Brasil fica em 66º em ranking de países para abrir negócios on-line

Pesquisa avalia critérios como conectividade e bancarização da população.

O Brasil é o 66º colocado em um ranking de melhores países para abrir um negócio on-line, segundo a lista feita pela Best Accounting Software. A organização é dedicada a avaliar sistemas para pequenas empresas e usou critérios como conectividade, velocidade da internet, número proporcional de usuários de redes sociais, bancarizados e tempo necessário para se abrir uma empresa, entre outros.

Mais de 200 países foram avaliados, mas apenas 99 aparecem no ranking devido à ausência de dados em alguns lugares. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o Brasil ficou atrás de países em que o acesso à internet é controlado, como a China ou a Arábia Saudita, ou de economias bem menores, como Uruguai e Vietnã.

Todos os dez mais bem posicionados são países desenvolvidos, sendo a Dinamarca líder da lista, seguida por Suíça, Holanda e Estados Unidos. Porém, nenhum deles se destaca em todos os aspectos. Os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, são os melhores em velocidade de internet para dispositivos móveis. Já a Nova Zelândia é a que mais se destaca em termos de bom ambiente para se começar uma startup.

“Não há um único desafio que afete a maior parte dos países. Por exemplo, aqueles com renda nacional bruta maior tendem a ter conectividade e práticas melhores para dar início a um negócio, mas os empreendedores são frequentemente confrontados com taxas corporativas altas”, explicou a pesquisadora Rebecca Moody, que coordenou o levantamento, à publicação.

Brasil com pouco acesso à internet

Ainda segundo a reportagem, ao todo, foram analisadas 20 categorias diferentes. Além das já mencionadas, os pesquisadores olharam para aspectos bastante específicos, tal qual o número de coworkings disponíveis em um país.

Para avaliá-los, os pesquisadores usaram documentos públicos de entidades como o Banco Mundial e a Tax Foundation. Cada critério recebeu então um número de 0 a 100 e cada país foi pontuado de acordo com a posição que ocupava em relação aos demais. A Dinamarca, mais bem colocada, tem 78,46 pontos. O Haiti, último no ranking, 14,93.

Moody avalia que a má posição brasileira, abaixo da média dos países na segunda metade do ranking, se dá principalmente pelo baixo acesso da população à internet e à péssima infraestrutura. No entanto, a pesquisadora destaca o potencial nacional para fomentar o surgimento de startups.

Ainda de acordo com a Folha de S. Paulo, a pesquisa menciona o crescimento do setor no ano passado e ressalta 2021 como o ano para criar um negócio on-line, sem citar a pandemia. A expectativa é de que as vendas on-line globais cheguem a US$ 6,5 trilhões até 2023, representando 22% do varejo. Hoje, não chega a 15%.

“O que podemos esperar a longo prazo sobre o verdadeiro impacto da pandemia é incerto e está para ser sentido, já que ainda estamos no meio disso tudo. Mas ter uma presença on-line tem se tornado uma prioridade para muitos negócios cujas lojas de tijolo e argamassa foram impactadas pelo lockdown”, completou Moody à publicação.

 

Aumenta a polarização no varejo brasileiro

Os grandes ficaram maiores e os pequenos se multiplicaram. E as médias empresas foram as que mais foram afetadas. Talvez seja essa a síntese do processo que ocorreu como resultado do impacto da pandemia nos negócios do varejo brasileiro nesse período e que tenderá a se manter nos próximos anos.

Pelo acesso ao crédito, por sua estrutura e capacidade de investir, pela situação de essencialidade que as permitiu permanecerem abertas quando outras fechavam, pela condição de reação às mudanças de forma ágil e focada e pela velocidade com que promoveram a transformação digital em seus negócios, os maiores grupos varejistas brasileiros ficaram maiores no período da pandemia. Foi isso que ficou demonstrado pelo aumento da concentração no varejo brasileiro.

Isso ficará ainda mais claro nas próximas semanas com os fechamentos dos dados dos principais conglomerados e os dados gerais de desempenho dos setores de comércio e varejo do País. Mas já é possível antecipar essa direção a partir dos dados de desempenho individual e setorial divulgados.

De outro lado, as contingências e oportunidades precipitadas pela pandemia expandiram de forma marcante o outro polo. O dos pequenos negócios, ou dos indivíduos que se converteram em Microempreendedores Individuais (MEIs), buscando alternativa diante da redução estrutural do emprego por meio do lançamento de modelos de negócios integrando esses indivíduos às grandes organizações.

