carlos Pereira, Sócio e CTO da Lincros, a Internet das Coisas também aparece como uma opção tecnológica importante e que tem apresentado diversas possibilidades no campo dos veículos sem motorista, por exemplo. “Esta tecnologia já está sendo usada amplamente e com muito sucesso para monitorar a saúde do veículo sob aspectos como pressão dos pneus, estabilidade, temperatura e umidade de carga, e isso é extremamente relevante para a logística de perecíveis”, explica.

Existe um grande percentual de transportadoras buscando ferramentas digitais para reduzir custos e para ter uma operação cada vez mais precisa e eficiente, segundo Carlos Mira, CEO do TruckPad.

“Antes, as empresas buscavam investir em tecnologia fazendo aportes e contratando uma única tecnologia, como rastreadores ou sistemas de telemetria. Com a economia 4.0 disruptiva e na era das startups, as inovações e tecnologias vêm em pacotes. E o TruckPad faz parte desta nova era. A economia de custo operacional que um sistema como o nosso gera para o cliente na contratação de caminhoneiros parte de 5% e pode chegar a até 15%”, afirma.

Internet Industrial (ou IIoT)

Essa tecnologia composta por uma rede de objetos físicos como produtos, prédios, veículos, eletrodomésticos, entre outros, vem sendo aplicada nas indústrias que unem máquinas inteligentes e análise avançada de dados para desenvolver sistemas mais rápidos e eficientes, responsáveis por monitorar, coletar, analisar e entregar dados e informações fundamentais para tomadas de decisões rápidas e certeiras.

No setor automotivo, as novas tecnologias vem sendo adotadas para diferentes aplicações que já chegaram à logística do aftermarket.

Bosh Service que vai completar 100 anos em 2021, e com mais de 30 mil oficinas ligadas à sua rede de serviços no Brasil, colocou a IoT no centro de sua estratégia desde 2015. O conceito de conectividade da Bosch apresenta sistemas de diagnósticos para veículos leves e da linha pesada, desde a chegada do veículo na oficina mecânica até a reparação, por meio de scanners que identificam o problema, as peças e sua localização.

Para Delfim Calixtovice-presidente de Aftermarket Automotivo América Latina, “estamos num processo de evolução e todas as tendências vão acontecendo ao longo do tempo. O quanto antes prepararmos as redes, mais suaves serão as mudanças. Não podemos ter medo da tecnologia e nem do futuro. Temos que nos preparar”. Para cumprir a meta de crescer 9,3% neste ano, a Bosch está focada em novas aplicações de seu amplo portfólio com destaque para o KTS e as palhetas.

O KTS 590 tem entre seus diferenciais um painel que sinaliza o funcionamento do scanner, indicando se determinadas funções estão ativas ou se existe algum erro durante sua utilização. Outra novidade presente no equipamento é o diagnóstico paralelo, que possibilita uma comunicação ágil com diferentes unidades de controle do veículo ao mesmo tempo, por meio de distintos canais de comunicação, o que na prática permite a leitura de até três sistemas simultaneamente.

Iniciativas Digitais

Essa geração de máquinas que pensa, analisa e troca informações velozmente é uma realidade, e tem impulsionado diversos negócios. No entanto, esse processo de transformação beneficiará somente aqueles que têm capacidade de adaptação e inovação.

Eaton

Além da ampliação do portfólio de produtos, a Eaton, fabricante de transmissões e embreagens, viabilizou uma solução capaz de facilitar a inspeção de pontos específicos no processo de análise de transmissões, e assim gerar maior aproximação dos profissionais de reparação. Segundo Felipe Bolognesi, responsável pelo Marketing de Aftermarket da Eaton, “por meio do aplicativo goECO, os clientes podem fazer avaliação das caixas de câmbio ECOBox remanufaturadas que a Eaton comercializa.

A iniciativa que fez parte do programa de aceleração de startups da Liga AutoTech, “possibilitou reduzir os custos para o proprietário do caminhão e diminuir a frequência e o tempo de parada do veículo para reparo”, diz o executivo.

