O que levou o CX ao centro da estratégia das marcas?

A elevação do nível de experiência exigido pelos consumidores faz com que o Customer Experience seja foco central também do marketing.

Customer Experience, ou CX, a combinação dessas duas palavras deu origem a um termo que não sai do dia a dia dos profissionais de marketing e da estratégia das marcas. Mas, de fato, qual o papel do Customer Experience? O livro “Experiência do Cliente – na Teoria e muita Prática”, lançado em dezembro pela comunidade Amigos do CX, traz alguns insights relacionados ao papel da disciplina no cotidiano das empresas.

O livro aborda temas como cultura de CX, CX B2B, estratégia de CX, formas de estruturar uma operação de CX, desde uma startup a uma multinacional, entre outros insights. Bruno Guimarães, co-idealizador do livro e fundador da comunidade Amigos do CX, explica que, as marcas, antes majoritariamente centradas nos produtos, precisaram mudar de foco. “As empresas estão deixando de serem centradas no produto para serem focadas no cliente. Os produtos são criados de acordo com as necessidades do cliente. Um olhar de fora para dentro. Além disso, os produtos e serviços estão cada vez mais comoditizados e o grande diferencial será a experiência”, diz Bruno.

Neste novo contexto, qual o papel do CX? Christiano Bem, co-idealizador do livro e fundador e Managing Director da Rokkets, explica que é possível fazer Customer Experience sem tecnologia, mas não fazer Transformação Digital sem pensar em CX. “A ideia por trás da Transformação Digital é otimizar processos operacionais, e melhorar a experiência do consumidor, seja ele externo (clientes, parceiros, investidores) ou interno (colaboradores, terceiros, etc).”

“Entender a Jornada do Consumidor é fundamental para definir em qual tecnologia investir. O mapeamento da jornada ajuda a entender onde estão os gaps, as dores dos clientes. Com essa visão fica muito mais claro identificar qual a melhor tecnologia e qual o impacto dela na jornada da cliente. A transformação digital vem para melhorar o relacionamento entre consumidor e marca, quando bem estruturada. Ela é o meio e não o fim!”, destaca Christiano.

Por fim, Bruno ressalta que, um profissional interessado em atuar com CX precisa observar uma disciplina com várias camadas. “O desafio do profissional de CX é que ele precisa saber conversar com todas as áreas. Precisa entender de números para defender o programa para o financeiro e o c-level. Precisa saber conversar com o marketing para alinhar as estratégias com o olhar de CX. Precisar saber de métricas para conectar as métricas de cliente com as métricas de negócios. Precisa ser um bom comunicador para conseguir juntar os silos e transformar a cultura da empresa e colocar o cliente no centro. Para isso acontecer todos precisam caminhar na mesma direção.”

O que explica o recorde de surgimento de martechs em 2020?

Em 2019, foram mapeadas 475 startups de tecnologia na área de marketing e propaganda no Brasil, hoje esse número já supera 600 e a grande questão aqui é: o que vem impulsionando o crescimento das martechs e adtechs? Gustavo Araujo, cofundador da Distrito, reforça o papel do varejo neste contexto.

Investimentos em adtechs
Em relação a investimentos, no primeiro semestre, Adtech mesmo sendo a oitava categoria a receber aportes em volume de investimentos, foi a segunda categoria depois de Fintech que recebeu maior quantidade de delas, com uma concentração grande em Seed e Pré Seed onde atuam soluções que estão testando se tem uma solução que tenha fit com o mercado.

O papel das varejistas
Os grandes varejistas são os maiores anunciantes e entenderam que não adianta apenas anunciar nos grandes canais abertos para consumidores e sim manter um diálogo e fazer parte da jornada do usuário, alguns deles se tornando um próprio canal de mídia, de conteúdo, canal de benefícios, de pagamento e com isso construindo seu próprio ecossistema.

O efeito Amazon Ads
A Amazon Ads chega nesse cenário, inicialmente para atender essa necessidade de compra de mídia digital, afetando as startups que otimizam a verba de marketing, que em tempos de recessão tem um papel importante otimizando o impacto com um menor custo.”

 

 

Essa startup aumenta o faturamento do e-commerce de forma nada convencional

Com o crescimento do comércio eletrônico do ano passado, a empresa cresceu três vezes em relação ao ano anterior.

