Comércio eletrônico salta para US$ 26,7 trilhões na pandemia, revela UNCTAD

Um novo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, UNCTAD, revela que a pandemia elevou o volume do comércio eletrônico.

Com o aumento, o peso deste setor no total das vendas de varejo subiu de 16%, em 2019, para 19% no ano passado. No total, o comércio eletrônico arrecadou US$ 26,7 trilhões.

Crescimento

De acordo com a pesquisa, as vendas no varejo on-line cresceram em vários países. A Coreia do Sul liderou o crescimento passando de 20,8% em 2019 para 25,9% no ano passado.

O chefe da Seção dos Países Menos Avançados da UNCTAD, Rolf Traeger, falou à ONU News, de Viena, sobre as principais conclusões do relatório.

“Enquanto o comércio de varejo físico teve, nas principais economias, uma retração de quase 1%, por causa do lockdown, isso esteve em forte contraste com o que aconteceu com o comércio eletrônico. Enquanto o comércio físico caiu 1%, o comércio eletrônico, entre empresas e consumidores, aumentou 22%. No ano passado, em 2020, o comercio eletrônico entre empresas e consumidores chegou a representar quase um quarto do comercio varejista total, em países como China, Coreia e Grã-Bretanha.”

Setores

Mas para Traeger, este crescimento foi desigual.

“Não foram todas as empresas de comércio eletrônico que se beneficiaram igualmente. As que mais se beneficiaram, que tiveram uma expansão nas suas vendas, foram aquelas que se dedicam diretamente a comércio eletrônico on-line. As principais empresas nesse campo são a Alibaba da China, a Amazon dos Estados Unidos, a JD.com da China e a Pinduoduo também da China. Por outro lado, as empresas que são ligadas a transporte ou a turismo tiveram uma queda importante nas suas vendas. Foi o caso de empresas como Uber, Expedia, Booking e Airbnb.”

A Expedia, por exemplo, caiu do 5º lugar de maiores empresa em 2019 para o 11º em 2020, a Booking Holdings do 6º para o 12º e o Airbnb do 11º para o 13º.

Apesar dessa redução, o Volume Bruto de Mercadorias das 13 principais empresas de comércio eletrônico aumentou 20,5% em 2020, mais do que tinha crescido em 2019, quando subiu 17,9%.

A UNCTAD destaca o crescimento de empresas como a Shopify, que aumentou 95,6%, e Walmart, cerca de 72,4%.

Tendência

No total, as vendas globais de comércio eletrônico, em 2019, tiveram um aumento de 4% em relação a 2018, de acordo com as últimas estimativas.

Esse valor inclui vendas entre empresas e para consumidores e é equivalente a 30% do Produto Interno Bruto, PIB, global naquele ano.

O relatório estima o valor do comércio eletrônico entre empresas em 2019 em US$ 21,8 trilhões, representando 82% de todo o comércio eletrônico. Esse número inclui vendas em plataformas de mercado online e transações de intercâmbio eletrônico de dados.

Estados Unidos

Os Estados Unidos continuaram a dominar o mercado de comércio eletrônico, à frente do Japão e da China.

Já as vendas para consumidores foram estimadas em US$ 4,9 trilhões em 2019, um aumento de 11% em relação a 2018. Os três principais países nessa área são China, Estados Unidos e Reino Unido.

Nessa categoria, o Brasil foi o 20º país com mais vendas, cerca de US$ 16 bilhões.

O comércio eletrônico entre países chegou a US$ 440 bilhões em 2019, um aumento de 9% em relação a 2018. O relatório nota que a parcela de consumidores on-line que fazem compras internacionais aumentou de 20% em 2017 para 25% em 2019.

Inclusão

A UNCTAD também destaca um novo índice sobre inclusão digital, que classificou 100 empresas, incluindo 14 firmas de comércio eletrônico, sobre contributos para acesso às tecnologias, desenvolvimento de capacidades, aumento de confiança e inovação.

Segundo a pesquisa, as empresas de comércio eletrônico tiveram desempenho inferior em comparação com empresas de outros setores digitais, como hardware ou serviços de telecomunicações.

Duas décadas

Por exemplo, a empresa de comércio eletrônico com melhor classificação foi o eBay, que surge apenas em 49º lugar. No geral, as empresas de comércio eletrônico obtiveram uma pontuação de 20 pontos em 100 possíveis.

De acordo com o relatório, um dos principais fatores é que estas empresas são relativamente jovens, normalmente fundadas apenas nas últimas duas décadas.

Segundo a UNCTAD, “essas empresas têm se concentrado mais nos acionistas do que no envolvimento com um amplo grupo de partes interessadas e na compilação de indicadores de desempenho ambiental, social e de governança.”

Consumidor terá proteção de normas internacionais em compras on-line

Diferentes setores trabalham na construção de uma proposta para criar regras mais flexíveis para ampliar a eficiência regulatória e simplificar os processos.

Motivada pela pandemia da Covid-19, as compras on-line cresceram 47% no primeiro semestre de 2020, segundo dados Ebit|Nielsen e a tendência é continuar crescendo, o que agrava a vulnerabilidade do consumidor. Para proteger o consumidor brasileiro e alinhar o Brasil às melhores práticas internacionais, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas participa da construção de uma proposta para modernizar o modelo regulatório.

A proposta do Inmetro, que está em consulta pública, teve a participação de representantes do setor produtivo (Fiesp, CNI, Abinee, Sindipeças), setores governamentais e representantes do consumidor (Idec). O objetivo é elaborar um novo modelo menos burocrático e prescritivo, com regras mais flexíveis para ampliar a eficiência regulatória e simplificar os processos de registro de produtos e serviços para o setor produtivo.

