Varejo digital tem sua pior Black Friday, com vendas caindo 28%

A partir desta semana as estratégias comerciais se voltam para os próximos 20 dias, para tentar retomar crescimento e buscar melhores margens nas ações de Natal.

O varejo on-line teve a pior Black Friday da sua história neste ano, com recuo em número de pedidos e no valor gasto por compra. Houve queda de 28% nas vendas na sexta-feira sobre 2021, para R$ 3,1 bilhões, em cima de uma base fraca de comparação, já que o ano passado havia registrado o menor crescimento na data, até então.

A partir desta semana as estratégias comerciais se voltam para os próximos 20 dias, para tentar retomar crescimento e buscar melhores margens nas ações de Natal.
O recuo na sexta-feira, data principal do evento, equivale a R$ 1,2 bilhão a menos em vendas do que o ano anterior, segundo monitoramento fechado no sábado pela Confi Neotrust, empresa de dados com foco no digital, em parceria com a ClearSale, voltada para prevenção a riscos. Há o efeito da recente deterioração do poder de compra, mas também do baixo nível de confiança na economia em 2023.

Além do ambiente econômico difícil no ano, há o risco de um início de 2023 ainda com alto grau de incerteza política e sem melhora na renda no curto prazo, após a troca de governo, levando o consumidor a segurar os gastos, dizem especialistas. A NielsenIQ|Ebit apurou queda de 23% na sexta-feira.

Black Friday tem 1ª queda nas vendas da história; começa a ‘xepa’

Importada dos Estados Unidos desde 2010, com a proposta de aquecer o comércio um mês antes do Natal, a Black Friday observou no Brasil, em 2022, a primeira queda nas vendas da sua história. O recuo se deu nas vendas online, meio no qual pelo menos 90% dos consumidores pretendiam fazer as suas compras este ano, segundo pesquisa do site brasileiro de reclamações Reclame Aqui.

Duas grandes pesquisas do varejo eletrônico -Ebit|Nielsen e ClearSale/Neotrust- apontaram, ano após ano, números superlativos em vendas na Black Friday (sempre em valores nominais, sem descontar a inflação). Para se ter uma ideia, as vendas começaram em R$ 3 milhões em 2010 e avançaram para R$ 100 milhões em 2011, segundo a ClearSale. Em 2015, atingiram R$ 1,57 bilhão.

O especialista em varejo Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail, lembra que a Black Friday original, americana, realizada após o Dia de Ação de Graças, principal data em que os americanos trocam presentes, nasceu para liquidar os estoques da data. “Seria o nosso 26 de dezembro”, disse à reportagem.

Já a Cyber Monday nasceu para que os sites liquidassem seus produtos, no embalo da data. “Os brasileiros pegaram a ideia da Cyber Monday e começaram as vendas aqui no comércio eletrônico. Mas a data só explodiu quando grandes varejistas -Carrefour, Pão de Açúcar, Magazine Luiza, Casas Bahia- aderiram.”

Em 2019, de acordo com a Ebit|Nielsen, as vendas chegaram a R$ 3,2 bilhões, considerando a quinta e a sexta-feira.

Mas foi no primeiro ano da pandemia, em 2020, que os números deslancharam: vendas de R$ 6 bilhões na semana do “esquenta Black Friday”, de 19 a 27 de novembro. Considerando a “xepa” da data, no sábado e domingo, mais R$ 1,5 bilhão, informou a Ebit|Nielsen. Só na sexta registrou vendas em torno de R$ 3,1 bilhões.

Em 2021, diz a Clearsale/Neotrust, as vendas na sexta-feira atingiram R$ 4,3 bilhões e, neste ano, caíram 28%, para R$ 3,1 bilhões, enquanto o número de pedidos recuou 24%, para 4,5 milhões. É a primeira queda no faturamento desde que a data começou a ser promovida no Brasil.

Os varejistas estavam preocupados com uma Black Friday paralela a uma Copa do Mundo: o evento esportivo teve início no dia 20 de novembro. O Brasil jogou na última quinta-feira (25), véspera da Black Friday, quando as vendas já começam a ser expressivas.

“Mas o que vimos foi o consumidor com atenção voltada ao jogo da seleção”, disse à reportagem o presidente do Reclame Aqui. “O jogo do Brasil fez o acesso ao site cair 80% durante a partida. Ao final, o fluxo voltou 20% inferior”, disse.