Ainda em recente encontro com alguns líderes do varejo de Pernambucanas, Via Varejo, Magalu e O Boticário, eles destacavam a estratégia implantada de conversão desses independentes em parceiros vinculados, operando diretamente na venda de produtos por meio de canais diretos apoiados em recursos digitais.

Seria uma reinvenção do canal de venda direta apoiado em tecnologia e digitalização, superando os problemas gerados pelo fechamento de lojas e se adaptando à nova realidade.

Esse processo de transferência de empregos tradicionais para novas alternativas tem características estruturais, precipitado pelas transformações tecnológica e digital que estimulam a evolução do micro empreendedorismo individual.

Em 2019, 644 mil empregos formais foram gerados no País; em 2020, por conta da pandemia, foram gerados apenas 142,7 mil – esse número representa 22% do total do ano anterior.

Enquanto isso, o número de MEIs em 2019 foi de 1.577 mil e em 2020, acelerado pelas consequências da pandemia no emprego e nos novos modelos de negócios, esse número cresceu para 1.886 mil, uma evolução de 19,5%.

Ou seja, em 2020, ano marcado pela pandemia, enquanto houve baixo aumento de emprego formal, houve significativo aumento do auto emprego, os MEIs.

Essa polarização, que tem características também estruturais, acelerou no período da pandemia, como mostram os números, e tenderá a se manter, e possivelmente aumentar, como resultado do alongamento do período previsto inicialmente para a duração e os efeitos da pandemia.

O lado positivo no processo é o desenvolvimento de alternativas integrando pequenos empreendedores individuais a organizações estruturadas, criando condições de equilibrar a tendência à redução do emprego formal tradicional com novas formas de relações de trabalho demandadas pela economia digital em rápida evolução.

Nesse cenário, são as empresas médias, de fato, as que mais têm sofrido, especialmente pela dificuldade de acesso ao crédito e de novos investimentos para que se estruturem no processo de transformação do mercado, o que acaba reduzindo sua participação e acelerando o processo de concentração e polarização.

Vamos assistir, nos próximos anos, a um aumento das alternativas e à participação de modelos integrados de indivíduos e pequenas empresas com maiores organizações na forma do modelo de venda direta reconfigurado, franquias, centrais de negócios, grupos voluntários e outras opções similares.

O lado saudável desse processo é o próprio mercado encontrando alternativas e soluções para enfrentar a transformação estrutural do emprego e isso precisa ser reconhecido como evolução positiva da realidade sem interferência direta do governo.

O lado negativo é que muito mais poderia ser feito, reduzindo o problema do desemprego gerado pela pandemia, se o acesso e a disponibilidade ao crédito fossem mais democráticos.

Mas é uma evolução positiva, sem dúvida, no meio de um cenário de desorganização setorial de mercado.

 

Walmart planeja grande impulso para desafiar a Amazon em publicidade

O Walmart planeja expandir seu negócio de publicidade, adicionando espaço para anúncios em suas lojas nos Estados Unidos e compartilhando seu vasto acervo de dados de compradores com marcas, disse a maior varejista do mundo na última quinta-feira (28), procurando desafiar a rival Amazon como uma potência de mídia.

Os esforços são essenciais para o plano agressivo do Walmart de alcançar um aumento de mais de dez vezes em seus negócios de publicidade em cinco anos, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto.

A Reuters relatou anteriormente que a receita anual de publicidade do Walmart era esperada em quase US$ 1 bilhão em 2020.

A empresa sediada em Bentonville, no Arkansas (EUA), com quase 5 mil lojas em todo o país, estabeleceu a meta de se tornar uma das dez principais plataformas de publicidade nos Estados Unidos nos próximos cinco anos, uma meta “ligeiramente conservadora”, disse a fonte.

Expansão na publicidade

O Walmart expandiu seus negócios de publicidade depois de anos de progresso fragmentado, mesmo com um acordo para comprar uma participação de 7,5% no aplicativo de compartilhamento de vídeo TikTok permanece no limbo.

O Walmart redirecionou sua estratégia a partir do início de 2019, cortando laços com seu parceiro de publicidade externo e assumindo o negócio internamente como Walmart Media Group. Agora, ele se chamará Walmart Connect, disse a empresa.