Este movimento do setor, preocupado em modernizar as normas para que se adequem aos desafios da Indústria 4.0 e às inovações do atual ambiente de negócios, atende à Lei de Liberdade Econômica (13.874/19), que regulamenta o direito de desenvolver, executar, operar ou comercializar produto ou serviço em desacordo com a norma técnica que estiver desatualizada por força de desenvolvimento tecnológico consolidado internacionalmente.

Outro destaque foi a nova Lei das licitações (14.133/21) ter incluído a exigência dos produtos e serviços, tanto nacionais quanto internacionais, a serem adquiridos pela administração pública seguirem normas da ABNT – o que engloba a obrigatoriedade de apresentação de prova de qualidade, por exemplo. Para a associação, a exigência do cumprimento das normas é um importante avanço para a padronização de produtos de serviços na administração pública, com entregas de mais qualidade.

Proteção maior

A ABNT também tem se debruçado em cooperar com a regulamentação para proteção do consumidor através de sua participação no Comitê Internacional da ISO (International Organization for Standardization), voltado para a elaboração de normas internacionais para diretriz de investigação de incidente de consumidor. Em breve deve ser criado um comitê técnico voltado para a elaboração de normas para que as organizações aumentem a compreensão dos consumidores sobre termos e condições online.

Este comitê também deverá especificar orientação aos fornecedores de bens, serviços e conteúdo digital sobre design e apresentação clara de termos e condições on-line para maximizar a compreensão do consumidor e reduzir os prejuízos nas compras online.

O objetivo é que a norma seja utilizada por qualquer organização e ajude a criar termos e condições claros, acessíveis, justos e fáceis de entender, garantindo que os consumidores consigam tomar uma decisão mais consciente antes da compra ou utilização de bens, serviços e conteúdos digitais. Desta forma, a normalização pretende reduzir o risco de prejuízos decorrentes de cláusulas contratuais confusas, complicadas e abusivas, além de ajudar a melhorar os resultados positivos para os consumidores globais e aumentar a confiança nas empresas.

Para que o Brasil tenha participação nestes trabalhos internacionais, a ABNT convidou a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) a participar e indicar representantes para atuarem nas atividades de normalização.

“Representantes dos consumidores agregam muito no processo de desenvolvimento das normas internacionais. Por isso, a parceria com especialistas da Senacon e outras entidades relevantes para a participação do Brasil nos trabalhos da ISO é de extrema importância. A partir do nosso comitê, é possível levarmos todos os posicionamentos brasileiros para discussão internacional”, explica Mario William Esper, Presidente da ABNT.

O Comitê ISO/PC 329 pretende elaborar normas técnicas na área de investigação de incidentes com consumidores. Ou seja, normas internacionais que forneçam um guia geral para investigações de incidentes em que consumidores sofrem lesões físicas ou morte no processo de uso de produtos, serviços, instalações ou coisas relacionadas a eles.

A investigação visa prevenir a recorrência de incidentes e contribuir para a segurança dos consumidores, beneficiando pessoas, grupos, comitês ou organizações de todos os tipos, como entidades privadas, públicas e sem fins lucrativos, independentemente do tamanho.

Aumento de devoluções on-line cria pressão no imobiliário logístico

Até 2025 serão necessários mais 1,7 milhões de metros quadrados para acomodar e processar a devolução de produtos, se assumir-se que 20% dos bens comprados on-line entre 2021 e 2025 serão devolvidos, revela o novo estudo da Savills.

O mesmo estudo revela que serão precisos mais 8,6 milhões de metros quadrados de espaço nos armazéns das empresas de entregas na Europa para dar resposta ao crescimento do e-commerce, até 2025. Com base em dados da Effigy Consulting, a análise da Savills aponta que foram entregues na Europa um total de 12,3 mil milhões de encomendas em 2019.

A consultora imobiliária internacional também aponta que o número de devoluções de bens comprados on-line é já superior ao número de devoluções de compras em loja. “Um dos motivos centrais desse aumento é a impossibilidade de o consumidor poder experimentar e examinar os bens antes da compra”, refere a empresa.

A Market Research Associate da Savills Portugal, Alexandra Portugal Gomes, afirma que “são agora necessárias soluções de gestão de devoluções com áreas de armazéns destinadas a esse fim. As devoluções advindas do comércio on-line são mais uma variante que está a obrigar à reestruturação necessária de espaços logísticos existentes ou à procura de instalações complementares”.

A Savills sublinha ainda que, na Europa, podem observar-se diferenças na forma como alguns países lidam com as devoluções. “O Reino Unido demonstra uma melhor capacidade para lidar com este fenómeno em crescendo, o que está em consonância com o nível de penetração do e-commerce no país (28% em 2020)”, informa a consultora.

Nos Países Baixos, por outro lado, operadores logísticos terceiros (3PLs) estão a introduzir novas medidas para facilitar a devolução de bens.

Pode ler o relatório completo, em inglês, aqui.

Via, Magalu, Americanas e RD estão entre as 250 maiores varejistas do mundo

Empresas norte-americanos dominam ranking da Deloitte.

Quatro redes varejistas brasileiras estão entre as 250 maiores do mundo: Via Varejo (que recentemente mudou o nome para Via, em 168ª posição), Magazine Luiza (209ª), Lojas Americanas (que combinou as operações com a B2W, em 222ª) e Raia Drogasil (223ª). Elas constam da pesquisa “Os Poderosos do Varejo Global 2021”, elaborada pela Deloitte com base em dados do ano fiscal de 2019, encerrado em 30 de junho do ano passado.

