Cashback, lives, entregas-relâmpago: quais são as estratégias das grandes varejistas para reconquistar clientes

Rombos e falências, além de quedas nas vendas, ressaltam a importância de adotar o relacionamento on-line como prioridade.

O varejo anda machucado. Mas como continuar atraindo o consumidor neste cenário? A Americanas relatou rombo contábil de R$ 20 bilhões, a Marisa busca renegociar dívidas brutas de curto prazo de menos de R$ 300 milhões e a Livraria Cultura teve a falência decretada. Pouco antes, o setor havia encerrado 2022 com o crescimento mais fraco em seis anos, segundo o IBGE. Apesar da alta de 1% nas vendas no período, foi o pior desempenho desde 2016 (-6,2%) e abaixo do ganho de 1,4% em 2021 – a escalada dos juros, com o encarecimento do crédito, é considerada uma das razões do freio nas compras.

Para consultores de mercado e executivos de grandes varejistas, os números “doloridos” não devem tirar o foco do ativo mais importante desse ramo da economia: o consumidor. A estratégia agora é tirar as melhores mágicas da cartola para que o espetáculo de compra & venda continue, com o relacionamento on-line como protagonista do show.

Antigos artifícios para seduzir o comprador, como o frete grátis e promoções-relâmpago, continuam na mesa, mas abrem espaço para novos apelos de gastos, como sessões de ofertas ao vivo nas madrugadas nos stories das redes sociais das fornecedoras; cupons de cashback, que permitem usar “créditos” em pedidos futuros, e até campanhas por divisão geracional.

“Uma das frentes que contribuem para engajar consumidores são as lives, transmissões ao vivo no app, com demonstração e vendas de produtos”, diz Felipe Piringer, head de marketing da Shopee, plataforma nascida em Cingapura que reúne mais de 30 categorias de itens de vendedores brasileiros e internacionais. No ar desde março de 2022, o recurso acumula mais de 750 transmissões e 10 milhões de visualizações. Alguns comerciantes com itens exibidos nas sessões chegaram a ter 70% de aumento no fluxo das lojas, comparado a um dia normal, e as vendas chegaram a representar 30% do total faturado em um único dia. Em fevereiro, foi realizada a primeira live na madrugada – entre 23h45 e 2h.

No Brasil desde 2019, a Shopee, que também opera com um site, não abre o número de consumidores ativos e prefere apostar as fichas de relacionamento na abordagem “app first” ou prioridade por operações feitas no aplicativo – mais de 95% das vendas são fechadas pelo celular. E a razão disso não está longe do aparelho: a varejista ultrapassou 15 milhões de seguidores, somando todas as redes sociais. “Sempre avaliamos como podemos ajudar empreendedores, consumidores e marcas a se beneficiarem do crescimento da economia digital”, afirma Piringer.

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A busca ativa pelo comprador inclui ainda cupons de cashback, para garantir o retorno aos balcões virtuais, e os “dias Shopee”, geralmente em datas de dígitos duplos (2/2, 4/4), em que as vantagens para os usuários são concentradas por períodos e categorias de produtos, como tecnologia ou moda. A campanha “2.2”, a primeira de 2023, ofereceu R$ 6milhões em cupons de descontos e vouchers de frete grátis para faturas acima de R$ 29. A fim de manter os usuários por mais tempo no app, o marketplace também coleciona joguinhos desenvolvidos para a plataforma, como Candy, Bolhas e Letras, inspirados em similares do mercado.

“Nosso consumidor é, na maioria, mais jovem”, justifica o executivo. Em uma pesquisa recente com 12 mil consumidores, ao serem questionados sobre o que buscam no app, a maior parcela (29%) apontou “renovar o guarda-roupa”, enquanto 14% optam por equipamentos de segurança para residências e negócios e 11% procuram itens para incrementar carros e motos. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná são os estados onde a Shopee finaliza mais negócios.

Apesar das novidades em curso, Piringer destaca que campanhas “mais tradicionais” de descontos não decepcionam. Até hoje, a promoção de maior sucesso aconteceu em novembro de 2022, em dois dias de Black Friday. Foi registrado um aumento de mais de 300% nas vendas de lojas locais ante um dia comum – com uma movimentação de R$ 65 milhões somente de vantagens para os usuários, como cashbacks e cupons.

“Por conta da facilidade de comparação de preços no mundo digital, os descontos são os recursos que mais chamam a atenção do consumidor”, diz Maurício Morgado, coordenador do Centro de Excelência em Varejo da FGV-Eaesp. Com isso, os preços dinâmicos, aqueles que mudam ao longo dos dias com base em variáveis como demanda e popularidade, acabam perdendo força. “É muito fácil fazer pesquisa de preço on-line, então não adianta organizar promoções como concursos ou sorteios. As pessoas comparam os valores entre as lojas.”
Aquilo que parece funcionar melhor hoje para fisgar o consumidor passa pelas redes sociais, segundo Morgado, que acaba de voltar da feira de negócios americana NRF Retail’s Big Show, um dos maiores eventos sobre varejo do mundo. “Isso faz com que o comprador entre em interação com a marca”, afirma. A “pesca” já acontece no Instagram e, mais recentemente, no TikTok. “Como esse relacionamento se inicia no celular, as varejistas podem continuar a conversa no WhatsApp, o que acaba trazendo melhores resultados.”

Porém, diz o especialista, uma interação digital sem informações úteis sobre o usuário não se sustenta por muito tempo. As empresas precisam, cada vez mais, juntar dados sobre os consumidores e mandar somente as ofertas que eles gostariam de receber. “Para isso, é necessário saber captar o estilo de vida, idade e gênero, além de deduzir a renda do público, para gerar mensagens mais customizadas”, diz Morgado.
Marcelo Giugliano, diretor de varejo para moda, casa & garagem e entretenimento da Amazon Brasil, que oferece mais de 50 milhões de produtos em 30 categorias via site ou app, diz que o trabalho de escuta é constante. “Estamos sempre observando o que o cliente quer”, destaca. Um exemplo foi o lançamento de novas divisões de mercadorias, como instrumentos musicais e cervejas, com base nas buscas dos internautas em 2022.

Em campanha recente de volta às aulas, iniciada em dezembro do ano passado, a marca disparou uma pesquisa para “centenas” de consumidores para checar a experiência de compras na plataforma. Descobriu que o brasileiro queria, além da conveniência da aquisição a distância, preços mais baixos. Isso levou à criação de uma nova ferramenta de busca de itens, dividida por personagens famosos nas papelarias, como Harry Potter e Hello Kitty, que facilitasse a visualização dos artigos. “Também foi possível direcionar a seleção por marcas ou idade escolar”, diz Giugliano.

