E-commerce em alta impulsiona startups de logística no Brasil

Ao negociar grandes volumes, logtechs conseguem preços competitivos e alta capilaridade pelo País, melhorando a qualidade das entregas.

As vendas on-line cresceram 47% no primeiro semestre de 2020, segundo estudo feito pela Ebit Nielsen em parceria com a bandeira de cartões Elo. Essa é a maior alta nos últimos 20 anos e ela foi impulsionada pelo fechamento forçado de lojas físicas, por conta da pandemia do coronavírus. Apesar desse avanço, a mudança também expôs a dificuldade de pequenos e médios empreendedores com a logística.

A pesquisa mostra que a média de tempo de envio de encomendas foi de 11,3 dias, maior que os 10,6 dias observados no mesmo período do ano passado. Por isso, empresas intermediadoras, como as logtechs (ou startups de logística), passaram a ser mais procuradas para ajudar empresas a gerir as entregas.

Esse modelo de negócio se concentra em cobrar uma taxa para recolher encomendas em diversos e-commerces e depois selecionar e organizar diferentes serviços de transportadoras para enviar as compras aos clientes. As startups são responsáveis por todo o processo logístico da venda e, como trabalham com grande quantidade de produtos e vendedores, conseguem barganhar os valores de fretes e definir melhores estratégias de trajetos e entregas. Também podem se responsabilizar pelo gerenciamento de reclamações de clientes.

No último mês, o Estadão PME publicou um buscador com 28 empresas de entrega para o empreendedor comparar os principais serviços disponíveis no mercado, sem intermediários. O que logtechs como Mandaê, Smart Envios ou Melhor Envio fazem é justamente resolver essa ponte desde a saída do produto do estoque até as mãos do cliente.

Rubens Massa, professor do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV (FGVcenn), explica que a logística é um dos quatro pilares essenciais para uma empresa, junto com o produto, o preço e a divulgação. “Uma intermediadora é usada primeiro para resolver todos os problemas em um único lugar, já que você faz uma contratação multimodal e multidestino pela mesma empresa, e segundo para aproveitar os ganhos de escala, porque diferentemente de um negócio feito só por você, esses lugares estão fazendo negociações em um alto volume e conseguem melhores preços”, explica.

Desafio

Para Marcelo Fujimoto, CEO e cofundador da Mandaê, o fato de o mercado de transporte no Brasil ser fragmentado é um grande desafio para os e-commerces. “Saber qual empresa poderia entregar suas encomendas em uma região específica com certo tipo de carga determinada é muito trabalhoso. ”

O processo de negociação, acompanhamento e registro de possíveis insatisfações no envio de cada produto, diz Fujimoto, são tarefas que tomam muito tempo do empreendedor. Ele defende que a terceirização da logística permite que o vendedor se dedique a outros pilares do negócio, como o marketing e o desenvolvimento de produtos.

Outro ponto das logtechs intermediadoras é o alcance de distribuição, já que seus catálogos compreendem diferentes empresas de envio em todas as regiões do País. “Cada transportadora possui sua especialidade. Por exemplo, os Correios são mais competitivos para pequenos objetos nos trechos entre grandes cidades. A Jadlog é melhor entre cidades que possuem franqueados da transportadora, mesmo que sejam cidades pequenas. Já as aéreas são mais interessantes em entregas expressas de objetos grandes e pesados”, exemplifica Éder Medeiros, CEO e fundador da Melhor Envio.

Muitos dos serviços de intermediadoras são criados para serem integrados aos e-commerces. Na Smart Envios, por exemplo, o sistema permite que o empreendedor escolha quais e quantas transportadoras serão indicadas como opção para o consumidor e também que se altere a identificação de “envio expresso” ou “envio normal”, dependendo do caso.

“O vendedor cria as suas próprias regras dentro da plataforma. Nós fazemos uma pré-consultoria para fazer recomendações, mas é tudo bem personalizado. E, ainda assim, incluindo a nossa taxa, o cliente economiza de 20% a 30% do que se ele fizesse a seleção de transportadoras sozinho”, diz Rafael Mazza, CEO da Smart Envios.

Porém, o professor Rubens Massa explica que existem pontos de atenção que devem ser monitorados ao contratar uma intermediadora. “O empreendedor não tem o contato estreito com a transportadora, então ele não deve confiar cegamente nessa solução. A regra de ouro para esses casos é sempre fazer pelo menos três orçamentos, um deles por meio da intermediadora e os outros dois de forma independente”, diz.