O relatório mostra que a receita gerada pelas empresas presentes no ranking foi de US$ 4,85 trilhões no ano fiscal de 2019, representando um crescimento de 4,4% em relação ao ano anterior. A receita gerada pelas empresas brasileiras foi de US$ 5,22 milhões no mesmo período.  Magazine Luiza e a Raia Drogasil se destacaram: tiveram um crescimento de 27,5% e 18,5%, respectivamente.

“Mais uma vez o Brasil marca presença no ranking com quatro grandes varejistas e duas delas apresentaram um bom crescimento, impulsionadas, principalmente, pela rápida expansão das lojas, além do desenvolvimento de e-commerce e aquisição de outras marcas. Esse aumento, principalmente em tempos de crise, mostra o quanto é importante as empresas se planejarem e estarem preparadas para novos e imprevisíveis rumos. O que esperamos é que 2021 e os próximos anos, com as medidas que já estão sendo tomadas para conter a pandemia, sejam de ascensão contínua para a economia”, analisa o sócio-líder de Consumer da Deloitte, Ricardo Balkins.

Walmart é a primeira colocada do ranking há mais de uma década

Americanas dominam o ranking

Ainda que a presença de Via, Magalu, Americanas e RD na lista demonstre a resiliência do setor em meio à pandemia de Covid-19, as varejistas norte-americanas são o grande destaque da pesquisa: elas contribuíram com quase metade da receita total do ranking de 250 empresas em 2019.

Elas também tiveram a maior receita média de varejo, de US$ 28,6 bilhões, que é muito superior à média global de US$ 19,4 bilhões. Walmart, Amazon e Costco ocupam as primeiras posições no Top 10. O Walmart mantém a posição de maior varejista do mundo há mais de uma década.

A receita mínima para uma empresa entrar no Top 250 no ranking é de US$ 4 bilhões. O setor de produtos de bens de consumo tem o maior número de varejistas (135) na lista Top 250 e gerou 66% da receita do varejo em 2019. Essas empresas possuem a maior receita média do varejo (US$ 23,7 bilhões), porém este é um setor de baixa margem, com a menor margem de lucro líquido de todos os setores (2%).

“O e-commerce e os descontos impulsionaram o alto crescimento da receita no varejo”, afirma o líder do Setor de Varejo Global, Atacado & Distribuição da Deloitte, Evan Sheehan. “Cinco das dez empresas do ramo que mais cresceram eram varejistas on-line e sete das 20 empresas que mais cresceram eram varejistas de descontos.”

Áustria testa entregas em domicílio sem precisar de ter alguém em casa

Áustria testa um novo serviço de entregas em domicílio em que os clientes não necessitam de estar presentes na residência para que as encomendas sejam depositadas no interior da habitação.

O serviço passa por uma aplicação associada a um serviço de fechaduras eletrônicas da empresa Nuki e a um sistema de câmaras de vigilância a que os clientes aderem voluntariamente.

Um carteiro é previamente apresentado aos clientes e recebe autorização para entrar na residência e concluir a entrega de encomendas postais, num processo que pode ser registrado ou vigiado à distância.

Na Áustria, os carteiros estão autorizados a entrar apenas ao “hall” de entrada, não podendo ir além desse espaço na residência dos destinatários.

Receber cartas e encomendas postais em casa vinha-se tornando cada vez mais complicado à medida que o trabalho doméstico se tornou cada vez mais raro. No entanto, agora, a pandemia impôs a muita gente o tele trabalho e limitou muitas lojas às vendas pela Internet, com posterior entrega em domicílio ou num ponto de coleta pré-estabelecido.

Já pensando certamente na retomada do trabalho normal após a pandemia, a Áustria apostou na inovação dos serviços de entrega de encomendas e tem em curso um teste envolvendo uma centena de voluntários.

“Mandei vir uma série de encomendas. Ter este serviço de entrega em que não preciso de estar em casa, é extremamente útil para mim, admito. Tive logo vontade de participar neste teste e inscrevi-me de imediato”, disse à Euronews,  Christoph Heimel, um dos participantes no teste.

Outros testes deste tipo de serviço de entregas já foram realizados antes nos Estados Unidos e em alguns países escandinavos. As impressões recolhidas mostraram que a maioria dos consumidores não permitem a entrada do carteiro nas respectivas residências devido ao receio de furtos.

Os serviços postais austríacos pretendem melhorar a percepção de segurança das pessoas e, por isso, deram a cada participante a possibilidade de conhecer apenas um carteiro, a quem foi dada permissão de entrar em casa.

“O cliente decide se adere a este serviço ou não. Têm de haver também medidas de segurança como uma câmara de vigilância e nós também vamos testar isto. Somos os líderes do mercado na Áustria e pretendemos manter essa posição. E isso requer inovação”, Peter Umundum, administrador dos serviços postais austríacos.

O sistema de entregas postais em casa em teste é descrito na Áustria pela própria empresa como uma novidade na Europa. Deve começar a ser devidamente utilizado a partir do próximo ano no país, mas também em algumas regiões dos Balcãs.

O correspondente da Euronews na Áustria, Johannes Pleschberger, salienta que também “o fato de haver mais pessoas em casa devido à pandemia” tem contribuído “para que mais encomendas fossem devidamente entregues logo à primeira tentativa”.

