A pandemia aumentou a demanda por bens e serviços entregues com velocidade e custo acessível na porta do consumidor.
A pandemia restringiu a mobilidade de todos nós, e a logística urbana teve que trabalhar dobrado para que a economia não parasse. Agora, mais do que nunca, precisamos de bens e serviços sendo entregues na nossa porta, com velocidade, custo acessível e no melhor caso, no horário combinado. Quem permitiu essa adaptação tão rápida foi mais uma vez a tecnologia.
A dinâmica da logística já vinha mudando rapidamente nos últimos anos, principalmente em relação aos serviços chamados de “last mile”, ou seja, os últimos quilômetros até o consumidor final, em que há menor escala, e em geral maiores custos. Esses serviços trouxeram cada vez mais variedade, comodidade e velocidade para as entregas, o que foi ótimo para o consumidor, mas trouxe muita dificuldade para a logística tradicional. Falhar nessa etapa final, mexe diretamente com a satisfação dos consumidores.
As logtechs surgem justamente aí para aumentar a produtividade da cadeia e trazer visibilidade, permitindo que os consumidores tenham o que querem, com custos acessíveis. Essas empresas alavancam não só novas tecnologias, como também uma lógica de desenvolvimento de produto muito mais centrada no usuário, focando em entregar o que ele enxerga de valor. No mercado de IoT, por exemplo, vemos que os EUA, onde os deliveries são muito mais comuns, 50% dos veículos comerciais já tem sensores instalados para aumentar a produtividade, enquanto no Brasil esse número ainda está perto dos 10%.
As empresas vencedoras aqui são não só as que conseguem adotar novas tecnologias mais rapidamente, mas também as que conseguem evoluir seus processos e cultura, para incorporar esses ganhos, enquanto seus concorrentes ainda não conseguiram. Hoje, as tecnologias mais modernas permitem rotas muito mais precisas, ajustadas ao trânsito atual, comunicação em tempo real com motoristas e clientes finais, políticas de prevenção a acidentes e manutenções desnecessárias, seleção de postos de combustível, automatização de fluxos de trabalho, entre outros.
Em qualquer situação, a tecnologia permeia processos e resultados na gestão de frotas para todas as partes envolvidas na operação – gestor de logística, motoristas, veículos/carga e o cliente final. Hoje, temos a possibilidade de unir a computação em nuvem e dispositivos conectados via internet unindo a telemetria à Internet das Coisas (ou IoT, na sigla em inglês). Dessa forma, é possível acompanhar à distância detalhes como aceleração, frenagem e dados de velocidade do veículo (se está respeitando os limites de trânsito, por exemplo). Essas informações, disponibilizadas em tempo real, permitem tomar decisões mais rápidas e que otimizam a operação, como definir a melhor rota de acordo com todas as paradas necessárias, a posição atual do carro e o trânsito, enviando diretamente para o motorista via app. Dessa forma, evitam-se desperdícios de tempo e de combustível causados por rotas ineficientes.
A logística sempre teve o ganho de escala como ponto de evolução para os negócios. Os marketplaces do e-commerce se aproveitam dessa dinâmica. Antes da popularização desse modelo de negócios, os vendedores menores poderiam ter prejuízos para manter uma loja online própria ou para arcar com o valor dos fretes. Agora, eles têm ganhos de escala ao aproveitar o desenvolvimento de tecnologias de logística voltadas para o compartilhamento de rotas, com entregas de diversas empresas feitas com um único veículo. Isso ajuda na distribuição dos produtos e cria densidade em locais mais isolados, barateando seus fretes.
O objetivo das empresas é, principalmente, melhorar o índice de paradas por dia, aumentando o número de atendimentos e entregas. Para fazer isso torna-se cada vez mais necessário receber essa gama de dados em tempo real. Assim, as empresas conseguem se adaptar rapidamente a variáveis como o trânsito e a imprevistos como necessidade de manutenção ou troca de motoristas.
Os consumidores evoluíram e agora a tecnologia está possibilitando que as empresas evoluam também para entregar um produto superior. É um momento de muita oportunidade no mercado. As empresas que conseguem implementar novas tecnologias, e mais importante, alterar seus processos e cultura para tirarem o máximo delas estão saindo na frente. Em um cenário remoto, essas adaptações são ainda mais difíceis, mas estão definindo os vencedores.
*Rodrigo Mourad é fundador e presidente da Cobli, logtech que utiliza Internet das Coisas (IoT) e dados para tornar a operação das empresas mais eficiente
Fonte : exame.com