Nos anos 1980, a única forma de adquirir algum produto, fosse eletrônico, roupa ou uma simples escova de cabelo, era ir a uma loja física, escolher o que desejava e pagar. Como tudo na vida, com o objetivo de atrair cada vez mais clientes, o varejo também evoluiu. Se antes dinheiro era a única forma de pagamento, boleto e cartão se popularizaram, assim como o e-commerce, que teve um enorme crescimento na última década.
Fazer uma projeção do que pode ser esperado do setor para os próximos dez anos foi o tema da palestra “Varejo – o que aprendemos nos últimos 10 anos e o que projetamos para os 10 anos seguintes”. Na apresentação que abriu o segundo dia da 10ª edição do Fórum E-Commerce Brasil, Gerson Ribeiro — co-fundador e diretor executivo da Vitrio — e Leonardo Naressi — CIO da DP6 — revezaram-se para falar sobre o que esperar do futuro no setor.
4 Ps e a nova ótica de consumo — O consumidor está imediatista, curioso e exigente
Gerson Ribeiro iniciou explicando o significado dos 4 Ps do marketing e o que cada um deles engloba, segundo a nova visão de mercado. O produto está relacionado à qualidade, identificação, personalização, sazonalidade e ruptura de estoque. Preço tem ligação direta com gestão de canais, automação, elasticidade, lucratividade e competitividade. Atendimento, omnichannel, UX, frete e prazo de entrega pertencem à praça. Por fim, promoção, que abarca machine learning, jornada LTV, atribuição 020, mídias por CPA e Roi Last Click ROMI.
Ribeiro destacou que o consumidor dos dias de hoje precisa de praticidade e dá muito valor ao dinheiro. “O cliente, hoje, quer que o produto esteja alinhado com o que ele quer, cobrando, inclusive, posicionamento político das empresas, antes de decidir se deve ou não consumir aquela marca”, explicou.
A ousadia mobile first/only
Em 2007, quando os celulares passaram a se popularizar, em grande parte por conta do lançamento do iPhone, falava-se bastante na força do mobile para os negócios. Hoje, sabe-se que essa evolução não foi possível à época porque nem as pessoas e menos ainda as empresas estavam preparadas para tanto, como lembrou Naressi. “A internet era ruim, assim como a acessibilidade.”
Uma das primeiras empresas a apostar no mercado digital foi o Magazine Luiza. A ousadia fez com que a varejista melhorasse o atendimento não só online, mas também físico por conta dessa inovação. O grande diferencial é que os vendedores lançavam mão da tecnologia para fechar negócios nas lojas, o que as fazia ganhar em rapidez. O próximo passo para as grandes empresas do setor no mundo é investir nas compras com o auxílio de interfaces, como Siri e Alexa, por exemplo.
“Romi” e a integração do marketing — digital e offline, branding e performance
Em 2018, a receita total do varejo no Brasil foi de 30,5%. Desse valor, 6,7% veio do varejo online e 23,8% da receita offline influenciada pela online – ou seja, aquilo que o cliente comprou motivado por algo que viu na internet. A projeção é que, em 2021, o varejo seja responsável por 42,7% da receita gerada no país. Cerca de 9,5% disso virá das vendas online e 32,2% será referente a receita offline influenciada pela online.
Logística — o problema de todos que ninguém queria resolver
Para esse item, Naressi destacou algo fundamental: o pedido só acaba quando termina, ou seja, assim que a entrega é concluída. Fazer essa etapa do processo via drone pode parecer algo futurista, mas, pensando nessa máxima, é uma solução que já está sendo testada. “Imagine para quem está fora dos grandes centros urbanos, locais onde o cliente pode demorar um mês para receber o produto, por exemplo?” Para facilitar a penetração dessa modalidade de entrega, grandes empresas estão contando com o apoio de startups locais.
Gestão de canais — além da mídia, marketplace e D2C
O ponto principal quando se trata desse tema é entender que precisa haver uma estratégia específica para cada canal de comunicação com o cliente. Melhor do que tentar atender todas as pessoas é entender seu público-alvo. Segundo os palestrantes, é importante destacar também que a transformação trazida pela tecnologia não significa o fim de varejistas e lojas físicas, mas, sim, que vão evoluir e trabalhar em conjunto com o mercado online.
Pagamento — A hora H, a revolução mobile e os super apps
Se, há alguns anos, dinheiro era a única forma de pagar por uma compra, hoje, além de boleto, cartão e transferência bancária, o consumidor pode contar com uma novidade: o QR Code. O código que antigamente era usado para atividades banais está revolucionando o mercado de pagamentos, principalmente por ser prático e seguro.
As plataformas de dados, automações e tomada de decisão
Reports, dashboards, otimização em tempo real, testes, análise histórica e atribuição são alguns dos facilitadores do dia a dia do varejo quando o assunto é o uso de tecnologia. O futuro promete aprofundar elementos, como jornada de compra e lifetime value, análises preditivas e automação. “Não é necessário que todos virem cientistas de dados, mas, sim, usar isso de forma estruturada”, salientou Naressi.
Machine learning & data science — o mito, a realidade e o job
Na visão dos especialistas, a inteligência artificial não vai substituir gestores. Porém, quem souber usá-la estará à frente de outros na mesma função. Em resumo: é importante que os profissionais do setor busquem sempre se atualizar em relação às novidades tecnológicas.
A cultura de testes e o “time” para execução
Empresas perderam espaço por não saberem se adaptar aos novos tempos e precisam planejar o negócio a longo prazo. De acordo com Gerson Ribeiro e Leonardo Naressi, caso contrário, nem a meta diária será batida. A palestra foi encerrada por Ribeiro com uma provocação à plateia: “qual é a sua inquietude? Vocês estão preparados para as mudanças que irão acontecer?”.
Fonte: ecommercebrasil.com