A rápida expansão da Shopee, o braço de comércio eletrônico da Sea, emergiu como a mais recente ameaça às varejistas brasileiras, colocando em risco qualquer recuperação de suas ações.
Americanas, Magazine Luiza e Via estenderam suas perdas neste ano após afundarem ao menos 58% em 2021, enquanto o índice MSCI Brazil Consumer Discretionary negocia perto de seu menor nível desde 2004.
A fraqueza dos papéis tem sido justificada por perspectivas de crescimento econômico mais fraco no país, assim como expectativa de desaceleração nos resultados corporativos e medo crescente sobre o cenário competitivo do setor.
Investidores têm demonstrado interesse particular na Shopee, que iniciou suas operações no Brasil em 2019, focando em itens de menor valor. A participação de mercado da companhia em e-commerce no Brasil é atualmente estimada em um dígito alto pelo Goldman Sachs.
A competição vinda da gigante do Sudeste Asiático se tornou um “tópico-chave” no ano passado, analistas do Goldman liderados por Irma Sgarz escreveram em relatório de 12 de janeiro, adicionando que o ‘market share’ da Shopee pode subir para 20% até 2025.
“Nós esperamos que ela permaneça relevante em 2022 à medida que continua a desenvolver sua presença e oferta de serviços.”
As operações locais da Shopee na América Latina têm ganhado tração e a empresa foi citada como um dos três principais destinos de compra online por 37% dos consumidores no ano passado, uma alta expressiva em relação aos 6% em 2020, segundo analistas do Morgan Stanley incluindo Mark Goodridge e Andrew Ruben, citando dados de pesquisa AlphaWise do banco.
De acordo com o Morgan Stanley, o avanço da Shopee na região adiciona aos riscos para as margens das varejistas domésticas em um momento em que essas companhias já sofrem com custos de insumos mais altos.
O Mercado Livre, gigante regional de e-commerce que tem o Brasil como principal mercado, perdeu cerca de US$ 41 bilhões em valor de mercado desde seu pico, também penalizado pelo movimento de rotação dos investidores, que saíram de ações de empresas de tecnologia e crescimento maior, em meio à escalada das taxas de juros.
Magazine Luiza, Via e Shopee não comentam. Americanas e Mercado Livre não responderam imediatamente a pedido de comentário.
Shoppee e Amazon
A Shopee não é o único player internacional que tem avançado de olho nos consumidores da maior economia da região. A Amazon entrou no Brasil em 2012 e tem escalado as suas operações desde então, abrindo mais de 10 centros de distribuição.
Em um primeiro momento, os movimentos de expansão da empresa de Seattle eram suficientes para desencadear um ‘selloff’ em todo o setor, mas a preocupação moderou ao longo do tempo.
Para a Shopee sustentar o seu crescimento, a companhia precisará incrementar sua estrutura logística na região, assim como focar também em itens de ticket maior, de acordo com Sgarz, do Goldman.
No curto prazo, as ações das varejistas não devem encontrar alívio, dado que sinais de desaceleração devem ser observados na próxima temporada de balanços, de acordo com Welliam Wang, head de equities da AZ Quest.
Wang, que está ‘short’ em varejistas de comércio eletrônico no Brasil, diz que os resultados devem seguir pressionados no primeiro trimestre, com amplo espaço para revisão para baixo nas estimativas dos analistas.
Apenas dois analistas acompanhados pela Bloomberg revisaram suas estimativas para lucro da Magazine Luiza em 2022 nas últimas quatro semanas — as duas revisões foram para baixo.
As varejistas “devem apresentar uma desaceleração muito forte nos resultados do quarto trimestre, seja pelo macro difícil, seja pela competição agressiva”, disse Wang.
“Isso pode começar a se traduzir em questionamentos mais estruturais por parte dos investidores, como, por exemplo, se essas plataformas vão conseguir competir com players globais, com amplo poder de fogo.”
Segundo estudo da Juniper Research, crescimento de 55% nos próximos cinco anos será impulsionada por varejistas que oferecem experiências de varejo omnicanal.
Estudo da Juniper Research traça a relação entre o investimento na unificação de canais de atendimento do varejo, o omnichannel, e o faturamento do comércio eletrônico. De acordo com o levantamento, os varejistas que investirem na modalidade terão receita 55% maior nos próximo cinco anos (até 2026), atingindo receita de US$ 7,5 trilhões, contra a receita de US$ 4,9 trilhões em 2021.
Essa taxa de crescimento será impulsionada por varejistas que oferecem experiências de varejo omnicanal atraentes que aumentam os gastos com comércio eletrônico do usuário. O varejo omnicanal é um modelo que oferece aos usuários finais a capacidade de acessar serviços de varejo, incluindo vendas e suporte ao cliente, por meio de vários canais.
A nova pesquisa, eCommerce Payments: Emerging Trends, Opportunities & Market Forecasts 2022 2026, prevê que esses canais, incluindo locais de varejo online, móveis e físicos, serão fundamentais para o sucesso futuro. Isso ocorre porque os usuários esperam que os mesmos serviços estejam disponíveis independentemente do canal. Além disso, o estudo descobriu que há um apetite crescente por novos métodos de pagamento nos checkouts de comércio eletrônico, incluindo pagamentos facilitados pelo Open Banking e botões de checkout com um clique da carteira digital. Assim, recomenda que os comerciantes garantam que as opções de pagamento correspondam às expectativas dos usuários em constante mudança, ou eles serão rapidamente deixados para trás.
A pesquisa descobriu que, até 2026, a China será responsável por mais de 37% dos pagamentos globais de comércio eletrônico por valor de transação, devido ao seu extenso e estabelecido cenário de comércio eletrônico e pagamentos que oferece maior conveniência aos usuários por meio de métodos alternativos de pagamento facilmente acessíveis.
