Quase todo mundo conhece alguém que perdeu o emprego e passou a trabalhar como motorista do Uber, 99 ou Cabify para sobreviver. Agora, muitos desses profissionais estão querendo migrar para outro tipo de atividade: entrega de pedidos de clientes do Mercado Livre, Magazine Luiza e Casas Bahia.
Como no Uber, eles usam o próprio carro para fazer as entregas. Os gastos com combustível, manutenção e seguro também são por conta do motorista. Ou seja, não há nenhum tipo de vínculo ou proteção trabalhista. Eles são autônomos, trabalham por conta própria.
Se é tão parecido com Uber, por que motoristas de apps estão preferindo as entregas? Por um motivo bem simples: trabalham menos e têm uma previsibilidade maior de ganho. Júnior, que mora em Osasco (Grande SP), faz entregas para o Mercado Livre desde novembro do ano passado. Como roda com um carro de passeio, ganha R$ 150 por dia. Se conseguir entregar mais de 80 pacotes por dia, ganha mais R$ 50.
“Pego minha rota de entregas às 6h e consigo terminá-la em mais ou menos cinco horas. Quando fazia Uber, precisava rodar de 12 a 14 horas por dia para ganhar a mesma coisa. E tinha dia que voltava para casa sem atingir esse valor”, afirma o motorista que pediu para não ser identificado para não ser descredenciado do Mercado Livre.
Como trabalha menos horas, tem dias que Júnior consegue pegar duas rotas de entrega. O problema é quando sobra alguma mercadoria para entregar. “O pacote não pode ficar comigo. Se algum pedido não for entregue, tenho que voltar para o centro de distribuição para devolver”, conta ele.
Na semana passada, Júnior fez a sua rota de entrega até o meio-dia e à tarde pegou a de um colega que precisou fazer outro trabalho. “A gente tem que cumprir a rota todo dia. Por isso, quando temos compromisso, buscamos algum colega para fazer para gente. Pagamos ele.”
Esses acordos acontecem na informalidade, entre motoristas, sem a intermediação do Mercado Livre.
Fonte : 6minutos.uol.com.br