Varejistas apostam no comércio exterior por conta da crise

Com os impactos ainda resultantes da pandemia, o setor de varejo continuou sofrendo no ano de 2021. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no mês de outubro, as vendas no varejo tiveram uma queda de 0,1%em relação ao mês anterior. E, diante desse cenário, alguns varejistas resolveram apostar no comércio exterior para embalar suas vendas no final de ano.

O diretor da Efficienza, empresa de assessoria em comércio exterior, Fábio Pizzamiglio, deu algumas informações importantes à equipe do site Comex do Brasil em recente entrevista. “O varejo pode se beneficiar muito dos processos de exportação e importação, principalmente ao observarmos o cenário da economia brasileira atualmente. Nesse fim de ano, por exemplo, notamos que, com o aumento da inflação, muitos vendedores preferem comprar bens do mercado externo para não precisarem repassar a alta dos produtos para o consumidor”.

O exemplo dado pelo diretor tem como base os dados da Secretaria do Comércio Exterior do Ministério da Economia, as importações de produtos tipicamente natalinos entre setembro e novembro de 2021 atingiram US$ 436,1 milhões, representando um crescimento de 19% em relação ao mesmo período de 2020.

Pizzamiglio afirmou em entrevista que “esse movimento está muito ligado ao setor varejista, pois, com a alta da inflação fica mais barato comprar os produtos provenientes do mercado externo – do que os preços do mercado interno – que estão bem mais caros. É uma forma que eles encontraram de não precisar repassar na revenda todo o aumento nos custos de aquisição”.

Ainda de acordo com o Comex do Brasil, o diretor da Efficienza, também afirma que a exportação é uma boa aliada dos varejistas. Ela pode proporcionar novas oportunidades de negócios, especialmente com a expansão do e-commerce. Também valem ser observados o drawback e o incentivo fiscal para exportação. E, como grande exemplo disso, a reportagem cita a Shein, uma empresa de fast-fashion que atua somente no digital e consegue exportar seus produtos para diversos países, obtendo uma grande margem de lucro.

“Com a criação do conceito de omnicanalidade e de e-commerce, que preveem a integração de diversos canais de comunicação, seja online ou físico, para a interação do consumidor, surgem também novos caminhos de venda, que podem incluir a comercialização de bens para o mercado internacional. Esse constante desenvolvimento de novas tecnologias e maneiras de atender o cliente cria um cenário verdadeiramente fértil para esse tipo de exploração”, declarou Fábio Pizzamiglio.

Para finalizar, Pizzamiglio, fala sobre os impeditivos para os varejistas explorarem o comércio exterior. “Muitos ainda partem da crença que o varejo não é bom para importação, porque não há grande volume de peças. Além disso, por vezes, a falta de conhecimento nos processos logísticos brasileiros, faz parecer que exportar é caro, quando não é”.

(Com informações Comex do Brasil e Efficienza)

Prejuízo do comércio com feriados será menor em 2022, diz CNC

O comércio varejista brasileiro deve ter, em 2022, um menor prejuízo causado por feriados nacionais, analisou pesquisa divulgada hoje (27) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Dos nove feriados nacionais, dois vão cair em domingos: Dia do Trabalhador (1º de maio) e Natal (25 de dezembro). “Isso faz com que o comércio não incorra em um custo de operação maior”, disse à Agência Brasil o economista da CNC, Fabio Bentes, responsável pelo levantamento. A projeção é que as perdas no comércio com feriados sejam 22% menores em 2022, em comparação a 2021.

Fabio Bentes explicou que custo é esse: “Se houver uma compensação pelo trabalho no feriado, na semana subsequente, o comércio é obrigado a pagar hora trabalhada em dobro”. No caso do comércio, Bentes afirmou que, exceto o Natal, não vale a pena fazer esse regime de compensação na maioria dos feriados. Com sete feriados caindo em dias úteis e em sábados, dia de meio expediente no setor, o peso vai ser menor.