Relatório destaca importância da ênfase na segurança dos dados de usuários, personalização de serviços e solução de problemas na compra

Fora das vitrines digitais, uma das principais ferramentas de fidelização da Amazon continua sendo o programa de benefícios Prime, que dá acesso a promoções exclusivas no comércio eletrônico, entrega gratuita de bens selecionados e opções de entretenimento no streaming de filmes, séries e músicas. “São 200 milhões de membros, em todo o mundo.”

No Brasil, Giugliano diz que a companhia fundada pelo bilionário Jeff Bezos está acelerando o potencial de remessa de mercadorias. De 2019 até hoje, o grupo passou de 1 para 12 centros de distribuição no país, o que ajuda a enxugar os prazos de chegada das encomendas. Já é possível enviar os pacotes em mais de mil cidades em até dois dias úteis e em mais de cem, em um dia.

Na opinião de Fernando Gambôa, sócio-líder de consumo e varejo da consultoria KPMG no Brasil e América do Sul, além do fator preço, o tempo de recebimento dos pedidos é o que mais pesa na decisão de finalizar uma compra nos apps. “Não adianta a loja ter boas ofertas se continua com prazos maiores de entrega e taxa de frete acima das concorrentes.”

O consultor de empresas César Souza, autor do livro “O jeito de ser Magalu” (editora Rocco), que fala sobre o modelo de negócios e filosofia de gestão do Magazine Luiza, diz que o comércio vai ter que se reinventar além da rapidez do envio e da possibilidade de compra em redes sociais. “O varejo está meio obsoleto e pobre de ideias novas”, diz.

Para ele, nos próximos meses ganharão relevância a flexibilidade de pagamentos, como customizar condições especialmente para itens mais caros, e a melhor “apresentação” das mercadorias nas vitrines virtuais. “É preciso diferenciar os produtos, apontando os benefícios para o consumidor, em vez de mostrar somente descrições técnicas”, afirma. “Uma coisa é dizer que o equipamento tem 500 GB de memória e outra é informar que ele vai eliminar dez minutos por hora de trabalho.”

A mudança na relação do varejo com um consumidor mais exigente, apontada por Souza, aparece no Relatório Global de Excelência na Experiência do Cliente, levantamento conduzido pela KPMG em 2022 com mais de 89 mil consumidores em 25 países, inclusive o Brasil. O documento identifica os pilares essenciais para a construção de melhores ligações com o comprador. Entre eles, estão a ênfase na segurança dos dados dos usuários, a resolução da “dor” do cliente ou como priorizar a solução de um problema durante a compra antes de nvestigar a causa do “perrengue” e a personalização dos serviços.

No último caso saudar o cliente pelo nome ou lembrar de datas de aniversário em e-mails pode ter até um efeito positivo, mas o público não se impressiona mais com isso – além do fator preço, o tempo de recebimento dos pedidos é o que mais pesa na decisão de finalizar uma compra nos apps. “O foco na experiência do cliente não deve ser apenas uma atribuição da força de vendas, na etapa da pré-venda, mas um mantra a ser adotado por toda a organização”, diz Gambôa, da KMPG.

É o que promete fazer o GPA, dono das bandeiras Pão de Açúcar e Extra, com mais de 30 milhões de clientes cadastrados. “As vendas on-line representam atualmente cerca de 10% do faturamento do grupo [era de 3% antes da pandemia] e temos como meta dobrar essa participação até 2024”, afirma Marcelo Rizzi, diretor-executivo de digital e transformação.

Uma das frentes de trabalho é incrementar o app com recursos de “push notification” (mensagem de alerta) para ofertas personalizadas. Para isso, o GPA está investindo em um novo sistema de CDP (Customer Data Plataform) que ajuda a armazenar, organizar e enriquecer os dados coletados dos clientes. Hoje, mais da metade dos consumidores que compram nos canais digitais do grupo é composta de mulheres (53%), e a maioria (63%) tem entre 25 e 49 anos, informa Rizzi.

No varejo alimentar, quando se fala em compras pela internet, especialmente as de produtos perecíveis, há o desafio também de fazer com que cheguem o quanto antes a casa do cliente, com a mesma qualidade e na embalagem correta, lembra o executivo.

Nessa linha, a principal aposta para não deixar ninguém insatisfeito é encurtar o prazo de entrega, especialmente para remessas consideradas “ultrarrápidas”. O GPA ampliou os horários dos envios (até 22h) em mais dias (incluindo sábados e domingos) e em menos tempo (até 60 minutos). Faz parte desse esforço a incorporação do James Delivery, aprovada em novembro. Lançado em 2019 pelo próprio GPA e concorrendo com iFood e Rappi, o negócio corresponde agora a 15% das expedições realizadas em até 90 minutos e conseguiu elevar a participação desse tipo de despacho de 40% para 70%, nos últimos anos, com o apoio de 200 lojas.
O corte no tempo dos envios visa abrir ainda novas alternativas de receita, segundo o diretor. “Uma das ideias é aumentar a venda de sushis, feitos nos supermercados, atendendo a uma demanda dos clientes.”
Para Elói Assis, diretor-executivo de produtos de varejo da Totvs, que desenvolve sistemas sob medida para empresas de vários setores, há uma nova geração de consumidores que ajuda a pressionar os projetos. “São usuários com ciclos de engajamento e atenção cada vez menores, embalados pelos 280 caracteres permitidos no Twitter ou os vídeos de 15 segundos do TikTok”, compara.

Para o especialista, por causa desse novo freguês, “mais apressado”, a tendência é de crescimento do conceito conhecido como “hiperconveniência”. O cliente prefere consumir via apps ou sites capazes de proporcionar uma entrega entre 15 minutos e, no máximo, duas horas; procura lojas de conveniência dentro dos condomínios, “vending machines” em locais de fácil acesso e comércios “grab and go” (pegue e saia, do inglês), com pedido antecipado pelo celular.

Outro movimento que tem ocupado as agendas dos varejistas, diz Assis, é o “social commerce”, ou a venda direta em plataformas sociais. O Índice de Produtividade Tecnológica (IPT) de Varejo, levantamento elaborado pela Totvs em parceria com a H2R Pesquisas Avançadas, concluiu que 94% dos lojistas dispõem de, ao menos, um canal de vendas digital. O estudo ouviu 673 empresas nacionais e multinacionais de todas as regiões do Brasil, com faturamento igual ou superior a R$ 2 milhões.

De acordo com a pesquisa, os canais on-line mais usados são o “chat commerce” (via WhatsApp ou Messenger, com 80% de participação), seguido por Instagram e Facebook (67%) e o site próprio da marca (61%). “Ou seja, o ‘social’ já representa, para todos os efeitos, a maioria dos recursos digitais. O varejo tem de ir onde o consumidor está.”

Prova disso é a recente movimentação da fintech Magalu, braço financeiro do Magazine Luiza, que pretende criar um token nativo próprio para servir como moeda digital em um programa de benefícios voltado para consumidores e lojistas do ecossistema de varejo.

