Magalu: a estratégia por trás do KaBum! e das mais de 20 aquisições

Empresa líder em e-commerce do país executa plano em que aquisições são ‘peças de um quebra-cabeça’ para montar um ecossistema cada vez mais abrangente de produtos e serviços.

A aquisição do KaBum!, maior plataforma de games e tecnologia do país, por cerca de R$ 3,5 bilhões é a mais nova peça do quebra-cabeça montado de maneira minuciosa e estratégica pelo Magazine Luiza (MGLU3). Desde o começo de 2020, já foram 20 aquisições. O KaBum! é a 21ª dessa lista que ainda vai crescer por mais tempo.

“Vamos continuar comprando. São peças que se encaixam de um quebra-cabeça, aquisições estratégicas, para endereçar necessidades específicas” disse Roberto Bellissimo Rodrigues, diretor executivo financeiro do Magalu, à EXAME em entrevista recente, há dois meses, sobre os planos da companhia.

“Nosso objetivo estratégico de digitalização do varejo brasileiro é muito amplo”, disse o executivo.

Sem contar o KaBum!, foram 20 aquisições nos últimos 12 meses, todas financiadas com recursos próprios originados na forte geração de caixa operacional da companhia.

Veja abaixo a lista das 21 aquisições do Magazine Luiza desde o início de 2020:

Em 2020:

1. Estante Virtual
2. Hubsales
3. Betta
4. canaltech
5. Inloco
6. Stoq
7. Aiqfome
8. GLF
9. Sinclog
10. ComSchool
11. Hub Fintech

Em 2021:

12. VipCommerce
13. Steal The Look
14. ToNoLucro
15. GrandChef
16. SmartHint
17. Jovem Nerd
18. Bit55
19. Plus Delivery
20. Juni

“Temos uma estrutura de capital sólida e uma posição de caixa líquido de mais de 4 bilhões de reais. E conti­nuamos a gerar caixa para pagar pelos investimentos”, disse Rodrigues há dois meses. A situação mais recente de caixa será conhecida no próximo dia 4 de agosto, quando será divulgado o resultado do segundo trimestre.

Uma diferença fundamental desta vez é que o Magalu decidiu lançar uma oferta subsequente de até R$ 4,6 bilhões (contando as ações adicionais) para financiar a operação.

Será apenas o terceiro follow on da Magazine Luiza desde que abriu o capital na bolsa há pouco mais de 10 anos. O último follow on foi concluído em novembro de 2019 e movimentou R$ 4,3 bilhões.

De 3 bilhões para 150 bilhões
Nos 10 anos de capital aberto, a tradicional rede de varejo do interior de São Paulo se tornou um grupo de tecnologia com 550.000 investidores (eram 20.000 nos tempos do IPO) capaz de rivalizar no território nacional com gigantes como Mercado Livre e Amazon.

O valor de mercado de 3 bilhões de reais há dez anos foi multiplicado 50 vezes, para 150 bilhões de reais. As vendas saltaram de 1,7 bilhão de reais no primeiro trimestre de 2011 para 12,5 bilhões no mesmo período neste ano.

Atualmente, cerca de 70% das receitas da companhia são obtidas por meio do e-commerce. Há dez anos, eram 10%. O objetivo é aumentar a recorrência, nome dado à frequência de compras pelos usuários. Para tanto, o Magalu ampliou o investimento para oferecer produtos de supermercados, de moda e de beleza e entrou no disputado segmento de food delivery.

O aumento da frequência de compra, por sua vez, envolve dois desafios: o tempo das entregas, estendendo às dezenas e até centenas de milhares de sellers do marketplace o mesmo prazo oferecido para quem compra os produtos diretamente do Magalu.

“Dez anos atrás, quem comprasse algum produto no e-commerce tinha de esperar cinco, seis dias ou mais. Hoje fazemos metade das entregas em até 24 horas, a partir de estoque próprio. E 70% em até 48 horas. Queremos fazer isso para nossos parceiros e mais rápido do que isso: queremos entregar no mesmo dia os produtos próprios.”

Há um mês, o Magalu anunciou a entrega em até uma hora em 11 cidades brasileiras: Aracaju, Belém, Campina Grande, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Recife, Ribeirão Preto, São Paulo, Salvador e Teresina.

Outro desafio apontado pelo executivo é construir o maior e mais relevante super app do Brasil. Isso passa necessariamente por adicionar novos serviços financeiros, como a conta digital e o cartão de crédito com cashback recém-lançados, que vão ampliar a fidelização do cliente e gerar mais ativação dentro do aplicativo.

Ao olhar para os próximos dez anos, Rodrigues disse para a EXAME que há um longo caminho na digitalização do varejo. “O e-commerce no Brasil ainda é uma superoportunidade. Representa cerca de 10% do varejo, enquanto em alguns países chega a 30%. O jogo está só começando”, afirma o executivo.

Fonte : invest.exame.com

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