“Deve ser o menor prejuízo com feriados desde 2014, quando o comércio teve seis feriados caindo em dias úteis. Então, a principal razão para esse prejuízo menor é o custo menor da folha no dia trabalhado durante o feriado e a perda daquelas vendas casuais que, de alguma forma, acaba atrapalhando um pouco. Quanto mais feriados você tem caindo de segunda-feira a sábado, maior tende a ser o prejuízo do varejo”, informou o economista.

Efeito calendário

De acordo com a pesquisa, o comércio varejista sofreu um prejuízo de R$ 22,11 bilhões em 2021, com os nove feriados nacionais caindo em dias úteis ou em dias ponte, como terça-feira e quinta-feira. “Isso foi muito ruim para o comércio, que sofreu uma das maiores perdas da série histórica”. Para 2022, a previsão é que as perdas fiquem em torno de R$ 17,25 bilhões. “No ano que vem, acontece o inverso. O efeito calendário vai jogar alguns feriados para domingo, onde o comércio em sua maioria está fechado, e alguns aos sábados, onde o expediente é mais reduzido”.

Fabio Bentes explicou que esse prejuízo, geralmente, é maior nos segmentos altamente empregadores, como hiper e supermercados, que terão R$ 3,33 bilhões de prejuízo, do total de R$ 17,25 bilhões projetados. “Esse é o maior empregador do comércio”. Em segundo lugar, vem o segmento de vestuário e calçados, cuja perda deverá atingir R$ 2,83 bilhões. O terceiro maior prejuízo deve ser observado no comércio automotivo que, embora não seja tão grande empregador, tem o salário médio maior do que a média do varejo. O prejuízo nesse segmento deverá alcançar R$ 2,63 bilhões. “O trabalho durante um feriado ali acaba impactando a rentabilidade, a lucratividade do comércio”. Juntos, esses três segmentos concentram 55% das folhas de pagamento do comércio varejista brasileiro, respondendo por mais da metade (51%) das perdas.

Feriados

Atualmente, o calendário conta com nove feriados nacionais:

  • Dia da Confraternização Universal (1º de janeiro);
  • Paixão de Cristo (Sexta-feira Santa);
  • Tiradentes (21 de abril), Dia do Trabalhador (1º de maio);
  • Independência do Brasil (7 de setembro);
  • Nossa Senhora Aparecida (12 de outubro);
  • Dia de Finados (2 de novembro);
  • Proclamação da República (15 de novembro);
  • Natal (25 de dezembro) — Carnaval e Corpus Christi são considerados dias de ponto facultativo.

Em 2021, excetuando o Dia do Trabalhador e Natal (ambos celebrados em sábados, dia de expediente reduzido no varejo), os demais feriados nacionais ocorreram em dias úteis para o comércio, impactando a rentabilidade do setor. Em 2022, as duas datas cairão em domingos e o Dia da Confraternização Universal será em um sábado, reduzindo a sete o número de feriados em dias úteis.

De acordo com a CNC, cada feriado em dia útil gera um prejuízo R$ 2,46 bilhões ao varejo, reduzindo a rentabilidade anual média do setor comercial como um todo em 1,29%. Considerando todas as atividades econômicas, o feriado nacional provoca impacto de R$ 10,12 bilhões na geração do Produto Interno Bruto (PIB), ou o equivalente a 0,12% do PIB anualizado. Desse modo, a CNC avaliou que os feriados de 2022 deverão impactar o excedente operacional do comércio (lucro líquido) em 9%.

Crescimento do e-commerce no Natal decepciona e recua em relação a 2020

e-commerce brasileiro ainda sofre os efeitos da crise econômica brasileira. Um levantamento da empresa de análise de dados Neotrust, obtido pelo jornal Valor Econômico, diz que os sites de compras faturaram R$ 6,6 bilhões de 10 a 25 de dezembro. Apesar de ter havido uma alta nominal de 17,9% sobre o mesmo período de 2020, se considerarmos a inflação de 10,42% no ano (IPCA-15), houve um crescimento de apenas 7,5%.