Além disso, a pesquisa recomenda priorizar carteiras digitais, pagamentos facilitados pelo Open Banking e criptomoedas para emular o sucesso do comércio eletrônico experimentado na China. Para fazer isso, recomenda que os provedores de plataforma façam parceria com especialistas nessas áreas específicas de pagamento emergentes para acompanhar as mudanças nas expectativas dos comerciantes em relação aos tipos de aceitação.
A pesquisa prevê que os bens físicos serão responsáveis por 82% do valor global das transações de pagamentos de comércio eletrônico até 2026. Ela insta os provedores de pagamento a apoiar o BNPL, um método de pagamento alternativo que integra planos de parcelamento fixos e crédito flexível nas opções de checkout de comércio eletrônico, para capitalizar o crescimento contínuo do comércio eletrônico devido à pandemia global de COVID-19 em andamento.
Retomada do setor de serviços e alta nas vendas do varejo contribuíram para resultado positivo.
Depois de resultados negativos de julho até outubro, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou alta de 0,69% em novembro em comparação com o mês anterior. O número foi divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central (BC).
O IBC-Br é considerado uma espécie de prévia do PIB por calcular o índice de atividade econômica, mas usa metodologia diferente do IBGE, responsável pelo número oficial.
O principal responsável pelo número positivo foi o setor de serviços, que cresceu 2,4% em novembro após duas quedas seguidas com o impacto da vacinação na retomada da mobilidade. Foi a maior taxa de crescimento desde fevereiro de 2021.
Em mês de Black Friday, as vendas no varejo cresceram 0,6% em novembro. Segundo o IBGE, o resultado foi puxado principalmente por comidas, bebidas e produtos de farmácias. A inflação impactou o consumo no mês e as vendas na Black Friday foram menos intensas do que em 2020.
Já a produção industrial foi o único setor a cair nas pesquisas divulgadas pelo IBGE. A falta de componentes, encarecimento das matérias-primas e incerteza elevada contribuíram para um recuo de 0,2% no mês.
Os dados de novembro, porém, não foram afetados pela variante ômicron da Covid-19, que a partir de dezembro impactou a retomada do setor de serviços.
Luana Miranda, economista da Gap Asset, ressalta que a volta da mobilidade auxiliou os resultados do varejo e dos serviços e o quarto trimestre pode não ser negativo se não houver surpresa para baixo em dezembro.
— Os últimos dados de novembro deram algum alívio nas projeções mais pessimistas. Em serviços a gente viu um crescimento mais disseminado em algumas categorias, o varejo também veio melhor — explicou.
No acumulado do ano, a atividade cresceu 4,59% com alta concentrada nos primeiros meses do ano, principalmente janeiro e fevereiro.
No restante de 2021, o resultado é baixo, inclusive negativo por quatro meses seguidos no segundo semestre. Houve queda de 0,07% em julho, 0,33% em agosto, 0,57% em setembro e 0,28% em outubro.
Em uma análise do número, a CM Capital apontou que o resultado de novembro ainda não mostra o impacto da ômicron na economia, que só deve aparecer nos dados de janeiro.
“Os desdobramentos da nova variante tendem a ser vistos apenas nos dados de janeiro, quando o número de casos cresceu exponencialmente e parcela da população voltou a adotar o distanciamento social”, apontou.
Dados da Nuvemshop, plataforma de e-commerce líder na América Latina com mais de 90 mil lojas online:
– O valor de R$ 2,3 bilhões movimentado pelas PMEs com o e-commerce em 2021, representa aumento de 77% em relação ao montante de 2020;
– Número de pedidos cresceu em 75%, saltando de 6 milhões para 10,5 milhões;
– 5 milhões de consumidores compraram pela internet pela primeira vez;
– Os segmentos que mais faturaram foram Moda, Saúde & Beleza, Acessórios, Eletrônicos e Casa & Jardim;
– Cartão de crédito foi o meio de pagamento mais utilizado, representando mais da metade das transações. Já o Pix (6%) superou o boleto (5%).
O e-commerce brasileiro fechou o ano de 2021 com resultados positivos, mesmo com a retomada do comércio físico e o cenário econômico mais desafiador, repetindo o movimento iniciado no ano passado. Em 2021, as pequenas e médias empresas faturaram mais de R$ 2,3 bilhões com as vendas online, valor 77% maior que o registrado no mesmo período do ano passado (R$ 1,3 bilhão). Os dados são do estudo NuvemCommerce, análise especializada anual do e-commerce brasileiro realizada pela Nuvemshop, plataforma de e-commerce líder na América Latina com mais de 90 mil lojas virtuais na região, em sua maioria de pequenos e médios empreendedores.
O estudo está em sua 7ª edição e, desta vez, traz o desempenho das PMEs no e-commerce durante 2021, segundo ano do isolamento social e ano marcado pelos novos hábitos de consumo transformados desde 2020. No último ano, ainda mais brasileiros compraram no digital: 5 milhões de consumidores compraram produtos pela internet pela primeira vez. Além do balanço de 2021, o levantamento também indica as principais tendências de vendas e consumo para este ano.
“O ano passado apresentou desafios para toda a economia, especialmente para os pequenos e médios negócios. O comércio enfrentou um período de incertezas sobre a maneira de operação e, por isso, a combinação dos meios físico e virtual esteve relevante como nunca. Se, de um lado, houve desafios no cenário econômico, com alta da inflação e dificuldade de crescimento do país; de outro, pequenas e médias empresas conseguiram expandir seus negócios no digital. Em 2021, ter uma loja online deixou de ser uma alternativa e passou a ser uma condição fundamental para as PMEs. Saímos de 2020, um ano marcado pela intensa transformação digital, e chegamos em 2021, época de consolidar a presença no mundo online”, explica Alejandro Vázquez, CCO e cofundador da Nuvemshop.