“A taxa de sucesso pode agora aumentar com esta nova aplicação para entregas em casa”, estima o nosso jornalista.

O teste está ocorrendo nas cidades de Viena, Graz e na região da Baixa Áustria.

 

Países do Mercosul assinam acordo sobre comércio eletrônico

Os países que compõem o Mercosul assinaram um acordo de comércio eletrônico que facilita as transações digitais e proíbe a criação de barreiras comerciais sobre esse segmento. Segundo os Ministérios da Economia e das Relações Exteriores, o instrumento aprofunda a integração regional, ao regular um tema cada vez mais relevante do comércio global.

O acordo estabelece um marco jurídico comum que impede a criação de possíveis obstáculos ao comércio eletrônico entre os quatro países do bloco – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Entre as medidas acertadas, estão a proibição a tarifas sobre downloads, streaming (transmissões eletrônicas) e compras em lojas de aplicativos que sejam incompatíveis com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Pelo acordo, os países do Mercosul também não poderão exigir que empresas prestadoras de serviços digitais instalem servidores (computadores) em território nacional. Dessa forma, uma plataforma que funcione no Brasil não precisa, por exemplo, instalar um servidor na Argentina para poder atender a consumidores do país vizinho.

Apenas, as instituições financeiras precisam seguir a exigência, por determinação dos Bancos Centrais dos países do bloco. Embora seja abolida na maior parte do planeta, a obrigação de uma empresa instalar computadores nos países em que atua é exigida em países como a China, permitindo que uma determinada plataforma seja derrubada por ordem das autoridades locais.

Outros pontos do acordo são a aceitação de assinaturas digitais nos países do Mercosul, o alinhamento das normas nacionais de proteção ao consumidor on-line com as regras do bloco e a adoção e manutenção de marcos legais de proteção de dados pessoais e a proteção contra spam (mensagens comerciais não pedidas).

Avanços

Em nota conjunta, o Itamaraty e o Ministério da Economia informaram que o acordo se baseou nas recomendações mais avançadas de fóruns internacionais como o G20 (grupo das 20 maiores economias do planeta) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo o comunicado, o acordo regional representa uma contribuição à criação de regras internacionais para o comércio eletrônico dentro da OMC.

Desde 1998, os países que integram a OMC têm renovado, a cada dois anos, o compromisso de não impor tarifas sobre o comércio eletrônico. Dessa forma, o acordo do Mercosul firma-se como proteção regional para o segmento na ausência de um acordo global. O texto assinado, destacam o Ministério da Economia e o Itamaraty, é semelhante ao acordo comercial fechado com o Chile em 2018.

Assinado na última quinta-feira (29) em Montevidéu e detalhado na sexta-feira (30), o acordo sobre comércio eletrônico do Mercosul, na avaliação do governo brasileiro, aumentará a previsibilidade e a segurança jurídica das transações comerciais digitais dentro do bloco, contribuindo para o aumento da circulação de bens e serviços nos quatro países membros. “Sua conclusão reforça, mais uma vez, o compromisso do Mercosul com a integração comercial e o fortalecimento das condições de competitividade de suas economias”, concluiu a nota conjunta.

Cidades de fronteira

Também na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso Nacional com o texto do Acordo sobre Localidades Fronteiriças Vinculadas do Mercosul, assinado durante a 55ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em 2019.

O acordo visa fornecer as bases jurídicas de direito internacional para que os governos do Mercosul garantam aos cidadãos das localidades vinculadas dos países participantes o direito de obter documento de trânsito vicinal fronteiriço, que facilita circulação entre os países e confere benefícios nas áreas de estudo, trabalho, saúde e comércio de bens de subsistência.

Os portadores do documento fronteiriço poderão estudar e trabalhar dos dois lados da fronteira. Terão também direito a transitar por canal exclusivo ou prioritário, quando disponível, nos postos de fronteira. O direito de atendimento nos sistemas públicos de saúde fronteiriços poderá ser concedido em condições de reciprocidade e complementaridade.

O acordo também dispõe sobre cooperação entre instituições públicas nessas regiões em áreas como vigilância epidemiológica, segurança pública, combate a delitos transnacionais, defesa civil, formação de docentes, direitos humanos, preservação de patrimônio cultural, mobilidade de artistas e circulação de bens culturais e combate ao tráfico ilícito de referidos bens.

E-commerce rural eleva o setor agrícola da China

As vendas digitais no varejo de produtos agrícolas, apelidado de e-commerce rural, promoveram a industrialização e padronização do desenvolvimento do setor agrícola da China, aumentando a renda dos agricultores e a capacidade de consumo, promovendo assim a vitalização rural no país, disse um relatório emitido pelo Conselho Chinês para a Promoção da Academia de Comércio Internacional.

O e-commerce está impulsionando o consumo rural para se tornar uma parte crescente do setor de consumo doméstico. De acordo com o relatório, o e-commerce rural enriquece a oferta de bens de consumo e promove a atualização do consumo nas áreas agrícolas.

“Por muito tempo, o sistema de circulação de commodities nas áreas rurais da China era mais lento do que nas áreas urbanas, e muitas commodities de alta qualidade e preços baixos não podiam entrar nessas áreas. Com a melhoria da infraestrutura local e a penetração de importantes plataformas de e-commerce em áreas rurais, o varejo digital transformou a estrutura de commodities rurais e oferta de serviços, oferecendo aos consumidores rurais opções de consumo mais diversificadas e de maior qualidade “, disse o relatório.

