Dois anos parecem muito tempo? Quem trabalha com e-commerce sabe que, nesse intervalo, tudo pode mudar.
Pense no que era tendência há dois anos. Algumas estratégias ficaram ultrapassadas, enquanto novas tecnologias tomaram conta do mercado.
A transformação não para.
Segundo a SELIA Fullcommerce, o varejo brasileiro deve movimentar R$ 3,8 trilhões em 2027. Esse é um número impressionante, mas hoje a conversa vai além do faturamento. Vamos falar sobre as mudanças que já estão acontecendo e o que vem por aí.
2027 está logo ali – e quem entender essas tendências agora sai na frente. Vamos nessa?
Quais as principais tendências de consumo até 2027?
Neste texto, vou trazer alguns dados e insights levantados por Cassandra Napoli, Head de Marketing e Eventos da WGSN.
Durante sua palestra no NRF 2025: Retail’s Big Show, um dos maiores eventos de varejo do mundo, a especialista destacou alguns pontos importantes:
1. Mais conexão e menos isolamento
A necessidade de conexão nunca foi tão forte entre os consumidores, e isso já reflete no comportamento de compra.
Um levantamento recente da Pion mostrou que 66% dos pré-adolescentes (chamados de geração “zalpha”) nos EUA e no Reino Unido dizem que seu maior objetivo na vida é passar tempo com os amigos.
Cada vez mais, o consumo deixa de ser algo individual para se tornar uma experiência compartilhada. O que isso significa para o e-commerce? Meramente vender um bom produto não é o suficiente.
As pessoas querem se conectar com marcas que falam a mesma língua que elas, que criam espaços para troca e interação.
Existem várias formas de fazer isso acontecer:
– Um grupo exclusivo no WhatsApp;
– Conteúdos que incentivam a participação nas redes sociais;
– Comunidades de clientes;
– E até eventos presenciais.
O que não dá mais é para ter uma comunicação distante e impessoal com seus clientes.
2. Inteligência artificial e transparência
Sim, o assunto inteligência artificial está em todo lugar e isso não é à toa.
A IA já mudou muita coisa no varejo e vai impactar ainda mais a forma como as pessoas compram e interagem com as marcas nos próximos anos.
Mas, ao contrário do que muita gente imagina, ela não veio para substituir o contato humano – o que os consumidores querem mesmo é equilíbrio entre tecnologia e transparência.
Uma pesquisa recente mostrou que 82% das pessoas querem entender melhor como a IA funciona antes de confiar nela. Nesse cenário, marcas que souberem usar essa tecnologia de forma clara e responsável vão largar a corrida com vantagem.
No atendimento, a IA pode agilizar respostas e prever dúvidas, mas sem deixar de lado a personalização. Já nas vendas, ela ajuda a entender melhor o comportamento do cliente, sugerindo produtos de forma mais certeira.
3. Comunicação minimalista
O tempo todo há uma notificação nova, uma oferta chamativa ou um feed infinito de alguma rede social para acompanhar.
Você também tem essa impressão? Se sim, não está sozinho.
Nos últimos anos, muita gente começou a buscar um jeito mais simples e intencional de consumir. Esse movimento tem nome: ping minimalism, ou minimalismo de notificações, em tradução livre.
Essa mudança no comportamento do consumidor traz desafios reais para quem vende. Se antes a frequência e o volume de comunicações eram o que norteava muitas campanhas e garantiam resultados, agora isso pode ter o efeito oposto: afastar e irritar o público.
Alguns dos principais desafios para e-commerces nesse sentido vão ser:
– Menos abertura para e-mails e notificações;
– Redução da dependência de anúncios pagos;
– Conteúdo precisa ser mais certeiro;
– Fidelização se torna mais desafiadora.
Nesse cenário, quem souber tornar a jornada mais simples, com ofertas certeiras e comunicação objetiva, vai ver os resultados.
4. Clientes exigem rapidez e um atendimento mais humano
Atender bem o cliente sempre foi um dos maiores desafios do e-commerce. Hoje, isso ficou ainda mais evidente porque as expectativas estão mais altas do que nunca.
As pessoas querem respostas rápidas, atendimento sem enrolação e soluções diretas.
Só para você ter uma ideia, um levantamento de 2023 da Zendesk revelou que:
– 72% dos clientes esperam atendimento imediato;
– 71% querem interações mais naturais e menos robotizadas;
– 70% acham essencial que qualquer atendente já tenha todo o contexto da conversa;
– 66% preferem que o atendimento não atrapalhe o que estão fazendo.
Ou seja, ninguém tem tempo (ou paciência) para esperar horas por uma resposta ou repetir a mesma história várias vezes.
Isso tem gerado um aumento da frustração, a ponto de muitos especialistas falarem sobre a “cultura da raiva”, um fenômeno que vem mudando a forma como os consumidores se relacionam com marcas e serviços.
Um estudo da Hyken mostrou que 34% das pessoas já gritaram com um atendente, e 21% chegaram a xingar.
Isso não acontece porque o cliente quer brigar, mas porque, muitas vezes, ele já chega ao atendimento irritado por não conseguir resolver seu problema antes.
Para os lojistas, oferecer um atendimento rápido e bem estruturado nunca foi tão importante.
O cliente quer ser ouvido e, acima de tudo, quer sentir que seu tempo está sendo respeitado.
5. Diversão e interatividade vão atrair mais consumidores
Se o estresse e a frustração dos consumidores aumentaram nos últimos anos, faz sentido que eles busquem o oposto disso na relação com as marcas.
E é aí que entra um movimento forte até 2027: a diversão como parte da experiência de compra.
As pessoas não querem só um produto – elas querem se envolver, interagir e até se divertir no processo.
No e-commerce, essa lógica pode ser aplicada de várias formas: programas de fidelidade com desafios, recompensas-surpresa e experiências interativas no site.
Vender também pode ser um momento de conexão e entretenimento. Empresas que entenderem isso vão atrair mais clientes e, mais importante, fidelizar os que já compram.
O que seu e-commerce precisa para crescer até 2027?
Até aqui, falei sobre mudanças no comportamento do consumidor e o impacto delas no varejo. Mas agora vem a pergunta mais importante: o que você pode fazer para que seu e-commerce cresça nos próximos anos?
Se tem uma coisa que ficou clara, é que as pessoas estão mais exigentes, seletivas e conectadas.
Elas não compram só pelo preço ou pelo produto, mas pela experiência completa.
Então, se você quer estar à frente até 2027, precisa olhar para três pontos principais:
1. Cada vez mais, fazer anúncios em massa, sem personalização, não vai trazer resultados;
2. O cliente quer rapidez e praticidade, mas sem perder o contato humano;
3. Até 2027, vender não vai ser só sobre vender. As pessoas querem se sentir parte de algo, e empresas que constroem uma comunidade em torno da marca conseguem mais lealdade e engajamento.
Algo que vai ficar cada vez mais claro nos próximos anos é que vender online não é só sobre produto e preço. É sobre equilíbrio.
A tecnologia convive com humanização, personalização com privacidade e venda com experiência. Tudo para construir algo muito mais forte do que uma loja virtual – uma marca que as pessoas realmente querem ter por perto.
Fonte: “https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/tendencias-de-consumo-ate-2027-como-o-varejo-online-deve-se-preparar”