Comércio eletrônico registra maior crescimento na América Latina em comparação a outras regiões do mundo

Em 2021, o e-commerce teve um impacto muito mais significativo na América Latina durante a pandemia do que em outras regiões do mundo, é o que revela um estudo elaborado pela Enext, em parceria com a Wunderman Thompson. Foram entrevistadas mais de 28 mil pessoas em todo o mundo.

O estudo avaliou que 81% dos consumidores na América Latina consideraram o varejo online um fator essencial para o seu dia a dia durante a pandemia, enquanto 72% usuários revelaram o mesmo no restante do mundo.

“Mesmo com um mercado, talvez, menos maduro que em outras regiões, o isolamento social atraiu novos consumidores para o comércio online. Isso provocou um crescimento exponencial na demanda desses canais”, explica Gabriel Lima, CEO da Enext.

Para esse avanço ganhar destaque, o atendimento e os preços foram pilares fundamentais na decisão de compra dos consumidores latino-americanos. Especificamente, no Brasil, 73% dos entrevistados consideram a conveniência e agilidade da entrega como fatores tão relevantes quanto o preço. “Ou seja, para o brasileiro, quanto mais rápido o prazo de entrega, mais a decisão de compra se torna atrativa”, analisa Lima.

Com base no comportamento desse setor, é possível afirmar ainda que os marketplaces, em especial, foram fundamentais para trazer um novo hábito de compra aos consumidores. Esses canais se transformaram em grandes centralizadores de atração de público, com destaque para o Mercado Livre.

“O motivo está baseado principalmente em três fatores: a facilidade de encontrar produtos, agilidade de entrega e bons preços. Essas estratégias conquistam os consumidores e reforça o potencial de crescimento sustentável desses canais. O estudo mostra também que a saturação desses players está longe de ocorrer, reforçando o potencial de crescimento sustentável dos marketplaces. Isso se deve a ampla variedade de oferta e o amadurecimento dos programas de fidelidade”, comenta Lima.

Logística na América Latina

O CEO da Enext expõe ainda que as marcas precisam entender a necessidade de investimento em distribuição, se atentando às operações DTC (direct-to-consumer), uma vez que os consumidores estão dando atenção especial para o preço praticado e a velocidade na entrega.

“O consumidor latino-americano já tem esses parâmetros na decisão de compra e claramente esses serão os diferenciais competitivos no varejo online. É notório que os marketplaces subiram a barra de experiência, reduzindo o prazo de entrega. A partir de agora, os consumidores não esperam nada, além disso em sua experiência de compra, independente do canal online”, alerta Lima.

Lima ressalta que os Delivery Apps (Rappi, iFood, Uber Eats etc.) também tiveram destaque na região. O estudo apontou que a evolução foi bastante expressiva e atualmente eles se tornaram ferramentas de compras frequentes para 1/3 de seus consumidores que fazem pedidos semanalmente. Entre eles, 42% usam para adquirir alimentos e 12% em farmácia e saúde.

Por fim, a pesquisa aponta que os consumidores na América Latina são os mais predispostos a adquirir produtos de qualquer categoria online, com destaque para alimentos e bebidas. Nessa categoria, esses itens têm uma taxa de rejeição global de 20%, já na América Latina o índice é de apenas 10%. “Em resumo, o consumidor latino-americano incluiu em seu hábito a compra online. Esse panorama auxilia o comércio eletrônico a operar com boas estratégias independentes da categoria de produtos que vendem”, conclui Lima.

Como IA pode transformar a experiência do cliente na Black Friday

Com análise de dados, é possível transformar não somente a Black Friday, mas todas as demais datas importantes do varejo.

Este ano, a Black Friday deve ser a mais digital da história, além de ter um crescimento dentro do que já era esperado. De acordo com um estudo realizado pela McKinsey & Company, por conta da pandemia do covid-19, a digitalização de empresas e consumidores avançou, em oito semanas, o equivalente a cinco anos, gerando uma quantidade enorme de dados.

De acordo com o levantamento da Enext, consultoria de e-commerce e marketing, a taxa média de abandono de carrinho de compra no Brasil é de 61%. Em 2020, a porcentagem de desistência chegou a 71%. Os motivos podem ser diversos, desde dificuldades com o cadastro até problemas em páginas.

A Inteligência Artificial (IA), com suas aplicações, deve ser uma grande parceira para mudar esse cenário. Existem soluções mais conhecidas do público em geral, como os sistemas de recomendação, que operam na linha de frente. Porém, há muitas outras operando nos bastidores, mas garantindo uma melhor experiência de compra.

Por exemplo, um dos problemas comuns durante a Black Friday, inclusive na loja física, é a ruptura no estoque — falta de um determinado produto para venda, ou seja, quando o consumidor vai em busca de um artigo de uma “marca X” e, todavia, não o encontra, o que deixa a experiência muito prejudicada.

Essa situação acarreta diversos problemas, pois, além de perder a venda, o cliente pode passar a consumir um produto similar de uma marca concorrente. As principais causas de ruptura ou excesso de estoque se dão, sim, por falta de planejamento. Seja por ausência de mercadorias no estoque, ineficiência ao abastecer gôndolas ou previsão errada das vendas.

Deve-se levar em conta também a estratégia aplicada com os fornecedores, a sazonalidade dos insumos e o prazo de entrega. A partir da coleta de todos esses dados, uma solução de previsão de demanda pode ser proposta para evitar as rupturas. Capaz de monitorar desempenho a curto prazo, estimar necessidades futuras para facilitar a criação de políticas de decisões em médio e longo prazo e auxiliar nas tomadas de decisões que envolvem estratégias e planejamento de um negócio — independentemente de seu tamanho, público ou segmento.