 

E-commerce deve fortalecer comércio exterior em 2021

Setor deve ter saldo positivo com produtos vendidos on-line

Embora diante de um cenário ainda imprevisível, empresas ligadas ao comércio exterior, especialmente as grandes varejistas do e-commerce, estimam encontrar um caminho mais positivo no primeiro trimestre de 2021. A análise foi feita por Flávio de Faria Rufino, diretor operacional e comercial na Ascensus Trading & Logística, e Pietro Paroni, gerente geral de desenvolvimento de negócios na Multilog em debate on-line promovido pela Pinho Logística, empresa especializada em comércio exterior e logística aduaneira.

A reação mais positiva da economia nos últimos meses, em especial do varejo, propiciou o aumento da importação de não duráveis, como alimentos e bebidas. “Produtos que estão dentro do e-commerce tendem a crescer, assim como o varejo. Embora 2021 apresente desafios até maiores do que 2020, há uma certa expectativa de que até março teremos um aumento de produção para atender o varejo em diversos segmentos”, acredita Rufino.

Já Paroni lembra que o crescimento do e-commerce se deve à quebra de vários paradigmas. “Vimos fenômenos de demanda reprimida em diversos segmentos no segundo semestre, especialmente em eletroeletrônicos, eletrodomésticos, games e bebidas. Esses produtos devem continuar em alta, pois a pandemia quebrou padrões de consumidores que não compravam pela internet. Agora vemos pessoas utilizando plataformas on-line para comprar desde aspirador de pó até alimentos”, analisa.

Um exemplo de mudança no comportamento do consumidor aparece no segmento de lata de alumínio, seja para refrigerante ou cerveja, que deixou de ser consumida nos bares e casas noturnas (onde dividia espaço com garrafas de vidro) e veio com força para as casas dos consumidores. Com a alta no consumo pela pandemia, empresas recorrem às importações. “Não temos falta de alumínio, e sim de produção industrial de latas na escala necessária a esse novo padrão de consumo”, analisa Rufino

Tecnologia

Outra quebra de paradigma causada pela pandemia foi a digitalização de um dos setores mais tradicionais do país. Com novos processos, o segmento precisou se modernizar rapidamente, fenômeno que deve continuar ainda mais em 2021.

“A crise fez os órgãos reguladores – como Ministério da Agricultura, Receita Federal, Inmetro – aceitarem assinatura eletrônica nos documentos de despacho aduaneiro, que eram obrigatoriamente físicos até então”, conta Pietro.

“Na gestão, o trabalho de forma remota também teve impacto não só na redução de custos com viagens, como também na agilidade para decidir. Hoje, conseguimos aumentar consideravelmente nossa eficiência operacional e acelerar os esforços de digitalização do comércio exterior no Brasil”, diz Rufino.

Casas Bahia e Amazon foram as que mais atraíram o consumidor ditigal

A Casas Bahia (Via Varejo) e a Amazon, nesta ordem, foram as varejistas que mais aumentaram tráfego de clientes no ambiente digital no ano da pandemia, mais que dobrando o volume de visitas de consumidores ao longo de 2020. As vendas crescem quando há conversão desse tráfego em compras efetivadas.

O Ponto frio ficou em terceiro e o Magazine Luiza, em quarto lugar, nesse ranking calculado pelo Valor com base em relatório da equipe de análise do BTG Pactual, publicado na última segunda-feira (11), sobre o comércio eletrônico no país e número de visitas mensais a cada site.

Mercado Livre e Submarino (B2W) tiveram a menor taxa de crescimento para esse indicador no ano passado. Há efeito da base de comparação de cada empresa, já que operações mais maduras no ambiente on-line no Brasil — como é o caso de ambas — tendem a ter expansões menos fortes.

Na prática, uma varejista até pode ter um grande volume de visitas, mas não conseguir ser eficiente em suas ações para transformar isso em vendas. E outra pode manter tráfego numa expansão mais constante e ser hábil na conversão. Mas, naturalmente, companhias com índices de visitação muito baixos ou visitas em queda tendem a ter mais dificuldades em aumentar receita.

Números em destaque

A Amazon teve um aumento de 127% no número de visitantes médio mensal no bimestre de novembro e dezembro (Black Friday e Natal) versus janeiro. Nas redes da Via Varejo, a Casas Bahia apurou alta maior, de 153%, e no Ponto Frio, de quase 125%.

Foi utilizada a média do bimestre para não analisar isoladamente apenas o Natal ou a Black Friday, o que poderia limitar a comparação. As redes já têm tratado os números nas duas datas de forma unificada. Os dados do BTG são obtidos na empresa de análise e coleta de dados SimilarWeb.

Amazon e Casas Bahia aceleraram suas ações no on-line a partir de 2019, quando passaram a colher resultados melhores e, para analistas, ainda não têm bases maduras de comparação. Mesmo assim, chama a atenção o avanço de ambas.