A marca, com 37 milhões de clientes, também estuda permitir a compra de produtos por meio de criptomoedas. “O consumidor encontra tudo o que precisa aqui, do umidificador de ar à cerveja e amendoim”, diz Felipe Cohen, diretor de operações de marketplace, na companhia há mais de sete anos.
Júlia Rueff, diretora sênior de marketplace do Mercado Livre, com mais de 88 milhões de usuários ativos em 18 países e 36 vendas realizadas por segundo, de acordo com a empresa, diz que é preciso estudar melhor como a divisão geracional dá as cartas no varejo digital – inclusive entre aqueles que não dão muito bola para os “feeds” do Instagram.

Pesquisas da empresa indicam que a geração Z, dos nascidos a partir de 1997 e considerada a mais “digital”, é o grupo que mais cresce nas filas dos caixas, representando 13% dos compradores da plataforma. Os millennials (1981-1996) são os que mais gastam, principalmente na seção de tecnologia, com 18% a mais de despesas ante a média dos outros usuários.
“Já os baby boomers (1946-1964) são os visitantes mais frequentes e acumulam 12% a mais de idas às compras em relação à média”, explica. “Gastam 28% mais com vinhos, por exemplo, do que os demais consumidores.” A executiva destaca ainda que o aumento da adesão a meios de pagamentos digitais deu um salto na pandemia e alargou a base de clientes. A possibilidade de pagar com Pix incluiu 700 mil novos usuários ao cadastro.

Para dar conta da diversidade de público, o plano do Mercado Livre é investir em novas tecnologias e nas categorias em oferta – somente no ano passado, foram aplicados R$ 17 bilhões, 70% a mais do que o registrado em 2021. Neste ano, os investimentos devem somar R$ 19 bilhões em operações no Brasil, principalmente nas áreas de tecnologia, logística e publicidade. Na cesta da inovação, entram sistemas de “machine learning” (aprendizado de máquina) que conseguem prever vendas futuras e garantir que os produtos estejam armazenados no centro de distribuição mais próximo do comprador. Nessa operação, mais de 200 mil previsões são feitas por minuto.

Nas “prateleiras”, a intenção é que a seção de moda ganhe mais reforço em 2023. Mais de 4 milhões de pesquisas de peças são realizadas diariamente e 27 milhões de interessados são registrados, ao mês, por essa linha, que conta com 1,7 mil marcas. “Já implementamos ferramentas como tabelas de medida para roupas e melhoramos a qualidade das fotos das mercadorias”, diz Rueff. “O cliente espera não só encontrar um look perfeito, mas conseguir escolher tamanho e caimento ideal.”

Enquanto os lojistas refinam estratégias de contato com o consumidor, a indústria do varejo tem um nó para resolver nos bastidores. Dirigentes do setor estão se movimentando contra plataformas internacionais, principalmente as asiáticas sob a alegação de concorrência desleal.

“Não é só uma questão de não pagar tributos por produtos fabricados lá fora e entregues aqui [a estimativa de representantes do segmento é que a evasão fiscal no país, por conta do comércio via apps estrangeiros, gire em torno de R$ 14 bilhões anuais], mas pela facilidade de oferecer as mercadorias em qualquer lugar”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), entidade que produz estudos de mercado para as empresas do setor. Compras internacionais entre pessoas físicas são isentas de taxas até o valor de US$ 50 e, muitas vezes, as remessas das fornecedoras orientais são consideradas transações dessa natureza.

“Queremos trabalhar com essa mesma facilidade, ou seja, vender um produto para qualquer usuário no mundo e postar pelo correio, sem burocracia.” Para discutir esse tema com autoridades e pares estrangeiros, Terra e uma comitiva de 40 varejistas devem desembarcar na China em setembro. “O mercado depara com uma questão global, de ‘cross border’ [modalidade de negócio baseada no fluxo de itens entre diferentes países], que poderá definir o futuro do varejo.”

Amazon já acumula 27 mil demissões desde janeiro

A maioria das 9 mil demissões anunciadas nesta segunda-feira ocorrerá na unidade de computação em nuvem, na plataforma de streaming de videogames e nas áreas de RH e publicidade.

A Amazon está demitindo mais 9 mil funcionários, que se soam às 18 mil demissões anunciadas em janeiro. A gigante do comércio eletrônico e da computação em nuvem foi forçada a tomar a decisão em razão da queda dos gastos do consumidor.

A maioria dos novos cortes ocorrerá na unidade de computação em nuvem, a Amazon Web Services, na plataforma de streaming de videogames Twitch e em seus departamentos de recursos humanos e publicidade.

A companhia emprega mais de 1,5 milhão de trabalhadores no mundo, principalmente trabalhadores em depósitos e atendimento. Os recentes cortes de empregos da Amazon visaram cargos corporativos, num esforço de reformulação de suas operações de apoio administrativo.

“Diante das incertezas na economia e quanto ao futuro próximo”, optamos por simplificar mais nossos custos e o quadro de funcionários”, disse nesta segunda-feira o presidente-executivo da companhia, Andy Jassy.

A decisão acontece depois que a empresa sediada em Seattle paralisou a construção de uma nova sede na Virgínia, parou de lançar novos supermercados físicos e fechou depósitos no Reino Unido nos últimos meses.

Assim como outros grupos, a Amazon contratou intensivamente nos últimos anos para atender a demanda mais forte por seus serviços, da parte de clientes que permaneceram fechados em casa durante o auge da pandemia de covid-19. Essa expansão “fazia sentido diante do que estava acontecendo em nossos negócios e na economia como um todo”, disse Jassy.

Mas as taxas de juros mais altos e uma redução do poder de compra dos consumidores forçaram as empresas de tecnologia a cortar seus gastos. Assim, quase 140 mil trabalhadores de grupos de tecnologia perderam o emprego em 2023, comparado a 161 mil em todo o ano de 2022, segundo o Layoffs.fyi, um site da internet que monitora as demissões no setor.

Os investidores vêm recompensando os grupos de tecnologia pelas demissões, com os preços das ações da Meta, Alphabet, Amazon e Microsoft subindo desde o começo deste ano.

Mas essas medidas para melhorar a eficiência têm um preço. Esses quatro grandes grupos de tecnologia revelaram que incorreram coletivamente em despesas de mais de US$ 10 bilhões relacionados às demissões em massa e outras medidas de corte de custos.

A Amazon começou a reduzir seu quadro de funcionários em novembro, começando com um programa de “demissões voluntárias”. Em janeiro, ela anunciou que iria demitir 18 mil pessoas. O preço de sua ação acumula uma valorização de 14% no ano, o que elevou seu valor de mercado para mais de US$ 1 trilhão. A ação da Amazon fechou em queda de 1,25% nesta segunda-feira.