Do lado da demanda, o relatório CCPITA mostrou que o e-commerce ajudou a aumentar a receita dos agricultores com produtos agrícolas e, assim, aumentou seu poder de compra.

De acordo com o relatório, cada 10.000 yuans (US $ 1.545) adicionais de renda de produtos agrícolas dos agricultores gera um gasto de 3.528 yuans, dos quais 1.131 yuans vão para o consumo online.

O relatório também apontou que, com a expansão da cobertura do comércio eletrônico nas áreas rurais da China, a forte tecnologia e capacidade de logística permitem que as plataformas de e-commerce ajudem a promover a industrialização e padronização do desenvolvimento agrícola do país.

“As tecnologias das plataformas de comércio eletrônico, como inteligência artificial, big data e internet das coisas, junto com suas habilidades de canal de marketing e habilidades de construção de imagem, capacitaram áreas rurais e ajudaram a criar fazendas modernizadas, padronizadas e inteligentes”, disse Chen Haifeng, gerente geral do departamento de agricultura inteligente digital da JD em entrevista ao site ECNS.

O 14º Plano Quinquenal da China (2021-25) prevê a ampliação da cobertura do e-commerce rural no país.

Adobe e FedEx fazem parceria para impulsionar a inovação em comércio eletrônico

Os comerciantes da Adobe em breve poderão entrar na rede digital e física líder do setor da FedEx para apoiar o crescimento do comércio eletrônico, oferecendo remessa gratuita em dois dias, devoluções fáceis, check-out direto e mais.

A Adobe (Nasdaq: ADBE) e a FedEx (NYSE: FDX) anunciaram na última terça-feira (27), uma nova colaboração de vários anos começando com a integração da ShopRunner, uma plataforma de comércio eletrônico líder e subsidiária da FedEx Services, com a Adobe Commerce. Em um ano, quando as compras on-line nos EUA cresceram 42% de acordo com o recente Índice de Economia Digital da Adobe , o e-commerce se tornou um recurso decisivo para todas as empresas, independentemente do tamanho ou setor.

Marcas e comerciantes podem lidar melhor com o forte aumento no volume de pacotes, oferecendo remessa gratuita em dois dias e check-out e devoluções perfeitos. A integração dará aos comerciantes da Adobe acesso à inteligência de logística pós-compra da FedEx, que os ajudará a impulsionar a demanda, reduzir custos e obter percepções do cliente.

“Estamos orgulhosos da parceria com a FedEx para desbloquear uma nova era de experiências de e-commerce baseadas em inovação, velocidade e conveniência que permitem que nossos clientes em conjunto possam competir e vencer na economia digital em primeiro lugar”, disse Shantanu Narayen, presidente do conselho, presidente e CEO da Adobe.

“A oportunidade de fazer parceria com a Adobe é mais um passo à frente na jornada da FedEx para criar um ecossistema de comércio eletrônico aberto e colaborativo que ajudará as marcas e comerciantes a oferecer experiências perfeitas para seus clientes”, disse Raj Subramaniam, presidente e diretor de operações da FedEx . “Com a liderança da Adobe em experiências de clientes, a plataforma ShopRunner e nossa inteligência digital e logística, podemos aumentar a competitividade de marcas e comerciantes e criar novas possibilidades no e-commerce.”

A economia mudou fundamentalmente à luz do COVID-19, passando de um mundo com economia digital para uma economia digital. Durante esse tempo, o comércio eletrônico desempenhou um papel vital, permitindo que marcas e comerciantes sustentassem seus negócios e continuassem atendendo aos consumidores. O mais recente Índice de economia digital da Adobe mostra que 2022 deve ser o primeiro ano de trilhões de dólares para o e-commerce nos Estados Unidos, à medida que mais consumidores migram on-line para atender às suas necessidades diárias de compras. A colaboração da Adobe com a FedEx e o ShopRunner ajudará as marcas e comerciantes a gerenciar melhor suas remessas e logística e lhes permitirá oferecer uma excelente experiência de entrega de última milha como forma de reter clientes e fidelizar. Marcas e comerciantes que enviam com a FedEx também se beneficiarão da inteligência logística pós-compra da FedEx para ajudar a criar uma experiência mais eficiente e confiável para marcas, comerciantes e seus clientes.

Benefícios antecipados para marcas, comerciantes e consumidores:

  • Frete em dois dias: as marcas e os comerciantes terão a opção de habilitar e promover o frete gratuito em dois dias para seus consumidores.
  • Devoluções fáceis: as marcas e os comerciantes podem fornecer aos clientes um processo de devolução fácil e gratuito apoiado pela FedEx, com serviços como devoluções sem etiqueta, acesso à embalagem de devolução nas unidades da FedEx, entrega fácil e muito mais.
  • Maior fidelidade e valor de vida do cliente: Com milhões de compradores ativamente comprando por meio da plataforma ShopRunner, os comerciantes da Adobe terão acesso a um grupo de consumidores fiéis.
  • Seamless Checkout: Por meio do ShopRunner, os consumidores poderão armazenar suas informações de pagamento, cobrança e envio para concluir as compras com facilidade.

“À medida que uma parcela cada vez maior de todo o comércio muda para canais on-line, marcas de todos os tamanhos estão enfrentando pressão competitiva para oferecer experiências de comércio envolventes, relevantes e sem atrito para seus clientes. Além do mais, os clientes têm expectativas cada vez maiores ao interagir com as marcas”. disse Jordan Jewell, gerente de pesquisa, comércio digital e aplicativos corporativos da IDC. “O Adobe Commerce é adequado para marcas em crescimento para se diferenciarem em termos de experiência. A parceria mais recente com a FedEx deve ajudar os comerciantes a atender melhor e superar essas elevadas expectativas dos clientes, permitindo um comércio mais tranquilo.”