Balanço das PMEs no e-commerce em 2021
Em 2021, as PMEs venderam 44,5 milhões de produtos, quantidade 59% superior ao volume do mesmo período do ano passado (28 milhões). Isso significa que foram vendidos cerca de 85 produtos por minuto no ano passado. O volume de pedidos (que pode envolver um ou mais itens em uma única venda) também esteve em alta, atingindo 10,5 milhões no mesmo período (em 2020, foram 6 milhões). O ticket médio em 2021 foi de R$ 219,47, um aumento de apenas 4% em relação ao ticket médio de 2020 (R$ 211,04).
O mês de maior faturamento para as PMEs foi novembro (tanto em 2020 como em 2021), período de muita relevância para o comércio devido à Black Friday e à proximidade com o Natal. O levantamento NuvemCommerce indica que a data do comércio com maior quantidade de lojistas realizando ações foi a Black Friday, com mais de 62% das PMEs atuando. Em seguida, as datas mais relevantes foram o Natal (29,5%) e o Dia das Mães (26,5%).
“Depois do salto do e-commerce no primeiro ano de isolamento social, que acelerou a transformação digital do varejo, tínhamos uma expectativa de crescimento mais sutil para 2021. De fato, nossa pesquisa apontou que alguns lojistas sentiram na pele a dor do crescimento e inclusive observaram redução nas vendas online, como consequência da retomada das lojas físicas. Contudo, o setor como um todo registrou um importante aumento, inclusive além do que era esperado para o varejo tradicional no ano”, comenta Guilherme Pedroso, Country Manager da Nuvemshop no Brasil.
Curiosidades – os segmentos que tiveram um boom em 2021
Os dados de segmentos que apresentaram as maiores taxas de crescimento em faturamento em 2021 também expressam o cenário do país. Os efeitos da retomada da economia e volta de equipes ao escritório se refletem no aumento das vendas de material de escritório: esses e-commerces tiveram um faturamento 156% maior que em 2020. A volta das atividades fora de casa também impactaram nos cuidados com a aparência e a beleza dos brasileiros no último ano. Em relação a 2020, perfumaria aumentou o faturamento em 404%, enquanto o segmento de Joias cresceu em 132%.
O avanço do calendário de vacinação no Brasil e, posteriormente, a conclusão da imunização com a terceira dose da vacina também permitiram que as pessoas voltassem a fazer pequenas reuniões e aproveitassem o tempo livre. O segmento de roupas de banho, como biquínis, teve um aumento de 154% no faturamento em comparação com o ano anterior. Já as lojas virtuais de bebidas alcóolicas dobraram o faturamento no ano passado.
5 segmentos que mais faturaram com o e-commerce em 2021:
São Paulo (R$ 1,2 bilhão)
Minas Gerais (R$ 230 milhões)
Rio de Janeiro (R$ 141 milhões)
Ceará (R$ 119 milhões)
Paraná (R$ 110 milhões)
Pagamentos e logística em destaque
Para driblar a inflação mais alta e realizar compras, o cartão de crédito foi a principal opção dos consumidores, pelo benefício do parcelamento, representando mais de 54% dos pedidos pagos no ano. Mas o principal destaque ficou para os pedidos pagos com Pix (6%), que ultrapassaram os que foram pagos com boleto (5%), garantindo praticidade para o cliente e o lojista. “Com o Pix, o empreendedor recebe imediatamente o valor da compra e consegue realizar uma gestão mais eficiente do estoque, o que é fundamental para não perder vendas em momentos de grandes picos, como a Black Friday”, afirma Pedroso.
Em relação à logística, a grande aposta das PMEs foi a digitalização das opções de envio. Os meios tradicionais de logística, como os Correios, foram responsáveis por menos envios: entregaram cerca de 27% dos pedidos em 2021, enquanto em 2020 eram responsáveis por 35% das entregas.
Raio-X das PMEs no digital
O estudo NuvemCommerce 2022 também revela o perfil dos pequenos e médios negócios que venderam pelo e-commerce no ano passado, a partir de uma pesquisa realizada com os 90 mil lojistas da base da plataforma Nuvemshop. Para esses empreendedores, as maiores dificuldades de empreender foram falta de dinheiro para investimento no negócio (38%) e ausência de tempo para desenvolver tudo o que precisam (30%). Para 2022, os lojistas pretendem expandir ainda mais a estratégia dos negócios virtuais: a pesquisa indica que 74% deles desejam aprender mais sobre estratégias do e-commerce, enquanto mais de 68% querem ampliar canais de divulgação e 56% querem ampliar os canais de venda online.
Sobre a Nuvemshop:
A Nuvemshop é a plataforma de e-commerce líder na América Latina e tem o compromisso de potencializar e motivar todos os empreendedores a transformarem seus sonhos em histórias que transcendam. Com mais de 90 mil lojas, integra produtos, pagamentos, envios e disponibiliza de um ecossistema com mais de 1.000 parceiros, como Facebook, Instagram, marketplaces e lojas físicas. Atualmente, a companhia tem mais de 900 colaboradores e escritórios no Brasil, México e Argentina. Em agosto de 2021, a empresa recebeu um investimento de R$ 2,6 bilhões e se tornou unicórnio no Brasil. Nos últimos meses, a Nuvemshop comprou o Ecommerce na Prática, maior escola e comunidade de e-commerce do mundo, e a Mandaê, plataforma de logística. Além disso, lançou o Nuvem Pago, meio de pagamento próprio.
Estudo aponta que 5 milhões de consumidores compraram produtos pela internet pela primeira vez.