“Isso é sobre nós realmente cavando e transformando o negócio de um que estava realmente focado em pesquisa e exibição com nossos maiores fornecedores”, disse a diretora de clientes do Walmart, Janey Whiteside, à Reuters. “Queremos continuar a fazer isso, aproveitar nossas propriedades físicas e encontrar maneiras de ajudar os anunciantes a fazer melhor uso de seu dinheiro. ”

O Walmart disse que construirá uma nova plataforma de publicidade em parceria com a empresa de tecnologia de publicidade Trade Desk. Ela permitirá que as marcas usem os amplos dados de compradores do Walmart para tornar os anúncios mais eficazes, mesmo em sites e aplicativos que o Walmart não possui.

As marcas poderão direcionar anúncios para o público usando os dados do Walmart sobre o comportamento de compra em categorias e marcas. Os anunciantes podem monitorar as vendas nas lojas do Walmart em tempo real e ajustar as campanhas de anúncios conforme necessário, disse Whiteside.

Desafios do Walmart

Avaliar com precisão se um anúncio levou a uma compra tem sido um desafio tecnológico de longo prazo. O Walmart está apostando que permitir que as marcas usem seus dados em anúncios em streaming de vídeo ou smart TVs atrairá mais dólares publicitários.

A varejista disse que aproveitará suas lojas físicas para competir com a varejista on-line Amazon e venderá anúncios em mais de 170 mil telas em mais de 4.500 lojas nos Estados Unidos, incluindo TVs e telas de quiosques de autoatendimento.

“Temos essa fonte incomparável de dados que podemos utilizar”, disse Whiteside. “Quem mais pode dizer se um cliente viu algo on-line e, uma semana depois, comprou fisicamente na loja? ”

Mark Boidman, diretor administrativo e chefe de serviços de mídia e tecnologia do banco de investimentos PJ Solomon, também disse que os planos do Walmart de conceder aos compradores de anúncios mais opções de marketing na loja seriam uma vantagem.

“A capacidade de usar mídia local, e em particular sinalização digital e mídia digital out-of-home, permite que marcas e varejistas sejam reativos e forneçam conteúdo e publicidade contextualmente relevantes”, disse Boidman. “Pense em promoções de café pela manhã ou marketing de chocolate quente ou pás de neve antes de uma grande tempestade de neve.”

 

Via Varejo lança plataforma de logística para sellers e acirra a competição dos marketplaces

Com uma malha logística de mais de um milhão de metros quadrados, distribuídos em 27 CDs e o apoio de 1.069 lojas físicas, o grupo dono da Casas Bahia e do Ponto Frio passa oferecer essa estrutura aos sellers de seus marketplaces, acirrando a disputa com Mercado Livre, Magazine Luiza e B2W.

Todos os dias, mais de 1,5 mil caminhões percorrem o País para que uma série de produtos chegue até os consumidores. Nesses trajetos, os pontos de partida – ou de passagem – podem incluir desde um dos 27 centros de distribuição da companhia, que somam mais de 1 milhão de metros quadrados, até uma das suas 1.061 lojas.

Hoje, essa extensa malha é a base das operações da Via Varejo, dona da Casas Bahia e do Ponto frio. Mas, nos próximos meses, ela também será usada por outros lojistas, dentro do plano traçado pelo grupo para chegar ao destino que escolheu como prioritário para 2021: ganhar corpo na disputa dos marketplaces.

O projeto que materializa essa guinada leva o nome de Envvias. Por meio da plataforma, cujo lançamento, nesta semana, foi antecipado ao NeoFeed, a Via Varejo vai usar sua infraestrutura para oferecer um pacote de serviços de logística aos sellers cadastrados nos marketplaces da Casas Bahia e do Ponto Frio.

“Estamos plugando um motor a jato nos nossos sellers”, afirma Roberto Fulcherberguer, CEO da Via Varejo. “Esse processo impacta diretamente na expansão dos nossos marketplaces, por meio da oferta de serviços e soluções para diferentes tamanhos de lojistas. ”

Com a nova área, a Via Varejo quer consolidar mais um caminho para reter e, também, turbinar sua base de sellers, formada por 8 mil vendedores, um número ainda tímido quando comparado aos seus principais concorrentes.