Tempo e disponibilidade

Os planos são de que os comerciantes Adobe Commerce e Magento Open Source nos EUA possam baixar a extensão FedEx do Magento Marketplace no final de 2021.

Sobre Adobe

A Adobe está mudando o mundo através de experiências digitais. Para obter mais informações, visite www.adobe.com .

Sobre FedEx

A FedEx Corp. (NYSE: FDX) oferece aos clientes e empresas em todo o mundo um amplo portfólio de transporte, comércio eletrônico e serviços empresariais. Com receita anual de US $ 79 bilhões, a empresa oferece soluções de negócios integradas por meio de empresas operacionais que competem coletivamente, operando de forma colaborativa e inovando digitalmente sob a respeitada marca FedEx. Consistentemente classificada entre os empregadores mais admirados e confiáveis ​​do mundo, a FedEx inspira seus mais de 570.000 membros de equipe a permanecerem focados na segurança, nos mais altos padrões éticos e profissionais e nas necessidades de seus clientes e comunidades. Para saber mais sobre como a FedEx conecta pessoas e possibilidades em todo o mundo, visite about.fedex.com.

Sobre ShopRunner

ShopRunner, uma subsidiária da FedEx, conecta seus milhões de membros de alto valor com frete grátis em 2 dias e devoluções grátis, bem como ofertas exclusivas para membros e benefícios de suas lojas favoritas. Para os varejistas, o ShopRunner ajuda a impulsionar o e-commerce sem atrito por meio de um conjunto abrangente de produtos apoiado por ricos insights do consumidor e ciência de dados.

© 2021 Adobe. Todos os direitos reservados. Adobe e o logotipo da Adobe são marcas registradas ou marcas comerciais da Adobe nos Estados Unidos e / ou em outros países. Todas as outras marcas comerciais são propriedade de seus respectivos proprietários.

Panorama Mercado&Consumo: o que esperar da economia nos próximos dias

Perspectivas positivas nos Estados Unidos e inflação preocupante no Brasil.

As perspectivas continuam positivas nos Estados Unidos diante do avanço da vacinação contra a Covid-19, mas a diminuição da velocidade do crescimento na China preocupa. No Brasil, a inflação também gera apreensões, embora a expectativa seja de que ela caia no segundo semestre. Esses e outros temas são tratados no “Panorama Mercado&Consumo” desta semana, produzido pelo time da Gouvêa Analytics, integrante da Gouvêa Ecosystem. Confira, a seguir, os principais pontos de atenção nos próximos dias na economia.

Cenário econômico internacional

Os Estados Unidos continuam com uma perspectiva muito positiva. Os números estão muito bons e ainda há muito incentivo para entrar na economia (US$ 1,9 trilhão de dólares). Ainda pode haver um novo pacote de infraestrutura. O que preocupa o Banco Central Americano (FED) ainda é o mercado de trabalho para pessoas de mais baixa renda, que sofreram demais na crise. Incentivos fiscais, monetários e vacina em ritmo acelerado devem garantir um ano excelente. O mercado tem, no entanto, um ponto de preocupação: a inflação.

Por outro lado, a diminuição da velocidade do crescimento na China também gera apreensão. Apesar do crescimento de 18,3% do trimestre em relação ao trimestre anterior, a variação positiva em relação ao último trimestre do ano passado foi de apenas 0,6%. O mercado de trabalho, principalmente para jovens, está muito fraco, e auxílios fiscais e monetários do governo são limitados por restrições macroeconômicas. O alívio veio com o crescimento forte das vendas do varejo (32%), que estavam muito deprimidas nos últimos meses. O país deve crescer bem neste ano – o que preocupa é a intensidade deste crescimento.

Cenário econômico no Brasil

O panorama mostra, ainda, que a resolução que o governo federal deu ao Orçamento foi “pegar o caminho mais fácil”. Alguns programas foram deixados fora do teto de gastos, como o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, o BEm, e o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, o Pronampe. Ou seja: eles foram retirados e estão livres de limite.

Na análise da Gouvêa Analytics, o melhor caminho a ser seguido para a economia era manter o orçamento de calamidade por mais algum tempo, tendo como pano de fundo o recrudescimento da pandemia e a necessidade de mais recursos para salvar empresas e auxiliar a camada mais pobre da população. Para a unidade da Gouvêa Ecosystem, deixar alguns programas fora do controle do teto é perigoso e dá ao governo uma discricionariedade que não é desejável – mercado e companhias de administração de risco questionam e criticam a saída.

A inflação ainda preocupa, segundo o “Panorama Mercado&Consumo”, mas é inflação “importada”. O mundo já começou a crescer pós-pandemia e levantou os preços em dólar das commodities. Mas as incertezas políticas e no Orçamento, juntamente com os juros baixos, fizeram com que o dólar subisse demais aqui. Assim, os preços das commodities, principalmente petróleo, soja e milho, subiram excessivamente em real. A expectativa da Gouvêa Analytics é chegar a algo entre 7% e 7,5% no IPCA em doze meses em junho. O índice deve arrefecer no segundo semestre e fechar próximo a 5%. Essa alta já motivou o início de um ciclo de alta de juros que deve fechar o ano entre 5% e 5,5%.