DHL

A Empresa de logística alemã DHL mergulhou em IoT em 2017 com uma série de testes distribuídos por diferentes sites em todo o mundo. Isso foi distribuído pela primeira vez com a ajuda da Huawei, quando lançou um aplicativo de IoT de Banda Estreita (NB-IoT) em um site automotivo em Liuzhou, na China. A IoT de Banda Estreita é uma tecnologia de área ampla de baixa potência (LPWA), que permite que dispositivos IoT transmitam dados entre redes.

A DHL implementou a tecnologia para agilizar o gerenciamento de pátios para a logística de entrada para fabricação. Antes disso, seu negócio de Supply Chain colaborou com a Cisco e a startup Conduce para implantar cockpits da IoT em três de seus armazéns inteligentes na Alemanha, Holanda e Polônia. Isso permitiu que a DHL monitorasse as atividades em tempo real.

Huawei

A empresa chinesa de produtos de TI e telecomunicações Huawei fez uma parceria com a DHL para focar na inovação da tecnologia de IoT baseada em celulares para conectar um grande número de dispositivos em longas distâncias com consumo de energia reduzido.

Oracle

Oracle diz que todos esses dados precisarão de um local para serem armazenados. A empresa tem um conjunto de serviços, incluindo uma plataforma para habilitar Java em dispositivos de sensores embutidos, uma plataforma middleware para criar aplicativos que capturam os dados e um bancos de dados para armazenar dados.

Internet das Coisas no Agronegócio

A IoT está presente também na vida do produtor rural. A Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) lançou o Banco de Dados Colaborativo do Agricultor (BDCA), com o objetivo de facilitar a vida do produtor rural na gestão e análise dos dados coletados pelos diversos sensores embutidos nas máquinas utilizadas em sua fazenda.

Com a integração das informações fornecidas pelas máquinas padronizadas e reunidas numa única plataforma, o agricultor tem a possibilidade de usar, racionalmente, sementes, adubos, defensivos, entre outros insumos, o que resulta em ganhos produtivos.

Os dados são armazenados com segurança e administrados pela Abimaq, de modo que a propriedade dos dados é exclusiva do agricultor, que tem autonomia para autorizar o seu acesso a partir de diferentes plataformas.

O que fazer com tantos dados e informações

Mais importante do que o conceito dos 3 Vs do Big Data – dados com grande variedade, volume e velocidade, é saber o que se deseja fazer com eles e quais são as aplicabilidades. Dados não possuem valor algum, a menos que possam ser transformados em um insight, acionável e integrado em um contexto de negócios baseados em regras que forneça visibilidade de tudo, ou seja, de dados estruturados e não estruturados.

Precisamos acessar os dados dos sensores em tempo real sobre produtos, bens, frotas, infraestruturas, mercados e pessoas no campo. Nós também devemos capitalizar sobre dados não estruturados, como o sentimento do cliente, para obter um verdadeiro quadro de demanda, bem como situações de tempo e do tráfego para ver o impacto das mudanças ambientais em nossos processos de negócios.

Diferente de algumas outras tecnologias, a IoT tende a ter efeito multidimensional com o qual nem todas as companhias estão prontas para lidar. Os CIOs precisam considerar como a Internet das Coisas vai influenciar a estratégia de negócios e os processos das empresas que trabalham, bem como o efeito potencial nas relações com seus parceiros e clientes. Além disso, também precisam considerar algumas questões de TI como a infraestrutura, por exemplo.

Embora não seja possível antecipar todas as formas como os dados de IoT podem ser usados no futuro, é importante que as organizações pensem em como elas pretendem usar dados dessa tecnologia e como ela se alinha com suas capacidades de negócios.

Agora que o acesso pode ser melhor gerenciado por meio de protocolos integrados, containers e APIs robustas, torna-se cada vez mais crucial saber como transformar grandes volumes de dados extraídos de múltiplas fontes e em diferentes formatos, em informações aplicáveis ao dia a dia com insights valiosos. 

Dois terços dos líderes empresariais acreditam que as suas empresas devem entrar no ritmo da digitalização para permanecerem competitivas. Mas para acompanhar a demanda atual é necessário um processo de modernização da infraestrutura de TI rumo à digitalização dos negócios.

Fonte: logisticabrasil.com

Tag: Tecnologia

 

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