Na quinta-feira, moda e cosméticos estiveram em alta na procura, sexta-feira apresentou itens de maior valor agregado, como smartphones e TVs, mas no fim do dia mercearia voltou a ser o destaque (como foi na Black Friday de 2021), diz Neves.

Uma esperança era que, no último sábado e domingo (26 e 27), os números se mostrassem mais animadores. De acordo com pesquisa do Reclame Aqui com 13,7 mil usuários, cerca de 20% pretendiam fazer suas compras depois das 18h da sexta-feira, pegando a “xepa” da Black Friday.

No último sábado (26), no entanto, segundo dados da Clearsale/Neotrust, as vendas atingiram R$ 1,2 bilhão, com 2,2 milhões de pedidos -quedas de 4,4% e 4,3%, respectivamente, em relação ao ano passado.

De acordo com a ClearSale/Neotrust, considerando o mês de novembro até a sexta, 25, o recuo foi menor em relação à data da Black Friday. “O faturamento total do e-commerce, de 1º de novembro até o dia 26, às 23h59, fechou com R$ 17,7 bilhões, algo cerca de 8% menor que 2021. Já a quantidade de pedidos chegou próximo a 35,8 milhões, cerca de 7% a menos”, informou a empresa, em nota, sugerindo que houve uma diluição das vendas ao longo do mês.

É claro que não foi só a Copa que atrapalhou os planos do varejo online -embora tenha ajudado a vender camisetas da seleção, tênis, TVs, smartphones e fritadeiras elétricas.

O consumidor está com menos crédito disponível e o varejo não apostou em promoções atraentes. “As vendas online arrefeceram neste ano porque as empresas estão muito menos agressivas em políticas de frete, desconto e parcelamento. Não estão buscando venda a qualquer preço”, diz Serrentino.

Tentativas de fraude superam os R$ 50 milhões De acordo com a ClearSale, entre quinta-feira e sábado, a empresa evitou R$ 51,7 milhões em tentativas de fraude, o que representa cerca de 40 mil pedidos fraudulentos. A empresa é especializada em inteligência de dados voltada à prevenção de riscos.

O total superou a previsão inicial da companhia, de fraudes em até R$ 50 milhões. “É um aviso importante aos lojistas, pois os novos meios de pagamentos abrem margem para novos tipos de fraudes. O crescimento do Pix e de outros métodos de pagamentos podem ter impulsionado esse número”, diz o líder em estratégia de mercado da ClearSale, Marcelo Queiroz, em nota.

Em relação aos meios de pagamentos durante a sexta-feira de Black Friday, os mais utilizados no e-commerce foram: cartão de crédito (54,2%), seguido e-wallet, cashback e débito (16,3%). Já o Pix somou 15,7%, enquanto o boleto ficou com 13,8%.

Cinco em cada dez brasileiros ainda não foram às compras, aponta Ipsos

Mesmo com as ofertas antecipadas da Black Friday, cerca de 55% dos brasileiros ainda não compraram presentes de Natal. O Brasil é o quinto colocado em um ranking feito pela Ipsos, e obtido com exclusividade pelo Valor, que mostra quais nacionalidades têm deixado para fazer compras mais perto das festas de fim de ano.

O levantamento é liderado pelo Chile, com 74% dos entrevistados postergando as compras, enquanto na lanterninha aparece o Reino Unido, onde somente 38% ainda não adquiriram lembrancinhas. A média global é de 56%.

Segundo a Ipsos, os números do Brasil indicam que muitos consumidores estavam aguardando as promoções de hoje da Black Friday. Mas também revelam o hábito dos brasileiros e como estão as suas finanças.

Isso porque, com inflação alta e juros maiores, 56% dos brasileiros disseram que o aumento dos custos vai afetar suas compras de fim de ano de forma significativa – mesmo com o pagamento do 13º salário. Já 59% das pessoas afirmaram que vão procurar os melhores preços, ofertas e cupons.

A pesquisa ‘Christmas Wave’ foi realizada pela Ipsos entre os dias 10 e 15 de novembro de 2022 em 12 países: Alemanha, Austrália, Brasil, Chile, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, Itália, Reino Unido, Romênia e Singapura. No Brasil, foram 800 participantes, e a margem de erro no país é de 3,5 pontos percentuais.