Utilizando dados históricos, ela entrega insights valiosos por meio de modelagem preditiva. Um ponto importante a se considerar é que para utilizar esse tipo de modelo para eventos anuais — como a Black Friday — são necessários alguns anos de dados para entender a variação sazonal nessa época do ano.

Portanto, com as ferramentas adequadas e com os dados em mãos, podemos concluir que temos os componentes certos para transformar não somente a Black Friday brasileira, mas todas as demais datas importantes em verdadeiros eventos de varejo. Gerando tanto uma grande experiência de compras para os consumidores quanto melhores resultados na conversão e redução do abandono de compras.

Faturamento do e-commerce na Black Friday deve alcançar R$ 6,1 bilhões

Estimativa é que sejam feitos 8,5 milhões de pedidos nos dias 25 e 26 de novembro.

A Black Friday deste ano tem sido vista pelo mercado como um ponto de virada e retomada das compras e dos negócios após a fase mais crítica da pandemia. As expectativas são altas e, de acordo com pesquisa da Neotrust, devem gerar 8,5 milhões de pedidos.

Esse volume de compras deve propiciar um faturamento de R$ 6,1 bilhões, o que representa um crescimento de 18% em relação ao ano anterior. Para essa estimativa, a Neotrust considerou os números que serão movimentados nos dias 25 e 26 de novembro.

“Pode parecer difícil superar o recorde de 2020, mas o comportamento do varejo digital nos últimos meses mostra que o consumidor definitivamente gosta de comprar online, e isso não deve mudar, mesmo com índices de vacinação crescendo e lojas físicas abertas”, destaca Fabrício Dantas, CEO da Neotrust.

De acordo com a Neotrust, existem dois motivos principais para esse aumento no faturamento. O primeiro é o maior número de pedidos e consumidores. O segundo está relacionado à alta do dólar e à inflação, o que faz com que os preços aumentem.

“O salto no número de pedidos e no faturamento do primeiro e segundo trimestres de 2021, quando comparamos com os trimestres dos anos anteriores, faz com que o varejo tenha altas expectativas para esse fim de ano, ainda mais quando consideramos o ticket médio de outras datas e da Black Friday”, ressalta Dantas.

Expectativas de consumo

Seis em cada dez brasileiros pretendem comprar algum produto online na Black Friday. Esses são os dados da pesquisa feita pela Neotrust, que analisa e faz relatórios do mercado digital brasileiro. O levantamento ouviu mais de 2 mil pessoas de diversos perfis e regiões do Brasil.

Segundo o estudo, 59% disseram que pretendem comprar durante a Black Friday. A pesquisa também apontou que as promoções e os baixos preços são os principais motivos para comprar nesse período, cerca de 59% dos entrevistados comentaram esses fatores como motivação.

Entre os que não pretendem comprar, 63% afirmaram não ver vantagens na data que os motivem a comprar. Já 12% dos entrevistados apontaram que não conseguem encontrar o produto que querem, enquanto 10% não compram por considerar o frete alto.

Sobre a principal motivação para comprar na Balck Friday, 84% responderam ser o baixo preço. No recorte entre aqueles que pretendem comprar, a categoria com maior interesse é a de eletrônicos, com 49%. Em seguida aparecem eletrodomésticos com 31%; moda, com 27%; e acessórios, eletroportáteis e equipamentos de informática, ambos com 25%.

A pesquisa também indicou que a utilização do Pix como meio de pagamento também deverá aumentar. “Quando analisamos números do e-commerce, somente 3% das transações em compras digitais aconteceram via PIX. A pesquisa aponta que esse percentual poderá ter um crescimento significativo na Black Friday”, comenta o CEO.

https://mercadoeconsumo.com.br/2021/11/24/compras-black-friday-gerar-crescimento-ecommerce/#:~:text=As%20expectativas%20s%C3%A3o%20altas%20e,em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20ao%20ano%20anterior.

Black Friday: PMEs estimam faturar mais de R$ 100 mi com e-commerce

Para o e-commerce, o mês de novembro já é sinônimo de Black Friday, uma das datas que mais movimentam o comércio digital no Brasil. Marcada para o dia 26 deste ano, a Black Friday 2021 será o segundo ano de ações promocionais após a grande transformação dos hábitos de consumo dos brasileiros, fenômeno impulsionado pelo isolamento social. A expectativa das pequenas e médias empresas é de que faturem mais de R$ 100 milhões na semana da Black Friday (de 23 a 29 de novembro), o que corresponde a um aumento de cerca de 67% no faturamento comparado com o mesmo período de 2020. Os dados são da Nuvemshop.

Segundo a companhia, novembro foi o mês do ano passado que registrou o maior faturamento, pedidos pagos e quantidade de produtos vendidos online pelas PMEs. “Essa grande relevância da Black Friday é uma tendência registrada nos anos anteriores e que se mantém para 2021, mesmo com as novas mudanças de comportamento de consumo verificadas nos últimos meses. Neste ano, observamos a retomada do varejo físico, acompanhada de um crescimento mais gradual do comércio eletrônico. Por isso, a Black Friday deve ter destaque em ambos os espaços, embora continue sendo muito forte no online”, explica Guilherme Pedroso, country manager da Nuvemshop no Brasil.

E-commerces de PMEs na Black Friday 2021

“Em 2020, tivemos a Black Friday mais digital da história, impulsionada pelo contexto de isolamento social. Neste ano, a expectativa é que o comércio eletrônico vivencie, novamente, um de seus melhores resultados, uma vez que muitos empreendedores digitalizaram seus negócios neste último ano e, inclusive, vários deles começaram o seu próprio negócio nesse período”, afirma Pedroso. Como efeito, uma das particularidades da Black Friday 2021 será a alta presença de e-commerces criados nesse período de um ano. De acordo com a Nuvemshop, cerca de 30% dos lojistas viverão a primeira Black Friday com a loja virtual, porque criaram o negócio há menos de um ano.

