Nova presidente da gigante de comércio eletrônico afirma que empresa estudas onde irá instalar novas bases logísticas.
A Amazon quer ter preços mais competitivos no Brasil, ampliar a malha logística e aumentar o portfólio de produtos vendidos no país. A operação que coloca o pé no acelerador para o mercado brasileiro inclui a redução das taxas para vendedores e o plano de dobrar a venda de produtos nacionais na plataforma.
Desde janeiro no comando das operações locais da gigante de comércio eletrônico, Juliana Sztrajtman, presidente da Amazon no Brasil, diz que o país se tornou prioridade para a companhia. O foco faz parte de uma concentração de esforços da empresa de Jeff Bezos em mercados emergentes, que têm potencial de expansão, como México, Índia e Austrália.
O Brasil é foco para a Amazon globalmente — afirmou Sztrajtman, em encontro com jornalistas no escritório em São Paulo, nesta quinta-feira. — A empresa tomou uma decisão olhando o potencial de clientes que podemos trazer para a Amazon no Brasil, que é um dos maiores países do mundo. A gente pode trazer muita gente nova e isso acontece a partir de investimento.
A empresa não abre o montante que irá investir no país, mas diz que o total será “muito maior” do que o do ano anterior. Desde 2011, quando iniciou a operação no mercado brasileiro, a Amazon injetou R$ 33 bilhões no país, o que teria gerado R$ 25 bilhões de contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB), calcula a companhia.
— Hoje, oferecemos 150 milhões de produtos para o brasileiro. Parece muito, mas dá para ser mais. É uma questão de oferecer preços competitivos e entregar rápido, o que quer dizer ampliar a malha logística — afirmou a executiva, que substituiu Daniel Mazini no comando da Amazon Brasil.
A empresa tem como objetivo, ao ampliar a oferta de produtos, dobrar as vendas de itens nacionais em 2025. Para isso, tem tentado tornar a plataforma mais acessível para vendedores locais, o que incluiu a redução de taxas de comissão em até 3% para 17 categorias de produtos, como Videogames, Celulares, Câmeras e Fotografia. A atualização foi comunicada semanas atrás aos vendedores.
Entregar mais rápido
A partir de março, a empresa também irá reduzir as tarifas de logística do programa Fulfillment by Amazon (FBA), em que a empresa gerencia todo o processo logístico dos produtos, incluindo armazenagem e entrega. Produtos com valor inferior a R$ 79,00 terão redução média de R$ 2,13 por envio.
Atualmente, a plataforma conta com 79 mil vendedores no marketplace, quase todos que são pequenos e médios empresários. Além de atrair mais vendedores, o objetivo é fazer com que os atuais vendam mais produtos na plataforma, diz Virginia Pavin, diretora de Marketplace, Amazon Brasil:
— Vamos trabalhar para ter uma base maior e para aprofundar a base que temos hoje. Muitas vezes esses vendedores vendem em outros lugares. Eu preciso garantir que o que eles vendem fora, eles também vendam aqui. Porque aí você tem mais vendedores, mais oferta de produto e com certeza também um olhar de preço diferenciado.
Com e-commerce no país desde 2017, a Amazon entrega em todas as cidades brasileiras, com prazos de até um dia em 200 municípios e de até dois dias em 1,3 mil cidades, ressaltou Sztrajtman. A companhia, no entanto, quer “entregar ainda mais rápido a partir de agora”, afirma ela.
Planejamento de mais CDs
Para isso, a Amazon tem planejado a ampliação da logística no país. Em fevereiro, a empresa inaugurou seu maior Centro de Distribuição, em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo. Com ele, passou a ter doze bases logísticas. Principal concorrente, o Mercado Livre tinha dez centros de distribuição até o fim do ano passado, mas com meta de chegar a 21 até o fim deste ano.
A gigante de comércio e tecnologia americana ainda estuda em quais estados brasileiros vai instalar os novos centros, e tem negociado com governos estaduais a viabilidade dos projetos. Ela explicou que a expansão dos centros de distribuição depende de uma coordenação com os governos locais, mas que a empresa deverá anunciar em breve as novas bases.
Pavin conta que o “foco Brasil” foi definido em novembro, após a visita de lideranças globais da Amazon ao escritório local. A empresa então, bateu o martelo sobre a tríade que será alvo de investimento (expansão logística, aumento da oferta de produtos e atração de vendedores).
— A Amazon enxerga que hoje, olhando para os países já desenvolvidos, estamos muito bem estabelecidos — explica Virginia Pavin, que acrescenta que mercados como o Brasil têm sido vistos com locais com maior potencial de atrair novos clientes. — Com certeza os próximos 10 milhões de usuários da Amazon virão dos mercados emergentes.
Vagas abertas
Em entrevista exclusiva ao GLOBO, Pavin diz que “em breve” a empresa irá anunciar expansão de categorias de venda, o que faz parte do plano de expansão. Ela adianta que uma delas será de peças automotivas, um mercado “bastante ativo que pretendemos ampliar no próximo trimestre”.
Pavin e Sztrajtman ressaltam que a expansão da Amazon vai incluir a contratação de mais pessoas. Atualmente, a empresa está com mais de 400 vagas abertas em diversos setores.
No encontro em São Paulo em que participaram as duas executivas, a Amazon destacou as práticas de diversidade e inclusão que vem aplicando no Brasil, e anunciou a adesão ao Movimento Mulher 360, voltado para ampliar a participação de mulheres no ambiente empresarial. O movimento acontece a despeito das iniciativas da Amazon nos EUA de encerrar programas de diversidade.
Fonte: “Amazon baixa taxas para vendedores, prepara ampliação logística e diz que Brasil é ‘foco global’“