Por outro lado, o IBC-BR, índice do Banco Central que é um indicador de antecedente do PIB, subiu fortemente em fevereiro em relação a janeiro (1,7%). Isso praticamente garantiu que o Brasil não terá queda na economia no primeiro trimestre e afastou a possibilidade de recessão técnica em 2021 (dois trimestres seguidos de queda do PIB). O mês de março deve mostrar uma queda na margem, mas não deve levar o trimestre para negativo, pois, para isso, seria necessária uma queda de mais de 8%, dessazonalizado. O País deve registrar um arrefecimento do crescimento por conta das novas restrições da pandemia.

O câmbio continua muito dependente do ambiente político-econômico interno, aponta o panorama quinzenal. As condições macroeconômicas, com subida de juros do Banco Central, apontam para valorização, mas o ambiente interno tenso não permite essa folga. A tendência é que ele não mude muito no curto prazo.

Gouvêa Analytics é a unidade de mapeamento de tendências econômicas da Gouvêa Ecosystem.

 

Como o Mercado Livre quer se manter líder do e-commerce nacional

Mercado Livre vai investir R$ 10 bi com um simples objetivo: fidelizar consumidores e vendedores.

Maior companhia de e-commerce do Brasil vê demanda crescer em 2020 por conta da pandemia, mas entende que há espaço para mais.

Assim como muitos de nós, Stelleo Tolda, presidente de commerce do Mercado Livre para a América Latina, viu sua rotina mudar radicalmente durante a pandemia.

Ele também foi obrigado a trabalhar de casa, depois que as autoridades sanitárias recomendaram que as pessoas evitassem de sair, a não ser para questões essenciais. E para ter uma estrutura mínima, também teve que turbinar seu home-office, comprando teclado, mouse e uma segunda tela.

Mas diferente da maioria, ele teve que comandar, de sua residência, uma companhia presente em 18 países da América Latina e que foi intensamente testada no ano passado, experimentando uma aceleração significativa da demanda por seus serviços.

Como sabemos, a pandemia transformou profundamente a economia no ano passado, em especial o segmento em que Tolda atua. Enquanto a maioria dos setores da economia sofreu, o e-commerce floresceu no período, uma vez que as pessoas não podiam mais recorrer ao varejo físico para adquirir qualquer coisa, de comida e álcool em gel, até brinquedos e materiais de escritório.

As compras pela internet aceleraram significativamente no ano passado. Até então, o brasileiro era pouco habituado ao varejo eletrônico – o e-commerce tinha uma penetração relativamente baixa no varejo nacional, respondendo por cerca de 6% do total de vendas. O número também era baixo nos outros países da América Latina.

A impossibilidade de ir ao mercado ou shopping center, porém, fez as pessoas migrarem à internet. E para atender o aumento e o surgimento de novas demandas, Tolda viu a necessidade de acelerar planos e investimentos do Mercado Livre no Brasil para dar conta do recado.

“A gente cumpriu o plano de investimento do ano, de R$ 4 bilhões, no Brasil, mas o que a gente fez foi antecipar alguns lançamentos, como a categoria de supermercados, e também a nossa maré logística, que envolve, além de centros de distribuição, postos avançados, que ficam mais perto dos consumidores”, disse ele em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro.

Poderia ter dado errado. Não faltam histórias de empresas que enfrentaram dificuldades quando tiveram que antecipar o cronograma de investimentos. Mas para o Mercado Livre deu certo.

A companhia conseguiu consolidar sua posição de maior nome do e-commerce do Brasil, com a operação tupiniquim ganhando destaque nos resultados consolidados – ela respondeu por 54% da receita líquida total no quarto trimestre, somando US$ 720,5 milhões, um crescimento de 68% em dólar e 120% em real, na comparação com o mesmo período de 2019.

O bom momento também pode ser sentido nos recibos de ações negociados na B3 (MELI34), que valorizaram mais de 215% no ano passado – as ações da empresa são listadas na Nasdaq desde 2007 e em 2020 elas avançaram 179,5%.

A adoção do e-commerce pode ter sido acelerada pela pandemia, mas as pessoas já estavam experimentando fazer compras pela internet, por aplicativos, nos últimos anos. É um caminho sem volta. A primeira fase, a de aceitação, já passou. Agora vem um novo momento, que pode ser chamado de seleção natural do setor, em que será definido quem vai triunfar, quem vai fracassar e quem vai virar referência do varejo eletrônico no Brasil.

Tolda está atento a isso e sabe o que precisa fazer para vencer essa batalha. E a estratégia passa por uma única palavra: fidelização.

Pandemia aceleradora

Lançado em 1999, na Argentina, e presente no Brasil há 21 anos, o Mercado Livre acompanhou o surgimento do e-commerce nacional, primeiro no formato de negociações em leilões on-line, evoluindo posteriormente para um site em que as pessoas poderiam vender produtos novos ou usados, com forte inspiração na americana eBay.

De lá para cá, foi expandindo suas operações e ganhando tamanho, mas sempre tendo que lidar com a baixa penetração da modalidade, provocada por uma série de motivos – baixos índices de acesso à internet, bancarização e questões com a logística.

“A gente via uma penetração relativamente baixa do e-commerce no varejo brasileiro, da ordem de 6% antes da pandemia. Depois de tanto tempo, ter só 6%, na nossa opinião, era um indicativo de que apenas uma parcela da população realmente tinha acessado o e-commerce”

A pandemia, embora indesejada, acabou sendo um catalisador para o segmento avançar. Primeiramente servindo de canal para compra de bens essenciais para lidar com os efeitos do novo coronavírus, como máscaras e álcool em gel.

