Os dados são o futuro do varejo: ou você se movimenta, ou vai fechar

Não há mais espaço para a loja que abre suas portas e espera o consumidor com estoque e prateleiras lotados, na esperança de que algo ali o agrade. Mas será possível que o varejo, o maior empregador do país se reinvente? Por onde começar?

Conhecer o cliente é uma realidade que já fazia parte da relação de consumo lá nos anos 1940, quando o dono do “secos e molhados” chamava cada um pelo nome e sabia de sua vida. O problema é que a quantidade de informações aumenta exponencialmente. Estima-se que até o ano de 1900 o mundo levava um século para dobrar as informações disponíveis. Atualmente são necessários 13 anos e, a partir de 2020 – graças ao 5G e o processador quântico –, o planeta verá a quantidade de dados dobrar a cada 12 horas.

Neste novo cenário não é mais suficiente cuidar da vitrine, do atendimento presencial e do ponto de venda. É primordial que as empresas, desde as menores, disponham de ferramentas para conhecer melhor o consumidor. A boa notícia é que elas já existem e não custam caro.

Dados como ativo econômico

O primeiro passo para ingressar nessa nova era é ter uma empresa realmente voltada para dados. A partir de 2021, será recomendável que a quantidade e o tratamento de dados sejam incluídos no balanço financeiro, ou seja, tornem-se ativos tangíveis não apenas como valor de marca, mas também econômico.

Depois de mudar o mindset para a relevância dos dados, é hora de pensar na curadoria, na forma de efetivamente ajudar o cliente a comprar (ou a deixar de fazê-lo). A busca de uma camisa na internet mostra milhares de resultados, mas o consumidor quer saber onde comprar, por quê, qual o propósito e de que forma vai resolver sua demanda. Ele não se importa em pagar a mais por isso, desde que o vendedor esteja qualificado para fazer uma oferta que realmente o satisfaça. Não interessa o que você vende: é ofensivo falar com o consumidor que não busca seu produto.

Curadoria consiste em conceber um marketplace que ofereça a melhor experiência. Isso permite que se alcance o terceiro ponto da ressignificação do varejo como conhecemos hoje: a desintermediação. O marketplace direcionado à experiência do consumidor permite que o varejista atue como um elo entre a indústria e o cliente, mas não é mais aquele que compra por X e precisa vender por 2X para ter margem de lucro de 10%. Agora ele funciona como um retail as a service, sendo uma vitrine, uma curadoria, quem chancela a escolha.

Então a ressignificação do comércio é a desintermediação do varejo, justamente o tradicional intermediário? Exatamente. Por isso está na hora de se reposicionar. Entre 2015 e 2017 mais de 430 mil lojas foram fechadas no Brasil. Ou você se movimenta, ou também vai fechar. Foi assim que surgiu a Pier X, pop-up que por um ano serviu de laboratório em Porto Alegre. Um lugar onde as marcas expõem seus produtos e ligam a indústria ao consumidor. A experiência é como uma plataforma, tendo a cultura digital como ponto de partida. Deu tão certo que agora vamos abrir a plataforma em outra região do Brasil.

É fundamental que a atenção à cultura de dados comece pelas cabeças das empresas. Às vezes o decisor não quer pensar no assunto e contrata alguém para isso, mas ele é o primeiro que tem que bolar algo exponencial. Não estamos falando aqui de melhorar em 10% os resultados do varejo. A dificuldade para incrementar os resultados em 10% ou multiplicar por 10 é a mesma, então por que não pensar na segunda alternativa? Os dados são o caminho para a reinvenção do varejo.

Fonte: portalnovarejo.com.br

Uso dos dados na cadeia logística: ou você sabe usar ou está perdendo tempo e dinheiro

Ao ler este texto, de alguma forma você está sendo cookado, tagueado e algum algoritmo criado, para que essas informações sejam acessadas mais tarde. Isso vale para todos: consumidores, produtos e serviços. Os dados viraram a commodity mais valiosa no mundo dos negócios. Eles ajudam as organizações a reduzirem seus custos, a tomarem decisões mais rápidas e apuradas e até a criar novos produtos e serviços que atendam a demandas diárias dos consumidores.