Quem já passou pela experiência de abandonar o carrinho de compras durante uma compra on-line sabe que, nos próximos dias, será bombardeado de propagandas dos produtos em banners e por e-mail. Esse marketing direcionado pode funcionar em alguns casos, levando o consumidor a finalizar a compra anterior. Mas uma startup desenvolveu uma maneira de aumentar ainda mais essa conversão de vendas. Na era digital, o método parece quase analógico: a Appmax telefona para todos os consumidores que abandonaram o carrinho.

Apesar de pouco convencional, o telefonema funciona e a startup consegue recuperar cerca de um terço das compras abandonadas. Além disso, oferece novas sugestões de produtos para aumentar o tíquete médio. Com isso, consegue aumento de faturamento de até 43% para seus clientes.

A Appmax surgiu em 2018, como uma solução interna para o comércio eletrônico próprio dos fundadores, os irmãos Betina e Marcos Wecker e Gustavo Krüger. O site vendia de produtos de saúde e beleza a itens eletrônicos e para casa.

Via Varejo amplia 125,2% as vendas on-line no Natal

A Via Varejo divulgou fato relevante na última segunda-feira, 4 de janeiro, reportando um crescimento de 20% nas vendas de Natal de 2020. O resultado foi puxado pela alta de 125% nas vendas on-line da rede.

Os números se referem ao período de 19 a 25 de dezembro de 2020, e são preliminares e não auditados. Eles podem sofrer alterações até a divulgação oficial dos números do quarto trimestre, prevista para 25 de março de 2021.

De acordo com o fato relevante, a participação do vendedor on-line (me chama no Zap) foi de 24% das vendas do e-commerce no período, contra 16% no terceiro trimestre de 2020.

Com base nos dados do site Compre & Confie, a Via Varejo ganhou 8 pontos percentuais de participação de mercado no e-commerce do Natal de 2020. Comparando a performance da empresa ao Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), a rede performou acima da média do mercado. O crescimento total, de 20%, ficou acima dos 18% registrados pelo varejo como um todo, e os 125,2% de crescimento do e-commerce superaram os 81,7% do setor.

O crescimento elevado do e-commerce no Natal de 2020 corresponde ao que foi mapeado por pesquisas de intenção de compra em meados do segundo semestre.

Em novembro de 2020, a Via Varejo, que já havia vivido um intenso turn around rumo ao varejo digital no segundo trimestre, anunciou um investimento no hub de inovação Distrito, com objetivo de expandir sua transformação digital.

Na mira dos investidores, startups batem recorde em 2020 com US$ 3,1 bi em aportes.

As startups no Brasil arrecadaram um valor histórico ano passado, com 450 contratos de investimentos fechados por essas empresas.

Ao todo, estas negociações somaram US$ 3,1 bilhões — cerca de R$ 16 bilhões na cotação atual.

O montante é um recorde histórico.

Os dados foram divulgados pela consultoria Distrito e publicados, na última segunda-feira (4), no O Globo.

Para este ano, a expectativa é de que o setor continue atraindo investidores.

Afinal, a demanda por serviços digitais deve se manter em alta em meio à pandemia de coronavírus.

Além disso, uma nova legislação, o “Marco Legal das Startups”, promete dar mais segurança jurídica a empreendedores e a quem aposta no ecossistema.

C&A encerra seu primeiro programa de aceleração com projetos inéditos no varejo

Assistente virtual, avaliação de reviews de clientes e personalização de material de marketing de acordo com a região em que a loja está localizada. Essas foram algumas das iniciativas adotadas pela C&A Brasil em conjunto com empresas de base tecnológica que estão crescendo de forma constante no País. A escolha foi feita a partir do primeiro programa de aceleração da companhia, o Conecta C&A, desenvolvido em parceria com a Endeavor.

Os projetos, pioneiros no varejo de moda brasileiro, foram implantados na operação com aproveitamento total das scale-ups participantes, isto é, realização de pilotos com 100% das participantes – um dos melhores índices de aproveitamento das iniciativas de open innovation da Endeavor até o momento. O objetivo da C&A é se tornar uma das mais representativas fashiontechs do Brasil a partir das novas soluções encontradas e desenvolvidas durante a aceleração.

Ao todo, sete scale-ups participaram do Conecta C&A: Bornlogic, Catwalk, Harmo, Looqbox, Pulses, Revex e Winnin. Todas passaram por uma aceleração de cinco meses e receberam mentorias com lideranças da C&A e de mentoras e mentores Endeavor, em encontros on-line, coletivos e individuais. Foram mais de 60 horas de trabalho e mais de 50 profissionais envolvidos.