Dentre os segmentos que mais vendem no e-commerce ao longo do ano, os três principais são Moda, Saúde & Beleza e Acessórios. Para esses segmentos de lojas virtuais, na semana da Black Friday são esperados crescimentos de faturamento em 62% (Moda), 70% (Saúde & Beleza) e 32% (Acessórios) em comparação com a mesma semana em 2020.

Expectativas para meios de envio e de pagamento

Na Black Friday, o preço é, sem dúvida, o maior destaque aos olhos do cliente. Contudo, fatores como as opções de pagamento e de envio dos produtos são cada vez mais relevantes para a decisão de compra do consumidor. O levantamento “Compras e pagamentos em lojas online”, realizado pela Nuvemshop com consumidores em agosto deste ano, revelou que o Pix já é o segundo meio de pagamento mais usado, com 50% de adesão, atrás apenas dos cartões de crédito (nos formatos físico e digital). “Por isso, contar com empresas confiáveis de pagamentos no e-commerce e oferecer uma boa variedade de opções de pagamentos são escolhas essenciais para as PMEs e podem diferenciar o lojista de seus concorrentes”, reforça Pedroso.

Dentre os principais meios de pagamento oferecidos pelos e-commerces, o Pix é uma das apostas para a Black Friday deste ano, principalmente para compras de até R$ 200. Esse meio de pagamento foi lançado em novembro de 2020 e, devido à data, não houve tempo hábil para os e-commerces se adaptarem à novidade e oferecerem esse tipo de pagamento a tempo da Black Friday de 2020. Por isso, os especialistas destacam o Pix como meio de pagamento importante para este ano, dada a adesão crescente dele no e-commerce durante o ano. Em novembro deste ano, o Pix deve representar 7% das transações.

Outro fator relevante para o planejamento dos empreendedores no e-commerce para a Black Friday deste ano são as opções de envio. “A logística é um dos pontos fundamentais para o sucesso de um e-commerce. Um frete caro ou muito demorado pode ser um motivo de abandono do carrinho virtual de compras e pode se tornar um desafio para a ampliação das vendas de uma loja online para todo o território nacional”, afirma Pedroso.

“Uma pesquisa recente da Nuvemshop com consumidores revelou que 62% dos entrevistados desistiram da última compra online justamente por conta do valor da entrega. Vemos um movimento de PMEs cada vez mais procurando novos aplicativos e empresas de envio para diversificar as opções no e-commerce e para conseguir oferecer valores acessíveis para consumidores de diferentes estados”, completa o executivo.

Cyber Monday é oportunidade para retargeting de clientes

Segunda-feira após Black Friday cresceu 41% em vendas em 2020; a expectativa é que esse ano os números sejam superados com o apoio de táticas de marketing.

A Black Friday, uma das principais datas do varejo, já chegou. Porém, as estratégias para conquistar o consumidor, aproveitando o apelo que a data possui no varejo, ganharam um período inteiro, além de adaptações de nomenclatura, considerando que agora as ações acontecem ao longo do mês na Black November, e no decorrer da semana, chamada de Black Week, e não mais em um único dia. Mas, outra data que está ganhando destaque ao longo dos últimos anos é a Cyber Monday, que acontece sempre na primeira segunda-feira após a Black Friday, focada para o comércio eletrônico. Dados de um levantamento da Neotrust/Compre&Confie mostraram que em 2020 a Cyber Monday registrou um aumento de 41,8% de vendas em relação a 2019, com cerca de R$ 702,7 milhões movimentados e crescimento de 37,6% no número de pedidos frente a 2019. Com o número de e-commerces crescendo e a expansão dos marketplaces, essa segunda-feira promocional pode ser a forma de atrair mais clientes, mesmo após a Black Friday, neste ano marcada para o próximo dia 26.

Para Tiago Mello, diretor de produtos da Linx Digital, unidade de negócio voltado ao varejo digital da Linx, a Cyber Monday é um período proveitoso e não deve ser deixada de lado pelo varejista do e-commerce, pois o período também pode funcionar como uma repescagem de vendas. “Embora os holofotes estejam na Black Friday, a Cyber Monday também deve ser levada em conta, pois, se planejada, pode ser o momento de recuperar aqueles que não compraram na Black Friday, ou que querem comprar mesmo após a data oficial de promoções”, comenta.

Segundo Mello, certas ações de marketing podem ser os verdadeiros trunfos para convencer o cliente a comprar durante a data. Táticas como o retargeting e o remarketing funcionam com o objetivo de atrair um consumidor que já conhece a marca, visitou o site e até colocou produtos no carrinho, mas não finalizou a compra. “É quando recebemos e-mails em formato de lembrete, com mensagens que convençam o cliente em potencial a finalizar a compra, lembrando do produto deixado de lado ou até mesmo oferecendo descontos especiais para aquele item em questão e outros relacionados à intenção de compra. A Cyber Monday sucede uma data de muito movimento, e reconquistar um público que talvez já tenha gastado na Black Friday requer mais investimento em termos de marketing e publicidade”, afirma.

Um estudo da Offerwise encomendado pelo Facebook mostrou que o brasileiro está atento à forma que recebe ofertas on-line: 80% gostariam de receber ofertas personalizadas durante a Black Friday, e 65% querem comprar de lojas que conhecem seu gosto e indicam produtos baseados em compras anteriores – ambos podem ser exemplos de retargeting e remarketing. Além disso, dados da Linx mostraram que em 2020 foram 51 milhões de ações de retargeting implantadas pela base de clientes da empresa durante a Black Friday, o que gerou 6,9% de aumento nas compras iniciadas a partir de e-mail marketing, mostrando a eficácia da ação.