De janeiro a setembro de 2020, os marketplaces da companhia registraram um crescimento no volume bruto de mercadorias (GMV) de 92,5%, para R$ 2,2 bilhões. No período, o GMV total, considerando as operações on-line e as lojas físicas, foi de R$ 25,1 bilhões, um salto de 15,1%.

Para ajudar a impulsionar esses números, o pontapé inicial da Envvias foi dado em outubro com projetos-pilotos, boa parte deles ainda em curso. A primeira oferta disponível para toda a base de clientes é o Envvias Postagem, na qual, mesmo não usando sua rede, a empresa mostra o seu poder de fogo.

A modalidade dá acesso aos preços da tabela de frete da Via Varejo com os Correios. Enquanto o serviço postal cuida da logística, o grupo responde pela solução de qualquer problema relacionado às entregas. A oferta também inclui seguro em casos de extravios, roubos e avarias, com garantia de ressarcimento.

Em três meses, a ideia é ter uma suíte completa de serviços. Aqui, a estrutura da Via Varejo entra, de fato, no jogo, com entrega, fulfillment, logística reversa e coleta de produtos no endereço do seller. O plano inclui a coleta e a entrega itens de maior porte, como geladeiras.

“O que vamos oferecer é a possibilidade desse vendedor pegar carona no fluxo que já acontece no nosso dia a dia”, diz Sergio Leme, vice-presidente administrativo e responsável pela logística da Via Varejo. “À medida que cai nessa malha, ele passa a participar dessa eficiência e a ter acesso a clientes em todo o País. ”

Um ponto, em particular, vem ajudando a dar mais velocidade a esses processos. Quinhentas lojas da empresa já abrigam mini-hubs, que funcionam como postos avançados para agilizar as entregas. Ao mesmo tempo, Leme diz que a empresa vai ampliar sua capilaridade com a abertura de mais de 100 unidades nesse ano.

De janeiro a setembro de 2020, os marketplaces da companhia registraram um crescimento no volume bruto de mercadorias (GMV) de 92,5%, para R$ 2,2 bilhões

“A grande vantagem da Via Varejo é o fato de já ter um parque de lojas bem distribuído nas capitais e no interior e de saber operar essa logística”, afirma Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese. “É claro que levar isso a terceiros é mais complexo, mas essa infraestrutura já existe. ”

Esse é justamente o principal argumento da Via Varejo. “Vamos usar essa estrutura já azeitada para atrair o mar de pequenos e médios sellers, para quem esse modelo faz mais sentido”, diz Leme. “Outro apelo é a redução de custos logísticos proporcionada por essa malha que, no caso das PMEs, pode chegar a 30%. ”

É também em empresas menores que a Via Varejo vem encontrando uma outra maneira de encurtar o caminho para fortalecer seus marketplaces. É o caso da Asap Log, comprada pelo grupo em abril de 2020.

Especializada na última milha, a empresa conecta os pedidos on-line a motoboys, motoristas de aplicativo e outros entregadores. Além do acesso a essa rede, Leme diz que a startup ajudou a acelerar o desenvolvimento da tecnologia por trás da Envvias.

Outro reforço veio em maio, com a conclusão da aquisição da BanQi, fintech que oferece contas e crediários digitais. E que está incluída no plano da Via Varejo de integrar essa última oferta para financiar os produtos vendidos no marketplace, com a remuneração dos sellers a cada transação.

Leme não descarta novas aquisições para encorpar a Envvias. O radar envolve desde ativos mais tradicionais, de operações de armazenagem e transporte, como empresas com softwares e soluções em áreas como roteirização, dimensionamento de cargas e acompanhamento do status das entregas.

Em busca do pódio

O executivo traça as metas para a plataforma em 2021. “O plano é colocar entre 5 mil e 10 mil sellers dentro da Envvias”, diz. “E queremos fechar o ano com as entregas feitas, predominantemente, no mesmo dia ou em até 24 horas. ”

Além de diminuir os prazos, a Via Varejo busca recuperar o tempo perdido com os problemas gerados na gestão anterior à chegada de Fulcherguer e reduzir a distância em relação aos seus maiores concorrentes, que também vêm investindo pesado em logística e outras frentes para atrair sellers e consumidores aos seus marketplaces.

O Mercado Livre, por exemplo, inaugurou recentemente cinco centros logísticos e acrescentou 340 mil metros quadrados à sua malha. Com mais de 12 milhões de sellers e um GMV de US$ 5,9 bilhões no terceiro trimestre de 2020, a empresa comprou, em setembro, uma fatia na Kangu, startup com atuação centrada na última milha.