A partir desta troca, as soluções propostas pelas scale-ups já estão em testes e dois projetos inéditos no setor foram lançados: o streaming selling Tudo Combinado, desenvolvido em parceria com a scale-up Winnin; e a Assistente Virtual da C&A do Mindse7, criada em conjunto com a Catwalk.

Confira, a seguir, as melhorias implantadas na empresa por meio do Conecta C&A:

Catwalk
Por meio da parceria com a Catwalk, a C&A lançou sua primeira Assistente Virtual. A companhia usa a inteligência artificial para recomendar os produtos que são a cara de cada cliente, trazendo mais informações sobre as preferências e jornada de compra das mulheres brasileiras no e-commerce. A nova assistente virtual tem como missão entender o perfil da cliente e sugerir roupas, acessórios e calçados em linha com o que ela procura e deseja.

Entre as atribuições da sua rotina, está a de ajudar a consumidora a montar looks, encontrar peças similares em cores e tamanhos, informar detalhes do produto, como o tipo de tecido e modelagem, e até tirar dúvidas e dar dicas de moda e estilo. A iniciativa, ainda em fase-piloto, está disponível neste momento para produtos do Mindse7, lab de inovação da marca, via chat box, e deve ser expandida para demais categorias e coleções encontradas no site.

Winnin
Diante do desafio da C&A de se aproximar das consumidoras em um cenário de isolamento social, em conjunto com a Winnin, a empresa criou o programa Tudo Combinado, um streaming selling apresentado pelas atrizes Fernanda Souza, Fernanda Rodrigues e Giovana Lancelotti. Fugindo dos formatos pré-existentes e saturados do mercado, a C&A reinventou o Live Shop em um novo formato, que parte dos desejos e das necessidades das clientes, criando mais um ponto de conexão com a consumidora, gerando visibilidade para a marca de forma atrativa e, principalmente, aumentando o interesse de compra para a C&A.

O conceito, o formato e o conteúdo do programa foram desenvolvidos a partir de pesquisas e dados coletados por Inteligência Artificial, o que o tornou um conversor de vendas promissor. Na semana de estreia do programa, em meados de setembro deste ano, o Tudo Combinado foi o vídeo com maior número de views e engajamento no YouTube da C&A nos últimos 12 meses.

Bornlogic
A C&A e a Bornlogic transformaram os associados de lojas em produtores de conteúdo da marca por meio da plataforma Gerentes Digitais. A proposta deste projeto é descentralizar o marketing e personalizar a produção de materiais regionais, com o apoio de uma ferramenta para acompanhamento e controle de qualidade dos anúncios. Em dois meses, foram mais de 700 conteúdos produzidos para uma página na internet, que engajaram mais de 400 mil pessoas e levaram a mais de 20 mil cliques para o WhatsApp.

Pulses, Looqbox & Revex
A C&A selecionou também a Pulses, startup que tem como missão ajudar o RH das empresas com pesquisas de clima organizacional e engajamento. Por meio da iniciativa iniciada com a scale-up Revex, a companhia vem fazendo gestão de escalas de trabalho de forma ágil, assertiva e alinhada às diferentes leis trabalhistas de cada município. Por fim, a Looqbox vem trabalhando junto com a C&A para disponibilizar uma ferramenta que simplifica e massifica o uso de informações nas empresas.

A parceria com a Pulses ajudou a companhia a mensurar a opinião dos associados de forma que a liderança pudesse atuar com autonomia e protagonismo, principalmente sobre a reabertura das suas lojas físicas e a volta ao trabalho presencial durante a pandemia. Por meio dessa colaboração, quase 40 mil dúvidas foram respondidas e mais de 3 mil feedbacks foram enviados.

Como resultado da utilização do software Revex, a C&A ganhou eficiência operacional e melhora na gestão na montagem das escalas de trabalho. Com isso, o tempo médio de montagem de escala passou de 1h30 para cerca de 10 minutos, o que trouxe ganhos de produtividade para as lideranças em loja. A solução oferecida pela Looqbox ajudou a empresa a organizar a grande quantidade de relatórios a serem circulados internamente de forma prática e consolidada.