A Casas Bahia, na média de novembro e dezembro, apurou tráfego médio de 102 milhões de pessoas ao mês, se aproximando do Magazine Luiza, com 110,6 milhões. O líder no país é o Mercado Livre, com média mensal no bimestre de 352 milhões de visitas.

No Magazine Luiza, a expansão nas visitas foi de 76,2% no bimestre versus janeiro, seguido de Americanas.com (B2W), com 58,3%. No Mercado Livre, a expansão foi de 31%.

Poucos dados públicos

Já na comparação de novembro e dezembro, em relação a outubro, a companhia que mais cresceu em tráfego foi o Submarino (38%), seguido de Magazine Luiza (32%) e Casas Bahia (29%). Esses números são relevantes pois mostram quais as empresas que conseguiram transformar ações de mídia no fim do ano em mais visitas em suas plataformas. O Mercado Livre teve a menor alta no intervalo, de 12%.

Nas últimas semanas, não houve publicação de novos dados sobre o desempenho das varejistas no fim de 2020, principal período de vendas no setor. Entre as empresas, apenas a Via Varejo acabou publicando informações, o que limitou a avaliação por parte de investidores e analistas.

 

Ecossistemas e as tendências do B2B em 2021

É impossível pensar nas tendências de 2021 sem um olhar realista para tudo o que a pandemia provocou em 2020. Novos comportamentos dos clientes levaram à adoção imediata de tecnologias já disponíveis e ainda pouco utilizadas e vimos a ascensão global dos ecossistemas. Marcas que já estavam em um ponto mais avançado da transformação digital saíram na frente, óbvio, mas a corrida continua em um processo acelerado que define o futuro.

A busca por parcerias estratégicas se mostra o caminho mais rápido para atender a multiplicidade de demandas dos clientes. Nesse contexto, despontam os ecossistemas digitais com retornos muito positivos para quem se uniu aos ícones da tecnologia visando oferecer experiências significativas. Quando você não tem tempo de encontrar alternativas isoladas, a solução é se unir aos que estão mais adiantados, um modelo que promove a evolução do mercado e potencializa resultados para todos.

Sempre que eu observo as tendências costumo ter um olhar holístico. Tudo o que acontece em diferentes setores da economia e aspectos da vida humana afeta os negócios e acabamos de confirmar isso com a pandemia. Também é interessante ver o que estamos deixando para trás, porque ali está a base das direções que se apresentam para o futuro. De acordo com o relatório da Deloitte “2021 Global Marketing Trends: find your focus” há sete palavras mágicas. Elas oferecem um caminho para ajudar os clientes, a força de trabalho e a sociedade em um momento em que, coletivamente, mais precisamos:

  • Propósito: mostra como as organizações que sabem porque existem e para quem foram criadas estão melhor posicionadas para navegar por mudanças sem precedentes.
  • Agilidade: ajuda os líderes a galvanizar ferramentas já existentes para projetar seu roteiro organizacional para um marketing ágil e relevante.
  • Experiência Humana: explica porque as organizações devem ser mais humanas e equilibrar as necessidades de negócios com valores humanos para responder rapidamente às necessidades dos seus clientes e colaboradores.
  • Confiança: fala sobre a importância de cumprir promessas autenticamente, garantindo que a mensagem e a entrega sejam congruentes.
  • Participação: mostra como a estratégia de engajamento do cliente está evoluindo para se tornar uma via de mão dupla e se inclinando para a participação em seus níveis mais profundos.
  • Fusion: lança luz sobre a convergência entre setores. Mostra como as organizações criativas estão superando suas mentalidades defensivas para fundir parcerias que integrem percepções do cliente e plataformas digitais.
  • Talento: discute como os profissionais de marketing podem incorporar o aprimoramento de habilidades para transformar em uma força competitiva.

Desse olhar abrangente para o todo, vamos às tendências apontadas pela Forrester que confirmam os aprendizados de 2020: COVID Wrote The Business Case – Our Future is Digital. Para 2021, a previsão é que as empresas vão acelerar ainda mais a transformação digital com foco nos clientes em 5 Ps: products, practices, platforms, partners, places. Eles serão utilizados para quebrar a transformação do big bang em pedaços menores para avançar mais rápido e mostrar os resultados mais cedo.

1 – Products

Os produtos e serviços digitais são a maneira pela qual você reinventará seus modelos de negócios e relacionamentos com clientes. Ao final de 2021, esperamos que 30% das empresas do Global 2000 tenham um portfólio significativo de produtos digitais; e 20% tenham divisões digitais dedicadas ao lançamento de produtos disruptivos — a fim de acelerar sua transformação para a participação total do ecossistema.