Entender a transformação do consumidor e captar o perfil de consumo de cada um é um dos grandes desafios do varejo em períodos com picos de venda como esses que se aproximam. “É preciso olhar para o cenário como um todo, considerando as diversas personas em uma jornada de compras, e a partir disso estudá-las para saber exatamente o que oferecer. Alguns podem não encontrar o que querem na Black Friday, e decidir buscar por vantagens na Cyber Monday. Porém, para muitos, a data acaba não sendo percebida como algo diferente da última sexta-feira de novembro. Por isso, os investimentos em ações de marketing também são essenciais para diferenciar a data e reforçar que se trata de um outro período, com promoções diferentes, condições específicas para aquele dia. O comércio eletrônico costumava direcionar a Cyber Monday para a venda de artigos eletrônicos, mas agora, a escolha está na mão do varejista, que tem tudo para fazer sucesso nas duas ocasiões”, finaliza o executivo da Linx.

Mesmo com reabertura do comércio, e-commerce tem alta de 1,58% em outubro no Brasil

Os principais sites brasileiros de comercialização de produtos e serviços receberam 1,69 bilhões de acessos em outubro de 2021, um aumento de 1,58% em relação a setembro. Os dados fazem parte do Relatório Setores do E-commerce, elaborado pela Conversion. Segundo a empresa, os dados refutam a tese de que o crescimento do varejo virtual seria afetado pela retomada gradual do comércio presencial no Brasil.

De acordo com o relatório, cada brasileiro acessou em média cerca de 8 vezes os sites de e-commerce no mês. Cada acesso, por sua vez, pode ter a visualização de muitas páginas. Os canais preferidos para chegar às lojas são “direto” (quando ele digita o endereço da loja e representa 43,3% dos acessos), busca orgânica do Google (28,1%) e busca paga (19,3%). Tráfego de redes sociais representam apenas 3,1%.

“Esse crescimento no mês de outubro indica que o e-commerce não representa uma mera alternativa ao varejo físico, mas sim uma mudança mais profunda de comportamento do consumidor”, explica Diego Ivo, CEO da Conversion.

Setores que mais cresceram e que mais caíram

A movimentação do e-commerce em outubro reforça a tese do estudo com a retomada verificada do turismo online, que registrou alta de 9,36% no período. Seguindo a mesma tendência positiva, cresceram os setores de Pet (7,47%), Moda & Acessórios (4,06%), Cosméticos (3,42%), Ferramentas & Acessórios (3,03%) e Farmácia & Saúde (2,04%).

Quando analisados os setores que retraíram, o estudo não encontrou, entretanto, nenhum que tivesse queda tão expressiva. Em ordem de maiores quedas, estão os seguintes setores: Educação, Livros & Papelaria (-2,89%), Presentes & Flores (-2,38%), Casa & Móveis (-2,25%), Itens Automotivos (-1,37%) e Calçados (-0,82%).

Ranking dos 10 maiores e-commerces do Brasil

O Relatório Setores do E-commerce no Brasil também apresenta, mensalmente, o ranking dos principais e-commerces do país. Esse ranking está dividido em um geral e outro para cada uma das 18 categorias. No geral, a lista é composta de: Mercado Livre (30%), Americanas.com (14%), Magazine Luiza (13%), Amazon Brasil (11%) e Casas Bahia (9%). O percentual se refere apenas aos 10 principais sites.

Share of Search e as marcas com maior participação de mercado

A métrica do Share of Search (https://www.conversion.com.br/blog/share-of-search/) é a parcela de busca de uma marca dentro da categoria de consumo em que ela atua. No estudo, foi analisado o Share of Search de todos os principais setores do e-commerce brasileiro.

Pelo relatório, nota-se que muitos setores são dominados por um ou dois players. Exemplo disso é o mercado de pet, que concentra 79% entre Petz (44%) e Cobasi (35%), ou o de joias e relógios, que tem 66% do share em Vivara (34%) e Pandora (32%). Porém, o líder absoluto é a LojadoMecânico, maior e-commerce de ferramentas & acessórios.

Black Friday 2021 no Brasil

Em paralelo ao relatório, a Conversion também entrevistou cerca de 400 brasileiros conectados à internet, justamente para saber quais são as expectativas do consumidor para a Black Friday 2021, que ocorre na sexta-feira (26).

Quando perguntados se fizeram alguma compra na Black Friday do ano passado, 76,5% dos entrevistados afirmaram que sim. No entanto, ao responderem se pretendem comprar este ano, este número sobe para 87,75%. Isso representa um aumento de 14,7% na intenção de compra.

Este ano, celulares, eletrônicos & eletrodomésticos, moda & acessórios lideram a intenção de compra. Para baixar o nosso estudo completo sobre a Black Friday.

Para conferir o relatório completo, acesse a página da Conversion.

O jovem de Paraisópolis que criou sistema para fazer entregas onde os Correios não entram

Comprar online é confortável, prático, ágil e se tornou uma febre mundial após a pandemia da Covid-19, quando as lojas físicas fecharam para seguir as normas de distanciamento social. Mas, em São Paulo, os mais pobres não têm essa chance.

Na maior e mais rica cidade da América Latina, as encomendas não sobem os morros das favelas nem entram em áreas consideradas de risco, como ruas dos bairros da Brasilândia, Itaim Paulista e Parelheiros. Pessoas ouvidas pela BBC News Brasil, que moram nessas regiões, disseram que precisam pedir para que as encomendas delas sejam entregues em bairros vizinhos, considerados “seguros” pelos serviços de entrega – como os Correios.

Incomodado com essa situação, o morador de Paraisópolis Giva Pereira, de 21 anos, fundou o Favela Brasil Xpress. Trata-se de uma rede de entregadores que moram na própria favela e entregam as mercadorias onde os Correios e as transportadoras contratadas pelas empresas de e-commerce não entram.