O Magazine Luiza também destinou cheques para a área. Dona de um marketplace com 40 mil sellers e que movimentou R$ 2,1 bilhões no terceiro trimestre, a empresa reforçou a sua logística com as compras recentes da GFL, especializada na última milha, e da SincLog, de gestão de cargas, fretes e motoristas.

Já a B2W, que conta com 87 mil sellers e cujo marketplace representou 60,5% do GMV total de R$ 7,2 bilhões da empresa entre julho e setembro, inaugurou cinco centros de distribuição em 2020, chegando a 21 unidades e uma área total de mais de 800 mil metros quadrados.

As bases de sellers e o GMV das plataformas do trio indicam que a Via Varejo ainda tem um longo percurso pela frente. “No marketplace, ela ainda está muito atrás”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.

“Mas essa batalha é sistêmica. E, em 2020, a empresa cresceu muito no e-commerce, que era uma de suas deficiências, e tem um varejo físico muito forte”, afirma. “A única desvantagem da Via Varejo é ter largado com atraso. ”

Isso não parece ser um problema para Leme, que faz uma analogia com o automobilismo para ilustrar a confiança no que a Via Varejo vem construindo. “Estamos fazendo as melhores voltas”, diz ele. “É questão de tempo para emparelharmos com quem está na liderança. ”

 

 

Loggi mira aquisições e prioriza expansão antes de eventual IPO, diz CEO

Abertura de capital não está nos planos de curto prazo, disse Fabien Mendez na Live do Valor.

Fabien Mendez, CEO da Loggi, que se tornou um dos primeiros unicórnios brasileiros, disse que a empresa está de olho em aquisições e que a abertura de capital não está nos planos de curto prazo da empresa. “O IPO é bom para atrair investimentos, mas a prioridade é conectar o país inteiro”, disse na Live do Valor da última quinta-feira (28).

A empresa informou que 2020 foi o ano mais importante do negócio desde sua criação em 2013. “No começo de 2020, o plano era crescer 75%, mas a covid-19 trouxe novo rumo estratégico”, afirma.

A Loggi vai investir R$ 600 milhões este ano e em 2022. Mendez detalhou que o valor será dividido igualmente em desenvolvimento de tecnologia e estrutura logística. “O uso de tecnologia ajuda o processo de logística a ser rápido, barato e consiste, em um país com dimensões continentais como o Brasil”, afirma.

Mendez ressalta que o Brasil tem um potencial para multiplicar em mais de dez vezes o fluxo de entregas. “Em 2020, o país entregou 3 milhões de encomendas diárias, mas há um potencial para 30 milhões ou 40 milhões”, diz o executivo. Segundo ele, a China fez 350 milhões de entregas diárias no ano passado.

O CEO nota, entretanto, que a carta tributária é um entrave para a expansão da infraestrutura logística no país.

Mercado Pago anuncia estratégia para 2021 com novos serviços na conta digital

A plataforma de tecnologia para pagamentos e serviços financeiros Mercado Pago anunciou na última quinta-feira (28), lançamentos em diferentes linhas de negócios como parte de sua estratégia para 2021, que busca o contínuo fomento do empreendedorismo e da democratização do acesso ao comércio e ao dinheiro.

O braço financeiro que integra o ecossistema do Mercado Livre encerrou 2020 com 10 milhões de vendedores ativos, de pequenos negócios a grandes redes. Até o terceiro trimestre do ano passado, foram contabilizados mais de 20 milhões de usuários ativos no aplicativo da fintech. A pandemia também foi responsável por um outro movimento na plataforma: mais de 7 milhões de brasileiros experimentaram, pela primeira vez, uma conta digital.

“Ao longo do ano, a conta Mercado Pago facilitou o acesso da população ao auxílio emergencial e ao saque emergencial do FGTS, além de se consolidar na adoção do PIX. Em um esforço de melhoria contínua, aprimoramos muito a usabilidade dos nossos produtos, o que permitiu um enorme crescimento não só de usuários novos, como também no engajamento de todos os clientes com a plataforma”, disse Tulio Oliveira, vice-presidente do Mercado Pago.

O executivo revelou estar confiante na performance da companhia ao longo de 2021, motivado, entre outros fatores, pelo open banking. “Estamos participando da interlocução para que o sistema seja amplamente implementado em toda a sua potencialidade. Eliminar as barreiras das transações bancárias será transformador”, disse.