O resultado preocupa por ser um crescimento mais tímido que o esperado. Para se ter uma ideia, de dezembro de 2019 ao de 2020, o índice nominal no e-commerce foi de 69,7%.

Foram 16,1 milhões de pedidos online, 18% acima do Natal de 2020, mas o tíquete médio de compras caiu 0,8%, para R$ 412. O público levou 6% mais itens por cesta este ano, com uma média de 2,7 itens por carrinho, contra 2,5 itens no Natal passado.

“No ano passado, parte do crescimento [do comércio online] se deu porque as lojas estavam fechadas e a única opção era comprar online”, disse ao Valor Paulina Dias, líder de Inteligência da Neotrust.

As categorias de moda e perfumaria obtiveram primeiro e segundo lugar em volume de vendas online, respectivamente. Alimentação ficou em terceiro, seguido de itens de saúde e telefonia.

No top 5 acima, vale destacar a subida de saúde da sexta posição em 2020 para a quarta, este ano, talvez um reflexo da pandemia de covid e a recente epidemia da gripe. Outra categoria que ganhou gás foi alimentação, indo da oitava no ano passado para terceira neste ano.

Já a telefonia caiu do quarto para o quinto lugar em volume de vendas, mas em faturamento obteve a liderança. Nesse aspecto, os eletrodomésticos ficaram com a segunda posição, seguidos de moda/acessórios em terceiro, eletrônicos em quarto e informática (notebooks e tablets) em quinto.

Um dado curioso é que o pico de vendas no e-commerce foi no dia 15 de dezembro neste ano. Em 2020, foi no dia 11 e, em 2019, no dia 10. “Como as entregas estão mais rápidas, isso leva a crer que as pessoas confiaram mais nos prazos do comércio eletrônico”, diz Paulina.

Bancos e varejistas se apoiam na jornada de atendimento ao cliente

Uma amostra de como estes dois setores caminharão cada vez mais próximos daqui para frente.

Uma troca com ares de benefícios para todos os personagens desta trama, que promete capítulos emocionantes daqui para frente. A começar pelas funções PIX Pague e Pix Troco que devem ganhar propulsão neste início de 2022. A tendência é que mais e mais consumidores busquem os pontos de comércio para realizar as suas transações financeiras, algo que deve alavancar vendas.

Por isto nos antecipamos e mapeamos as estratégias de aliança do Varejo com bancos e outras instituições financeiras. E aqui está uma amostra de como estes dois setores caminharão cada vez mais próximos daqui para frente. Mapeamos ações, tendências e trazemos um catálogo daqueles varejistas que já amadureceram os seus projetos de alavancagem de linhas de crédito. Este especial Bancos & Varejo visa não só inspirar varejistas como entregar uma pequena prestação de serviços aos consumidores. Com diferentes focos de atuação no universo do varejo, empresas como CSU, KAVAK, Mastercard, Meu Crediário, Talkdesk, Topaz e Visa, deixam aqui o seu recado com uma visão de futuro. Baixe agora o Informativo Bancos & Varejo e o Catálogo dos Varejistas. Baixe grátis o Informativo Bancos e Varejo.

Projeções para inflação em 2021 caem pela quarta semana seguida, diz Relatório Focus

As projeções para a inflação em 2021 caíram pela quarta semana seguida, pra 10,01%, segundo o Relatório Focus, um conjunto de previsões feitas por bancos, corretoras e consultorias e compiladas pelo Banco Central. O número oficial da inflação no ano passado será conhecido no dia 11, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já para o PIB do ano passado, as expectativas caíram pela 12ª semana seguida, para 4,5%. O número oficial será conhecido apenas em 4 de março. Para 2022, as projeções sinalizam para um crescimento de 0,36% do PIB. O ponto médio (mediana) das previsões para a inflação neste ano está em 5,03%. No câmbio, a projeção é de que em 31 de dezembro, a taxa esteja a R$ 5,60 e a Selic encerre o ano a 11,5%.