A empresa surgiu em setembro de 2020, em meio à necessidade de possibilitar que as doações feitas durante a pandemia chegassem às casas dos moradores da segunda maior favela de São Paulo.

Giva afirmou que essa coordenação criou naturalmente uma rede de logística na favela. Funcionava da seguinte forma: os voluntários buscavam os itens nas casas ou empresas doadoras para levar até Paraisópolis, onde eram distribuídos de porta em porta para as famílias mais necessitadas, identificadas pelos presidentes de rua.

“A comunidade de Paraisópolis teve um crescimento desordenado muito grande desde o seu surgimento e isso causou uma desorganização dos números das casas. O entregador coloca o endereço no GPS, mas não encontra. Já os moradores conhecem tudo e entregam sem problemas.”, afirmou o jovem empreendedor.

Com o crescimento do e-commerce, a ideia de Giva Pereira foi então sugerir parcerias com as empresas para que os próprios moradores fizessem as entregas.

Procurados pela reportagem, os Correios dizem que “estudam a formalização de parceria para realização de entregas nos citados endereços” com a Favela Brasil Xpress.

Como funciona

O Favela Brasil Xpress implanta um centro de distribuição na entrada da região onde os serviços de entrega não têm restrições. No local, que pode ser um contêiner ou uma sala, são armazenadas as mercadorias.

No momento da compra, o cliente apenas precisa colocar o endereço da casa dele. A passagem pelo centro de distribuição é feita de maneira automática e não tem custo extra para o consumidor.

Giva Pereira em bicicleta usada para fazer entregas em Paraisópolis
Em nove meses de funcionamento, o Favela Brasil Xpress já tem 90 pessoas contratadas apenas em Paraisópolis

Atualmente, o Favela Brasil Xpress tem parceria com Americanas, Dafiti, Total Xpress e Via Varejo. A iniciativa ganhou o Prêmio BBM de Logística, tido como o Oscar do setor, na categoria startup.

De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Outdoor Social Inteligência, nas 15 maiores favelas do país, 38% dos entrevistados disseram que fazem compras online, principalmente no setor de vestuário. Isso representa que 62% deste público ainda não compra e não é assistido pelo comércio digital.

A Outdoor Social Inteligência apontou ainda ter identificado uma tendência de alta nas compras online e que “ainda há muito o que ser feito e investido”.

Investimento e expansão nacional

Em nove meses de funcionamento, o Favela Brasil Xpress já tem 90 pessoas contratadas apenas em Paraisópolis. Sendo 41 funcionários com carteira assinada, entre operadores e entregadores. Todos os trabalhadores moram na própria favela.

O projeto já foi implantado em Heliópolis, a maior favela de São Paulo, na Cidade Julia (Diadema, na Grande SP), no Capão Redondo (zona sul da capital), além das favelas da Rocinha e Vila Cruzeiro, ambas no Rio de Janeiro.

O idealizador do projeto, Giva Pereira, conta que o sucesso do projeto atraiu a atenção de diversas empresas e investidores. Segundo ele, há negociações em andamento para levar o Favela Brasil Xpress para outras regiões do país.

O atual plano de expansão prevê 50 novas bases em 50 favelas do Brasil até o fim de 2022, além da modernização do sistema atual para melhorar a velocidade das entregas. Hoje, o Favela Brasil Xpress entrega aproximadamente 800 encomendas por dia, apenas em Paraisópolis, avaliadas em cerca de R$ 500 mil.

“Isso é uma prova de que a favela consome no mercado online. Antes, o morador fazia a compra e colocava o endereço do trabalho ou de alguém que morasse fora da comunidade. Hoje, ele vai colocar o CEP dele, pagar o preço normal e receber na porta de casa”, conta Giva Pereira com orgulho.

Essa ainda é a realidade da universitária Elisangela da Silva Cardoso, de 26 anos. Ela mora no Itaim Paulista, no extremo leste de São Paulo, e sempre pede para entregar suas encomendas na casa de vizinhos ou no escritório onde a mãe dela trabalha.

“Meses atrás, eu comecei a usar a opção de entregar na agência dos Correios perto da minha casa, porque isso é previsto no site. Eu recebi duas vezes, mas as seguintes colocaram um aviso de ‘destinatário desconhecido’ e devolveram para o remetente”, contou.

Procurados, os Correios disseram que as entregas “encontram-se regulares” nos endereços dos bairros da Brasilândia, Itaim Paulista e Paraisópolis, questionados pela reportagem a partir da reclamação de moradores. “Para uma avaliação pontual, é necessário informar detalhes como o código de rastreamento dos objetos reclamados”, informou o serviço de entregas por meio de nota.

Os Correios disseram ainda que “existem algumas localidades com modalidade de entrega diferenciada de encomendas, seja por não apresentarem condições de segurança favoráveis aos trabalhadores, clientes e encomendas ou, ainda, por não atenderem às condições para a entrega domiciliária (conforme previsto na Lei 6.538/78 (Lei Postal) e Portaria MCOM nº 2.729, de 28 de maio de 2021).”

Nesses locais, explicam, os clientes devem fazer a retirada da encomenda em unidades indicadas.

De acordo com o coordenador do MBA de marketing digital na FGV, Andre Miceli, todos os aplicativos terão espaço para atuar em contextos sociais e resolver problemas como esses.

“Qualquer grupo social que se reúna sobre uma característica em comum cria espaço para uma oferta de conteúdo, porque ele usa o assunto para capturar a atenção das pessoas daquele grupo. Do ponto de vista de negócio, faz todo o sentido e a gente deve ver uma expansão desse tipo de solução nos próximos anos”, afirmou.

Segundo o professor da FGV, ainda há um grande espaço para o crescimento desse tipo de iniciativa. Ele afirma, por exemplo, que o iFood está presente em 2 mil cidades do país, os Correios em pouco mais de 2 mil e a Loggi em 600. Enquanto o país tem 5.570 municípios.