Lista de compras
No Brasil, 57% dos entrevistados responderam que já compraram ou pretendem comprar itens de moda e vestuário para as festas de fim de ano. O percentual é o maior entre os 12 países participantes da pesquisa. Na sequência, as opções mais votadas por aqui foram artigos de beleza e brinquedos (ambos com 41%), eletrônicos (36%) e artigos para o lar (33%). Os artigos esportivos, com apenas 14%, foi a opção menos lembrada.

Lojas físicas e on-line
Chile e Brasil são os países em que os participantes mais preferem comprar roupas e acessórios em lojas físicas. 77% e 76%, respectivamente. Já no Reino Unido o cenário se inverte: 73% dos entrevistados preferem comprar roupas e assessórios de forma on-line.

Quando o assunto são os livros, porém, o povo brasileiro é adepto da tecnologia. 87% das pessoas preferem comprar livros pela internet. O país é o primeiro colocado do ranking entre os países pesquisados. Já na Austrália, 62% da população prefere comprar os livros em lojas físicas.

Black Friday 2022: Volume de produtos movimentados já é 15% maior do que no ano passado

As 350 milhões de encomendas movimentadas representam 4,9 milhões pedidos, segundo levantamento da Senior Sistemas.

Muitos brasileiros não esperaram a sexta-feira que dá nome ao período de promoções Black Friday para ir às compras. Segundo um levantamento da Senior Sistemas, mais de 350 milhões de produtos já foram movimentados entre segunda e quarta-feira durante esta semana de descontos. Esse total representa um aumento de 15% em relação ao mesmo intervalo de 2021.

Presente na gestão logística das empresas, a companhia enxerga hoje a Black Friday como uma das datas mais importantes para os varejistas.

Entusiasmo com Black Friday diminuiu 43% no Brasil em três anos, mostra pesquisa da plataforma de e-commerce Picodi

Levantamento da plataforma de e-commerce Picodi ainda mostra que o valor no carrinho brasileiro fica em torno de R$ 626, com descontos de, em média, 31%.No mundo, a porcentagem da queda do entusiasmo é a mesma registrada no Brasil, de 43%.
Com base em dados de busca do Google Trends, o levantamento mostra que o Brasil está entre os principais países cujo interesse por descontos na data comercial diminuiu significativamente desde 2019. A maior queda foi registrada na Turquia, com 81%, seguida por Nigéria (67%), Colômbia (63%), Rússia (58%) e Polônia (54%).

“Isto está muito provavelmente relacionado não somente à pandemia e à instabilidade financeira, mas também ao uso excessivo dos nomes ‘Black Friday’ e ‘Black Week’ para vendas que não as do final de novembro”, explica a pesquisa.

Há países, por outro lado, que registraram aumento de buscas por descontos da Black Friday, como Chile (33%), Japão (22%) e Finlândia (1%).

Padrão de consumo no Brasil
Embora o interesse tenha diminuído, a Black Friday continua sendo um dos períodos mais importantes para o comércio brasileiro. Na última sexta-feira do mês de novembro do ano passado, dia 26, o número de vendas foi 385% maior em comparação a um dia normal. No mundo, a cifra foi de 320%.

Quando a data comercial bate à porta, as categorias de produtos mais populares entre os brasileiros são móveis, eletrônicos e eletrodomésticos, vestuário e cosméticos, nesta ordem.

A pesquisa ainda mostra que o valor no carrinho brasileiro fica em torno de R$ 626, com descontos de, em média, 31%. Em geral, o potencial de economia é de R$ 283.

Comércio eletrônico brasileiro perde mais de R$ 1 bilhão por problemas com pagamentos

Quase a metade dos consumidores online (47%) no Brasil relataram desistir de uma compra online durante o primeiro semestre deste ano devido a problemas com o processo de pagamento do comércio eletrônico, de acordo com uma nova pesquisa publicada pela fintech Zimpler.

A pesquisa da Zimpler mostrou que 78% das compras abandonadas devido a problemas de pagamento eram de valores menores, abaixo de R$ 300. As compras acima de R$ 1.000 representaram apenas cerca de 5% do total da amostra, mas foram responsáveis por mais de 20% das perdas totais.

“Nosso estudo mostra que o custo de transações online frustradas foi de pelo menos R$ 1,3 bilhão – e potencialmente muito mais alto”, diz Johan Strand, CEO da Zimpler.