 

Digitalização das empresas favorece novos mercados para 2022

Uma das mudanças que a pandemia trouxe para os pequenos negócios brasileiros foi a aceleração no processo de digitalização das empresas. De acordo com levantamento feito pelo Sebrae, em parceria com a FGV, sete em cada dez micro e pequenas empresas se digitalizaram desde o início da crise e essa necessidade acabou criando ou aumentando as oportunidades em segmentos voltados para a tecnologia.

O gerente de Competitividade do Sebrae, Cesar Rissete, revela que negócios ligados à tecnologia da informação como suporte técnico, manutenção e marketing estão entre os segmentos que mais apresentaram aumento, desde o início da pandemia, em 2020. “São atividades voltadas para digitalização de empresas e assessoramento ao usuário na utilização de sistemas e, por isso, a tendência é que, em 2022, essas atividades continuem crescendo”, ressalta. Ele explica que um dos motivos para esse movimento está no fato de que os consumidores estão mais digitais, o que faz com que as empresas também tenham que acompanhar esse movimento do consumidor.

 “A transformação digital, que muitas empresas estão sendo forçadas a fazer, cria oportunidades como desenvolvimento de aplicativos e websites, gestão de mídias sociais e gestão de marketing digital. Nós vimos um aumento na digitalização, mas ainda há espaço para aproveitar melhor esse movimento dos pequenos negócios”, conta Rissete. Segundo ele, há ainda muitas oportunidades relacionadas ao maior uso de equipamentos de comunicação em geral, de biometria, de automação residencial e empresarial e realidade virtual para teste de produtos e serviços.

 

Ainda de acordo com pesquisas feitas pelo Sebrae, mesmo com mais de 85% dos pequenos negócios tendo voltado a operar, a digitalização deve continuar sendo um dos pontos de atenção dos pequenos negócios. “Mesmo com a volta do presencial, o digital continua sendo importante. Seja como um canal de promoção, de divulgação, de exposição e de comercialização. Essa tendência leva o pequeno negócio a se diferenciar por meio da reputação e exposição da internet. A combinação entre ambiente físico e digital é fundamental para que os pequenos negócios se destaquem e sempre estejam à frente dos demais”, pontua o gerente do Sebrae.

Outros segmentos

Mas além dos negócios ligados à tecnologia, outras atividades também devem demonstrar sinais de recuperação e se tornarem boas oportunidades de negócios. Com retorno das pessoas às ruas sem restrição de circulação, alguns segmentos que tinham sido fortemente afetados na pandemia – como os pequenos negócios de alimentação fora do lar – podem ter novo fôlego no próximo ano. “Há de se destacar também a perspectiva de retomada do turismo, com destaque para destinos nacionais, que estão se beneficiando com a demanda reprimida por viagens, bem como condições menos favoráveis para o turismo internacional (câmbio, variante do vírus ômicron)”, observa Cesar Rissete. Dados da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) apontam que o mercado doméstico apresentou, em outubro, uma recuperação de demanda próxima aos níveis pré-pandemia (84%), com previsão de recuperação total da demanda doméstica em 2022, o que corrobora para essa expectativa.

Logística é outro segmento que pode ter um bom mercado em 2022. “É uma atividade que presta serviços para todos os demais e na qual vemos ainda muitas deficiências. Quase toda empresa depende de algum processo de logística e o empreendedor pode conseguir identificar oportunidades aqui”, comenta Rissete, que ainda acrescenta que tem sido grande a procura por informações, no portal do Sebrae, sobre como abrir empresas nesse setor.

Mais atividades que podem crescer em 2022, por estarem ligadas às mudanças no perfil do consumidor brasileiro, são aquelas voltadas para a população com mais idade. Com a crescente proporção de idosos na população já se cria nichos com oportunidades específicas em áreas como saúde e bem-estar, atividades físicas, turismo e serviços em geral. Outra tendência é o aumento de animais domésticos. O mercado pet já conta com grandes players de varejo, mas também oferece muitas possibilidades para pequenas empresas de higiene e embelezamento, alojamento e treinamento de pets. Esse é outro segmento que tem sido bastante procurado no portal do Sebrae.