“Será cada vez mais comum ver empresas grandes tentando participar desses projetos. Mas as iniciativas locais levam vantagem porque ela tem a linguagem, o conhecimento daquele grupo e a noção do que desperta o interesse dela. Essa proximidade faz toda a diferença”, disse Andre Miceli.

Bolsa de Valores das Favelas

O G10 Favelas, que reúne as lideranças das dez maiores favelas do Brasil, lançou, em parceria com a gestora de investimentos DIVI•hub, na sexta-feira (19/11), a Bolsa de Valores das Favelas. Por meio da plataforma, que tem a permissão da Comissão de Valores Mobiliários para regular os ativos, tornou-se possível comprar frações de empresas que operam nas favelas brasileiras, a partir de R$ 10.

No dia seguinte, sábado (20/11), a favela de Paraisópolis recebeu celebridades como o apresentador Luciano Huck, a Luiza Helena Trajano, dona da rede Magazine Luiza, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, para a cerimônia de inauguração da venda de ações. O evento teve direito aos tradicionais touro e sino que simbolizam as bolsas de Nova York e, mais recentemente, também a B3, em São Paulo. Além de atrair investidores para os projetos desenvolvidos dentro das favelas.

Gilson Rodrigues, fundador do G10 Favelas e presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, disse que a intenção do grupo é construir uma ponte entre as startups da favela e os empreendedores.

“São 18 iniciativas que podem ser escaladas por esses investidores para que ambos possam estar bem. Queremos organizar, dar mentoria e captar recursos. Nossa projeção para o Favela Brasil Xpress é instalar 50 novas bases e fazer 1 milhão de entregas nos primeiros 6 meses de 2022”, afirmou.

Gilson afirma que a favela tem um grande potencial de consumo, mas hoje se sente bloqueada por não ter o conforto de receber suas encomendas em casa.

Nosso mercado é potente e, se estimulado, pode ser ainda maior. A forma que a gente vê para escalar é por meio de franquias. De forma que empreendedores de outras favelas possam ter acesso ao nosso sistema e implantar em suas comunidades”, afirmou.

No plano de expansão do Favela Brasil Xpress, ainda está previsto um serviço de coleta e entrega de mercadorias nas casas dos pequenos empreendedores da favela. Dessa forma, por exemplo, uma mulher que confecciona panos de prato poderá disponibilizar seus produtos em um grande marketplace e contar com um serviço de entrega ágil e barato.

Além da opção de franquias, a própria Favela Brasil Xpress poderá mandar uma equipe para criar uma base e montar uma estrutura na região.

“A insegurança não se combate com segurança, mas com convivência. Por isso, vamos trazer empresas de fora da comunidade, com o olhar de que a favela é uma potência e tem oportunidade. Todos vão querer investir porque vale a pena, não por caridade”, concluiu o idealizador Giva Pereira.

Vendas na Black Friday devem cair pela 1ª vez em 5 anos

As vendas da promoção Black Friday devem apresentar neste ano a primeira queda, desde 2016, se for descontada a inflação acumulada em 12 meses. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o dia de promoções, marcado para 26 de novembro, deve ter um recuo de 6,5% em relação ao ano passado.

A CNC espera que as vendas cheguem a R$ 3,93 bilhões no país. É o maior valor nominal desde que a data foi incorporada ao calendário do varejo nacional. Mas como a inflação em 12 meses acumula variação de 10,67%, em termos reais a Black Friday deverá ter uma queda em relação ao ano anterior.

Na edição de 2020, foi registrado um valor nominal de vendas de R$ 3,78 bilhões, que superaria os R$ 4 bilhões se o montante fosse corrigido pela inflação.

A expectativa é que mais da metade das receitas venha dos setores de móveis e eletrodomésticos (R$ 1,10 bilhão) e de eletroeletrônicos e utilidades domésticas (R$ 906,57 milhões).

Outros segmentos com expectativa de receita relevante são hiper e supermercados (R$ 779,09 milhões) e de vestuário, calçados e acessórios (R$ 693,12 milhões).

A CNC coletou diariamente mais de 2 mil preços de itens agrupados em 34 linhas de produtos ao longo dos últimos 40 dias, encerrados em 16 de novembro. Desses, 26% revelaram tendências de redução de preços no período – percentual abaixo dos 46% observados às vésperas da Black Friday de 2020, quando a taxa de inflação era de 3,9%.

Compras online ganham força e e-commerce deve fechar ano com faturamento de R$304 bi

Um dos hábitos que foram intensificados pela pandemia foi a adaptação às compras no meio digital, fortalecendo o e-commerce do país.

A pandemia de covid-19 trouxe diversas alterações na forma em que as pessoas se relacionam com as suas compras, mudando até quais são as prioridades de consumo no cenário vivido de restrição de mobilidade.

Com isso, o e-commerce no Brasil ganhou força e cresceu de forma considerável, se tornando um meio de sobrevivência e expansão entre os empresários de todo o porte. As lojas virtuais viraram uma solução do pequeno ao grande empreendedor.

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) estima que este setor encerre 2021 com um avanço de 38% no país, uma projeção de crescimento de R$304 bi.

Segundo informações da Receita Federal avaliadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que o brasileiro se adaptou a este formato de compra e que pretende seguir consumindo desta maneira mesmo com a abertura do comércio. Em comparação a junho de 2019, em 2020 houve um aumento de 73% no segmento.

A análise ainda apontou que as empresas que se adaptaram às lojas virtuais tiveram melhores resultados durante a pandemia do que as que ficaram somente no meio físico e que o crescimento no consumo nesse meio foi maior entre consumidores de alta renda.