Segundo dados da Nielsen IBit, a receita total do comércio eletrônico no Brasil atingiu R$118 bilhões nos primeiros seis meses deste ano, o que significa que as transações online abandonadas representaram 1,1% das vendas totais. No entanto, o custo real para os varejistas provavelmente será maior, já que os consumidores têm menos probabilidades de voltar aos sites de comércio eletrônico após uma má experiência.

“Qualquer fricção nos sistemas de pagamentos online não só aumenta os custos dos varejistas de comércio eletrônico, mas também reduz as receitas”, acrescentou Strand.

Os dados da Nielsen IBit mostram que 6,2 milhões de brasileiros fizeram compras online nos primeiros seis meses de 2022.
O valor total das compras online continua aumentando, passando de R$ 76,2 bilhões no primeiro semestre de 2021, porém, na realidade, o número de brasileiros que compraram produtos ou serviços on-line caiu no primeiro semestre deste ano, abaixo dos 7,3 milhões de consumidores on-line no primeiro semestre de 2021.

“A contração na base de consumidores do comércio eletrônico, à medida que a pandemia diminui, sublinha a necessidade de que os varejistas se concentrem na experiência do usuário – qualquer transação fracassada não apenas representa a perda de receita daquele incidente individual, mas também põe em risco a capacidade da empresa de desenvolver relações comerciais duradouras com seus clientes online”, diz Raoul Mehta, general manager da Zimpler na América Latina.

Covid derruba gastos do consumidor chinês

O distrito mais populoso de Pequim pediu aos moradores que ficassem em casa, diante da alta de casos de covid-19.

Os gastos do consumidor chinês entraram em colapso com duas campanhas recentes no país: uma contra o aumento dos preços dos imóveis e outra para conter os surtos de covid-19. A queda disparou um alarme para empresas em todo o mundo, que concentraram suas esperanças em um consumidor chinês gastando mais.

As vendas do varejo caíram no mês passado, contrariando as expectativas, e deverão continuar em queda, num momento em que as autoridades chinesas lançam lockdowns a fim de conter surtos mais recentes de covid-19 e diante das medidas de afrouxamento, que têm tido pouco efeito em reverter a crise do mercado imobiliário.
A Alibaba, gigante do comércio on-line, divulgou na semana passada um prejuízo líquido inesperado, poucos dias após contrariar precedentes ao não divulgar números das vendas para a grande temporada de compras de 11 de novembro, o Dia dos Solteiros.
O conglomerado francês de produtos de luxo LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton disse que sua subsidiária chinesa permaneceu estagnada no último trimestre, apesar de ter registrado um crescimento de 19% nas vendas globais.

O distrito mais populoso de Pequim pediu aos moradores que ficassem em casa hoje, diante da alta de casos de covid-19. Nacionalmente, o número de novos casos se manteve estável no domingo, enquanto a China enfrenta surtos em cidades como Zhengzhou, Guangzhou e Chongqing.
A capital chinesa registrou 621 novas infecções no sábado, acima das 515 do dia anterior. Na tarde de ontem havia registrado outras 516 novos casos.

Até 2026, empresas asiáticas representarão 28% das importações feitas pela América Latina via comércio eletrônico

As conexões entre o mercado da Ásia-Pacífico (APAC) e América Latina possibilitam a ampliação de negócios em diversos setores da economia por meio do comércio eletrônico e as novas tendências em meios de pagamento. Neste cenário, até 2026, empresas asiáticas representarão 28% das importações feitas pela América Latina via comércio eletrônico, acima dos 16% em 2022. É o que aponta o relatório “Insights e Oportunidades para Expansão Regional de Sucesso – Interconectando Ásia-Pacífico e América Latina”, primeiro estudo do tipo encomendado pela Nuvei, plataforma global de pagamentos, à empresa de pesquisas Americas Market Intelligence (AMI).

“A América Latina é um mercado muito relevante para os comerciantes internacionais. O Brasil e o México, em particular, são atraentes por seu tamanho, dinamismo e padrões culturais que refletem os mercados asiáticos. Este estudo é o primeiro de uma série de relatórios que a Nuvei produzirá, explorando potenciais de crescimento em diversas regiões. Acreditamos que dar destaque a esses mercados em rápida ascensão ajuda as empresas a tomarem melhores decisões ao procurarem oportunidades de expansão”, avalia Yuval Ziv, presidente da Nuvei.