As pequenas e médias empresas no Brasil faturaram mais de R$ 2,3 bilhões com vendas online, resultado 77% acima do registrado no mesmo período do ano passado, segundo sétima edição do estudo Nuvem Commerce, da plataforma de e-commerce NuvemShop.
O trabalho também indica que 5 milhões de consumidores compraram produtos pela internet pela primeira vez.
“O ano passado apresentou desafios para toda a economia, especialmente para os pequenos e médios negócios. O comércio enfrentou um período de incertezas sobre a maneira de operação e, por isso, a combinação dos meios físico e virtual esteve relevante como nunca”, diz Alejandro Vázquez, CCO e cofundador da Nuvemshop.
Vázquez destaca que, apesar dos desafios no cenário econômico, com alta da inflação e dificuldade de crescimento do país, as pequenas e médias empresas conseguiram expandir seus negócios no digital. “Em 2021, ter uma loja online deixou de ser uma alternativa e passou a ser uma condição fundamental para as PMEs. Saímos de 2020, um ano marcado pela intensa transformação digital, e chegamos em 2021, época de consolidar a presença no mundo online”, diz.
Tíquete médio cresce pouco
Ainda de acorco com o estudo, em 2021 as PMEs venderam 44,5 milhões de produtos, quantidade 59% superior à do mesmo período do ano passado (28 milhões). O volume de pedidos também aumentou, atingindo 10,5 milhões no mesmo período, contra 6 milhões em 2020.
Por outro lado, o tíquete médio do e-commerce brasileiro em 2021 cravou R$ 219,47, aumento de apenas 4% em relação ao de 2020. O mês de maior faturamento para as PMEs foi novembro (tanto em 2020 como em 2021), devido à Black Friday e à proximidade com o Natal.
O levantamento indicou ainda que a data do comércio com maior quantidade de lojistas realizando ações foi a Black Friday, com participação de mais de 62% das PMEs, seguida por Natal (29,5%) e Dia das Mães (26,5%).
A pesquisa apontou que alguns lojistas sentiram na pele a dor do crescimento e, inclusive, observaram redução nas vendas online, como consequência da retomada das lojas físicas. “Contudo, o setor como um todo registrou um importante aumento, inclusive além do que era esperado para o varejo tradicional no ano”, observa Guilherme Pedroso, country manager da Nuvemshop no Brasil.
Principais segmentos
Entre os segmentos que apresentaram as maiores taxas de crescimento estão o de material de escritório, cujo e-commerce faturou 156% a mais do que em 2020. Em seguida vêm os setores de roupas de banho, que teve um aumento de 154%, beleza e perfumaria (aumento de 404%) e joias (+132%).
O ranking dos 5 segmentos que mais faturaram com e-commerce no Brasil em 2021 estão moda (R$ 895,4 milhões), saúde & beleza (R$ 146,5 milhões), acessórios (R$ 114 milhões), eletrônicos (R$ 82 milhões) e casa & jardim (R$ 79 milhões). Já o ranking dos estados que mais faturaram com e-commerce é liderado por São Paulo (R$ 1,2 bilhão), seguido por Minas Gerais (R$ 230 milhões), Rio de Janeiro (R$ 141 milhões), Ceará (R$ 119 milhões) e Paraná (R$ 110 milhões).
Ainda de acordo com o estudo, o cartão de crédito foi a principal opção de pagamento dos consumidores, representando mais de 54% dos pedidos pagos no ano. Já os pedidos pagos com Pix (6%) ultrapassaram os boletos (5%).
Em relação à logística, a grande aposta das PMEs foi a digitalização das opções de envio. Os meios tradicionais de logística, como os Correios, foram responsáveis por menos envios: entregaram cerca de 27% dos pedidos em 2021, enquanto em 2020 eram responsáveis por 35% das entregas.
Uma pesquisa divulgada pela Accenture, gigante global de marketing, aponta que a indústria de comércio social (s-commerce) deve crescer três vezes mais rápido que o comércio eletrônico tradicional. Atualmente, os comércios realizados em redes sociais somam, em todo mundo, U$ 492 bilhões, número que deve chegar a U$ 1,2 trilhão em 2025.
O relatório prevê que a tendência será impulsionada pelas gerações Z (nascidos a partir da segunda metade dos anos 90) e Y (nascidos entre 1981 e 1995, também chamados de “millenials”). Juntas, as gerações devem responder por 62% do comércio social global em 2025.
Segundo a Accenture, em apenas um dia de outubro de 2021, os dois maiores influenciadores chineses, Li Jiaqi e Viya, venderam U$ 3 bilhões em produtos. O valor é trêz vezes maior que as vendas diárias da Amazon, por exemplo.
O comércio social proporciona uma experiência de compras que tem sido encarada como “revolucionária”. Isso porque a lógica inverte-se: os produtos encontram as pessoas através das redes sociais, com empresas e influenciadores utilizando ferramentas de interação, o que torna a experiência de consumo mais prazerosa.
Outra pesquisa da Accenture, contratada pelo Meta (antigo Facebook) e divulgada em agosto de 2020, mostrou que 83% dos consumidores brasileiros utilizam o WhatsApp para consumir produtos ou serviços. Na América Latina, apenas o Chile iguala o percentual. A Accenture estima que 2 bilhões de pessoas fizeram esse tipo de compra em 2021.
“A pandemia mostrou o quanto as pessoas usam as plataformas sociais como ponto de entrada para tudo o que fazem online – notícias, entretenimento e comunicação. O aumento constante do tempo gasto nas mídias sociais reflete como essas plataformas são essenciais em nossa vida diária. Elas estão reformulando a forma como as pessoas compram e vendem, o que fornece às plataformas e marcas novas oportunidades para experiências do usuário e fluxos de receita”, disse em nota Robin Murdoch, líder global da indústria de Software e Plataformas da Accenture.