Movimento nas lojas cresce 9,7% em dezembro na comparação com 2020

Apesar disso, fluxo de consumidores teve queda forte, de 24,2%, ante 2019

A semana do Natal registrou aumento 17% de fluxo de clientes nas lojas em relação a 2020 na média e queda de 10% na comparação ao resultado de 2019. Para a Virtual Gate, o resultado confirma a máxima que diz que o brasileiro deixa tudo para a última hora. A curva foi mais positiva que a verificada nas análises de sazonalidades anteriores, como Black Friday e Dia das Mães.

Movimento nas lojas cresce 9,7% em dezembro na comparação com 2020
Fonte: Virtual Gate

Todos os segmentos analisados pela Virtual Gate permanecem com queda de fluxo em relação a 2019, seja na visão período acumulado (28 dias), seja na semana natalina. Quando comparado ao ano passado, o resultado de quatro dos cinco segmentos analisados apresentam recuperação, com destaque para as lojas de Perfumaria e Cosméticos, com elevação de quase 30% no período e quase 20% na semana da sazonalidade.

Apenas o setor de Material de Construção e Home Center permaneceu em queda em todas as visões. Isso se explica pelo fato de que esse foi o segmento que mais cresceu em 2020 e agora o movimento das lojas vem registrando queda.

A base do estudo da Virtual Gate conta com mais de 1.900 lojas, adotando a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) na sua versão mais atual (2.0).

Black Friday e Natal

As lojas físicas reviram as projeções para o Natal deste ano depois que um dos eventos mais esperados pelo varejo, a Black Friday, que aconteceu em 26 de novembro, teve um resultado aquém do esperado. Segundo dados da Virtual Gate, o fluxo de clientes nas lojas físicas cresceu apenas 1,6% na Black Friday de 2021 em relação ao ano passado, bem abaixo da estimativa de 6% a 10%. Se comparado com 2019, ano anterior à pandemia, houve uma queda de 41,7%.

“Os números do varejo físico foram uma decepção. Considerando que no ano passado ainda era um período mais restrito de funcionamento e aglomeração, estávamos com uma expectativa de crescimento de 6% a 10% neste ano, já que as semanas que antecederam a Black Friday vinham com um crescimento de 6%”, afirmou, na ocasião, Heloísa Cranchi, CEO da Virtual Gate.

Impactos da retomada da economia para o e-commerce

Diretor comercial da Tray, Thiago Mazeto destaca tendências do comércio eletrônico para o próximo ano

O comércio eletrônico cresceu vertiginosamente no Brasil de 2020 para cá, impulsionado, infelizmente, pelas medidas de isolamento social que ocorreram após a chegada da Covid-19. No primeiro semestre do ano, apesar da gradativa reabertura do comércio físico, o e-commerce bateu recorde de vendas, com mais de R$ 53 bilhões transacionados, um aumento de 31% se comparado ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Ebit | Nielsen. Mas qual será o impacto da retomada da economia neste novo mercado em expansão?

É difícil fazer afirmações neste sentido, mas vejo algumas tendências. Provavelmente a reabertura do comércio vá afetar o e-commerce. É mais um canal de vendas, este mais tradicional e dominante na vida dos brasileiros, que volta à cena. Mas, apesar dessa nova – “velha” – forma de varejo voltando, os números não indicam um arrefecimento do comércio digital. Dados da recente Black Friday comprovam isso: apenas no dia 26 de novembro houve mais de R$ 4 bilhões de faturamento no e-commerce – um aumento de 4,5% em relação ao ano passado, de acordo com relatório produzido pelas unidades de negócios do Grupo Locaweb All iN | Social Miner, Vindi, Delivery Direto e Octadesk, em parceria com a Bornlogic e Neotrust.

