Quase cinco anos depois que a Covid-19 foi oficialmente declarada uma pandemia, os efeitos da crise nas cadeias logísticas globais ainda são palpáveis.
Neste sentido, países como Chile, Peru e Argentina estão sob pressão para melhorar sua infraestrutura de transporte, bem como seus sistemas de processamento. Isto faz com que muitas empresas busquem maneiras de navegar nessas águas turbulentas quando se trata de transportar seus produtos ou serviços. Nesses casos, empresas como a DHL Supply Chain estão disponíveis para oferecer consultoria nesse cenário.
Para saber mais sobre o estado atual da rede logística da empresa, bem como suas operações no Chile, Peru e Argentina, a BNamericas conduziu uma entrevista por e-mail com Marcos Cerqueira, novo diretor administrativo da DHL Supply Chain para esses três países, que também foi vice-presidente para setor de saúde da DHL Supply Chain no Brasil.
BNamericas: Cinco anos após o início da pandemia, qual é o estado das cadeias de suprimentos globais?
Cerqueira: As cadeias de suprimentos globais passaram por mudanças significativas nos últimos cinco anos. A disrupção é o novo normal. Com isso em mente, na DHL Supply Chain vemos três elementos principais:
Resiliência e flexibilidade: como líderes em logística, temos clareza de que a diversificação, assim como a capacidade de adaptação da cadeia de suprimentos, nos permite fortalecer as operações para lidar com interrupções ou eventos imprevistos. Este é naturalmente um valor esperado pelos nossos clientes.
Digitalização: nesse sentido, toda a transformação tecnológica impulsionada pela pandemia não acabou. Claramente, houve um aumento na adoção de tecnologias digitais, como inteligência artificial e análise de dados, para melhorar a visibilidade e a eficiência. Mas também devemos levar em conta que a digitalização será um processo contínuo que assumirá dimensões e aplicações, conforme as necessidades da indústria e a disponibilidade de tecnologia em nossas diversas geografias.
Sustentabilidade: parte da evolução dos últimos anos está muito ligada à necessidade de cuidar mais do meio ambiente e avançar em investimentos e ações para que os participantes da cadeia de suprimentos possam contribuir de alguma forma para a redução de emissões ou melhor gestão dos recursos. Por exemplo, na DHL Supply Chain implementamos painéis solares, veículos elétricos, bem como tecnologias que nos permitem reutilizar materiais. No entanto, estes tipos de ações não são isoladas: elas fazem parte da nossa estratégia para 2030 e observamos que nossos clientes também têm objetivos claros de contribuir positivamente para o meio ambiente.
BNamericas: Em relação ao cluster que você cobre especificamente, quais países têm a rede logística mais favorável e, no sentido inverso, quais têm as principais deficiências?
Cerqueira: Segundo o Índice de Desempenho Logístico do Banco Mundial, a Argentina lidera com uma pontuação de 2,80, enquanto Peru e Chile pontuaram 3,0, sendo a mais alta 5.
Para colocar essa informação em perspectiva, quero compartilhar com vocês que o México está classificado com 2,9 e o Brasil com 3,20. Como você pode ver, não há muita diferença entre os principais países latino-americanos, o que significa que há uma evolução positiva no cluster em termos de competitividade.
No entanto, é preciso deixar claro que cada país é diferente e, além de questões econômicas, estou me referindo a termos geográficos e necessidades locais. Por exemplo, o Peru, devido à sua geografia montanhosa, pode ser mais desafiador que o Chile. Porém, é lá que a flexibilidade na rede logística desempenha um papel muito importante para chegar a todos os pontos do país.
Então, se passarmos para uma perspectiva comercial, vemos no Peru a oportunidade de levar a logística para o próximo nível. Enquanto continuamos a fortalecer nossas operações nos setores de tecnologia, automotivo e de consumo, também continuamos a expandir para outros setores nos quais temos ampla experiência regional, como varejo e farmacêutico – onde, por meio de ferramentas e sistemas de inovação, buscamos impulso e evolução.
Por exemplo, no Peru temos o Innovation Corner, um espaço muito exclusivo onde demonstramos as tecnologias que nos permitem ir mais longe.
E em termos de transporte, existem soluções de ponta, como a Control Tower no Chile e no Peru, a qual nos permite orquestrar o transporte.
BNamericas: Como a DHL Supply Chain aconselha seus clientes quanto a superar as deficiências das redes logísticas que eles encontram nesses países?
Cerqueira: Colaboração, compreensão e flexibilidade são a chave. Como uma empresa global com operações locais, temos a capacidade de replicar as melhores práticas, compartilhar aprendizados e fornecer aos clientes as ferramentas para enfrentar os desafios que eles enfrentam.
Por exemplo, no Chile, no início da pandemia, colaboramos com um cliente na conversão à omnicanalidade, para que ele pudesse se tornar uma operação de comércio eletrônico de sucesso. Por outro lado, o Peru tem sido referência em processos de avaliação de retorno para simplificar a cadeia de suprimentos de nossos clientes.
Além disso, não se trata apenas de prestar consultoria, mas também de oferecer otimização de processos, tecnologias adequadas e contribuir claramente com o melhor talento humano da DHL Supply Chain, que está comprometida em resolver desafios.
BNamericas: Quais são os principais planos da DHL Supply Chain para o cluster Chile, Peru e Argentina este ano?
Cerqueira: Continuaremos a fortalecer nossa presença e capacidades no cluster. Em suma, queremos levá-lo ao próximo nível da logística.
No Peru, continuaremos expandindo nossas capacidades e acompanhando o crescimento do setor, com foco adicional no comércio eletrônico.
Já no Chile e na Argentina, o foco em Saúde continua com nossa oferta de valor em especialização e cadeia de frio. Além disso, no Chile vemos uma oportunidade de crescimento em setores como varejo e comércio eletrônico.
BNamericas: Como os clientes da DHL Supply Chain veem as perspectivas para este ano?
Cerqueira: Embora a nível empresarial estejamos cientes dos desafios que podem surgir – já falamos que a disrupção é o novo normal –, me parece que, de modo geral, há otimismo quanto às oportunidades e à inovação que este ano pode trazer à indústria. Sem dúvida, será fundamental ser proativo para enfrentar os desafios, mas sempre olhando adiante.
Fonte: “https://www.bnamericas.com/pt/entrevistas/como-a-dhl-supply-chain-ve-o-cenario-logistico-no-chile-peru-e-argentina-pos-covid”