2 – Practices

Cada nova divisão digital adotará a inovação por meio de ecossistemas. Aqui, a esperança é de que mais 50% das empresas tornem a transformação centrada na nuvem uma prioridade. Ou seja, movendo aplicativos operacionais essenciais para os negócios e todos os aplicativos de experiência para a nuvem. As práticas ágeis irão infundir todas as facetas do planejamento e execução, abrangendo negócios, operações e equipes de tecnologia.

3 – Platforms

Em 2020, o planejamento de recursos empresariais se transformou em plataformas de operações digitais (DOPs), concebidas como o backbone ágil e baseado em IA de seu núcleo digital. Em 2021, os fornecedores adaptarão os DOPs com funcionalidades mais específicas do setor. As empresas também irão expandir seu uso de sistemas de ponte, como gerenciamento de informações de produtos ou plataformas de mercado. Tudo para acelerar a mudança digital e impulsionar a excelência operacional.

4 – Partners

A pandemia forçou uma decisão existencial: o quão menos você poderia fazer e o quão máximo poderia obter dos parceiros? Essa inovação por meio dos ecossistemas — antes superpotência exclusiva das startups — se tornará a estratégia de todas as iniciativas digitais. Os provedores de serviço buscarão ser seu parceiro de co-inovação e apoiarão a troca de valor por meio da adoção de preços baseados em resultados.

5 – Places

As marcas vão se alargar onde colocam um botão “comprar”. Para os líderes digitais, não será apenas uma decisão entre o Shopify + e a codificação personalizada de uma solução de headless commerce — ou Facebook Shops e Amazon Business. Tratarão de experimentar e unificar todos esses canais, sustentados por investimentos em personalização, gestão de ativos digitais e até realidade aumentada e virtual, que se acelerarão à medida que os vendedores buscarem se destacar na prateleira digital e impulsionar os rankings de busca.

Todas essas tendências estão impactando o B2B, que recebe continuamente a influência do mercado B2C. As pessoas comprando no mundo dos negócios são as mesmas que usam a Amazon para o consumo cotidiano e elas também buscam por as facilidades e experiências positivas. A empresa de tecnologia Boost High identifica as tendências do e-commerce B2B para 2021, apontando o fortalecimento de práticas e tecnologias que já estão presentes no universo das marcas mais avançadas:

  • Omnichannel para B2B se concentra principalmente na integração de processos individuais dentro da empresa e em torná-lo um processo de compra sincronizado;
  • Visualização com recursos de vídeos e AR(realidade aumentada) para oferecer uma Experiência de compra única;
  • Personalização baseada em dados pode aumentar a taxa de conversão porque os usuários encontrarão o que procuram de forma mais rápida e eficaz;
  • Comércio eletrônico baseado em dados. Todas as tendências anteriores são soluções baseadas em dados. Isso significa que precisamos de uma quantidade significativa de dados estruturados para entregar o resultado esperado;
  • IA e chatbots. A Inteligência Artificial é a tecnologia mais importante que moldará o futuro do e-commerce. As soluções de IA permitem que as empresas ofereçam serviços, produtos e até experiências de marca completamente novos.

Como mostrei, um novo comportamento de consumo surgiu com a pandemia exigindo respostas ágeis de todos os mercados. As tecnologias que estavam na prateleira encontraram o momento certo de uso que foi o “agora mesmo”. Quando mergulhamos no poço mais profundo precisamos encontrar as melhores alternativas para sair, mesmo que seja voando. Em 2020 não foi diferente e nós já entendemos que o digital se mostrou a saída possível, abrindo novas e poderosas possibilidades de criar um novo contexto que emergiu do caos. Que em 2021 possamos continuar crescendo nesses e em outros aprendizados.

 

China pressiona gigantes de tecnologia para compartilhar dados de crédito de consumidores

China planeja pressionar gigantes da tecnologia, incluindo Ant Group, Tencent e JD.com, para compartilhar dados de empréstimos ao consumidor para evitar o excesso de empréstimos e fraudes, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto, no último aperto de escrutínio de Pequim.

Se implementado, o plano acabaria efetivamente com a abordagem laissez-faire do governo ao setor. As grandes plataformas da internet tendem a resistir à entrega de seus dados, um ativo crucial que os ajuda a executar operações, gerenciar riscos e atrair novos clientes.

Os reguladores chineses, incluindo o Banco Central, planejam instruir as plataformas da internet para fornecer seus vastos dados de empréstimos a algumas das agências de crédito em todo o país.

As agências, administradas ou apoiadas pelo Banco Popular da China (PBOC), compartilharão os dados de forma mais ampla com bancos e outros credores para avaliar adequadamente os riscos e evitar o excesso de empréstimos.