Isso porque o comércio eletrônico, apesar do recente crescimento em nosso país, ainda é incipiente se comparado a outras potências mundiais. A China, por exemplo, foi o primeiro país em que o e-commerce superou o varejo físico. Esse mercado no Brasil foi apenas acelerado nestes dois últimos anos, estando longe de chegar a uma saturação, com um longo caminho a percorrer. A penetração dele ainda é desigual no país, chegando mais na região Sul e Sudeste e ainda com um potencial enorme de desenvolvimento nas outras regiões.

Muitas pessoas foram apresentadas ao e-commerce recentemente e, quem aprende a comprar do conforto de casa, pesquisando preços em diversos estabelecimentos com poucos cliques, podendo consultar histórico e ativar lembretes quando o preço baixar, dificilmente voltará a comprar apenas no varejo físico. O digital cria uma nova experiência de compra, que não é oposta ao tradicional, mas sim complementar. Os lojistas, dos pequenos aos grandes, devem estruturar uma experiência coesa entre esses ambientes, para oferecer o melhor desses dois mundos aos seus consumidores.

Varejo omnicanal deve ser destaque em 2022, aponta Linx

Mesmo com reabertura do comércio físico, integração da operação física e digital e automação para experiência do cliente guiarão a evolução do setor no próximo ano

Nos últimos dois anos, fatores externos, como a pandemia da Covid-19, e internos, como a crescente digitalização dos negócios, especialmente a aceleração do e-commerce, transformaram a maneira como o setor do varejo buscou se relacionar com os clientes, investindo em experiências on e off-line. Uma pesquisa intitulada “Carat Insights: Projeções para o Varejo 2022”, realizada pelo Instituto Locomotiva, apontou que a omnicanalidade já está presente na vida dos consumidores, com 70% dos respondentes afirmando que já compraram em lojas físicas para receber em casa, mas que 88% acreditam que as lojas físicas e on-line devem ser ainda mais integradas. A pesquisa ouviu 1.500 pessoas espalhadas pelas 5 regiões do país.

Corroborando a jornada de compra do cliente em mais de um canal, dados da Linx, empresa especialista em tecnologia para o varejo, mostram que as experiências de compra omnichannel se mantiveram como destaque, por exemplo, durante o período de Black Friday. Na sexta-feira de descontos deste ano (26 de novembro), a modalidade pick-up in store (cliente comprando on-line e retirando na loja física) cresceu 139% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a ship from store (cliente compra on-line e o pedido é entregue a partir da loja física mais próxima do endereço, o que reduz tempo de entrega e frete) teve um crescimento de 44%, também comparado com 2020.

A automação no varejo também deve ser crucial em 2022. Com o cliente cada vez mais exigente do ponto de vista tecnológico, a desistência por conta da demora no processo de checkout impacta diretamente na operação. Uma pesquisa do Infovarejo, divulgada no ano passado, apontou que 20% dos consumidores abandonam suas sacolas ou compras ao se depararem com filas muito grandes. Dos que aceitam enfrentar a fila, 76% dão apenas duas ou três chances à marca. “Olhando para esses números, fica evidente que o consumidor quer agilidade e autonomia. Com as novas tecnologias, o varejo se tornará um ambiente de total autonomia do consumidor, sem atendentes e/ou caixas, da mesma forma como hoje é natural comprar algo em poucos cliques no celular”, aponta Mello.

Para o otimismo do varejista em relação a retomada de performance, a pesquisa do Instituto Locomotiva indica que 1 a cada 4 entrevistados deve comprar mais no futuro próximo com o que foi economizado durante a pandemia, especialmente por canais online. “Quem investiu para impulsionar a operação digital não irá perder o avanço. Mesmo com a reabertura do comércio físico, o consumidor mudou permanentemente e o novo mantra do varejo deve ser a experiência híbrida para esse novo cliente”, finaliza Mello.

41% dos consumidores brasileiros passaram a comprar de PMEs no último ano

O movimento que traz a jornada de compra do consumidor para o digital não é recente. Porém, o que antes era um mercado apenas das grandes empresas, que conseguiam aliar a tecnologia, a logística e a estratégia necessárias para dominar o e-commerce, hoje já é acessível para todos os perfis de negócios, incluindo os micro, pequenos e médios empreendedores.