Jassy disse que as demissões estão sendo anunciados em etapas, à medida que as equipes concluem análises internas, e as decisões finais serão tomadas até a metade de abril.

A Amazon gastou US$ 640 milhões em indenizações no quarto trimestre de 2022, além de um adicional de US$ 720 milhões relacionados ao abandono de projetos imobiliários.

Shopee prepara maior campanha do semestre no Dia do Consumidor

Entre as vantagens estão descontos de até 60%, vouchers de frete grátis e show de prêmios

A Shopee, plataforma de comércio eletrônico que conecta vendedores, marcas e consumidores, iniciou a campanha ‘15.3 Dia do Consumidor’, uma das principais datas promocionais do semestre, com diversas vantagens para os usuários. A ação teve início em 27 de fevereiro e oferece cupons de até R$ 30 de desconto e cupom de frete grátis para o app. Além de 50% off na categoria de Tecnologia e Essenciais, 40% de desconto em itens de Casa e Decoração e no mínimo 20% off em produtos de Moda.

Já no principal dia da ação, 15 de março, a plataforma oferecerá R$ 7 milhões em cupons de desconto, ofertas de 30% a 50% off em produtos de diversas categorias e voucher adicional de frete grátis para compras acima de R$ 29.

“O Dia do Consumidor já é uma data esperada pelos consumidores. Estamos trazendo a maior campanha do semestre para que os nossos usuários aproveitem as vantagens para economizar e encontrar na Shopee tudo o que precisam, de uma maneira fácil, segura e divertida. Ao mesmo tempo, contribuímos para que os nossos vendedores impulsionem suas vendas e cresçam seus negócios online”, explica Felipe Piringer, responsável pelo marketing na Shopee.

Roleta Premiada e mais ofertas
A partir do dia 8 de março, a Shopee lança a ‘Roleta Premiada’, com rodadas de sorteios diários, das 21h às 22h, até o dia 15 de março. Os usuários poderão concorrer a cupons de desconto para usar em compras de todas as categorias do app ou ainda em lojas exclusivas e Moedas Shopee.

Além disso, neste 6 de março, a Shopee lança o Clube do Bebê, um novo espaço one stop shop com itens para grávidas e para bebês de até 3 anos. Durante o lançamento, os usuários terão descontos de até 40% em marcas como Pampers, Fisher Price, Nuk, Lillo e Planeta do Bebê.

Já de 8 a 10 de março, os consumidores contarão com promoções de roupas femininas, sapatos, bolsas e acessórios com até 60% de desconto e cupons para serem utilizados na categoria de Moda de R$ 10 e de R$ 35 off. Os usuários Shopee poderão contar também com a ‘Super Shopee Live – Dia do Consumidor’, às 19h do dia 15 de março, apresentada por Lucas Vivot, com distribuição de cupons, Moedas Shopee e a curadoria das melhores ofertas do dia, sendo possível realizar as compras ao vivo.

Varejo cresce 4,9% em janeiro, aponta o ICVA

A comparação é com o mesmo mês de 2022. Foi o 15º mês seguido de alta no varejo; ainda assim o patamar está abaixo do período da pré-pandemia, diz estudo da Cielo.

As vendas no varejo em janeiro de 2023 cresceram 4,9%, descontada a inflação, em comparação com o mesmo mês de 2022. Em termos nominais, que espelham a receita de vendas observadas pelo varejista, o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) registrou alta de 13,8%.

O ICVA foi desenvolvido pela área de Inteligência de Mercado da Cielo com o objetivo de oferecer mensalmente uma fotografia do comércio varejista do país a partir de informações reais.

Janeiro deste ano foi um mês favorecido pelos efeitos de calendário, segundo o estudo. O dia de ano novo caiu em um domingo, o que abriu espaço para um dia útil a mais que em janeiro de 2022, quando o dia 1º de janeiro caiu em um sábado. Descontados tais efeitos, o crescimento em janeiro foi de 4,5%.

De acordo com Vitor Levi, superintendente de dados e inovação da Cielo, janeiro marcou o 15º mês seguido de aceleração do varejo. “O mês apresentou bom desempenho. Os três macrossetores registraram crescimento, com destaque para Serviços. Em parte, isso pode ser explicado pela onda da variante ômicron, que prejudicou os resultados em janeiro do ano passado e beneficiou o mês de janeiro deste ano na comparação. Este efeito fica mais claro quando observamos a queda sofrida pelo setor de Drogarias e Farmácias”, afirma.

O que diz o ICVA sobre os setores

Descontada a inflação e desconsiderados efeitos de calendário, os dados do ICVA indicam que todos os macrossetores cresceram em janeiro. Essa situação não ocorria desde maio de 2022.

O maior destaque foi o de Serviços, alavancado por Turismo e Transporte. “É possível supor que este incremento ainda esteja ligado à demanda reprimida causada pela pandemia, que dificultou viagens e deslocamentos por quase dois anos”, avalia Vitor Levi, da Cielo.

O segmento de Postos de Combustíveis foi o que mais contribuiu para a alta do setor de Bens Não Duráveis.

Já no setor de Bens Duráveis e Semiduráveis o destaque foi o segmento de Óticas e Joalherias.
Inflação

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, apontou alta de 0,53% em janeiro. O índice acumulado nos últimos 12 meses ficou em 5,77%.

Segundo o IBGE, a alta em janeiro teve maior influência do grupo de Alimentação e Bebidas. A segunda maior variação foi de Transportes.

Ao ponderar o IPCA pelos setores e pesos do ICVA, a inflação do varejo ampliado acumulada em 12 meses em janeiro foi de 8,5%, com desaceleração em relação ao índice registrado no mês anterior.

Regiões em destaque no ICVA

De acordo com o ICVA deflacionado e com ajuste de calendário, os resultados de cada região em relação a janeiro de 2022 foram: Sul (+5,1%), Sudeste (+4,2%), Nordeste (+3,6%), Centro-Oeste (+3,2%) e Norte (+3,2%).

Pelo ICVA nominal – que não considera o desconto da inflação – e com ajuste de calendário, os destaques foram as regiões: Sudeste (+15,4%) e Sul (+13,2%). Na sequência aparecem Nordeste (+10,2%), Centro Oeste (+9,9%) e Norte (+9,4%).

Sobre o ICVA

Vale lembrar que o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro, de acordo com as vendas realizadas em 18 setores mapeados pela Cielo, desde pequenos lojistas a grandes varejistas. Eles respondem por 1,1 milhão de varejistas credenciados à companhia.

O peso de cada setor no resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês. O indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda. A Cielo também informa que esse índice não é de forma alguma a prévia dos resultados da Cielo, que é impactado por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.