Harmo
Com o apoio da Harmo, scale-up que oferece uma plataforma que integra gestão de reputação on-line e pesquisas, a C&A passou a contar com uma nova tecnologia para gerir e acompanhar a eficiência e agilidade necessária, os reviews on-lines realizados pelas consumidoras. Ao todo, a Harmo analisou mais de 32.078 avaliações realizadas nas redes sociais da marca de janeiro a agosto deste ano. Com isso, a companhia pode entender os anseios e desenhos dos consumidores e, consequentemente, melhorar a experiência no relacionamento e nas compras.

 

Consumo digital: oportunidades e desafios no ano

Um novo ano se inicia e, apesar da esperança da chegada de uma vacina, 2021 ainda carrega uma aura de incertezas. O contexto de isolamento social e a consequente digitalização trazida pela pandemia da Covid-19 mudaram o comportamento e a jornada de consumo dos usuários ao redor do mundo. No entanto, a maneira como essas transformações vão se comportar nos próximos meses, quais tendências devem se manter e quais ganharão novos contornos são perguntas ainda não respondidas pelo mercado.

Com esse dilema, ao longo do último ano, empresas de pesquisa imergiram nos hábitos e dados dos consumidores para traçar caminhos possíveis para anunciantes e agências. Sabrina Balhes, head de digital media da Nielsen, foi uma das responsáveis por encarar esse desafio na companhia. Ela compilou insights sobre os ensinamentos e futuro do mundo digital em 2021. Em entrevista ao Meio & Mensagem, ela fala sobre os desdobramentos da digitalização trazida pela pandemia e as oportunidades para as marcas no novo mercado que se apresenta.

Meio & Mensagem – Quais são as principais tendências às quais o mercado deve estar atento em 2021?

Sabrina Balhes – O processo de digitalização foi acelerado através da pandemia principalmente ao e-commerce ser adotado por segmentos de clientes que antes eram resistentes a eles. Com isso, muitos negócios que não estavam atuando de forma consistente e estratégica no meio digital se viram em uma situação complicada.  Os touchpoints das marcas com o consumidor estão mais do que nunca migrando do ambiente físico para o digital. O maior desafio é trabalhar a experiência omnichannel de forma fluida e inteligente. Com isso, a inteligência artificial e a personalização ganham corpo em 2021. Quanto a novidades, vamos começar a ver mais aplicações de realidade aumentada, IoT e assistentes de voz nas experiências de marca.

M&M – Quais desafios podem surgir a partir da acelerada digitalização trazida pela pandemia? O que muda quando o assunto é experiência do consumidor, especialmente, nas compras on-line?

 

Sabrina Balhes – O grande desafio além da digitalização, é o gerenciamento estratégico dos dados de acessos e clientes vindos dos canais on e off. Eles devem ser usados principalmente para três frentes. A primeira é a integração. Você deve saber identificar o seu cliente estando ele na loja física ou on-line, para continuar a relação da marca sem interrupções. A segunda é a publicidade, que deve ser feita de forma cada vez mais personalizada, focando nos segmentos mais rentáveis e adaptando as mensagens e produtos oferecidos às preferências individuais de cada pessoa. A terceira é o ambiente receptivo, ou seja, o próprio aplicativo/ site da marca. Neles, é essencial oferecer facilidade de navegação para encontrar os produtos, personalização do que é ofertado de acordo com o seu perfil e dados de navegação anteriores, além de facilidade para fazer o checkout. Esse último pode ser feito ao pedir o mínimo de informações possíveis, por exemplo ao integrar com perfis de meios de pagamento on-line e cadastro automático por login por redes sociais.

M&M – Como essa integração on e off-line deve se desenvolver no próximo ano? Quais são as oportunidades para as marcas?

Sabrina Balhes – A oportunidade está em conhecer o seu cliente e trabalhar isso como diferencial competitivo nos canais on e off. Na prática, quando um cliente entra na sua loja física, você pode identificar os seus últimos produtos acessados e favoritados na loja on-line, últimas buscas e drivers de compra (por exemplo: frete grátis, descontos) e oferecer um push personalizado no seu celular ou fazer uma abordagem mais direcionada através de seus vendedores e pontos de contato da loja. Já estamos vendo exemplos de lojas físicas que usam o reconhecimento facial para identificar clientes e integrar a sua experiência on e off, tendo com isso mais chances de satisfação e conversão.

M&M – O streaming viveu um momento intenso de entrada de novos players e crescimento na audiência. Como fica esse cenário em 2021?