Porém, metade dos usuários de redes sociais que foram entrevistados pela pesquisa apontaram falta de confiança e segurança para comprar produtos em redes sociais, da mesma maneira que ocorreu no início do comércio eletrônico.
“A confiança é um problema que levará tempo para ser superado, mas os vendedores que se concentrarem nessas áreas estarão mais bem posicionados para aumentar a participação de mercado”, ressalta Murdoch.
Veja a estimativa de vendas de produtos em redes sociais em 2025:
Sistema financeiro aberto, que possibilita o compartilhamento de dados, tem como principal desafio o convencimento e a adesão dos brasileiros, segundo especialistas.
O Open Banking se torna cada vez mais uma realidade no Brasil. Amplamente utilizado em outros lugares do mundo, como na União Europeia e no Reino Unido, o sistema está passando por um processo de etapas para sua implementação definitiva em território brasileiro. Mas afinal, o que é o Open Banking?
Trata-se de um mecanismo de compartilhamento de dados e informações de usuários entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central. Um dos objetivos, segundo o BC, é “a movimentação das contas bancárias a partir de diferentes plataformas e não apenas pelo aplicativo ou site do banco, de forma segura, ágil e conveniente”.
O Banco Central afirma que esse sistema financeiro aberto possibilita mais competição e melhor experiência no uso de produtos e serviços financeiros.
“Com acesso aos dados dos usuários, instituições participantes poderão fazer ofertas de produtos e serviços para clientes de seus concorrentes, com benefícios para o consumidor, que poderá obter tarifas mais baixas e condições mais vantajosas”, explica o BC.
As instituições financeiras só poderão obter os dados com o consentimento dos clientes, que podem escolher encerrar o compartilhamento a qualquer momento, restringindo o acesso de suas informações bancárias a terceiros.
No Brasil, o Open Banking está sendo implementado em 4 etapas. Todas elas foram programadas para ter início em 2021, sendo divididas por atribuições, com cada uma possuindo uma característica diferente na cadeia de sistema financeiro aberto.
Fase 1
A primeira fase teve início em primeiro de fevereiro de 2021. Este estágio inicial do Open Banking teve como função a disponibilização de informações padronizadas das instituições financeiras participantes ao público.
Portanto, essas instituições apresentaram seus canais de atendimento e suas características de produtos e serviços bancários tradicionais. Dessa forma, os usuários já podem ter uma noção de comparação entre os serviços ofertados para entenderem como funciona o sistema aberto de dados na prática.
Nesta fase, o Banco Central anunciou que não foi compartilhado nenhum dado de cliente.
Fase 2
Para Raúl Moreira, Coordenador do Comitê de Inovação do Banco Original, a fase 2 é a mais complexa para a implementação do Open Banking. A partir dela, os clientes já podem compartilhar suas informações entre as instituições participantes.
A segunda etapa teve início em 13 de agosto, pouco mais de seis meses depois do estágio inicial. Com a introdução do compartilhamento de informações, os clientes começam a receber ofertas de acordo com seu perfil, histórico financeiro, custos mais acessíveis e soluções personalizadas para a situação em que se encontram.
“O grande desafio desta fase é partir para uma estratégia de comunicação mais forte com os brasileiros. Este desafio passa pelo nome, pois ‘Open Banking’ não é um nome facilmente entendido pela população. É preciso haver uma tradução de marketing por parte das instituições financeiras”, afirmou Moreira.
Para conseguir a adesão da população nessa fase, Raúl Moreira afirma que o mercado deveria tomar como exemplo o caso do Pix, que rapidamente tornou-se um sucesso nacional. Segundo ele, as instituições financeiras começaram a divulgar a funcionalidade de pagamento instantâneo ainda em agosto de 2020, três meses antes do lançamento oficial.
“É preciso fazer uma reflexão no mercado a respeito do processo de comunicação do Open Banking, assim como foi feito com o Pix, que foi um processo muito assertivo, com um nome que entra rapidamente na cabeça da população, mas que foi principalmente muito bem comunicado pelas instituições financeiras”, afirmou.
Fase 3
A terceira fase do Open Banking, que teve início em 29 de outubro, é o primeiro encontro do sistema com o Pix. As duas principais novidades desta etapa são o Iniciador de Transação de Pagamento (ITP) e o encaminhamento de proposta de crédito.
A partir desta etapa, empresas podem solicitar ao Banco Central para serem “iniciadores de pagamento”, facilitando as transferências dos usuários por meio de seus aplicativos.
Isso significa que empreendimentos que utilizam serviços delivery, por exemplo, vão poder oferecer aos clientes a opção de pagar o produto com Pix dentro do próprio aplicativo, sem fazer com que o usuário saia do app para entrar na interface do banco em que possui conta para utilizar a versão “copia e cola”.
Vale ressaltar que para que o usuário consiga fazer esse pagamento por Pix sem sair do aplicativo, é preciso que a empresa responsável pelo app tenha feito a solicitação de ITP ao Banco Central.
“A fase 3 é muito importante para garantir uma jornada simples e fácil ao usuário”, afirmou Victoria Amato, CBO da Quanto. “Aqui a gente tem a infraestrutura do Open Banking sendo utilizada para novos modelos de negócio, que é fundamental na questão dos pagamentos”, acrescentou.
Já o encaminhamento de crédito é uma ferramenta que poderá ser utilizada caso o usuário habilite a funcionalidade da fase 2 e compartilhe seus dados. Através disso, instituições financeiras vão poder enviar diversas ofertas de crédito, aumentando assim a gama de opções do cidadão.