Outro pilar da estratégia da companhia está relacionado ao novo sistema de pagamentos instantâneos. Oliveira revelou que a rede de fast food Burger King e a varejista C&A são as primeiras parceiras do Mercado Pago para integração do PIX. No caso da primeira, cuja parceria vem desde 2019 e contempla 656 lojas e 183 franqueados, o novo modelo de pagamento vai valer, ainda no primeiro trimestre, nas lojas do BK e do Popeyes. “As grandes varejistas começam a avançar no uso do PIX e já enxergam valor em um modelo de pagamento ainda mais acessível para a população e que gera benefícios para negócios de todos os tamanhos”, diz o executivo.

Outra novidade é que, a partir de agora, usuários do Cartão Mercado Pago Visa têm a opção de pagamento por aproximação em todas as 41 estações do metrô e nas linhas de ônibus do Metrô na Superfície da concessionária Metrô Rio, nos trens e nas barcas (estações Araribóia e Praça XV) da cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, o dispositivo também é aceito em 200 linhas de ônibus da cidade de São Paulo que foram adaptadas com a tecnologia NFC.

De acordo com Oliveira, este é só o começo. A empresa acompanha, de perto, a entrada em vigor da norma sobre recebíveis, prevista para 17 de fevereiro, e a evolução do WhatsApp Pay, e garante estar aberta para qualquer integração capaz de aumentar as opções para o ecossistema da plataforma. “Estamos prevendo mais investimentos, mais crédito, novas soluções seguras de processamento de pagamentos on-line, novos produtos para empreendedores e novidades em contas digitais. Estamos trabalhando para empoderar a população brasileira e tudo isso está no nosso radar. ”

 

Descentralização do e-commerce potencializa a cadeia logística, explica executivo da Total Express

Durante palestra no The Future of E-Commerce, edição Logística, Eduardo Mayerhofer, Diretor Comercial & Marketing da Total Express, explicou um pouco sobre o processo de descentralização vivenciado hoje pelo varejo brasileiro. De acordo com o executivo, essa é uma tendência mundial que pode beneficiar as entregas e melhorar a experiência dos consumidores.

Ele usou como exemplo os faturamentos assustadores no e-commerce mundial para expressar o crescimento das vendas on-line e, como consequência, a evolução dos processos logísticos em que as empresas brasileiras podem se espelhar.

O mais impressionante, segundo Mayerhofer, é a eficiência com que de países como os Estados Unidos e China, que, em escala continental, conseguem entregar de maneira cada vez mais rápida e inovadora.

Por aqui, já se fala bastante em “same day delivery” (entregas no mesmo dia), mas a média de prazo de entrega no Brasil ainda é de 9 dias, o que afasta o país da experiência que é esperada pela tendência internacional.

Para o executivo, no entanto, essa realidade é uma grande oportunidade para o mercado. Isso porque percebe-se hoje uma descentralização do eixo Rio-São Paulo, que foi durante muito tempo o polo consumidor e distribuidor do e-commerce no Brasil.

Para ele, a descentralização traz diversos benefícios, dos quais ele cita a facilidade de entrega, fragmentação de coleta, capacidade de personalizar o atendimento de acordo com a região e a redução dos custos.

5 principais motivos para a descentralização de operações logísticas:

  • Proximidade dos consumidores e embarcadores locais;
  • Redução do tempo de entrega;
  • Redução de custos;
  • Fragmentação da capacidade de coleta;
  • Viabilização das operações de entrega no mesmo dia.

“Hoje já vemos os grandes varejistas brasileiros próximos aos outros polos consumidores do Brasil, principalmente no Nordeste”, ele explica.

Para as grandes empresas varejistas não é custoso descentralizar os estoques, por causa do forte giro dessas marcas. Porém, para os menores, não é tão simples assim: “é preciso inovar e pensar em alternativas”, diz Mayerhofer.

Os marketplaces, por sua vez, vêm pensando na oferta de facilidades para os lojistas das plataformas, principalmente os pequenos e médios.

“É daí que surge essa necessidade dos marketplaces em construir CDs em múltiplas localidades”, argumenta o executivo, pois isso acaba auxiliando a distribuição e a capilaridade dos lojistas das plataforma, o que, por sua vez, torna-se uma alternativa para os menores.