Sabrina Balhes – O ano de 2020 trouxe para o consumidor muitas opções novas de streaming o que faz com que de duas uma: ou ele assine mais serviços para cobrir tudo o que ele quer assistir, ou ele agora tenha que decidir dentro de um leque maior de opções qual serviço mais atende o que ele procura. Fizemos uma pesquisa no começo do ano com esse público e pudemos constatar que a segunda opção é a mais comum para os brasileiros, já que a maioria não está disposto a pagar por mais de um serviço de assinatura de streaming devido a restrições de orçamento. Portanto, 2021 para os serviços de streaming será uma disputa mais acirrada pela primeira posição em preferência. Outro desafio será manter a fidelidade desses serviços já que os consumidores mostraram forte tendência a trocarem com uma certa frequência entre eles de acordo com o que estão interessados em assistir.

M&M – Com o crescimento do streaming, como chega a TV em 2021? Quais oportunidades comerciais podem ser exploradas, pensando na integração com outras telas?

Sabrina Balhes – A TV aberta, mesmo em tendência de queda de audiência, continua com um alcance gigante no Brasil e é essencial para construir alcance rápido em um público amplo. A TV por assinatura por sua vez se vê tendo que competir cada vez mais com os serviços de streaming, que estão mais numerosos e são em sua maioria mais acessíveis. Para ambas, a integração do conteúdo off-line com o conteúdo digital é essencial para se manterem atuais e explorarem as oportunidades comerciais. Programas de TV, por exemplo, estão fazendo parcerias com grandes lojas de departamento de roupas para venderem on-line e nas lojas físicas os “looks” usados pelos participantes. QR codes são disponibilizados para o consumidor acessar no seu smartphone mais conteúdos referentes ao que ele está assistindo, como uma receita ou link de compra. Grandes fluxos de visitas são gerados para e-commerces através de comerciais hardsell com apelo ao grande público… O que vemos é que a estratégia multimídia é chave e a TV continua indispensável para os maiores anunciantes do país.

M&M – Como 2020 e a pandemia alteraram o papel do marketing de influência nas estratégias? O que podemos esperar para 2021?

Sabrina Balhes – O marketing de influência continua crescendo como nunca, principalmente com a integração dos e-commerces e redes sociais. Estamos vendo cada vez mais a estratégia de afiliados ser explorada, marcas apostando em linhas lançadas pelos influenciadores e mensuração da ressonância deles com a marca, como a da nossa solução de Influencer Brand Effect que deslanchou esse ano sendo adotada por grandes clientes. Fora isso, o que mais muda é a relação do público com os influenciadores. No ano de 2020 vimos a cobrança para eles “saírem da bolha” e terem mais responsabilidade com o seu poder de influência. Muitos influenciadores foram duramente criticados por ignorarem a pandemia e fazerem festas mostrando estarem alheios ou indiferentes à realidade da maioria dos brasileiros no momento. O papel social dos influenciadores ficou mais evidente, e eles devem ter os seus valores alinhados com os das marcas que estão promovendo para não serem prejudiciais à elas.

 

Governo digital: a revolução da nuvem no setor público

A Amazon Web Services-AWS, está na dianteira de uma série de projetos de transformação digital em governos de todo o mundo. Com o uso de computação em nuvem e recursos como inteligência artificial, o Brasil é um dos exemplos desse movimento, em áreas como saúde e educação.

A computação em nuvem encurtou o caminho para a transformação digital. Apoiadas nesse modelo, muitas startups resolveram antigas dores de variados setores e desafiaram as empresas tradicionais. Essas, por sua vez, encontraram no conceito uma maneira de reagir rapidamente a essas inovações.

Os avanços proporcionados por essas tecnologias não estão restritos, no entanto, à iniciativa privada. Cada vez mais, elas estão a serviço de governos em todo o globo, como uma ferramenta ágil e avançada de auxílio na implementação de políticas públicas e de resposta a uma série de desafios nessa esfera.

“Estamos vendo muita inovação acontecendo na nuvem, inclusive entre os governos”, afirmou Teresa Carlson, vice-presidente global da Amazon Web Services (AWS) para o setor público e Indústria, no último 16 de dezembro, em painel sobre o tema no re:Invent, um dos principais eventos de inovação e tecnologia do mundo. O debate contou ainda com a participação de Jeffrey Kratz, diretor geral da AWS para o setor público na América Latina, Canadá e Caribe, e do presidente da Colômbia, Iván Duque.