Com a chegada da pandemia, e o varejo físico fechado por períodos intermitentes, a digitalização foi impulsionada, beneficiando os PMEs no e-commerce. Com toda essa movimentação, como fica a jornada do consumidor? O que leva um cliente a comprar em uma pequena ou média empresa? E o que faz com que escolha uma grande marca? Para responder estas perguntas e entender o perfil desses consumidores digitais, a Locaweb, em parceria com a Opinion Box, realizou uma pesquisa com mais de 2 mil pessoas.

Segundo o levantamento, 66% dos entrevistados compram na internet porque os preços são melhores. “Faz sentido hoje as empresas conseguirem valores mais competitivos no digital. Lá não é preciso pagar o aluguel de um shopping, por exemplo, banners nos corredores etc. Têm seus custos, é claro, mas é possível fazer muito mais com menos”, afirma Luis Carlos dos Anjos, gerente executivo de marketing e canais da Locaweb. E o consumo online cresceu muito: apenas no primeiro semestre do ano, o e-commerce bateu recorde de vendas e atingiu R$ 53,4 bilhões em faturamento, segundo a 44ª edição do Webshoppers, relatório elaborado pela Ebit Nielsen. Mesmo em relação aos dados de 2020, que já foram expressivos, no primeiro semestre de 2021 houve crescimento de 31%.

Na hora de escolher em qual empresa comprar, 32% dos entrevistados afirmaram comprar igualmente de pequenas, médias e grandes empresas. Nesse crescimento do consumo online, as PMEs foram as que ganharam mais consumidores, já que 41% passaram a comprar de pequenos e médios no último ano. Em contrapartida, 30% passaram a comprar de grandes marcas nos últimos 12 meses. Entre os consumidores mais antigos, 41% disseram comprar de grandes marcas e 27% compram de PMEs há mais de 5 anos. “A migração dos consumidores para meios online já é uma tendência confirmada nesta e em outras pesquisas do Opinion Box. Enquanto o aumento nas compras não é surpreendente, já que ele vem acontecendo de forma mais expressiva desde o início da pandemia, é interessante notar que empresas de todo porte conseguem se aproveitar dele”, conta Daniela Schermann, Head de Marketing do Opinion Box.

O marketplace é outro fenômeno que cresceu muito. 63% dos entrevistados afirmaram que quando compram de PMEs é pelos marketplaces. “Apesar das taxas, é uma oportunidade boa para esse perfil de negócio se associar a um maior, que tem um histórico de investimento em publicidade e uma marca consolidada”, afirma o executivo. 87% dizem já ter realizado uma compra em marketplaces, sendo os mais usados Americanas (74%), Mercado Livre (71%), Magazine Luiza (64%) e Amazon (49%).E onde começa a jornada de compra online? Em 62% dos casos ela tem início no Google. De acordo com Luis, “a diferença entre as PMEs e as grandes aqui é que no segundo caso os consumidores vão até lojas que gostam com mais frequência. Nas compras em PMEs, a segunda opção mais popular após o Google é recorrer a comparadores de preços”.

E o que leva uma pessoa a escolher comprar com um PME? Os motivos mais mencionados foram frete grátis (54%), preço mais baixo ou promoções (53%) e qualidade dos produtos (44%).

O cenário do e-commerce no Brasil nunca esteve tão favorável. Ao bater recordes de vendas e faturamento, o setor segue crescendo e, cada vez mais, tem aberto espaço para marcas menores. “É importante notar que, por mais que o dia a dia e os números das empresas de portes diferentes seja muito distinto, a jornada do consumidor tem muitas semelhanças nas grandes empresas e nas PMEs. Frete grátis, preço baixo e produtos de qualidade formam a tríade determinante para que o consumidor compre em uma loja, seja ela pequena, média ou grande. A pesquisa mostra que as PMEs já conquistaram o seu lugar no mundo do e-commerce”, finaliza o gerente.