Ship from store

Segundo ele, a modalidade que mais cresceu entre os varejistas em 2020 foi o ship from store (a entrega vinda da loja).

Além de usar o estoque da loja para fazer a entrega do e-commerce, o ship from store ajuda na regionalização do e-commerce e também na redução de custos e desperdícios para a marca. Funciona basicamente como um hub logístico.

Um estoque menos central, porém localizado perto dos consumidores, torna-se uma vitrine virtual que agiliza o giro de produtos e ainda beneficia a receita da loja.

De acordo com Eduardo, algumas marcas conseguem aumentar em até 30% os lucros com essa estratégia.

Benefícios do ship from store:

  • Aumento da receita;
  • Regionalização;
  • Otimização;
  • Menor desperdício;
  • Minimização de riscos.

F2C

Ligar a indústria ao consumidor final também é uma alternativa viável em alguns casos: na China e nos EUA, esse tipo de estratégia já vem se mostrando muito lucrativa. Conhecida como F2C (Factory to consumer), nela são eliminadas as etapas intermediárias entre indústria e consumidor final (como a distribuição e as redes varejistas), permitindo a venda por um preço mais baixo e aproveitando os estoques e malha de distribuição da própria fábrica.

Dark stores

O conceito de dark stores (algo como “lojas escuras”, em Português) se tornou muito popular em 2020 em decorrência do fechamento das lojas durante os primeiros meses da pandemia.

Não é propriamente o estoque da loja física, pois estes espaços não estão abertos ao consumidor do estabelecimento, mas servem como pequenos espaços mais próximos dos polos consumidores para entrega exclusiva do e-commerce. Muitas vezes aproveitando a estrutura física de estabelecimentos da marca já existentes.

Porém, com tantas alternativas de entrega, por que os prazos não diminuem?

Segundo o executivo, a redução dos voos e a dependência do mercado aéreo prejudicou muitas entregas em escala global e regional também, o que aumentou os prazos em 2020.

Ele espera que com a lenta retomada das atividades em 2021, haja uma mudança de prazos novamente. “Nós, consumidores, somos quem determinamos quais são as necessidades de produção da indústria ou não”, ele explica.

Para ele, o mercado logístico já está mudando. As empresas estão cada vez mais preocupadas em atender de maneira flexível as empresas médias e pequenas, tirando um pouco a dependência dos lojistas das grandes (e caras) transportadoras tradicionais que não se adaptaram.

Pudos

Nova modalidade de entrega, ainda sem tradução, que serve como ponto de transferência secundária, como uma lavanderia ou loja de outra categoria. Trata-se de pontos de “pick up ou drop off”, que funcionam como pontos de retirada e despache de mercadorias.

  • Beneficiam os consumidores que moram em locais de difícil acesso fora da área de cobertura das transportadoras;
  • Beneficia as lojas que não tem uma vazão grande e precisam de soluções logísticas para pequenas quantidades;
  • E beneficia também as transportadoras, que conseguem atender mais lojas e consumidores, dando vazão às demandas que antes ficavam represadas pela dificuldade de entrega.

O The Future Of E-Commerce – Logística 2021 abre o calendário de eventos do E-Commerce Brasil em 2021. Todas as palestras serão disponibilizadas no canal do ECBR no YouTube nos próximos dias.

Startups do varejo têm o melhor ano da história

As retailtechs, como são chamadas as startups dedicadas à transformação digital do varejo, captaram US$ 678 milhões em 2020, volume recorde distribuído em 40 rodadas. O montante acumulado ao longo dos últimos 12 meses é 30% superior ao volume investido no setor em 2019, ano que atingiu a marca de US$ 521 milhões. Os dados são do Inside Retailtech Report, levantamento mensal realizado pelo Distrito Dataminer, braço de inteligência de mercado da empresa de inovação aberta Distrito.

Em dezembro, uma das startups que receberam investimento foi a Dolado, plataforma que tem como objetivo digitalizar pequenas e médias empresas, apresentando ao consumidor comércios do entorno. A retailtech captou US$ 2,2 milhões em uma rodada liderada pela Valor Capital Group, que ainda contou com Global Founders Capital, Provence, Norte Capital e outros investidores anjo.

No ano passado, o setor também alcançou um recorde no número de fusões e aquisições – 18, sete a mais do que em 2019. Entre eles, a aquisição da plataforma de pagamentos Vindi pela Locaweb A transação foi realizada em outubro, com valor de US$ 32,3 milhões.