“Antes, a pessoa batia de porta em porta pedindo financiamento. Agora, isso vai se inverter. Com o histórico do consumidor em mãos, as instituições financeiras que vão procurar o indivíduo e oferecer as melhores ofertas disponíveis”, afirma Rodrigoh Henriques, líder de inovações financeiras da Fenasbac (Federação Nacional das Associações de Servidores do Banco Central).
Essa modalidade, no entanto, só começa a valer a partir de 30 de março de 2022.
Fase 4
A última fase do Open Banking, iniciou em dia 15 de dezembro de 2021, marca a transição para o Open Finance.
Nesta última etapa, o sistema de compartilhamento de dados, informações e histórico sai do âmbito bancário e passa a valer para toda a configuração de finanças pessoais, como seguros, investimento, câmbio e outras vertentes.
Neste primeiro momento da fase 4, as instituições financeiras participantes vão compartilhar com o público dados de produtos e serviços de seguros, investimentos, câmbio, entre outros, semelhante ao que ocorreu na fase 1.
O que esperar para 2022
De acordo com o calendário divulgado pelo Banco Central, em 2022 são aguardadas novas etapas da fase 3, referentes às formas de pagamento, com mais possibilidades que poderão ser iniciadas via Open Banking a partir de datas específicas.
A primeira novidade para o próximo ano será a possibilidade de pagamentos com TED e transferência entre contas na mesma instituição, disponibilizada a partir do dia 15 de fevereiro.
Em seguida temos pagamentos com boletos via Open Banking, programado para ter início em 30 de junho, e pagamentos com débito em conta, com inauguração prevista para 30 de setembro de 2022.
Já em relação à fase 4, após o estágio inicial de 15 de dezembro de 2021, que permite às instituições financeiras participantes a divulgação de seus produtos e serviços em investimentos, seguros e outros negócios fora do âmbito bancário, outra novidade também é esperada em 2022.
A partir do dia 31 de maio, dados transacionais dos serviços e produtos poderão ser compartilhados entre as instituições, caso o cliente autorize.
Para Victoria Amato, CBO da Quanto, o início de 2022 será marcado pelas adaptações das instituições financeiras àquilo que exigem cada fase do Open Banking.
“Eu acho que em um primeiro momento vamos ver a poeira baixando, no melhor sentido. Hoje, temos um cenário em que as instituições financeiras estão se adequando às regulações, e se adequar às regulações como as do Open Banking exigem tempo e trabalho, que está acontecendo à medida em que as fases vão acontecendo”, disse.
Raúl Moreira acrescenta que essas instituições precisam buscar novos métodos de comunicação com o público, mas considera as expectativas positivas para o sistema financeiro aberto no ano que vem.
“É o ano de sedimentação do Open Banking. Por conta da sua complexidade, acho que precisamos caminhar um pouco mais para achar a estratégia certa de convencimento. O Pix foi revolucionário, mas ele é muito mais simples de ser implementado do que o Open Banking”, completou.
Pesquisa aponta que crescimento dos pagamentos digitais será superior a 80% até 2025, com expectativa de triplicar até o fim desta década.
Pesquisa divulgada pela consultoria PwC aponta que o volume de pagamentos digitais deve aumentar mais de 80% até 2025, com as transações passando de cerca de US$ 1 trilhão para quase US$ 1,9 trilhão por ano. Até 2030, o total deve quase triplicar.
De acordo com a pesquisa, a região Ásia-Pacífico terá o crescimento mais rápido, com o volume de transações sem dinheiro em espécie aumentando 109% até 2025 e 76% até 2030.
Em seguida, estão a África (com 78% e 64%, respectivamente) e a Europa (64% e 39%). A América Latina vem depois (52% e 48%), e os EUA e o Canadá terão o crescimento mais lento (43% e 35%)
Em resumo, até 2030 o número de transações per capita sem dinheiro em espécie será aproximadamente o dobro ou o triplo do nível atual em todas as regiões pesquisadas.
6 macrotendências que afetam o futuro dos pagamentos
Além de projetar esse forte crescimento, a PwC também apontou 6 tendências que devem afetar o futuro dos pagamentos globalmente e que são influenciadas por uma combinação de aspectos como preferências do consumidor, tecnologia, regulamentação e M&A.
1. Inclusão e confiança
Estratégias e oportunidades em duas frentes impulsionarão a inclusão de consumidores e varejistas (especialmente na África, América Latina e Ásia).
O foco em soluções de código QR nacionais e de carteiras e dinheiro móvel garantirá o amplo acesso e o baixo custo.
Os bancos centrais manterão sua função de assegurar a privacidade, a estabilidade e a confiança em novos provedores e métodos de pagamento, bem como no sistema financeiro.
2. Moedas digitais
60% dos bancos centrais estão avaliando o uso das moedas digitais e 14% estão realizando testes-pilotos.
A preocupação dos bancos centrais é que a descentralização das finanças e as criptomoedas privadas possam minar a condução da política monetária.
A conversão e o armazenamento de criptomoedas fiat (ou fiduciárias) são oportunidades que estão surgindo.
3. Carteiras digitais
O uso de pagamentos móveis continuará crescendo de modo constante (o CAGR entre 2019 e 2024 é estimado em 23%).
A proliferação de super aplicativos, serviços de open banking e códigos QR impulsionará a adesão à carteira digital.
Por conveniência, os usuários e o uso serão direcionados para as carteiras digitais como primeiro ponto de contato – deixando de lado as interfaces tradicionais de cartões e bancos.
4. A batalha dos trilhos de pagamento
A iniciação do pagamento está migrando de cartões e contas para carteiras digitais que têm suporte no open banking.
Os reguladores obrigarão a indústria a fortalecer a infraestrutura nacional de pagamentos.