Ant e Tencent não quiseram comentar. JD.com e o PBOC não responderam imediatamente aos pedidos de comentários, segundo reportagem da Reuters.

As pessoas não quiseram ser identificadas porque não estavam autorizadas a falar com a mídia. Os detalhes da proposta regulatória para incluir a Tencent e a JD.com no acordo de compartilhamento de dados do empréstimo não foram informados.

Controle de dados

O plano se soma às propostas recentes para aguçar o escrutínio dos campeões de tecnologia e controlar a construção de impérios, principalmente no setor financeiro. A mudança ajudou a provocar o colapso dramático da oferta pública inicial de US$ 37 bilhões da gigante da fintech Ant em novembro.

Desde então, os reguladores lançaram uma investigação antitruste no ex-controlador do Ant, Alibaba, e ordenaram que a empresa fintech sacudisse seus negócios de crédito e financiamento ao consumidor.

A mais recente proposta regulatória para empresas de internet também vem no momento em que Pequim começa a se preocupar com os controles de risco frouxos nos bancos, principalmente os menores, em termos de empréstimos ao consumidor e sua dependência excessiva de plataformas como a Ant para encontrar clientes.

“Os bancos menores geralmente ficam em uma posição mais fraca quando fazem parceria com gigantes da fintech como o Ant. Eles confiaram fortemente nos dados do Ant para subscrever empréstimos e gerenciar riscos ”, disse um regulador sênior.

“Quando a inadimplência acontece, eles têm que arcar com a maior parte das perdas”, disse o regulador, que não quis ser identificado por causa da delicadeza do assunto. “É crucial que os credores tenham melhor acesso a dados de crédito mais abrangentes e detalhados sobre os tomadores”.

Crédito do cliente

A última tentativa regulatória provavelmente diminuiria a escala e a lucratividade dos negócios de crédito das grandes empresas de tecnologia. Essa área é bastante promissora, já que as empresas cobram altas taxas de serviço dos bancos em troca do acesso a milhões de clientes que usam dados de propriedade.

Por meio de seu superaplicativo Alipay, o Ant coleta dados de mais de 1 bilhão de pessoas, muitas das quais são jovens e usuários da internet sem cartões de crédito ou registros de crédito suficientes em bancos, bem como 80 milhões de comerciantes, de acordo com o prospecto da empresa e analistas.

O Ant opera o Sesame Credit, uma das maiores plataformas privadas de classificação de crédito da China, com algoritmos e metodologia proprietários que avaliam pessoas e pequenas empresas com base no uso de serviços vinculados ao Ant.

A empresa oferece informações limitadas sobre mutuários a cerca de 100 bancos e cobra as chamadas “taxas de serviços de tecnologia” — um corte de 30% a 40%, em média, dos juros sobre empréstimos que facilita, estimam analistas.

O saldo de empréstimos ao consumidor da Ant ficou em 1,7 trilhão de yuans (US$ 263 bilhões) no final de junho, respondendo por 21% de todos os empréstimos de curto prazo ao consumidor emitidos por instituições financeiras chinesas, de acordo com seu prospecto de IPO e dados do PBOC.

Em comparação com o Ant, os rivais Tencent e JD.com administram negócios de crédito ao consumidor relativamente menores.

O WeBank, credor privado da Tencent, opera a unidade de micro-empréstimos Weilidai desde 2015, que fez mais de 460 milhões de saques de empréstimos no valor total de mais de 3,7 trilhões de yuans no final de 2019, de acordo com o relatório anual de 2019 do WeBank.

O braço fintech da JD.com, JD Digits, opera duas plataformas — Baitiao e Jintiao — que combinaram 70 milhões de usuários ativos anuais e arrecadaram um total de 4,4 bilhões de yuans em taxas de serviço de tecnologia durante o primeiro semestre de 2020.

A Jintiao facilitou empréstimos ao consumidor no valor de apenas 261 bilhões de yuans no mesmo período do ano passado, de acordo com o prospecto da JD Digits.

Logística: IA e sustentabilidade estão no radar das empresas

Na área de logística, o impacto da Covid-19 acelerou tendências que já estavam encaminhadas, como análise de big data, robótica, automação e IoT (Internet das Coisas), todas sustentadas por uma evolução constante da Inteligência Artificial, como aponta a 5ª edição do estudo “Logistics Trend Radar”, realizado pela DHL e que indica tendências atuais e futuras a cada atualização.

A pesquisa é resultado de uma análise de macro e micro tendências, bem como dos insights de institutos de pesquisa, especialistas do setor tecnológico, startups e clientes da companhia. Mais de 20 mil profissionais de logística e de tecnologia compartilharam suas perspectivas sobre o futuro do setor ao visitar os Centros de Inovação da DHL nos últimos dois anos. Os resultados dessas interações foram consolidados no “Logistics Trend Radar”.