De acordo com o levantamento, o Brasil conta hoje com 731 retailtechs. A maior parte delas é voltada para soluções focadas na operação do varejo (28,5%). A segunda categoria que mais reúne startups é a de e-commerce (22,7%), seguidas por aquelas que atuam no engajamento do consumidor (17,5%).
O estudo aponta, ainda, que em 2021 as startups que atuam com e-commerce novamente irão repetir o feito do último ano e continuar como o destaque do setor. O estudo estima que pelo menos 20 aportes em estágios avançados (Series A e superiores) devam ocorrer no setor ainda este ano. Além disso, a expectativa é que o tíquete médio destas rodadas continue a aumentar.

Vendas on-line de acessórios pessoais alcançaram US$ 15 bilhões em 2020

A pandemia acelerou a adoção do comércio digital, mas a aceitação varia com a faixa etária. Os consumidores, especialmente os grupos mais jovens, são indiferentes à escolha entre atividades físicas ou virtuais, pois eles já não distinguem uma da outra. Em 2020, as vendas on-line globais de acessórios pessoais chegaram a US$ 15,8 bilhões.

Segundo dados do relatório Euromonitor International Digital Consumer Survey, divulgado nesta semana, os consumidores mais jovens preferem as interações digitais, enquanto 68% dos consumidores maiores de 60 anos preferem falar com representantes humanos. Os dados foram coletados entre março e abril de 2020.

Dados do levantamento mostram que os consumidores recorreram aos dispositivos com conexão à internet para manter suas rotinas em meio aos lockdowns que marcaram a pandemia de Covid-19. Usando tecnologias como videoconferência, aparelhos inteligentes, realidade aumentada (RA) e realidade virtual (RV), os consumidores criaram novos hábitos de trabalho, estudo, prática de exercícios, compras e socialização.

De acordo com o relatório, estas ferramentas digitais viabilizaram a Realidade Figital, que mantém os consumidores conectados virtualmente ao mundo exterior apesar da distância física. 87% dos consumidores possuem um smartphone, e estes aparelhos facilitam a adoção de protocolos mais seguros nos espaços físicos.

Outras formas de interação on-line

Os negócios físicos e tradicionais também evoluirão. As empresas dos setores de alimentação e varejo também estão repensando suas lojas físicas, aproveitando os espaços para atendimento de pedidos on-line ou retirada no local.

As empresas estão oferecendo novos produtos via delivery, bem como serviços virtuais que replicam experiências do mundo exterior.

Diante da relutância dos consumidores em visitar lojas lotadas e interagir com humanos, os supermercados se adaptaram rapidamente, oferecendo serviços de pedidos on-line e até entregas por robôs. Segundo o relatório, 44% dos consumidores receberiam tranquilamente uma entrega realizada por um drone ou robô.

A sociedade já estava adotando métodos de pagamento sem dinheiro em espécie ou cartões tradicionais, e a pandemia acelerou esta transição. 20% dos consumidores usam métodos de pagamento via celular diariamente, de acordo com a Euromonitor.

Se quiser baixar o relatório completo, acesse a página da Euromonitor International.

Tudo caminha para WhatsApp Pay vir integrado ao Pix, diz Cielo

O WhatsApp Pay deve receber autorização para funcionar no Brasil no primeiro semestre deste ano. A expectativa é do presidente da Cielo, Paulo Caffarelli.

“Está muito próximo da autorização. Isso deve acontecer no primeiro semestre ainda. Não falo em primeiro trimestre, mas no primeiro semestre. Todos os requisitos solicitados pelo Banco Central às bandeiras foram prestados”, afirmou ele.

Entre as exigências do BC estava a de que o WhatsApp Pay se credenciasse como iniciador de pagamentos. “Respeito essa condição, porque é importante rastrear o fluxo de pagamento. Até porque a expectativa é que tenha uma participação expressiva [nos pagamentos]”, afirmou o presidente da Cielo.

Segundo ele, o novo meio de pagamento deve vir integrado ao Pix. “Tudo caminha para isso.”

Aculturamento

E por que o Pix ainda não pegou como meio de pagamento? Caffarelli disse que isso é uma questão de cultura e que leva tempo mesmo. Ele citou como exemplo os pagamentos com NFC (por aproximação), que ganharam escala durante a pandemia.