Diante das restrições à circulação, e com muita gente com medo de sair, o e-commerce viu um crescimento muito forte de um segmento que o próprio Mercado Livre tinha pouca atuação, a venda de alimentos. “O Mercado Livre acelerou os planos (em alimentação). A gente tinha planos de lançar essa categoria no Brasil, já havíamos lançado antes da pandemia no México, mas a pandemia nos fez acelerar os planos”, disse Tolda.

Vendo que comprar pela internet não era tão complicado assim – pelo contrário, até mais cômodo – e percebendo que a pandemia não iria passar tão cedo, as pessoas passaram a buscar outros produtos. Com a casa virando sala de aula, escritório e lugar de entretenimento, aumentou a demanda por produtos destas categorias. E tivemos ainda as famigeradas obras, com todo mundo encontrando algo para reparar, reformar ou decorar.

O resultado de tudo isso, segundo presidente de commerce do Mercado Livre, foi um desempenho muito acima do que era esperado para 2020, uma alta de 60% do volume de vendas total, considerando as vendas próprias e de terceiros. “A gente tinha uma ideia de que, sim, iríamos crescer, mas talvez mais perto de 30% a 40%, então a gente teve um ganho, uma aceleração do crescimento, por conta dessa demanda maior”, disse.

Para Tolda, o que ocorreu em 2020 foi uma mudança de paradigma, mesmo que infelizmente impulsionada pela pandemia. Ele acredita que daqui para frente o e-commerce brasileiro deve ultrapassar a barreira dos 6%, respondendo por mais 10% de tudo que é vendido no varejo e com espaço para crescer ainda mais esse número.

“A gente ainda percebe que uma parcela da população não comprou on-line ainda, e entendo que é uma questão de tempo. E mais do que a gente fazer publicidade para atrair novos consumidores, coisa que a gente faz, o boca-a-boca, a experiência positiva dos que compraram, é o que tem atraído novos entrantes”, disse.

E é justamente este movimento orgânico que o Mercado Livre quer fortalecer, ao entender que para vencer num mercado cada dia mais concorrido é preciso oferecer o melhor serviço, a melhor experiência. Não apenas para o consumidor, mas para os vendedores também.

Fidelização, palavra de ordem

Tolda explicou que existe no segmento de e-commerce uma questão chamada efeito de rede. Trata-se de um ciclo virtuoso. Basicamente, ele pressupõe que o site que tem mais vendedores e mais produtos consequentemente atrai mais compradores. E o marketplace que tem mais produtos, tem mais liquidez, mais consumidores e acaba atraindo mais vendedores.

Manter esse efeito funcionando é o que faz um e-commerce crescer, fidelizando consumidores e vendedores à plataforma. “É ele que faz os marketplaces em países mais desenvolvidos, como na China, nos EUA, terem um líder claro”, disse.

Para garantir que essa roda continue girando, é preciso investir constantemente na melhoria dos serviços. Recentemente, o Mercado Livre anunciou que vai aportar R$ 10 bilhões apenas no Brasil em 2021, dobrando o número de funcionários dos atuais 5 mil para mais de 10 mil.

A maior parte dos recursos (Tolda não precisou quanto) irá para itens de logística, um velho gargalo nacional e que representa um ponto sensível para consumidores e vendedores. Os planos incluem dobrar o número de centros de distribuição, para oito, e ampliar a quantidade de postos avançados, para onde a companhia leva o produto para fazer a chamada “última milha”, o trecho final da entrega das mercadorias ao cliente, etapa crucial e sensível do processo de logística.

“Temos investido na questão do transporte, em parceria com muitas transportadoras, mas a gente também tem investido em veículos próprios, inclusive elétricos, aviões, como a gente anunciou no ano passado, tudo com o objetivo de melhorar nosso nível de serviços na entrega”

Dentro dos investimentos em logística, o Mercado Livre também deve se concentrar no serviço de armazenagem de produtos de seus vendedores, ficando responsável por todo o processo de manuseio, preparação das encomendas e a entrega, uma estratégia a mais de fidelização.

Mas os recursos não vão ficar concentrados apenas na parte de logística, segundo Tolda. A ideia é também expandir o segmento de supermercados, que teve boa receptividade no ano passado, e aumentar a quantidade de produtos próprios, não concorrendo com os vendedores do marketplace, mas complementando a oferta, garantindo que o consumidor encontre tudo aquilo que procura no Mercado Livre.

“A gente quer suprir melhor os nossos consumidores e entende que, em alguns casos, falta oferta de determinado modelo, de determinado produto, porque os nossos vendedores não têm acesso a isso. Em outros casos é uma questão de profundidade de oferta. Nossos vendedores podem até ter acesso a determinada marca, modelo, mas não em quantidade suficiente que a gente tem, principalmente em datas comemorativas, momentos de maior consumo”, afirmou.

E uma terceira parte dos R$ 10 bilhões vai para fortalecer um segmento que pouco foi comentado aqui, o financeiro. O Mercado Pago também é outra maneira de trazer mais gente para a plataforma, seja clientes, ao oferecer carteira digital com rendimento superior ao da poupança, seja para vendedores, com linhas de crédito e meios de pagamento.

De tão complementar que ele é para o segmento de varejo, as chances de uma cisão do Mercado Pago são praticamente zero, segundo Tolda. “Entendemos que mercado pago é um dos pilares do nosso negócio de e-commerce, com um colaborando muito com o outro”, afirmou.