47ª Webshoppers: Panorama do e-commerce brasileiro, desenvolvimento do setor com uma visão abrangente sobre o cenário atual, tendências e estimativas, mudanças de comportamento e preferências do consumidor

O ano de 2022 foi marcado por recorde de vendas no canal online. Embora a tendência de crescimento apresente desaceleração em relação ao ano de 2021, o e-commerce foi mais acionado pelos shoppers.

O aumento da quantidade de pedidos foi impactado pela redução do ticket médio, causando um efeito de estabilização no resultado do ano.

Em um cenário onde as categorias de rotina, lideradas por alimentos e bebidas, impulsionaram o crescimento de pedidos, uma quantidade expressiva de novos shoppers aderiram ao online para suas compras.

A 47ª edição do Webshoppers, estudo sobre o comércio eletrônico brasileiro e a principal referência para os profissionais do segmento, já está disponível para download na Biblioteca do RadarIC, em Pesquisas Externas no link https://radaric.correios.com.br/pesquisas-externas/.

Projeção coloca e-commerce brasileiro como líder global de crescimento

Com a transformação digital ao nível global tendo sido acelerada nos últimos anos, as atividades virtuais ganharam cada vez mais espaço, revolucionando o cotidiano das pessoas.

Segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 155 milhões de brasileiros, com 10 anos ou mais, possuem pelo menos um smartphone — equivalente a 84,4% da população brasileira. Considerando o cenário cada vez mais digitalizado e com o crescimento exponencial de usuários ao redor do mundo, a tendência é que o comércio eletrônico conquiste cada vez mais espaço. Tendo isso em mente, o Cuponation, plataforma de descontos online, realizou um levantamento sobre a possível taxa de crescimento do e-commerce no Brasil e no mundo, nos próximos cinco anos.

Segundo dados do banco internacional de dados Statista, a suposta taxa de crescimento anual composta de vendas do comércio eletrônico, entre 2023 e 2027, é de pelo menos 14.63%. A lista é composta por 19 nações, onde o Brasil fica em primeiro lugar do ranking de países com o maior crescimento nos próximos cinco anos, seguido por Argentina (14,61%), Turquia (14.33%), Índia (13,91%) e México (13,67%) — fechando o top 5.

Mercado Livre: VP detalha a ousadia para crescer em tempos de incerteza

Em entrevista à EXAME, executivos da plataforma de marketplace dizem que ganho de participação de mercado se intensificou após a crise da Americanas estourar.

“Só os paranóicos sobrevivem”. A frase é originalmente de Andrew Grove, ex-CEO da Intel, e repetida com frequência por um dos fundadores do Mercado Livre, virando uma espécie de lema para a empresa. Em um ambiente de juros em patamares mais altos – no caso do Brasil, perto de 14% ao ano -, só mesmo a inquietação parece ajudar o varejo a driblar as adversidades: os custos estão mais altos e a demanda, pressionada.

O terreno é de terra arrasada para parte do varejo, sendo a Americanas (AMER3) o caso mais evidente, com uma recuperação judicial provocada pela descoberta de um rombo de R$ 20 bilhões no balanço. Há ainda casos como o da Marisa (AMAR3) e da CVC (CVCB3), em reestruturação, e a gigante americana Amazon, que demitiu 18 mil funcionários em todo o mundo. Mas o Mercado Livre, indicam seus números, vive outra realidade.

“A gente está contratando. Seguimos crescendo, a única coisa é que diminuiu a taxa de crescimento”, diz Fernando Yunes, vice-presidente sênior e líder do Mercado Livre no Brasil em entrevista à EXAME Invest, dada ao lado de André Chaves, que é o responsável pela estratégia e desenvolvimento corporativo da varejista na América Latina. No Brasil, a receita do quarto trimestre cresceu 28% em moeda local, com avanço de 36% no varejo e 93% nas operações da fintech Mercado Pago. A receita de toda operação brasileira tinha saltado 61% no último trimestre de 2021.

No quarto trimestre, a receita da companhia cresceu 56%, para US$ 3 bilhões. O lucro líquido de todo o grupo chegou a US$ 165 milhões, revertendo o prejuízo registrado no mesmo período de 2021, de US$ 46 milhões. No ano, a última linha do balanço de todo o negócio saltou nada menos que 480%, para US$ 482 milhões.
A receita foi a tal “paranóia” de crescer somada à sorte. Ainda em 2021, a empresa criou um programa de produtividade de custos. A visão era criar uma agenda de produtividade que permitisse investir mais para seguir crescendo. “Só que os juros subiram muito rápido. Então, todo o ‘funding’ gerado pelo programa, no final, foi usado para segurar nossas margens”, diz Yunes.
A escalada dos juros pode ter mudado o percurso do programa da empresa, mas ajudou a manter as margens quando todo o mercado perdia rentabilidade. “Essa disciplina nos colocou numa posição mais confortável do que a das outras empresas que estavam gastando e nos permitiu não fazer um ajuste duro nesse ano [2022]”, acrescenta Chaves.
Com números tão positivos, a empresa foi abocanhando mais participação na disputa do comércio online, mas a corrida por fatias desse bolo ganhou mais intensidade no começo desse ano com um dos players, a Americanas, perdendo parte do seu espaço. Até novembro de 2022, o Mercado Livre liderava o comércio online brasileiro, com 14% de audiência, segundo a Conversion, que monitora ferramentas de pesquisas.
Os ganhos de participação de mercado vêm desde o terceiro trimestre de 2020, conta Yunes, mas agora a velocidade ficou maior. “Abrimos esse ano ganhando share. Então, sim, houve uma aceleração. Viemos nessa tendência há muito tempo e isso, depois do episódio, se intensificou.”

Leia abaixo a entrevista com os executivos do Mercado Livre:

Exame Invest: Todo o setor tem sinalizado que está pressionado. O que o Mercado Livre tem de diferente?

Fernando Yunes: Os principais diferencias que o Mercado Livre tem começam pelo lado do sortimento. Temos o maior sortimento de produtos e marcas do Brasil e da América Latina. Ano passado adicionamos 513 novas marcas, como Farm, Ellus, Rayban, GoPro, Shiseido e Universal Music. Há mais de 1.600 marcas que a gente trouxe em dois anos, muitas que são as preferidas dos clientes. Ao mesmo tempo, somamos mais 170 mil vendedores de middle e long tail. Com isso, chegamos a mais de 400 milhões de produtos anunciados, que é um número superior à soma do segundo e do terceiro concorrentes.
O segundo ponto vem de uma usabilidade do aplicativo e do site muito simples e intuitiva. É muito rápido e simples de você fazer uma compra. E a velocidade de logística é a maior do mercado. A gente está entregando quase 80% em até 48 horas e, na média Brasil, 51% em até um dia. Também estamos com pós-venda muito eficiente, com um programa de devoluções que ficou muito mais simples. A gente já tem agora 7.100 ‘places’, que são locais físicos ligados na rede logística do Meli para que as pessoas possam fazer pick up ou devolução de produtos.