Líder de mercado, a AWS está na dianteira de muitos desses projetos. “Alguns países estão mais rápidos do que outros. Mas a nuvem será um grande diferencial e um equalizador para as economias de todo o mundo”, disse Teresa. “E, com a Covid-19, houve um impulso nesse processo. ”

Segundo a executiva, esse contexto exacerbou a necessidade, que já era latente, de os governos, em todas as suas instâncias, estabelecerem uma comunicação direta, rápida e mais fluida com os cidadãos. Um desafio que ganhou contornos ainda mais críticos com as restrições impostas nesse cenário.

“Criamos muitos call centers virtuais por meio do Amazon Connect”, disse Teresa, em uma referência à plataforma da AWS que permite consolidar estruturas de atendimento remoto. “E o setor público, imediatamente, começou a recorrer a data lakesmachine learning e inteligência artificial, para aplicações como distribuição de testes e controle do número de leitos disponíveis nos hospitais. ”

O governo brasileiro e os demais elos do setor público no País trazem alguns bons exemplos do que foi e do que está sendo feito. Isso inclui projetos que já estavam na agenda antes da pandemia e que foram antecipados por conta dela.

É o caso de uma iniciativa do DATASUS, braço de tecnologia do Sistema Único de Saúde (SUS), vinculado ao Ministério da Saúde. O órgão tinha um programa de coleta de dados em hospitais estaduais previsto para ser implantado no terceiro trimestre deste ano, mas que foi acelerado devido à pandemia.

Já no InovaHC, núcleo de inovação do Hospital das Clínicas, em São Paulo, a AWS doou toda a infraestrutura de nuvem para processar e armazenar imagens da plataforma “RadVid-19”, que centraliza radiografias e tomografias computadorizadas de casos confirmados ou suspeitos de infecção.

A partir dessa base unificada em um banco de imagens, a plataforma cruza dados por meio de inteligência artificial para ampliar as chances de um diagnóstico mais assertivo. Outro componente crítico para o segmento da saúde, a disponibilidade dos serviços também esteve no centro de outros projetos.

A educação também atraiu a atenção do setor. Nessa área, a AWS forneceu, gratuitamente, a infraestrutura de computação em nuvem para assegurar a transmissão das aulas on-line ministradas aos alunos da rede pública estadual de São Paulo. De um volume inicial de 1,5 milhão de alunos do ensino fundamental, a ação foi ampliada, recentemente, para 3,5 milhões de estudantes.

Diante do quadro de desafios da educação, a adoção da nuvem não se esgota nessas ações mais urgentes. Junto ao setor público, a AWS vem trabalhando para reforçar a importância de capacitar as novas gerações, especialmente em regiões como a América Latina, para as habilidades do futuro.

Sob essa visão, durante o re:Invent, a companhia anunciou a meta de treinar, gratuitamente, 29 milhões de pessoas em todo o mundo com conhecimentos de computação em nuvem. Esses números serão perseguidos por meio de programas desenvolvidos pela empresa, como o AWS Educate.

“Temos falado sobre a importância das capacidades digitais e do aprendizado contínuo”, afirmou Teresa. “Como líderes na nuvem, sabemos que nossa responsabilidade é garantir que esses alunos tenham acesso às habilidades corretas. ”

Dentro desse escopo, em novembro, o governo do Estado do Ceará, por meio da ETICE, sua empresa de tecnologia da informação, firmou um acordo de colaboração com a AWS para a criação do primeiro Centro de Competências para a Transformação Digital no País.

O centro será focado em pilares como a empregabilidade e o empreendedorismo. E, a partir dos programas AWS Educate e AWS Academy, os alunos terão acesso à formação gratuita em habilidades de computação em nuvem, além da possibilidade de inscrição em 12 planos de carreira em serviços e aplicativos, com conteúdo focado nas posições em nuvem mais procuradas pelo mercado.

“Vamos seguir investindo na região para ajudar alunos a estarem melhor preparados e criar especialistas como cientistas de dados”, disse Kratz. “E também para que eles criem a próxima Netflix ou Airbnb. ”

É também com essa visão mais ampla e de longo prazo que o governo da Colômbia vem implementando um leque de projetos, sob a liderança do presidente Iván Duque e com o apoio da AWS em muitas dessas ações. Entre elas, um programa que tem como meta treinar 100 mil programadores.