Os consumidores em mercados emergentes estão migrando diretamente para carteiras móveis e pagamentos baseados em contas, sem passar pela “era do cartão”.
Tanto as redes de cartões tradicionais quanto as soluções nacionais de carteiras enfrentarão o desafio de conectar os pagamentos em sistema open loop com os pagamentos internacionais para manter sua relevância.
5. Pagamentos transnacionais
Pagamentos instantâneos e de baixo custo estão provocando a reinvenção dos pagamentos transnacionais.
A padronização global dos pagamentos permitirá a conectividade internacional de soluções instantâneas nacionais.
Surgirão soluções regionais (especialmente na Ásia) e soluções não bancárias globais baseadas em criptomoedas e carteiras digitais.
6. Crime financeiro
Com a adoção cada vez maior do open banking e dos pagamentos instantâneos e alternativos por consumidores e empresas, crescem as organizações de “fraude como serviço”.
Em nossa pesquisa, os riscos de segurança, conformidade e privacidade de dados foram as maiores preocupações de bancos e fintechs.
Com a sofisticação do crime financeiro, os provedores terão que proteger todo o seu ecossistema.
Implicações para as empresas de pagamentos
Por fim, o estudo aponta que compreender essas tendências e as mudanças que estão ocorrendo na forma como os pagamentos são cruciais para bancos, empresas que trabalham com meios de pagamento, fintechs e outros players.
Para a PwC, os bancos precisam trabalhar com os clientes corporativos para ajudá-los a integrar os pagamentos diretamente com seus serviços, o que os ajudará a lidar com um mundo no qual as carteiras e os super aplicativos digitais multifuncionais se proliferam.
Já as processadoras de cartões precisam avaliar mudanças que as posicionem de forma mais eficaz para a iniciação de pagamentos, como fazendo parcerias com fornecedores de carteiras digitais, o que pode garantir sua no ambiente de serviços para varejistas.
As processadoras também precisam fazer a ponte entre os mundos de pagamentos baseados em cartões e em contas, além de adotar tecnologias de nuvem e IA para evitar serem ultrapassadas por uma nova geração de soluções baseadas em nuvem.
Os provedores de serviços de pagamento devem atuar no sentido de garantir estruturas globais transparentes e criar confiança e visibilidade em relação à aceitação do cliente, a capacidade de suportar o risco de crédito e estruturas de supervisão globais eficientes. Além disso, precisam dominar totalmente o mundo dos dados para vencer essa corrida e alcançar escala global.
Por fim, os bancos centrais e supervisores precisarão melhorar seus conhecimentos para realizar uma supervisão eficaz desses novos players globais que não são bancos.
A PwC faz as seguintes estimativas em relação ao volume de receitas transacionais em bilhões de dólares.
Bancos:
2020 – US$ 342 bilhões
2025 – US$ 447 bilhões
2030 – US$ 561 bilhões
Métodos de pagamentos alternativos:
2020 – US$ 78 bilhões
2025 – US$ 188 bilhões
2030 – US$ 313 bilhões
Prestadores de serviços comerciais:
2020 – US$ 141 bilhões
2025 – US$ 167 bilhões
2030 – US$ 212 bilhões
Redes de cartões:
2020 – US$ 71 bilhões
2025 – US$ 98 bilhões
2030 – US$ 125 bilhões
Processadores terceirizados:
2020 – US$ 42 bilhões
2025 – US$ 57 bilhões
2030 – US$ 84 bilhões
Terminais:
2020 – US$ 17 bilhões
2025 – US$ 22 bilhões
2030 – US$ 26 bilhões
Embora os bancos continuem a ter um crescimento projetado significativo, suficiente para mantê-los no topo do tipo de companhia que trabalha com pagamentos digitais, o crescimento dos métodos de pagamento alternativos deve mais do que quadruplicar, enquanto o dos bancos não deve nem dobrar no período, mostrando uma tendência a ocorrer uma inversão na dominância do mercado caso o ritmo se mantenha ao final da década de 2030.
Tendências do Brasil
Por fim, o estudo aponta algumas tendências específicas relacionadas à realidade brasileira.
Inclusão e confiança. O Brasil está na vanguarda da inclusão financeira, graças à liderança do Banco Central em iniciativas que promovem novas tecnologias de pagamento, interoperabilidade, redução de custos e concorrência aberta. Os pagamentos com QR code estão ajudando a alavancar as infraestruturas de pagamentos instantâneos, fornecendo acesso fácil e barato a pagamentos digitais, seja por meio de um dispositivo tradicional de POS (sigla em inglês para ponto de venda – PDV) ou de um dispositivo móvel para comerciantes e consumidores.
Supremacia dos pagamentos instantâneos. O Pix, modelo de pagamento instantâneo estabelecido pelo BC, é um sucesso absoluto. Além disso, surgiram métodos de pagamentos quase instantâneos que usam os trilhos das redes de cartões e são operados por players digitais. Na prática, espera-se que os novos modelos impactem os meios de pagamentos tradicionais com DOC/TED, boleto bancário, cheque e até mesmo com cartões nos próximos cinco anos. Considerando essas infraestruturas e a existência de novos provedores totalmente baseados em nuvem, os bancos já estão reavaliando seus modelos e soluções financeiras.
Novos marcos regulatórios. Modelos simplificados de licenças bancárias, como as Sociedades de Crédito Direto (SCDs) e Instituições de Pagamentos (IPs), trouxeram uma nova competição ao mercado. O Brasil observou a importante expansão das fintechs e, mais recentemente, uma elevada incursão de indústrias tradicionais, como varejistas e telecoms, na criação de empresas de serviços financeiros. Esse ambiente competitivo deve se tornar ainda mais disputado com a conclusão e o amadurecimento do Open Banking brasileiro, que é bastante abrangente, sobretudo quando comparado com outros modelos internacionais.