Chaves: O interessante é como isso se traduz depois para o acionista, né? Justamente por ter a maior variedade, significa que o consumidor vem mais naturalmente, está mais fidelizado. A gente consegue ter um orçamento de marketing muito menor do que a maioria do mercado porque a gente tem mais escala, tem mais oferta e tem mais busca natural, mas retenção de compradores. A gente presta um serviço para os nossos vendedores que a gente consegue derivar em muitos casos até 80% do volume deles. A gente cobra um take rate dele que seja um take rate sustentável para o negócio, ao mesmo tempo que ele veja muito valor. E a gente traz muito volume para ele também. Por outro lado, a gente conseguiu uma escala logística, por conta do volume, em que os custos logísticos são muito baratos. Certamente baratos comparado ao resto do mercado.

EXAME Invest: Mas o cenário é complexo do ponto de vista de custos e vemos todo o setor desafiado, não?

Chaves: A gente concorda com isso. Achamos que, ao longo dos anos, a escala que a gente construiu e os investimentos de tecnologia permitem que, de um lado a gente tenha muitas alavancas de monetizar, e do outro a gente consiga operar com o custo baixo. Então a gente conseguiu ter um negócio que, apesar de todo o desafio, ele não só foi rentável regionalmente como também foi rentável no Brasil ao longo do ano.

Exame Invest: O relatório do quarto trimestre fala em ganho de participação. É de se imaginar que isso tenha ficado ainda mais intenso no começo do ano com o cenário complexo do varejo. Especificamente o episódio com a Americanas tem garantido uma fatia maior do bolo para vocês? Vocês ganharam participação desde o começo da crise deles?

Yunes: O contexto é super desafiado, com o impacto de juros e inflação pegando o custo das empresas. E o mercado também não está voando, a demanda está impactada por inflação e juros. Mas desde o segundo trimestre de 2020 a gente vem ganhando ‘market share’ trimestre após trimestre de forma consistente. Então, já são praticamente três anos que a gente ganha share consistentemente e no ano passado isso aconteceu também. Abrimos esse ano ganhando share. Então, sim, houve uma aceleração. A gente não pode abrir o quanto e também não sabe o quanto disso se mantém. Mas viemos nessa tendência há muito tempo e isso, depois do episódio, se intensificou.

Exame Invest: E como vocês estão driblando esse momento mais complexo para o ambiente de negócios?

Yunes: É, o momento é realmente complexo. O crédito para o segmento todo começa a ficar mais caro com o receio dos bancos de exposição aos players. Custos de antecipação ficam mais caros também. Desde o ano passado acho que a gente se antecipou muito bem em criar uma agenda de produtividade de custos muito cedo na empresa. Antes dos juros subirem. A gente até teve uma certa sorte, porque a nossa visão era criar um programa de produtividade, que gerasse ‘saving’ para poder crescer. Só que os juros subiram muito rápido. Então, todo o ‘funding’ gerado pelo programa, no final, foi usado para segurar nossas margens. Mas foi ótimo que a gente começou isso com essa antecedência. Então a gente conseguiu manter margens e manter uma capacidade de investimento diferenciada. Acho que a gente está num momento de seguir muito comprometido com o Brasil. Vai ser mais um ano muito forte de investimento. A cada ano a gente investe mais do que no ano anterior e esse ano vai ser assim.

Chaves: Como cor para isso que o Yunes falou, nosso quadro de trabalhadores está muito diferente de todo o mundo de tecnologia, que está cortando vagas globalmente.

Yunes: Sim, a gente está contratando. Seguimos crescendo, a única coisa é que diminuiu a taxa de crescimento.

Chaves: Foram ganhos de eficiência ao longo de toda a cadeia. A gente revisou vários dos nossos processos, várias das nossas iniciativas para tentar ganhar alavancagem operacional. Isso quer dizer o quê? Meu custo tem que crescer menos que o crescimento da receita. E essa disciplina começou em 2021, não começou com uma reação ao mercado. Ela colocou a gente numa posição mais confortável do que a maioria das empresas, que estava gastando, e permitiu que a gente não fizesse um ajuste duro.

Exame Invest: Mas qual o diagnóstico para 2023? Vai ser de crescer com a rentabilidade avançando menos?

Yunes: A gente quer que a taxa de crescimento do negócio seja um pouco superior à do ano passado e que a margem de rentabilidade também avance um pouco. Então seria um ano de crescer mais e entregar uma rentabilidade melhor.

Exame Invest: Quando você fala em crescer mais, está falando em mais receita mesmo?

Yunes: Sim. Nossa GMV no ano passado foi de crescimento de 21%, não podemos abrir números mas queremos crescer em velocidade maior e a margem de Ebit e lucro um pouco também. Então seria um negócio crescendo um pouco mais rápido com uma margem um pouco melhor.

Chaves: Uma frase que nosso CFO repete sempre é: “ganhos modestos, mas consistentes de rentabilidade”. Quando se compõe com o crescimento de receita que segue acelerado, significa muito mais dólares sendo gerado de rentabilidade.

Exame Invest: Vocês falaram muito da frente logística, e um ponto forte do Mercado Livre é sua capacidade de fullfilment [a empresa fica responsável pela armazenagem do estoque do seller e pela entrega ao cliente após a venda], não?

Yunes: O fullfilment em Mercado Envios vemos como um pilar fundamental para seguir investindo e crescendo. Mais de 40% da nossa GMV [sigla em inglês para volume bruto de vendas] é enviado pelo fullfilment. Na hora que se soma o crossdock, que também são centros próprios do Mercado Livre, aí vai para mais de 90%. Hoje, o que é entregue fora da rede Mercado Livre é só 5% do volume, 95% passa pela rede. E o fullfilment é o modelo mais rápido que a gente tem de entrega.

Chaves: A gente encara a logística como um negócio de tecnologia porque a capacidade de botar metro quadrado de CD [centro de distribuição] não é única do Mercado Livre. Mas a gente tem mais de 2.000 engenheiros escrevendo programas, escrevendo códigos para as várias partes da logística. Então a gente tem muitas soluções que são únicas e que são proprietárias em toda a rede. Ou seja, não é não é que a gente sai na frente por ter mais metro quadrado, mas sai na frente por escrever código.

Exame Invest: Os analistas dos bancos de investimento falam muito do sucesso do ecossistema do Mercado Livre. Como essa estrutura que vocês criaram contribui para os resultados?

Yunes: Acho que aí tem dois pontos. O primeiro, que é a base de tudo, é a cultura da empresa. Numa cultura que compete e não colabora, é difícil potencializar sinergias. Cada um vai pensar no seu pedaço. Do lado da cultura, é uma cultura muito de dono. Muitos dos fundadores ainda estão na empresa, é uma cultura de visão de longo prazo, de ousar e tomar risco. Além de quebrar os silos da empresa. Então, potencializar o ecossistema é algo que as lideranças têm genuinamente como algo a construir, porque isso fortalece o negócio como um todo. Um desses elos importantes é a logística, o outro é o Mercado Pago.