Potencial de crescimento do e-commerce
Entre as principais tendências, o relatório projeta que o comércio eletrônico no Brasil crescerá a uma taxa anual de 20% entre 2022 e 2026, saltando de US$ 211 bilhões em 2022, para US$ 432 bilhões em 2026. Já o México terá uma taxa anual de aumento de 32% no mesmo período. “A América Latina tem a oportunidade de fortalecer o B2B por meio de relacionamentos com a Ásia”, comenta Javier Guerrero, Country Manager da Nuvei no México.

Ou seja, um vasto potencial de crescimento que, de acordo com o relatório da Nuvei, foi acelerado pela pandemia e a adoção das compras online que impulsionaram os consumidores a experimentarem novas formas de pagamento. “Cada vez mais as empresas buscam expandir a atuação para além da região de origem, e a América Latina está no topo da lista de preferência, devido ao êxito alcançado pelas várias empresas que já optaram por esse caminho”, diz Rafael Lavezzo, vice-presidente comercial da Nuvei América Latina.

Sinergia entre os mercados Ásia-Pacífico e América Latina
A região Ásia-Pacífico com cerca de dois bilhões de habitantes e mais de 40 países traz semelhanças com a América Latina e sua população de 660 milhões de pessoas. Além dos mercados desenvolvidos como Japão, Cingapura e Hong Kong, a maior parte da APAC é formada por países em desenvolvimento. O que significa dizer que a adoção de internet, celulares e outras tecnologias ocorreu de forma gradual e desigual no decorrer dos últimos anos.

Os países da APAC têm mais de 40 jurisdições. Apenas na Indonésia são mais de 20 métodos de pagamento utilizados. Os métodos de pagamento locais adotados nos mais de 30 mercados da América Latina incluem iniciativas dos bancos centrais como Pix no Brasil e SPEI no México, incluindo boleto bancário e Oxxo Pay, e uma infinidade de carteiras digitais. As regulamentações também são variadas com leis tributárias, estruturas bancárias e padrões culturais diversos.

A alta adoção de celulares e do mobile-first na América Latina é uma realidade nos diversos países da região, com muitos consumidores migrando suas compras e entretenimento diretamente para esse dispositivo. Dessa forma, sites e aplicativos ágeis e responsivos que funcionam em telefones celulares com pouca memória e conectividade instável têm sido fatores-chave para o sucesso nesses mercados.

Diante desse cenário, para as empresas, é importante a disponibilidade de uma tecnologia que permita a venda online para consumidores na América Latina, sem a necessidade de abrir uma operação local, conhecido como modelo merchant of record (MoR), o que é proporcionado pelas empresas de tecnologia de pagamentos, que permite o aceite de pagamentos na moeda local, com diferentes opções. O que beneficia grandes marcas e pequenos e médios negócios em todas as verticais do e-commerce.

“Em essência, na Nuvei, ajudamos nossos clientes a se conectarem com os deles. Somos hoje líderes em cobertura global de pagamentos, com mais de 570 métodos de pagamentos alternativos e adquirência local em cerca de 50 mercados. Também desenvolvemos nossa solução proprietária, que permite aos comerciantes e clientes se conectarem conosco e assim tenham a disposição métodos de pagamentos local”, diz Yuval Ziv, presidente da Nuvei.

Expansão do e-commerce
Nas últimas três décadas o Brasil avançou. Desde o Plano Real em 1994, que buscou estabilizar a economia em meio a uma inflação de mais de 4.000%, a melhora econômica e social impactou a relação da população com o dinheiro e na forma de transacionar os valores. Os reguladores trabalharam para digitalizar dinheiro e pagamentos, disseminar redes de aceitação de cartões de crédito e débito e promover o e-commerce. O incentivo ao banco digital e a criação do sistema de transferência interoperável, o Pix, revolucionou a forma como os brasileiros fazem pagamentos. Tanto que hoje o Pix é utilizado por 72% da população e o cartão de crédito por 37%.

Em agosto de 2022, foram feitas quase 2,2 bilhões de transações por meio do Pix no Brasil. A ascensão meteórica dos usuários do Pix, cerca de 124 milhões de brasileiros, demonstra a prontidão do mercado para um método de pagamento instantâneo, o que fez bancos e comerciantes se adaptarem. O Pix já é aceito por 78% dos lojistas de e-commerce, superando a aceitação de cartão de débito e carteira digital. A tendência é que o Pix aumente sua participação nas compras à medida que o Banco Central lançar novos recursos, como o Pix Garantido que permitirá pagamentos parcelados e permitir também pagamentos internacionais via Pix.