Carteiras digitais. Vários players estão disputando participação nos pagamentos dos consumidores. Os bancos estatais lançaram carteiras digitais para pagar à população subsídios sociais e relacionados à pandemia de covid-19, além de promover descontos para seus clientes. Isso está ajudando a ampliar a adoção dos pagamentos digitais, especialmente entre pessoas sem experiência com bancos. Marketplaces como o Mercado Livre, com o serviço “Mercado Pago”, e players digitais como o PicPay estão lançando seus próprios ecossistemas, nos quais comerciantes e indivíduos podem fazer negócios e suprir necessidades financeiras pessoais.
O indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) fechou o ano de 2021 em 71,6 pontos, uma queda de 9,9% em relação ao registrado em 2020, quando a queda de 15,9% deixou o indicador em 79,4 pontos. Desde 2015 o ICF não alcança o nível de satisfação, que é de 100 pontos.
O indicador em 2021 atingiu o menor nível histórico, ficando abaixo do mínimo anterior, de 2016, quando fechou em 73,3 pontos.
Os dados foram divulgados hoje (5) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Por faixa de renda, as famílias que ganham mais do que dez salários mínimos tiveram queda no consumo de 5%, ficando em 86,9 pontos. Para as famílias com renda abaixo de dez salários mínimos, a queda foi maior, de 11,2%, com o indicador atingindo 68,4 pontos.
Por região, as famílias do Norte indicaram a maior queda na intenção de consumo, de 26,1%, ficando também com o menor indicador, em 59,5 pontos. A menor oscilação ocorreu no Nordeste, com queda de 4,6%, ficando com o segundo maior ICF, em 73,9 pontos. As famílias do Sul tiveram a maior intenção de consumo, com 79,1 pontos.
Momento atual
Com relação ao quesito Emprego Atual, o indicador atingiu 89,3 pontos, uma queda de 9,5%, ficando no menor patamar da série histórica. Do total de entrevistados, 35% disseram se sentir tão seguros quanto no ano anterior, a maior proporção da série histórica; 31,5% estão menos seguros; 20,8% se sentem mais seguros com relação ao emprego e 12% declararam estar desempregados.
Na Renda Atual, houve recuo de 14,8% em 2021, alcançando 78,1 pontos, também o menor nível histórico. Entre os entrevistados, 40,6% declararam que a renda está pior do que no ano passado, 40,2% disseram ser igual e 18,8% melhoraram a renda.
O Acesso ao Crédito registrou queda de 7%, ficando em 81,9 pontos. A compra a prazo ficou mais difícil para 42,2% dos entrevistados, mais fácil para 24,1% e permaneceu igual ao ano anterior para 17,9%.
O Nível de Consumo Atual alcançou o nível de 55,6 pontos, o menor nível desde 2017, após registrar queda de 7,9%. Do total, 57,8% das famílias consideraram que em 2021 o consumo foi menor do que em 2020; 28,7% disseram ter sido igual e 13,4% disseram que foi maior.
O indicador do Momento para Duráveis atingiu o nível de 43,2 pontos, o menor subíndice do ano e da série histórica, com queda de 20,1%. O momento está negativo para comprar esse tipo de produto para 75,8% das famílias e para 19% o momento é bom.
Perspectivas
O quesito Perspectiva Profissional recuou 4,8% no ano, ficando em 83,3 pontos, o menor nível histórico. Entre os entrevistados, 53,3% disseram ter perspectivas negativas, o maior percentual da série histórica, e 36,6% estão otimistas.
O indicador da Perspectiva de Consumo ficou em 69,9 pontos, uma redução de 7,8%. Do total, 53,5% das famílias disseram que vão consumir menos nos meses seguintes; 21,4% acreditam que manterão o mesmo nível e 23,4% consumirão mais.
Mas primeiro vamos falar de Pix. Por que o Pix foi tão significativo para os negócios no último ano? Bom, a resposta é simples. A forma de pagamento criada pelo Banco Central teve um papel chave para as lojas, porque ao passo que agilizava as entregas, o Pix também criava possibilidades de um novo público acessar as compras online. Já quando pensamos em compras presenciais, por evitar contato, o meio de pagamento se mostrou ideal para a população.
A soma de tudo isso (e muito mais) fez com que o Pix caísse cada vez mais no gosto dos brasileiros. Do varejista ao consumidor, em 2021 todo mundo viu o Pix como uma forma de pagamentos extremamente vantajosa. Em 2022 as expectativas vão além, suprindo as necessidades de quem compra, de quem vende e de quem está responsável pelas entregas com mais inovação ainda.
Só no seu primeiro ano de operação, o Pix já foi ótimo para o setor logístico. Mas agora, que a área tem se expandido dia após dia, o Pix será essencial. Segundo a SiiLa Brasil, no ano passado, o número de galpões construídos entre janeiro e setembro alcançava a marca de 1,1 milhão de metros quadrados. Enquanto isso, lá em 2020, um pouco mais do que esse número foi o volume total de galpões feitos durante o ano todo.
Em suma, o que assistimos são as empresas especializadas em logística investindo firme no país e o setor logístico das companhias de diversas áreas indo pelo mesmo caminho. Paralelo a isso, a população tem se tornado cada vez mais tecnológica, os meios de pagamento mais digitais e o consumo tem tido demandas ainda mais ágeis e práticas.
Dessa forma, uma logística bem equipada e uma forma de pagamento que se alinhe a ela é fundamental para o desenvolvimento dos e-commerces e o melhor de tudo é que não estamos atrasados. O Pix é a forma de pagamento perfeita para as estratégias e os varejos não só podem, como devem fazer dele um parceiro ainda maior para esse próximo ano.
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