A cadeia de suprimentos ou Supply Chain também está passando por essa digitalização, liderada pelo Big Data e Analytics. Segundo pesquisa do Supply Chain Insights, 93% dos entrevistados acreditam que o Big Data irá gerir esta disciplina até o final de 2020. Diria que não vai demorar tanto assim. É uma mudança de abordagem radical, que tem como consequência direta melhoras significativas no tempo de entrega, na confiabilidade, no custo e no controle. Essa abordagem tornou-se imperativa, dada a crescente concorrênciados mercados, as altíssimas expectativas dos consumidores e o crescimento constante e acima da média do e-commerce.

Neste novo cenário, as regras mudaram: o que era desejável virou mandatório e o que era vislumbrado, tem se concretizado. Por exemplo, os tempos de entrega diminuem continuamente. Informar o passo a passo do status de entrega deixou de ser acessório e tornou-se uma ferramenta eficaz para “aplacar” a ansiedade do consumidor.

Nunca tivemos acesso a um volume de informações tão grande, de fontes e naturezas distintas, quase que em tempo real. Acrescenta-se a isso os dados históricos, dados de venda, pesquisas setoriais, indicadores macroeconômicos e os dispersos na internet. Mas, com toda essa fonte inesgotável de informações, as empresas precisam saber usá-las de forma inteligente, navegar e entender adequadamente tudo o que está disponível, caso contrário, o retorno sobre o investimento tardará a chegar.

Com isso, as cadeias logísticas vêm sendo redesenhadas com base nos dados e análises. Hoje esse processo se divide em 4 etapas evolutivas: descritiva ou histórica; regressiva ou preditiva; prescritiva e, no topo delas, a cognitiva. Entre as empresas, podemos dizer que 30% delas estão no primeiro estágio, 50% no segundo e 20% no terceiro. Poucas figuram na última etapa, como Amazon e Netflix, que se baseiam no comportamento e demanda de seus clientes. Neste último caso, o importante não é adivinhar, mas sim captar rapidamente a mudança e momentos do consumidor, como o conceito matemático da inflexão, em que a curva muda para cima ou para baixo.

Um bom exemplo de cadeia logística bem construída é a usada por uma grande rede varejista de e-commerce de moda. Ela usa as informações do cliente para adequar a oferta, o fluxo do pedido e da entrega. A entrega acontece como planejado e aí começa o ciclo novamente com novas ofertas, etc. Normalmente as empresas que já nascem digitais tem mais facilidade em montar suas cadeias usando a informação, pois informação é parte do DNA da empresa.

Os dados também são a base para tornar as cadeias de suprimentos mais resilientes e responsivas. A análise dos dados históricos e fontes externas permite a identificação de pontos de risco e quais eventos fortuitos poderiam impactas as operações. É o caso, por exemplo, de tempestades, inundações, queda de pontes e até greves. Com o diagnóstico na mão, é possível desenhar estratégias de continuidade, como rotas e modais alternativos. A greve dos caminhoneiros em 2018 foi um bom exemplo. Muitas empresas não estavam preparadas, mesmo com informações sobre o movimento estarem disponíveis há semanas.

Alinhado aos dados na cadeia de suprimentos, une-se a tecnologia Blockchain, autenticando as transações entre os parceiros e validando entre todos os participantes, principalmente no comércio exterior. Com aplicação correta do Blockchain, o processo tende a ser ainda mais célere e confiável, reduzindo assim custos com burocracia, uma vez que irá atuar já a partir do momento da compra, com banco envolvido, navegação, despachante, porto, etc.

Vale ressaltar que a falta de informação não pode mais ser uma desculpa para não se fazer o que é necessário para montar, de maneira eficaz, uma cadeia de suprimentos sólida e adaptativa. Os dados estão disponíveis, acessíveis, compartilhados e detalhados. Fazer uso correto deles irá agregar novos valores aos negócios e, de quebra, elevar a logística a um novo patamar.

Fonte: portalinovarejo.com.br