Veja alguns insights da última edição do estudo.

Tecnologia

A Covid-19 trouxe mudanças relacionadas à inovação logística, automação, trabalho digital e acelerou em anos a digitalização do setor. Por outro lado, muitas tendências inicialmente percebidas como mudanças disruptivas para a esfera logística ainda precisam atingir seu potencial. Veículos autônomos e drones continuam restritos aos desafios legislativos e técnicos, bem como pela limitada aceitação social.

De computação em nuvem à robótica colaborativa, análise de big data, Inteligência Artificial e IoTs, os profissionais da área precisam entender um vasto cardápio de novas tecnologias.

Tornou-se imperativo para o sucesso a longo prazo modernizar todos os pontos de contato das cadeias de suprimentos, desde a jornada digital ou do cliente até o transporte integral e a entrega no trecho de destino. Segundo o estudo, aqueles que adotarem as novas tecnologias e incrementarem as habilidades das forças de trabalho mais rapidamente terão uma vantagem competitiva no mercado.

E-commerce

O rápido crescimento do e-commerce ainda representa uma fração dos gastos globais de varejo dos consumidores. A pandemia do coronavírus contribuiu para a aceleração do crescimento de alguns segmentos de comércio eletrônico e das agendas de inovação da cadeia de suprimentos.

Os principais movimentos para escalar e adotar novas tecnologias, como automação física inteligente, ferramentas de visibilidade com base em IoT e recursos preditivos de Inteligência Artificial, acabarão por definir a capacidade de atender às crescentes demandas dos clientes e garantir futuras posições de liderança no setor.

Sustentabilidade

Com governos, cidades e fornecedores de soluções comprometidos em reduzir as emissões e resíduos de CO2, a sustentabilidade se tornou fundamental para o setor de logística. Indicado pela crescente demanda por soluções sustentáveis para reduzir desperdícios, alavancar novas técnicas de propulsão e otimizar instalações, ela também está no topo das agendas da cadeia de suprimentos.

Hoje, vários países contam com mais de 90 proibições de plásticos de uso único, além das embalagens volumosas que respondem por 40% do espaço ocioso nas encomendas, que torna inevitável a reflexão sobre as embalagens.

A logística sustentável, em especial a otimização de processos, materiais, novas técnicas de propulsão e instalações inteligentes, oferece um potencial para que operações ecologicamente corretas. A conteinerização inteligente no transporte também será importante no desenvolvimento desse formato para entregas em cidades congestionadas.

DHL Supply Chain e Trackage desenvolvem solução móvel para gestão de pátio

O engajamento da DHL Supply Chain, especialista em armazenagem e distribuição, em fomentar o ecossistema de inovação no Brasil já traz soluções com impactos significativos para as operações logísticas. A mais recente é fruto de uma parceria entre a DHL Supply Chain e a startup Trackage, que realiza otimização de processos logísticos baseado em rastreabilidade, para o desenvolvimento de uma solução mobile inovadora para a gestão de pátio (entrada e saída de caminhões) em Centros de Distribuição (CDs) de grande porte. Denominada Maestro, a solução possibilita reduzir em até 50% o tempo de espera dos motoristas para carga e descarga, e dá mais visibilidade e controle às operações. Baseada em um aplicativo para celular utilizado pelos caminhoneiros, a iniciativa quase zerou o contato humano nestes processos, contribuindo assim para reduzir riscos associados à disseminação da COVID-19.

A solução foi implantada no CD da Unilever, multinacional de bens de consumo, em Pouso Alegre (MG). Com 87 mil m² de área, a instalação tem 135 docas, recebendo de 100 a 250 carregamentos por dia. Antes da nova abordagem, o ingresso de veículos para coleta e descarga envolvia várias etapas como a realização de cadastrado manual e contato humano. Com o Maestro, o motorista utiliza um aplicativo em seu smartphone, pelo qual faz, de forma autônoma, seu cadastro. A partir disso, a DHL Supply Chain tem a confirmação de chegada e de localização no pátio, gerindo, de forma remota e individualizada, todas as instruções de movimentação. O cliente também tem visibilidade de todo o processo, que inclui indicadores de desempenho em um dashboard especial e em tempo real.

“Este projeto extrai um valor muito grande de tecnologias no mercado a um custo viável. O impacto no dia a dia é muito grande, reduzindo o tempo de espera dos motoristas, aprimorando a segurança e dando mais eficiência à logística interna do CD. Permite uma gestão mais ativa destas atividades, pois temos visibilidade constante no dashboard. A iniciativa foi bem recebida pelas transportadoras parceiras também, tanto que algumas estão doando smartphones a motoristas que não possuem o aparelho. Já temos mais de 2.500 motoristas cadastrados”, explica Lilio de Souza Rocha Neto, Evangelizador em Inovação da DHL Supply Chain no Brasil.