“O Pix revolucionou os negócios no Brasil e subiu vertiginosamente, a ponto de representar 30% ou 40% da receita total dos comerciantes. Também está atraindo novos varejistas para o Brasil, principalmente, da Ásia que procuram uma maneira simples, fácil e de baixo risco no aceite dos pagamentos”, afirma Juan Franco, o vice-presidente sênior da Nuvei Latam e Membro do Conselho de Administração da Câmara de Comércio Singapura-México.

Atualmente, 96% dos adultos relacionam-se com instituições financeiras ou fintechs no Brasil. E as vendas online representam mais de 40% do volume total na América Latina, o que faz do País um dos 10 principais mercados globais para empresas que buscam expansão internacional, como a Shein, AliExpress (que já estabeleceram operações locais no Brasil), Zalora, Shopee, Garena e Rakuten, que se tornaram conhecidas entre os consumidores nos últimos cinco anos. Somente o Shopee registrou um crescimento de 270% ano a ano no segundo trimestre de 2022, de acordo com seu relatório de relações com investidores.

Verticais do e-commerce com alta tendência de crescimento
Apesar do e-commerce transfronteiriço no Brasil ter sido afetado em 2020 pela desvalorização do real e as interrupções nas cadeias de suprimentos, o crescimento já foi retomado e, no geral, é esperado que entre 2022 e 2026, o e-commerce cresça 20% ao ano. Entre as verticais de e-commerce no Brasil, o Varejo é a mais representativa, com 44% (US$ 93 bilhões) e deve continuar a crescer 20% entre 2022 e 2026. Por outro lado, Educação que detêm 2% (US$ 4 bilhões) deve crescer 49% até 2026, percentual igual ao de Jogos Azar. Já o segmento de Viagens com 15% (US$ 32 bilhões) crescerá 23% até 2026.

Em 2021, a América Latina teve um crescimento na indústria de jogos, com Brasil, Argentina e México na liderança. Dos 146 milhões de pagantes por jogos na América Latina, Brasil e México juntos representam 68% do mercado na região. Os brasileiros gastam mais de US$ 1,6 bilhão em jogos por ano e o celular é o mais utilizado para os jogos, o que deve aumentar com a chegada do 5G. Hoje, já são 234 milhões de celulares para cerca de 214 milhões de habitantes no Brasil.

Expectativa de vendas

A Black Friday desse ano promete movimentar o comércio de um jeito bem diferente. Ela vai acontecer durante a Copa do Mundo. Esse encontro de eventos tem sido visto pelos especialistas como um momento único para conquistar boas vendas!

De acordo com uma pesquisa do Instituto Ipsos, 71% dos entrevistados pretendem aproveitar a data para comprar e gastar um pouco mais durante a Bkack Friday 2022. Já pesquisa da Neotrust mostra que o número de pedidos no e-commerce brasileiro cresceu 4,3% no segundo trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021. O faturamento nos primeiros cinco meses do ano foi 785% maior do que antes da pandemia.

Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, a expectativa é que o e-commerce possa movimentar R$6 bilhões de reais em vendas na Black Friday. Os números apontam ainda um possível crescimento de 3,5% nas vendas quando comparados com o ano anterior.

E, para corroborar com expectativa de aumento de vendas na Black Friday 2022, o Centro de Estudos Econômicos da Acirp elaborou pesquisa com empresários da cidade de Rio Preto e identificou que boa parte dos comerciantes entrevistados (71,11%) tem expectativa otimista em relação as vendas. A expectativa de 73% dos entrevistados é que haja um aumento de até 10% na comparação com o mesmo período do ano passado. O ticket médio esperado pelos comerciantes para a data é de R$ 265,50.

A pesquisa possibilitou entrevistas juntos aos MEI, microempresas, empresas de pequeno porte e grandes empresas. Os microempreendedores individuais e as microempresas são as mais otimistas com relação a data. Contudo, as empresas de pequeno porte possuem a maior expectativa em relação ao tíquete médio esperado (R$ 419,23).

Ou seja, esse momento promete mexer com a vida dos brasileiros, tanto os que compram quanto os que vendem! Vale lembrar, também, que o fim de ano marca o pagamento do 13º salário, o que coloca dinheiro no bolso e estimula o consumo.