“Há dois anos, quando assumi o governo, estabeleci o plano de tornar o país o Vale do Silício da América Latina”, afirmou Duque, durante o painel. “E minha ambição é conseguir fazer da Colômbia o lugar onde teremos o maior nível de capacitação na quarta revolução industrial. ”

Para isso, além da educação, o governo colombiano vem lançando mão de diversas frentes. Entre elas, a construção de um arcabouço regulatório que estabelece incentivos e contrapartidas para startups, e a elaboração de uma legislação que cubra os limites éticos da inteligência artificial. Sem, no entanto, barrar a inovação trazida por esse conceito.

 

 

 

No varejo, a moda é ser fintech. Não é mesmo, Ame?

A Ame, controlada por B2W e Lojas Americanas, compra em apenas 22 dias duas empresas da área financeira: a Bit Capital e a Parati Crédito. Com isso, acelera seus serviços de banco digital, em uma estratégia adotada também por Magazine Luiza e Via Varejo.

Em 7 de dezembro deste ano, a Ame, fintech da B2W e da Lojas Americanas, anunciou a compra da Bit Capital, uma pequena startup financeira que atua com blockchain e open banking. Na última terça-feira, 29 de dezembro, ela adquiriu outra empresa de serviços financeiros: a Parati Crédito, por R$ 34 milhões.

O que poucos sabem é que a compra de Bit Capital e Parati Crédito, separadas por 22 dias, estão interligadas. A primeira empresa é dona de uma solução que permite criar conta digital, ter cartão, realizar TED, emitir boletos e fazer transferências via PIX.

Mas a Bit Capital não tinha licença do Banco Central para operar esses serviços. Para isso, a startup contava com uma parceria com a Parati Crédito para realizar essas transações para os seus clientes – entre eles, a Ame.

Com as duas companhias debaixo de seu guarda-chuva, a Ame reforça seus produtos financeiros e abre o espaço para acelerar os serviços de banco digital. A transação precisa ainda ser aprovada pelas autoridades reguladoras.

De acordo com comunicado divulgado ao mercado por B2W e Lojas Americanas, a Parati possui acesso direto ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SBP) e ao Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI). Ela atua ainda como bank as a service e como Regtech, integrando fintechs ao sistema bancário.

Bit Capital e Parati Crédito devem agora se concentrar apenas nos serviços da própria Ame, deixando de lado outros clientes, segundo apurou o NeoFeed. “A Ame tem apenas dois anos, está em um crescimento acelerado e nem começou os investimentos pesados na plataforma”, diz uma fonte.

A transação faz parte de uma estratégia que todos os principais varejistas on-line e off-line brasileiros estão adotando. Além de atrair clientes aos seus sites e lojas físicas, essas companhias estão aumentando a oferta de serviços financeiros tanto aos seus consumidores, como aos vendedores de seus marketplaces.

A Ame, por exemplo, conta com mais de 15 milhões de clientes pessoas físicas e mais de 2,8 milhões de estabelecimentos comerciais conectados à sua plataforma, que poderão contar com conta digital, cartão de crédito, cartão pré-pagos, empréstimos e integração com o PIX, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central. Em novembro, a Ame movimentou R$ 2,7 bilhões em transações.

Os rivais de B2W e Lojas Americanas, que controlam a Ame, tem estratégias semelhantes. Na semana passada, o Magazine Luiza comprou por R$ 290 milhões a Hub Fintech e passou a ser dono de uma operação com 4 milhões de contas digitais e cartões pré-pagos ativos, que movimentaram R$ 7 bilhões nos últimos 12 meses.

“A aquisição da Hub adianta em vários anos a jornada de desenvolvimento da nossa plataforma de pagamentos, tanto para pessoas jurídicas quanto para pessoas físicas”, disse Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza, em comunicado divulgado ao mercado.

A Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Extra, atua nessa área com o banQi, um banco on-line que tem potencial de ser um unicórnio, como são chamadas as empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.

No terceiro trimestre de 2020, o banQi contava com 1,1 milhão de contas digitais e contabilizava R$ 1,2 bilhão de crediários digitais sob gestão. O volume total de pagamentos estava na casa de R$ 120 milhões.

O Mercado Livre, por sua vez, conta com o Mercado Pago, que teve um volume de transação de US$ 14,5 bilhões no terceiro trimestre de 2020, um avanço de 91,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.

 

Vendas omnichannel e social commerce: as tendências de 2021

Consumo via apps e plataformas sociais deve seguir em alta, mas lojas físicas também terão demanda, segundo estudo da Criteo.