Para o CEO da Trackage, Victor Hugo Moreira, este tipo de tecnologia aplicada em serviços é uma necessidade evidente para o setor. “As empresas têm uma necessidade latente de reduzir custos, otimizando seus processos logísticos com a utilização da tecnologia e dispositivos IoT, possibilitando uma visão e gestão estratégica de toda operação, com inteligência de dados e indicadores que possibilitem melhores tomadas de decisão”, explica.

Aceleração

A DHL Supply Chain teve o primeiro contato com a Trackage na aceleradora e hub de inovação Weme, de Campinas. Em 2019, foi realizado um pitch com 20 startups para o desenvolvimento de soluções inovadoras para o mercado logístico. Depois de duas rodadas de avaliação, a Trackage foi selecionada por unanimidade. A startup teve acesso às operações da DHL Supply Chain e seguiu uma mentoria de negócios e logística para desenvolver uma solução prática e viável para a gestão de pátios com base em conhecimento e tecnologia de monitoramento inteligente.

“Foi uma troca muito positiva e produtiva de ambos os lados. Tivemos acesso ao vigor, agilidade e olhar inovador das startups e a Trackage teve acesso à experiência, conhecimento técnico e rede de contatos de uma multinacional”, afirma Lilio Neto. A estrutura de internet era um ponto crítico no projeto, porém a colaboração levou a uma melhor resolução para essa questão. A parceria da Trackage com uma operadora de internet possibilitou uma opção mais competitiva. Do outro lado, a DHL Supply Chain auxiliou a startup a formatar o mínimo produto viável, o contrato de prestação de serviços, além de sugerir alguns aspectos de marketing e operacionais.

 

Novos Players no Setor- Bancos Digitais Aumentam Participação no Brasil

Os novos hábitos adquiridos pela população durante o isolamento social aceleraram a participação dos bancos digitais no Brasil.

Um levantamento da consultoria UBS Evidence Lab mostra que, em 2020, pela primeira vez, a parcela de downloads de aplicativos dos novos players ultrapassou a de instituições consideradas tradicionais.

Em 2019, a participação dos bancos era de 52% e dos novos, de 48%. No ano passado, essa posição se inverteu, com os bancos digitais alcançando 52%. Segundo o estudo, o país tem mais de 60 milhões de contas digitais, sem considerar os números do Caixa Tem (aplicativo utilizado para o pagamento do auxílio emergencial).

Amazon trabalha em tecnologia para oferecer produtos de acordo com o humor do cliente

A Amazon registrou nos EUA a patente de um projeto para usar tecnologia de reconhecimento facial para tentar determinar o humor de uma pessoa por meio de suas expressões faciais e, assim, conseguir adaptar ou editar o conteúdo para se adequar ao humor do consumidor.

Se o cliente está exasperado e só quer algo para descansar o cérebro, o sistema provavelmente não mostraria um documentário sobre temas densos, por exemplo.

Para quem não quiser revelar à Amazon seus sentimentos, talvez se estiver usando uma máscara, o sistema não saiba que tipo de conteúdo programar.

Como se trata de um registro de patentes, é importante lembrar que as grandes empresas de tecnologia costumam registrar até mesmo as ideias mais inusitadas. No entanto, apesar de algumas vezes não dar em nada, os registros são um bom indicativo da direção que as big techs pretendem seguir e no que estão apostando, segundo reportagem da Exame.

Os próximos passos dos meios de pagamento digitais

A entrada em funcionamento do Pix, em novembro de 2020, trouxe um novo ar de modernidade para os meios de pagamento utilizados no Brasil.

Criado pelo Banco Central, o sistema de pagamentos instantâneos tornou mais rápidas e seguras as operações de transferência e pagamento, permitindo que o usuário possa movimentar valores 24 horas por dia, todos os dias do ano, até mesmo nos finais de semana e feriados.

O Pix também pode ser usado para pagamentos de impostos e contas de água e luz e possibilita que compras feitas em lojas, restaurantes e todos os tipos de estabelecimentos comerciais sejam pagas através de um QR Code.

Por que a chegada do Pix é tão importante?

Para as empresas, a capacidade de fazer transferências com toda segurança e os custos menores das transações trazem agilidade e alavancam a competitividade e eficiência no mercado.

Já para o consumidor, além da facilidade, o uso do Pix é gratuito e permite que mesmo pessoas sem uma conta bancária realizem operações financeiras. Ou seja, ele promove inclusão e coloca mais gente pronta para consumir no mercado.