E com relação a movimentação de recursos do 13º salário na economia do município, o Centro de Estudos Econômicos da Acirp também elaborou estudos mostrando injetar na economia o montante de 380,2 milhões de reais, levando em consideração os recebíveis referentes aos trabalhadores formais.

Porém, para aproveitar todos esses benefícios, é necessário se preparar. Quem faz um bom planejamento sai na frente e deixa tudo em ordem para colher os resultados. É nesse planejamento que a Acirp, cumpre, mais uma vez, seu papel indispensável como agente fomentador no aumento das vendas dos empresários, consolidando sua missão de representar a “Voz de quem produz”.

Na ‘Black’ da Copa, crescimento de 3% a 9%

Venda de TV já sobe 59%, mas desempenho desigual em categorias e redes puxa para baixo expansão geral.

A Black Friday de 2022 entra na sua semana decisiva com ritmo de crescimento um pouco acima do ano passado, porém com resultados desiguais entre produtos e entre os próprios grupos de varejo – grandes plataformas on-line que já vinham se descolando da média crescem mais. Ações comerciais mais agressivas, previstas para os próximos dias, foram antecipadas para acelerar mais a demanda.

Será a primeira vez na história do setor com Black Friday, Copa e Natal num espaço de menos de 40 dias, tornando o cenário mais intenso em campanhas e lançamentos daqui para frente. A Via (dona de Casas Bahia e Ponto) já se movimentou nessa direção. “Antecipamos algumas ações da semana da Black para o fim da semana [passado] para fazer a venda e a entrega da TV, por exemplo, até o jogo do Brasil. E também porque vimos que há um ritmo de venda mais forte nos últimos dias, e queremos aproveitar essa curva de crescimento”, diz Abel Ornelas, vice-presidente comercial da Via.

Para Roberto Wajnsztok, CEO da Origin Consultoria e ex-Walmart.com, fatores como o ambiente de deterioração macro e de incerteza política vêm afetando o nível de confiança do consumidor neste fim de ano. “Era esperado que esse clima ainda tenso no país se reduzisse após as eleições, mas isso não diminuiu tanto. Minha orientação a meus clientes é venderem o que puder agora, pelos riscos desse cenário incerto, e porque ainda há o impacto do desempenho do país na Copa”, diz.

Taxa de juros em alta fez varejistas adotarem mais cautela na hora de formar estoques para esta edição do evento

“Mas não acontecerão loucuras nas lojas, mesmo que a venda seja tímida, na faixa de um dígito de alta. É bom o consumidor não esperar grandes vantagens porque os estoque caíram muito nos últimos meses, após a alta no custo do capital neste ano”, acrescenta.

No mercado, as projeções para a Black Friday, em sua maioria, variam de aumento de 3% a 9% nas vendas, em valor (sem descontar a inflação), considerando as análises de empresas e entidades ouvidas, entre elas, Confederação Nacional do Comércio e Turismo (estimativa de 7,6%), empresa de pesquisas GfK Brasil (entre 8% e 9%) e a ABComm (3,5%), associação do comércio on-line. Na edição de 2021 do evento, a expansão foi de 8%, segundo dados do IBGE.

A data promocional ocorre sempre na última sexta-feira de novembro – este ano cai no dia 25 -, mas o varejo costuma oferecer descontos e fazer campanhas de marketing durante todo mês. Este ano, segundo a GfK, as vendas totais de bens duráveis subiram 7% em valor (4,5% em volume) na semana de 7 a 13 de novembro versus a mesma semana de 2021. O ritmo supera o de um ano atrás, quando as vendas subiam um dígito baixo, na faixa de 3%, segundo pesquisas da época.

O avanço nas vendas foi mais expressivo de 7 a 13 de novembro este no para TVs, com alta de 59%; fritadeiras sem óleo, com aumento de 46%; e máquinas de café (24%). Sons portáteis (que podem ser conectados às TVs) crescem 40%. Smartphones têm recuo de 10%, um provável reflexo da busca maior pelas TVs, impulsionada pela Copa, mas há expectativa de melhora nas vendas entre a terceira e quarta semanas de novembro.

“Tudo indica que será uma Black Friday mais forte que a de 2021, quando a data ficou abaixo do previsto, então trata-se de uma base fraca. É a Black dos televisores, alvo central das ofertas, algumas delas bem agressivas, e dos portáteis para casa”, diz Felipe Mendes, diretor geral da GfK Brasil, que recebe dados de forma contínua das redes.

