Mesmo com a adoção de medidas restritivas em estados e municípios, comerciantes apostam em recuperação econômica com vendas pela internet. Maio também deve ser um bom mês, avaliam.
Uma pesquisa feita Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (IBEVAR) aponta expectativa no aumento de vendas no setor varejista nos próximos três meses, com destaque para abril, que deve apresentar alta de 37% na movimentação de compras dos consumidores. Os dados levam o levantamento sobre o comércio feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
A projeção da instituição é que março tenha crescimento de 14,51% nas vendas em março, enquanto abril e maio terão aumento de 37,24% e 19,16%, respectivamente, se comparado ao mesmo período do ano passado.
O diretor de pesquisas da IBEVAR, Nuno Manoel Fouto, explica que 2020 foi um ano muito complicado para o comércio e acredita, mesmo com restrições, em recuperação do varejo neste ano.
“Ano passado foi um atípico, em que a pandemia provocou o fechamento do comércio e receio nos consumidores em comprar. Em relação ao ano passado haverá um aumento. Presenciamos uma recuperação nos últimos meses e mesmo com restrições poderemos superar esse momento”, afirma.
O levantamento aponta o mês de abril com maior crescimento no setor varejista neste primeiro semestre. Entre os destaques na pesquisa estão: Tecidos, vestuário e calçados, com crescimento previsto de 422,88%; Móveis e eletrodomésticos (76,85%) e artigos de uso pessoal e doméstico (81,86%).
Empresários comedidos
Embora se tenha expectativa de crescimento, os empresários estão preocupados com os decretos de lockdown e aumento de medidas de restrição. O medo é com a duração deles, que poderá afetar ainda mais o comércio varejista.
A empresária Kamila Ramos, proprietária de loja de calçados femininos, afirma não ter tido retorno positivo financeiramente nos últimos meses. Ela acredita que a vacinação pode mudar o cenário do comércio até o fim do ano.
“Eu estou trabalhando sozinha ultimamente e tenho usado a internet para vender meus produtos. A pandemia fez com que eu abaixasse as portas por um tempo e isso acabou me dando insegurança sobre o futuro”, conta.
A mesma situação enfrenta o empresário e advogado, Arthur Além. A reserva financeira conquistada antes da crise econômica colaborou para a manutenção dos gastos e da empresa durante a pandemia.
“Eu fiz uma reserva para manter os funcionários e as contas em dia em caso de emergência. Mesmo assim, acredito que vou ter uma recuperação nas vendas neste ano se comparado ao ano passado. No entanto, o índice será abaixo do que vendi em 2019”, estima.
Auxílio pode aumentar poder de compra
Empresários enxergam na retomada de pagamentos do auxílio emergencial como alternativa para retomar as vendas. O diretor do IBEVAR aponta o benefício como possibilidade de aumento no poder de compra da população.
“Em 2020 percebemos um crescimento nos índices de compras após a aprovação do auxílio emergencial. Na época, com pagamentos de R$ 600, as vendas eram maiores. Acredito que, mesmo em parcelas menores, o auxílio pode aumentar o incentivo para compras da população”, diz Fouto.
Fouto lembra do potencial da internet para alavancar as vendas nos próximos meses. O pesquisador ressalta que as redes sociais encurtam o caminho entre empresários e consumidores e podem continuar em evidência neste ano.
“A maioria das vendas em 2020 foram realizadas pela internet. As restrições impostas pelos estados por causa da pandemia vão afetar o comércio presencial, como aconteceu no ano passado. Porém, acredito que a internet pode ser fundamental para manter as vendas em alta neste semestre”, completa.
Veja a projeção de vendas para os próximos três meses, segundo a IBEVAR
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos: março (9,98%), abril (31,25%), maio (19,79%)
- Livros, jornais, revistas e papelaria: março (-4,23%), abril (74,09%), maio (55,09%)
- Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação: março (9,29%), abril (52,69%), maio (28,64%)
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: março (31,82%), abril (81,86%), maio (28,03%)
- Materiais de construção: março (41,65%), abril (44,25%), maio (17,67%)
- Veículos, motos, partes e peças: março (43,26%), abril (124,51%), maio (63,31%)
- Combustíveis e lubrificantes: março (5,04%), abril (23,94%), maio (16,06%)
- Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: março ( -8,47%), abril (1,72%), maio (-3,48%)
- Hipermercados e supermercados: março (-8,40%), abril (1,88%), maio (-3,61%)
- Tecidos, vestuário e calçados: março (58,08%), abril (422,88%), maio (163,72%)
- Móveis e eletrodomésticos: março (41,49%), abril (76,85%), maio (24,49%)
Fonte : economia.ig.com.br