No quarto trimestre, o lucro líquido foi de R$ 54,3 milhões, alta de 77,9% frente igual período do ano passado.
A empresa de serviços de logística JSL (JSLG3) relatou lucro líquido de R$ 273 milhões, valor 566% vezes maior do que o registrado em 2020. No quarto trimestre, o lucro líquido foi de R$ 54,3 milhões, alta de 77,9% frente igual período do ano passado.
“Tivemos aumento de insumo que a gente não via há mais de 20 anos. O diesel subindo até cerca de 70%, pneu aumentando mais de 30%, e por aí vai. Além do IPCA na casa de 10%, que por si só já seria um grande problema”, disse Ramon Alcaraz, CEO da JSL, com exclusividade a InfoMoney.
“Isso nos obrigou a ir mudando a nossa estratégia ao longo do ano. A gente não estava acostumada a entrar numa linha de negociação com cliente mais de uma vez ao ano, mas a situação nos obrigou a fazer isso 3, 4, 5 vezes ao longo de 2021 e a questão é sempre complexo”.
A receita bruta de serviços em 2021 alcançou R$ 5,1 bilhões, alta de 58% em relação a 2020. No 4T21, a receita bruta chegou a R$ 1,6 bilhão, um recorde no período. A receita líquida de serviços chegou R$ 4,2 bilhões no ano, alta de 59%, impulsionada, de acordo com o balanço da empresa, pelo desempenho do 4T21, que somou R$ 1,3 bilhão, crescimento de 66% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
“Não adianta imaginar de repassar simplesmente o seu aumento de insumos para o preço porque tem uma concorrência bastante ativa e pulverizada. Então, tivemos que apostar numa redução de custos e busca da eficiência. Isso tudo somado fez um ano conturbado”, relata Ramon Alcaraz.
“Custos subiram tanto que no fim favoreceram a negociação”
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) da JSL atingiu R$ 758 milhões, registrando aumento de 76% em relação ao ano anterior e margem de 18%. No quarto trimestre, o Ebitda foi de R$ 220 milhões, 82% maior que o do 4T20 e com margem de 16,9%, mesmo com o cenário adverso.
Sobre a pressão dos custos, o CEO da JSL disse que “subiram tanto que no fim favoreceram a negociação”. Segundo o executivo, cada cliente foi tratado de forma diferente porque cada um foi impactado de uma maneira: “E a gente conseguiu avançar no tema reajuste com êxito”.
Em 2021, a JSL adquiriu a Transportadora Rodomeu, a TPC e a Transportes Marvel, que se juntaram à Fadel e à Transmoreno, ambas adquiridas em 2020.
A JSL fechou 2021 com R$ 4,1 bilhões em novas receitas contratadas, com prazo médio de 42 meses de execução dos projetos. “O reflexo que isso vai dar nos próximos anos é bastante interessante”, disse Alcaraz. “Estamos falando de crescimento orgânico”.
Sobre o crescimento do lucro líquido anual em 566%, Guilherme Sampaio, CFO da JSL, explicou que em 2020, foi feita uma oferta primária pela empresa que captou cerca de R$ 700 milhões. Isso fez com que reduzisse a dívida líquida, e ainda fazendo novas captações a um custo bastante razoável e de longo prazo, de 7, 10 anos. “Você preserva caixa com esse perfil alongado de dívida. A gente levou para dentro do resultado também as cinco aquisições realizadas com resultados consolidados acima da JSL”, diz.
Conselho discute pagamento de dividendos
Em 31 de janeiro, a JSL aprovou o pagamento de juros sobre o capital no valor bruto total de R$ 42 milhões bruto em 31 de janeiro. O conselho da administração da empresa agora discute o pagamento de dividendos que será feito aos acionistas.
A JSL passou a operar na África do Sul ano passado. Segundo o CEO, isso “dá bagagem” pois passa a trabalhar fora dos países vizinhos e em outro continente. Segundo ele, a empresa tem buscado combustível alternativo, com experiências com veículos elétricos em curtas distâncias e veículos a gás (GNV e biometano) em longas distâncias.
A JSL fechou 2021 com R$ 4,1 bilhões em novas receitas contratadas, com prazo médio de 42 meses de execução dos projetos. Entre os setores que mais contribuíram com as novas receitas estão: papel e celulose (30%), alimentos e bebidas (26%) e siderurgia e mineração (12%).