Black Friday

A Black Friday, que acontece no dia 26 de novembro deste ano, última sexta-feira do mês, promete agitar a economia e melhorar tanto as compras online quanto o comércio presencial.

Com a abertura dos shoppings e lojas físicas, a data espera vender ainda mais do que em 2020, quando a única possibilidade de compra foi pelo e-commerce devido às restrições de circulação.

Fonte: https://www.contabeis.com.br/noticias/49457/compras-online-ganham-forca-e-e-commerce-deve-fechar-ano-com-faturamento-de-r-304-bi/

Como a Kangu engaja comércios de bairro para formar uma rede de logística privada e competir de frente com os Correios

Uma papelaria que aproveita o espaço do estoque para armazenar encomendas. Uma padaria que nas tardes de pouco movimento recebe produtos de uma loja de roupas online. Um chaveiro que separa algumas horas da rotina para entregar pacotes pela vizinhança.

Os exemplos acima são parte dos mais de 5 mil pontos da rede de logística privada da Kangu. Marcelo Guarnieri, 35, CEO e cofundador, resume a proposta de valor da startup:

“A gente fornece tecnologia para que qualquer negócio consiga operar logística de forma simples. Com isso, conseguimos ter uma capilaridade para executar tudo muito rápido — e estar muito perto dos consumidores” 

A Kangu começou a operar em 2019. Em apenas dois anos de atividade, saiu do zero para 8 milhões de entregas mensais, expandiu sua operação para México — e, em agosto de 2021, foi adquirida pelo Mercado Livre por um valor não revelado.

Veteranos da Logística, os três sócios testemunharam as transformações do setor

O paulistano Marcelo é um veterano de logística, com experiência em empresas como a Rapidão Cometa e a FedEx. Foi durante essas passagens que conheceu os demais cofundadores: Ricardo Araújo, 58, e Celso Queiroz, 67.

Juntos, os três testemunharam, ao longo dos anos, as transformações provocadas pela tecnologia no setor.

“Há 12 anos, a gente entregava mercadorias no shopping com carretas. Elas eram preparadas para ir em grandes armazéns fora da cidade, pegar grandes quantidades de carga e fazer grandes entregas”, diz Marcelo. “Hoje, porém, em alguns shoppings nem existem mais vagas para carretas…”

A maioria das empresas de logística tradicionais, afirma o empreendedor, teve dificuldade para se adaptar às mudanças.

“Se antes tínhamos grandes varejos e indústrias vendendo, hoje com a dinâmica das mídias sociais, qualquer pessoa consegue vender. E os lotes [de entregas] que eram grandes viraram pequenos.”

O advento das redes sociais e ferramentas de mensageria, portanto, ajudou a alavancar as vendas online de pequenos negócios. Em paralelo, nesse novo cenário, a logística ia se tornando mais complexa.

À FRENTE DE UMA CONSULTORIA, ELES ENTENDERAM QUAL ERA O CALCANHAR DE AQUILES DO E-COMMERCE NO BRASIL

Em 2014, já atentos à nova dinâmica, os três se uniram para montar a própria consultoria em logística, a RC Sollis.

Não demorou para que percebessem o calcanhar de aquiles que prejudicava o desenvolvimento do e-commerce no Brasil: a inexistência de um serviço que atendesse pequenos vendedores, fazendo coletas e entregas pulverizadas.

“Se as empresas de transporte tinham dificuldade para entregar pulverizado, imagina coletar pulverizado e entregar pulverizado? Não havia ninguém atendendo a esse mercado, só os Correios. E toda vez que temos um único player atuando, isso vira um problema. A falta de concorrência é ruim”

Mas como fazer frente a uma empresa com a capilaridade dos Correios? A solução foi apostar no modelo de economia compartilhada para aproveitar a ociosidade de tempo, espaço e mão de obra de pequenos comércios de bairro — transformando-os em pontos de postagem, retirada, devolução e entrega de encomendas.

A PARTICIPAÇÃO EM UM CONGRESSO NOS EUA CONVENCEU OS SÓCIOS SOBRE A VIABILIDADE DA PROPOSTA

Mas nem eles acreditavam que funcionaria até apresentarem a ideia a um professor dos Estados Unidos com quem tinham uma parceria.

O professor não só se interessou pelo projeto, como os convidou para apresentá-lo no congresso “Internet Edge Supply Chain Lab”, na Arizona State University. “O Ricardo falou: esse cara está louco”, lembra Marcelo…

Mesmo assim, em outubro de 2017 eles embarcaram para os Estados Unidos.

“Saímos de lá em choque. As 80 ou 100 pessoas presentes, todas fundadoras de empresas ou CEOs de tecnologia e logística, adoraram [o projeto]”

Se na ida para o congresso eles ainda estavam titubeando sobre montar ou não uma startup, no voo de volta o trio estava decidido sobre mergulhar fundo na ideia.

O ano era 2018. Ricardo e Celso continuaram tocando a consultoria, para garantir o sustento dos sócios. Enquanto isso, Marcelo ficou encarregado de dar os primeiros passos da Kangu.

QUANDO O SUCESSO DEPENDE DO FUNCIONAMENTO PERFEITO DE UM APP, É MELHOR NÃO CORRER RISCOS

Um especialista em tecnologia foi contratado para ajudar no desenvolvimento de um sistema intuitivo o bastante para que qualquer pessoa, em qualquer lugar, pudesse operar os serviços de logística da Kangu.

“Movimentamos muitos dados. No regime de economia compartilhada, o treinamento e a reciclagem de quem trabalha com o aplicativo precisa ser mais intuitivo, tudo deve funcionar redondinho”, reforça o CEO. “Imagine se o nosso app tiver um erro durante 15 minutos em 5 mil pontos em 3 países?”