Não foram poucos os estudos e pesquisas que mostraram que 2020 foi o ano da aceleração digital. A pandemia acabou obrigando as empresas que ainda não tinham canais digitais de venda a adentrarem na esfera on-line, ao mesmo tempo em que incrementou as ferramentas e atuação das grandes marcas que já contavam com uma plataforma de e-commerce robusta. Simultaneamente, redes sociais como Facebook e WhatsApp acabaram indo além da função de plataformas de comunicação e se tornaram canais de compra e venda.

Esses novos hábitos de consumo que prevaleceram durante os meses de pandemia devem se prolongar ao longo de 2021, de acordo com pesquisa realizada pela Criteo. O estudo da empresa procurou apontar como as novas formas de consumo penetraram no dia a dia de consumidores e de empresas e como esses hábitos devem prevalecer neste novo ano.

Sobre a onda das compras digitais, a Criteo mostra que 56% dos entrevistados afirmaram que compraram em canais de e-commerce pela primeira vez durante o período mais árduo da pandemia (primeiro semestre de 2020). Embora o País tenha visto esse crescimento no e-commerce e nas compras on-line – movimento que criou uma base de clientes fiéis – é importante lembrar que muitos consumidores brasileiros ainda não têm acesso à internet, um dispositivo pelo qual eles podem fazer uma compra on-line ou nem mesmo um cartão de crédito, conforme alerta Tiago Cardoso, diretor-geral da Criteo para a América Latina.

Por esses motivos, o ponto de venda mais prático e acessível, muitas vezes, acaba sendo a loja física. “Esperamos ver um aumento nos níveis de venda em lojas físicas no período pós-pandemia, levando em consideração que os consumidores também sentem falta do contato e das interações humanas. Segundo nossa pesquisa, 69% dos brasileiros sentem falta de fazer compras e lojas físicas”, aponta.

Cardoso lista algumas estratégias que as marcas podem utilizar para atrair os consumidores para os pontos de vendas físicos. Um deles, ainda bem conectado à atmosfera de receio trazida pela pandemia, é investir nas medidas de segurança e higiene para mostrar aos consumidores que eles encontrarão um ambiente propício. Além disso, as empresas também podem priorizar ofertas exclusivas para as lojas físicas e aproveitar as novas experiências de pagamentos digitais sem toque. “Outra estratégia bastante interessante para o varejista é casar as compras digitais com as físicas de maneira eficaz, incorporando e fortalecendo a estratégia de coleta de produtos por drive-thru, fazendo com que os consumidores iniciem o processo de compra no on-line e terminem no off-line”, sugere o diretor-geral da Criteo.

 Empatia e objetividade

Outro recorte da pesquisa da empresa diz respeito à abordagem e relação direta da marca com os consumidores. Segundo a empresa, mais do que nunca será fundamental que as empresas se adaptem de forma adequada para conquistar o engajamento dos clientes, entendendo suas necessidades e atendendo suas demandas com empatia e qualidade de serviço. Segundo a Criteo, um usuário passa, em média, até quatro semanas decidindo sobre a marca certa para suas necessidades e 73% dos entrevistados afirmou que estão dispostos a considerar uma marca totalmente nova nesse processo.

“Para as marcas maiores, que já têm visibilidade e influência, minha sugestão é tripla: seja simples, óbvio e informativo. As marcas também devem estar extremamente cientes do tom de suas mensagens, pois a comunicação em tempos difíceis exige muito mais responsabilidade”, lembra Cardoso. O executivo alerta, também, que as marcas devem ampliar suas estratégias omnichannel, ampliando os investimentos em publicidade on-line. A internet, diz ele, tem sido uma ferramenta incrivelmente eficaz para os profissionais de marketing neste momento e o uso de smartphones está crescendo e demostrando um enorme potencial. “Mesmo que a marca não venda on-line, uma presença on-line é importante para a marca sobreviver. O cliente precisa ver que pode facilmente entrar em contato com a empresa.

 

Social-commerce
O executivo também explica que a digitalização do consumo acabou abrindo caminho para a exploração do social commerce – a criação de canais de vendas dentro de aplicativos de mensagens e redes sociais – e que as marcas devem estar atendas para explorar essa tendência. A opção de catálogo do WhatsApp (oferecida em 2020 pela plataforma) é um exemplo do potencial desse canal, segundo ele.