Exame Invest: Que teve um resultado bastante relevante nesse último trimestre, não? No Brasil, a receita da fintech cresceu 93% (sem efeito do câmbio).
Yunes: Mercado Pago nasceu para servir o ecossistema para possibilitar que as transações acontecessem de forma segura entre compradores e vendedores. Hoje, 100% do que é transacionado no Mercado Livre vai por meio do Mercado Pago. Toda a parte de crédito para pessoas, para compradores e para vendedores Mercado Pago oferece dentro da plataforma. O comprador quando chega no check out tem várias opções de pagamento: pode pagar com dinheiro em conta do Mercado Pago ou com cartão de crédito Mercado Pago; também pode fazer um crédito do Mercado Pago ou pode pagar com cartão de outra bandeira. Então o Mercado Pago trouxe muitas soluções e a gente tá complementando elas. Você não precisa nem escolher uma ou outra, pode escolher algumas para utilizar os limites que você tem. Isso gerou muita conversão de venda e melhoria da experiência dos clientes. A gente suporta os vendedores também, que podem pegar crédito com o Mercado Pago. Com isso a gente ajuda eles a financiar fluxo de caixa, capital de giro, para investir e crescer o negócio. Também entramos em seguros, investimentos em cripto…Mercado Pago virou um banco digital completo, que serve os usuários do Mercado Livre. Mas ele vai para fora do Mercado Livre também servir clientes do mercado aberto. E aí o mercado financeiro é um mercado enorme, com potencial gigantesco.

Chaves: Uma série de coisas que aconteceram no último no último ano que foram bem relevantes para o crescimento da rentabilidade. Hoje, uma das verticais do negócio passa por processar pagamentos fora do marketplace [ ]. Você pode vender no seu site e cobrar pelo Mercado Pago ou na sua loja física e usar nossa máquina de cartão. Teve um crescimento desse negócio, que segue crescendo as taxas muito saudáveis e com ganho de eficiência grande quando a gente verticalizou quase na totalidade de operação de adquirência. A gente não era adquirente próprio e passou a ser. Isso dá melhor serviço, mais taxa de aprovação e melhora a margem também. No lado da pessoa física a gente deu bastante eficiência na conta e a gente continua tendo desempenho bastante bom da carteira de créditos.

Exame Invest: Em que sentido?

Chaves: A gente tem um modelo bastante particular de crédito em que a gente faz toda a aprovação de crédito com base em dados proprietários. Ou seja, eu sei hoje não só o que você compra, mas o que que você navegou, como você navegou, o que que você digitou, que meios de pagamento você tem, endereço, etc. Isso tudo é tem uma camada de Inteligência Artificial por cima que consome esses dados e faz o credit score. Temos um credit score bastante bom e a gente fez uma boa gestão da carteira ao longo do período de crise.

Exame Invest: Sim, vocês fizeram provisões para perda, mas houve até mesmo redução disso no quarto trimestre. Como tem sido a atuação de vocês nessa concessão? Estão mais conservadores? (A operação do Mercado Crédito terminou 2022 com US$2,8 bilhões em carteira e um spread de 48% entre as receitas de crédito e as despesas associadas com provisões para perdas).

Chaves: A gente está mais conservador, especialmente no Brasil e um pouco menos no México e na Argentina. Muito do que a gente viu de expansão de rentabilidade agora em crédito foi isso. No final do segundo trimestre, a gente tomou a decisão de limitar créditos mais arriscados. E continuar buscando crescimento nos perfis menos arriscados. Pela natureza do nosso crédito esse perfil menos arriscado é até mais rentável. O que que a gente viu agora? A gente viu a maturação dessa decisão no quarto trimestre em que eu tenho mais carteira em perfis menos arriscados, que têm menos perda. E o segundo efeito, para ser 100% transparente, é a sazonalidade. Brasil, México e Argentina são países que têm entrada de caixa para as pessoas físicas no final do ano, com pagamento do décimo terceiro salário ou equivalente.

Exame Invest: Certo. A receita do Mercado Pago cresceu bastante no quarto trimestre e foi quase metade da receita total do grupo no período, mas quanto já contribui para o lucro do negócio?

Chaves: Esse número a gente não abre para o mercado. Mas o que posso falar é que é relevante. Já não se tem margens muito diferentes entre os dois negócios.
Exame Invest: Bom, dado tudo que falamos e o fato de que os indicadores macroeconômicos não deram sinais de melhora, quais os riscos que vocês veem para 2023 e mesmo 2024?

Yunes: Sempre tem um risco, né? O contexto macroeconômico com juros muito altos, ou se a gente tiver um aumento de desemprego e se a inflação persistir é ruim do poder aquisitivo. Tudo isso torna o contexto desafiador, mas os anos também não têm sido fáceis. Então a gente continua com uma visão otimista. O nosso segmento ainda tem uma penetração que não é alta. A penetração do e-commerce está ao redor de 15% ainda no varejo brasileiro. Tem muito espaço para crescer. Nos Estados Unidos já chegou nos 25%. Na China tem indicadores que passam dos 40%. Então o contexto como um todo pode estar desafiado, mas a gente acha que a penetração, e a conveniência toda que vem com a compra online, ainda tem muito espaço para avançar. Aí tem algo para seguir focando, melhorando as experiências e trazendo mais sortimento, fortalecendo a marca para acelerar a migração do offline pro online. Acho que parte disso se vê nessa iniciativa da gente de entrar no Big Brother, que foi uma decisão de 24 horas. Abriu a possibilidade, nos procuraram e a gente tomou a decisão. É algo novo que não temos a dimensão, mas vamos medir o quanto vai gerar de awareness. Então vem uma pegada de marca bem mais próxima dos brasileiros e talvez ajude a gente a trazer mais usuários que ainda não estão no e-commerce e ganhar market share. É o momento de ser ousado. A gente está tentando ser ousado no momento de incertezas. Estamos moderadamente otimistas.

Chaves: Nunca imunes, nunca confortáveis. Eu acho que qualquer empresa de tecnologia que se sentiu confortável ficou para trás na história. A gente está em setores de alta inovação e de alta competitividade, então não pode abaixar a guarda em momento algum. O nosso fundador tem uma frase que ele repete com alguma frequência que é: “só os paranoicos sobrevivem”. Portanto, a gente segue paranóico aqui.

Faturamento do e-commerce aumenta 33% em janeiro, de acordo com os dados da Nuvem Shopping

Lojistas começam o ano faturando R$ 237 milhões com vendas online. Roupa escolar, óculos de sol e perfumes são os produtos mais vendidos.