O ajuste fino da tecnologia demandou quase um ano de testes. Nesse tempo, os empreendedores gastaram a sola dos sapatos visitando pessoalmente os pequenos comerciantes e enviando pacotes para si mesmos para entender como o fluxo funcionaria. Marcelo explica:

“Enquanto Kangu, a gente não quer que a papelaria deixe de ser papelaria e se torne um armazém. Queremos que ele continue sendo papelaria — e que, em parte do tempo, trabalhe para a gente e cuide do seu entorno”

O primeiro ponto ativo da rede da Kangu permitiu colocar o conceito à prova: uma papelaria do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, cujos donos, idosos, mal sabiam mexer em smartphones.

“Eles continuam ativos até hoje — e até dão pitacos e sugestões do que podemos melhorar”, afirma Marcelo, orgulhoso.

FOI PRECISO CONVENCER O MERCADO DE QUE NEGÓCIOS DE BAIRRO PODEM SER INCORPORADOS À CADEIA LOGÍSTICA

Veio, então, o segundo desafio: como provar para o mercado que comerciantes à frente de papelarias, padarias — enfim, pequenos negócios de bairro — estariam habilitados a realizar serviços de logística?

“Uma das coisas que mais ouvimos foi que uma papelaria iria perder pacotes”, diz Marcelo.

Aos poucos, essa desconfiança foi sendo demolida:

“A percepção de qualidade é grande. Não tem fila, o atendimento é personalizado… Há casos em que o dono do ponto é até amigo de quem vai entregar ou retirar um objeto. Existe uma relação de confiança de bairro que é diferente, tira um pouco o estresse de tudo”

Os empreendedores dedicaram um tempo testando o modelo, para garantir que essa rede estaria bem azeitada. Não foi um período fácil do ponto de vista financeiro: até ali, todo o investimento na Kangu tinha saído do bolso dos sócios.

“Estávamos quebrados…”, diz Marcelo. “Mas tínhamos certeza que o modelo poderia escalar muito rápido e fácil. Como o segmento não estava sendo atendido, sabíamos que na hora que acertássemos o canal de venda, iríamos explodir.”

COM O PRIMEIRO APORTE E A DEMANDA GERADA PELA PANDEMIA, A KANGU DEU UM SALTO DECISIVO

A espera valeu a pena. Lançada oficialmente no início de 2019, a Kangu fechou aquele ano com parcerias com as gigantes do e-commerce Dafiti e Mercado Livre, realizando 200 mil entregas por mês.

No começo de 2020, os sócios levantaram 6 milhões de reais com fundos de investimento. Além desse primeiro aporte, a pandemia (que chegou ao país em março daquele ano) impulsionou o setor de vendas online e turbinou de vez o negócio.

“Queremos ser a melhor solução quando é necessário ter capilaridade. E hoje talvez só os Correios tenham mais capilaridade que a gente, porque chegam a pontos remotos… Mas, dentro das cidades, temos mais capilaridade que os Correios”

O crescimento da operação da Kangu surpreendeu os próprios sócios. O número de funcionários contratados saltou de 20 para 380. Hoje, a rede de parceiros inclui quase 15 mil pessoas. Só em São Paulo são 600 pontos. comerciais engajados como prestadores de serviços logísticos da startup.

NA CONCORRÊNCIA COM OS CORREIOS, O PREÇO COMPETITIVO É UM DOS DIFERENCIAIS DA STARTUP

A Kangu atende três principais públicos: o Mercado Livre, que oferece a solução para seus vendedores, grandes varejistas e clientes que contratam a startup diretamente.

Os preços são atrativos, afirma Marcelo. O desconto pode ser um diferencial relevante para pequenos empresários que desejam se posicionar no mercado de e-commerce.

“Um dos maiores fatores de decisão em uma compra online é o frete. Não é à toa que no Brasil vemos estratégias muito fortes de frete grátis. Só que não é grátis: alguém está pagando. É por isso que é essencial que o custo do frete seja baixo. Quanto mais barato, mais fácil vai ser para o vendedor”

Na outra ponta, os comerciantes podem exercer serviços de postagem (receber e remeter as encomendas dos vendedores), entrega (feitas a pé ou no formato de retirada pelos compradores) e recebimento de devoluções de mercadoria.

Cada ponto escolhe o tipo e quantidade de serviços oferecidos — e recebem pagamentos por operação.

VENDER O NEGÓCIO NÃO ESTAVA NOS PLANOS. MAS AÍ VEIO A PROPOSTA DO MERCADO LIVRE…

Diante do crescimento exponencial, a Kangu se preparava para uma nova rodada de captação em 2021, para alavancar ainda mais o negócio.

Porém, antes que os empreendedores chegassem a captar o novo aporte, surgiu a proposta de aquisição do Mercado Livre.

“Não tínhamos a intenção de vender a empresa, não nesse período. Mas tivemos um crescimento absurdo, acabamos virando uma empresa de um porte muito maior do que o esperado… E sempre tivemos uma cultura muito parecida com a do Mercado Livre, um propósito de querer democratizar e olhar para o pequeno”

Os sócios Marcelo e Ricardo seguem à frente da startup, mas agora se reportando ao conselho do Mercado Livre em vez de um grupo de investidores. A Kangu continuará funcionando como uma empresa apartada da nova controladora, prestando serviços a parceiros externos e mantendo as estratégias de crescimento.

As metas de expansão, por sinal, não mudaram. O objetivo dos empreendedores? Encerrar o ano com 3 500 pontos no Brasil.

DRAFT CARD

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  • Projeto: Kangu
  • O que faz: Transforma pequenos comércios em pontos logísticos para e-commerce
  • Sócio(s): Marcelo Guarnieri, Ricardo Araújo, Celso Queiroz e Mercado Livre
  • Funcionários: 380
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 2019
  • Investimento inicial: R$ 6 milhões