Open Banking: saiba como as novas regras do BACEN podem beneficiar seu e-commerce

O Banco Central (também conhecido como BACEN) anunciou recentemente o lançamento do pagamento instantâneo no Brasil para novembro de 2020. A medida visa acabar com as transações de TED e DOC e permitirá que os aplicativos das instituições financeiras realizem transferências por QR Code.

Toda a plataforma deverá usar o blockchain — a tecnologia das criptomoedas que passaram a ser reconhecidas como um meio de pagamento —, o que poderia ajudar a diminuir os custos das operações, segundo Rodrigo Nasser, sócio-fundador da Itu Partners, durante o Executive Summit, promovido pelo E-Commerce Brasil.

Ainda segundo o executivo, as definições do modelo de pagamento instantâneo brasileiro pelo BACEN devem baratear e facilitar a experiência de pagamentos em e-commerce. O mobile payment e outras soluções pode ser o elo entre o off e o on na experiência física.

“Nós vemos esse comportamento ocorrendo. O sistema financeiro brasileiro é um dos mais avançado do mundo. A Inglaterra, que já tem Open Banking, precisou de modificações”. De acordo com Nasser, quanto mais acesso à internet e, principalmente mobile, mais compras no varejo online, e esse movimento já acontece no Brasil. “O Brasil está indo para esse caminho, e terá mais condições com o mercado financeiro mais maduro”, acredita.

Mas o que é Open Banking?

No final de abril, o Banco Central divulgou o Comunicado nº 33.455, contendo os requisitos fundamentais para a implementação do “Sistema Financeiro Aberto” — ou Open Banking, na denominação mais utilizada internacionalmente, segundo a ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital). O Open Banking já é realidade na União Europeia, na Inglaterra e no Canadá, e está em fase de regulamentação em diversos outros países.

Por meio do comunicado, o Banco Central define os principais pilares da futura regulamentação do Open Banking no Brasil, bem como estabelece a abrangência e a ordem para a implementação da medida, cuja base é a promoção do compartilhamento de dados, produtos e serviços pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas. “Todos esses serviços serão possíveis no novo sistema financeiro que será lançado, e nós do varejo precisamos fazer a interligação dessas formas”, aconselha Nasser.

O que encontramos no Brasil?

Uma das maiores possibilidades de ampliação com o lançamento do Open Banking são as carteiras eletrônicas. “As soluções de carteira eletrônica continuam a crescer e grandes varejistas vão entrar nisso também. Grande parte deles ainda terceiriza a parte financeira, mas já repensam essa estratégia”.

Um bom exemplo de país que utiliza um sistema financeiro diferente do nosso é a China. Por lá, o uso do celular para pagamento é normal, mas não dá para fazer a transferência de uma carteira para a outra, por exemplo.

“Os clientes pagavam os produtos em dinheiro quando recebiam a mercadoria, mas, às vezes, compravam de quatro lojas diferentes e só pagavam a que chegava primeiro. O uso de carteiras eletrônicas ajudou a resolver esse problema”, explica Nasser.

Menos burocracia

Segundo o especialista, no Brasil, vemos alguns movimentos interessantes, mas o processo ainda é caro porque ainda é bastante atrelado aos bancos grandes e usa um sistema antigo. “No sistema novo, essa burocracia some, e o processo de custos financeiros para o lojista vai diminuir, pois elimina diversas camadas”.

“Após a mudança, o sistema de pagamento instantâneo funcionará 24 por 7 [24 horas por dia, inclusive aos finais de semana] porque as transações serão liquidadas diretamente pelo Banco Central”, completa.

Outra vantagem para os lojistas e para os consumidores é a velocidade nas operações. No momento do pagamento com celular, a identificação do consumidor será autenticada dentro do aplicativo, pois já haverá a integração com a carteira de pagamento, segundo Nasser.

“É a garantia de que sou eu mesmo fazendo a compra, e o aplicativo já checa meu crédito na hora. A validação seria feita com foto, por exemplo. O que diminuiria o número de fraudes. E, se eu quiser cancelar a compra por qualquer motivo, a devolução [do valor] é garantida e na hora. Isso é uma das maiores mudanças”, finaliza.

Alternativa para desbancarizados

O uso do mobile payment é uma alternativa para desbancarizados. De acordo com o executivo, o Brasil tem cerca de 60 milhões de desbancarizados, em uma sociedade de 110 milhões de pessoas economicamente ativas.

“Grande parte da população brasileira não tem conta em banco, mas transaciona financeiramente. A pessoa compra por boleto e paga o boleto em uma lotérica, por exemplo. Essa a população consome muito [dessa forma], principalmente as classes C e D, com mercadorias que podem ser parceladas”, contextualiza o especialista.

As soluções de carteira eletrônica, como Mercado Pago e PagSeguro, continuarão a crescer. Em 2019, grandes varejistas lançarão as suas próprias soluções. Hoje, apenas 10% das fintechs atuam com foco em desbancarizados, aponta Nasser.

Fonte : e-commerce Brasil

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