O brasileiro adotou a tecnologia rapidamente. No final de novembro, o Banco Central já registrava o cadastramento de mais de 83 milhões de chaves, o número que o usuário precisa cadastrar em seu banco para usar o Pix.

O que deve vir depois? Que outros meios de pagamento digitais podemos esperar para o futuro?

Pandemia impulsiona o uso da tecnologia

O uso de papel moeda vem caindo ano a ano no Brasil. O mais antigo método de pagamento ainda em uso pelo homem perde espaço para os cartões de débito e crédito no país. Pelos números do Banco Central, existem mais de 225 milhões de cartões ativos, somadas as duas funções.

Por outro lado, ainda vivemos no país do cheque pré-datado e do carnê de prestações e o uso desses meios de pagamento varia de acordo com as regiões e o nível econômico da população.

A pandemia de Covid-19 impulsionou o uso da tecnologia para o pagamento de compras e serviços. Fechada em casa, não restou alternativa à população a não ser fazer compras on-line em sites e aplicativos.

De acordo com dados do Instituto Locomotiva, divulgados pela Agência Brasil, as compras feitas por aplicativos cresceram 30% no país durante a crise provocada pelo coronavírus. O mesmo levantamento aponta que 49% dos entrevistados pretendem ampliar o uso dos aplicativos para pagar as compras mesmo após o fim da pandemia.

Novos meios de pagamento digitais

Hoje, além dos métodos tradicionais, de totens e autoatendimento e do Pix, outros meios de pagamento ganham espaço no mercado e conquistam a confiança dos consumidores.

O pagamento contactless (ou por aproximação), no qual a pessoa aproxima o cartão ou uma carteira digital de um sensor, é um modelo que tende a crescer na medida em que os bancos e empresas substituam os cartões antigos por outros com a nova tecnologia – que também é segura do ponto de vista da saúde, uma vez que evita o contato físico.

O mesmo acontece com o QR Code. Aos poucos o mercado está disponibilizando o método, que não é novo, mas precisava ser incorporado à cultura do consumidor. Hoje, muitos estabelecimentos comerciais colocam próximo ao caixa uma plaquinha com o código para que o cliente faça a leitura com o seu smartphone na hora de pagar.

As contas digitais também facilitaram o processo de pagamento. Mesmo disponibilizando cartões físicos, bancos como o Nubank ou o Inter, entre outros, oferecem versões digitais dos mesmos com as mesmas funções e que ainda podem ser colocadas em carteiras virtuais nos smartphones.

Em breve, o WhatsApp Pay, método de transferência de valores do aplicativo, deve entrar em uso no país. A empresa, que pertence ao Facebook, solicitou autorização do Banco Central em junho de 2020, mas até o final do ano não havia obtido a licença para colocar o serviço em funcionamento.

Em novembro, durante uma entrevista sobre o Pix, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto afirmou que o WhatsApp Pay começaria com transações entre pessoas – P2P (person to person), para depois chegar os P2M (person to merchan), entre consumidores e empresas.

O aplicativo permitirá tanto transferências quanto pagamentos e será um grande impulsionador de pequenos negócios, uma vez que o WhatsApp é muito utilizado por vendedores autônomos em todo Brasil.

O que vem por aí?

Olhar mercados mais evoluídos da Europa, Ásia e América do Norte sempre nos oferece a chance de vislumbrar como pode ser nosso futuro próximo.

A China, o país que inventou o papel moeda, foi o primeiro a reduzir drasticamente o seu uso e – diferente do Ocidente – não adotou os cartões de crédito, mas deu um salto direto para o digital. Hoje no país asiático o smartphone faz a função de carteira e a leitura de QR codes é corriqueira até para a compra de peixes na feira.

Talvez por uma questão cultural, o Brasil seguiu o modelo norte-americano de uso de cartões e é provável que adote também o uso de serviços como o Apple Pay ou Google Pay que estão em alta por lá, principalmente após o início da pandemia. O cliente vincula um cartão de crédito à plataforma e pode realizar pagamentos sem nenhum contato físico. Outras empresas, como a Samsung e o Walmart, também criaram serviços similares.

Enquanto isso na Europa, a moda são os wearables, dispositivos “vestíveis” como relógios, anéis e pulseiras, entre outros, que possuem chips e podem ser usados para efetuar as transações por aproximação. Dos dez países do mundo que mais utilizam esse tipo de sistema, nove estão no continente.

O aumento do uso de pulseiras inteligentes e smartwatchs no mundo todo, inclusive por aqui, pode estimular essa modalidade, mas é bem possível, em um país de grandes dimensões e diferenças sociais como o Brasil, que vários meios de pagamento sejam adotados e ofereçam ao consumidor cada vez mais comodidade e segurança.