Já no primeiro mês do ano as pequenas e médias empresas aumentaram suas vendas online: o faturamento do e-commerce em janeiro chegou a R$ 237,5 milhões. O número representa um crescimento de 33% em comparação ao mesmo período de 2022 (R$ 177,7 milhões).

O valor médio por compra chegou a R$ 251 no mês, um aumento de 7%. Já o volume de produtos vendidos foi de 4,3 milhões. Isso quer dizer 26% a mais que no mesmo período do ano passado (R$ 3,4 milhões) o número de pedidos online cresceu 24% passando de 762 mil para 946 mil.

“O início do ano costuma ser desafiador para as varejistas. No entanto, os dados mostram que os empreendedores online estão se planejando com mais antecedência ponto principalmente com a volta às aulas e as festas de carnaval presenciais estão aproveitando as datas para realizar campanhas específicas e aumentar suas vendas”, afirma Tamires, especialista em economia da Nuvem Shopping.

O que mais vende no comércio online?
Em janeiro de 2023, moda foi o segmento que liderou as vendas (R$ 88,5 milhões) seguido por:
• Saúde e beleza (R$ 19,5 milhões);
• Acessórios (R$ 18,5 milhões);
• Casa e Jardim (R$ 10,5 milhões);
• Joias (R$ 8,2 milhões).

Dentre os produtos mais vendidos no mês, estão: roupa escolar óculos de sol e perfumes.

Os dados ainda mostram que o cartão de crédito foi o meio de pagamento mais utilizado com 50% dos pedidos pagos. Entretanto, foi o pix que se destacou no levantamento. Em 2022, a solução representou 14,5% dos pagamentos no mês, enquanto no mesmo período deste ano chegou a 26%-um aumento de 80%.

O ranking nacional dos Estados com maior venda foi composto por:
• São Paulo (R$ 120,8 milhões);
• Minas gerais (R$ 24,4 milhões);
• Rio de janeiro (R$ 15,8 milhões).

Já os estados de Goiás e Santa Catarina apresentaram um crescimento percentual de destaque, superior à média nacional: 70% e 52%, respectivamente.

Os dados são da Nuvem Shopping, plataforma para criação de lojas online que é líder na América Latina. Foram levantados com a base dos mais de 100 mil lojistas da plataforma durante o período de janeiro de 2022 a 2023.

Dia do Consumidor: Pesquisa revela que a média de gasto será de R$ 250 por pessoa

Categorias em que os consumidores mais pretendem investir são celular e acessórios, eletrodomésticos e informática

Uma pesquisa in-app realizada com mais de 1.700 usuários pela Shopee, plataforma de comércio eletrônico que conecta vendedores, marcas e consumidores, revelou que a maioria dos brasileiros pretende realizar suas compras em marketplaces (76%) no Dia do Consumidor 2023 (15.3) e que a média de valor de investimento será de R$ 250. As categorias que mais pretendem investir são: Celular e Acessórios, Eletrodomésticos e Itens de Informática.

“O Dia do Consumidor já se tornou um dos momentos mais importantes do varejo brasilieiro. A data é uma oportunidade para pequenos e médios vendedores e grandes marcas apostarem em promoções e competir pela atenção do consumidor. Sabemos que as pessoas buscam conveniência e oportunidades de economia.”, comenta Felipe Piringer, responsável pelo Marketing da Shopee.
Motivação de compra

Os resultados mostram que 45% das pessoas pretendem comprar durante a data. No entanto, a maioria (75%) respondeu que só pretende comprar algo após a comparação de preços em diversos apps e na internet e perceberem vantagens e benefícios que geram economia. Já 68% dos respondentes comparam as promoções e os descontos do Dia do Consumidor com o que foi oferecido em outras datas importantes do varejo como a Black Friday, por exemplo. Entre as motivações para compras no Dia do Consumidor, 62% das pessoas estão em busca de itens de desejo com o melhor preço e 30% procuram produtos de necessidades básicas também com um ótimo valor.

No comparativo com a Pesquisa de Intenção de Compras de Dia do Consumidor da Shopee em 2022, a média de gasto aumentou de R$ 218 para mais de R$ 250 (+18%) e a categoria que mais cresceu no quesito pretensão de compra foi Eletrodomésticos (+2,4%). Já em 2023, as categorias preferidas são: Cozinha e Decoração, Roupas femininas e Calçados.

Além disso, a pesquisa, realizada em todas as regiões do país, indica que os métodos de pagamento que os consumidores mais pretendem utilizar são cartão de crédito (49%), PIX (38%) e boleto bancário (6%), cartão de débito (4%) e outras opções de pagamentos como dinheiro, link de pagamento e QR Code representam apenas 1% da preferência dos usuários.

Gigante de fast fashion chinesa, Shein se prepara para iniciar produção no Brasil

Segundo fontes, a empresa de e-commerce iniciou um movimento para se associar à ABVTEX, entidade que reúne grandes varejistas do setor no Brasil

A Shein, gigante chinesa de fast fashion que lidera as vendas de moda online no Brasil, está perto de iniciar produção em fábricas terceirizadas no país. Segundo fontes do setor, a empresa já sinalizou à ABVTEX (Associação Brasileira de Varejo Têxtil) a intenção de se associar à entidade.

A ABVTEX reúne grandes varejistas do país e foi criada para estabelecer padrões éticos e responsáveis de produção para toda a cadeia, do fornecimento responsável à promoção do trabalho digno. A intenção de se associar à ABVTEX é vista no setor como um indicativo de que a empresa está pronta para iniciar a produção no país.

Segundo fontes ouvidas pela coluna, dentre os artigos que devem ser produzidos localmente estão sapatos e a empresa está em conversas com parceiros de Franca e Birigui, no interior de São Paulo.

Em pouco mais de três anos, a Shein alcançou a liderança do e-commerce de moda com peças importadas agressivamente baratas e que seguem as últimas tendências ditadas pelos influenciadores das redes sociais. O movimento tem incomodado as grandes varejistas como C&A, Renner e Riachuelo, que não conseguem fazer frente aos preços com a estrutura de custos local.

Segundo cálculos da gestora Aster Capital, a Shein faturou R$ 7,1 bilhões no ano passado, pouco menos que o triplo das vendas digitais de Renner (R$ 1,5 bi), Riachuelo (R$ 600 milhões) e C&A (R$ 500 milhões) juntas.

Em dezembro de 2021, quando as vendas da Shein no país somavam algo como R$ 2 bilhões, o fundador da Shein, Chris Xu, esteve no Brasil visitando fornecedores locais, conforme noticiou na época o site Neo Feed. A empresa deve fabricar localmente apenas uma pequena parcela do seu portfólio.

Procurados, ABVTEX e Shein não responderam aos pedidos de informação.