Na visão de Paulina Dias, da área de inteligência da Neotrust, é esperada alta nominal abaixo da inflação acumulada (em torno de 6%, pelo IPCA). “É algo positivo se lembrarmos que há queda [3,6% até setembro] no faturamento no comércio on-line no país ”, diz ela.

Mendes ressalta porém, que há sinais claros de aumento dos “gaps”, com diferenças de performance entre as empresas. “Um dos maiores marketplaces do país têm ido muito bem, está muito acima dos restantes, explodindo em vendas, e uma cadeia mais tradicional aparece em seguida, com números menos expressivos, mas positivos. Uma terceira cadeia tem os números piores”.

A GFK não divulga desempenho por marca, e entre as operações que acompanha estão Mercado Livre, Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia.
O Valor apurou que uma marca líder de eletrônicos e celulares ajudou a financiar o varejo na Black deste ano, ampliando mais prazo de pagamento das lojas, mas grandes varejistas não têm sido tão agressivas nas ações ao consumidor, gerando uma saia-justa com a marca. “Isso não pegou muito bem, então a expectativa é que nesta semana o barulho na mídia e a dose de ofertas suba um pouco”, diz uma fonte a par do assunto.

Em termos de descontos, tema polêmico na Black Friday, até o começo de novembro não havia um avanço expressivo sobre 2021. A depender da estratégia das redes, isso pode ser ajustado nos próximos dias.
Segundo dados da GfK, as reduções de preços acima de 10% responderam, no começo de novembro, por 26,3% do volume vendido de eletrônicos, frente a 27,5% um ano atrás. Em TVs, representaram 18,6% do volume vendido no ano em 2021, e 24,1% neste ano. Mendes lembra que há um novo complicador hoje, relativo à quantidade de variáveis nas promoções.

“Há desconto com PIX, desconto com cartão da loja, sem cartão da loja, desconto com cashback, e em compra feita por conta digital, e assim por diante. Ficou tudo mais confuso na visão do consumidor, o que gera ruído e pode frustar o cliente, que muitas vezes não entende se fez boa compra ou não”, diz. Há anos, a visão de “Black Fraude” acabou colando na imagem da data, em parte pela percepção de ofertas sem ganhos reais.

Levantamento do Valor mostra variações pequenas, e até queda, nos estoque das redes de capital aberto de junho para setembro. No fim do terceiro trimestre, as cadeias já teriam que armazenar mais produtos, de olho nos eventos. “A gestão dos estoques hoje passa pelo aumento no custo do dinheiro, após a escalada da taxa Selic, que encarece o estoque parado. Em 2021, as cadeias erraram no estoque porque a venda veio fraca. E errar de novo, com Selic a 14%, pode sair caríssimo. Por isso há muita cautela nessa conta nessa Black”, diz a diretora da empresa Virtual Gate, Heloísa Cranchi.

No Magalu, o estoque (em valor) entre segundo e terceiro trimestres subiu 6,4%, na Via caiu 3,3% e na Americanas, teve queda de 8%. “Reduzimos estoque neste ano porque o risco de desabastecimento caiu. E reforçamos a compra após outubro, como normalmente ocorre. Tenho 80 dias de estoque em novembro. Está abaixo de um ano atrás porque antes estava mais alto que o normal. Não vai faltar produto”, diz Ornelas, da Via. “Estamos crescendo na Black acima dessa taxa inicial [7%] de novembro”, reportada pela GFK.
“O cliente quer comprar a TV acima de 60 polegadas que pode ser parcelada em até 30 vezes [nos cartões da rede]. Isso faz caber no bolso. Negociamos bem o estoque próprio, que é onde somos fortes, e vamos complementar com o marketplace de lojistas. E vamos ver mais ‘barulho’, mais campanhas, nesta semana que entra”.

Consultores têm destacado que o consumidor ainda não “acordou” para a Black e a Copa, por isso se espera mais ações a partir desta segunda-feira. Nas lojas, ainda há estimativa de tráfego maior. “Pelos levantamentos diários de circulação em lojas em novembro, coletados por equipamentos que medem fluxo, projetamos alta de 26% na circulação sobre 2021, mas ainda com queda em relação a 2019. Não normalizamos o fluxo ainda e calculamos que isso levará até cinco anos”, diz Cranchi, da Virtual Gate, referindo-se ao movimento verificado antes da pandemia.