Índice MCC-ENET: e-commerce brasileiro tem alta de 20,04% no faturamento em agosto de 2021

O faturamento do e-commerce continua em expansão no Brasil. Ao observar o mês de agosto de 2021 ante o mesmo período do ano passado, a alta foi de 20,04. Considerando o acumulado do ano, o valor é ainda mais expressivo: 26,97%. Os dados são do índice MCC-ENET, desenvolvido pela Neotrust | Movimento Compre & Confie, em parceria com o Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e.net).

As vendas praticadas pela internet, comparando os meses de agosto de 2021 com 2020, também tiveram um bom desempenho: 11,96%, com o acumulado do ano, o crescimento é de 17,13%.

“O crescimento de quase 27% no faturamento acumulado deste ano até agosto, comparado ao mesmo período do ano passado é uma forte evidência da consistência e penetração dos negócios on-line no Brasil. Em 2020, tivemos um longo período de confinamento com comércios físicos fechados, alavancando as vendas pelo comércio eletrônico. Crescer de forma expressiva sobre esta base de referência, agora com o comércio físico quase em operação de normalidade é um sinal de que as vendas remotas chegaram a um novo patamar na preferência do consumidor brasileiro”, afirma Gastão Mattos, responsável pela Divisão de Varejo Online da camara-e.net.

Vendas on-line
Na composição de vendas nacionais, considerando a base comparativa entre agosto e julho de 2021, o crescimento foi de 1,37%.

Por sua vez, a análise regional das vendas online, desta vez, com a comparação entre agosto de 2021 com o mesmo período do ano passado, os desempenhos foram da seguinte forma:

Nordeste (21,30%);
Centro-Oeste (21,04%);
Norte (20,71%);
Sul (14,81%);
e Sudeste (8,16%).

Já no acumulado do ano, a configuração ficou assim:

Centro-Oeste (35,42%);
Nordeste (31,58%);
Norte (29,85%);
Sul (22,67%);
e Sudeste (11,18%).
Faturamento
O faturamento do setor também teve alta em agosto de 2021, em relação a julho: 2,62%.

Na avalição do faturamento, por região, considerando a base de comparação agosto deste ano frente ao mesmo mês do ano passado, os dados foram:

Sul (25,3%);
Centro-Oeste (23,96%);
Sudeste (19,41%);
Nordeste (17,22%);
e Norte (14,97%).

No acumulado do ano, a configuração ficou da seguinte forma:

Centro-Oeste (40,80%);
Nordeste (38,51%);
Sul (34,46%);
Norte (31,27%);
e Sudeste (20,75%).

Participação do e-commerce no comércio varejista
Em julho de 2021, o e-commerce representou 11,3% do comércio varejista restrito (exceto veículos, peças e materiais de construção). No acumulado dos últimos 12 meses, nota-se que a participação do e-commerce no comércio varejista corresponde a 11%. Vale destacar que esse indicador foi feito a partir da última Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, divulgada no dia 10 de setembro.

Categorias
Em julho de 2021, a composição de compras realizadas pela internet, por segmento, ficou da seguinte forma:

equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (43%);
móveis e eletrodomésticos (28,1%);
tecidos, vestuário e calçados (10%).
artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7,4%);
outros artigos de usos pessoal e doméstico (5,7%);
hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,4%);
e, por último, livros, jornais, revistas e papelaria (2,5%).
Esse indicador também utiliza a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE como base.

Consumidores on-line
Outra métrica avaliada pelo MCC-ENET revela que, no trimestre de abril a junho de 2021, 18,5% dos internautas brasileiros realizaram ao menos uma compra on-line. Observa-se uma alta de 1,3 p.p em relação ao trimestre anterior (17,2%). Já na comparação com o mesmo período em 2019 (10,1%), houve crescimento de 8,4 p.p.

Metodologia do MCC-ENET
Os índices mensais vêm da comparação dos dados do último mês vigente em relação ao período base (média de 2017). Para compor o índice, o Neotrust | Compre & Confie coleta 100% de todas as vendas reais de grande parte do mercado de e-commerce brasileiro, utilizando adicionalmente processos estatísticos para composição das informações do mercado total do comércio eletrônico brasileiro. Também são utilizadas informações dos indicadores econômicos nacionais do IBGE, IPEA e FGV.

O MCC-ENET traz uma visão completa a respeito do e-commerce no país a partir da análise das seguintes variáveis: percentual nacional e regional de vendas on-line, faturamento do setor e tíquete médio. Outras métricas analisadas mensalmente são participação mensal do e-commerce no comércio varejista e crescimento do setor no varejo restrito e ampliado, além da distribuição das vendas por categoria. Por último, a penetração de internautas que realizaram ao menos uma compra trimestralmente pela internet também está contemplada no índice.

Não estão contabilizados no MCC-ENET dados dos sites MercadoLivre, OLX e Webmotors, além do setor de viagens e turismo, anúncios e aplicativos de transportes e alimentação. Isso ocorre porque ainda não são monitorados pela Neotrust | Movimento Compre & Confie.

Como o abismo da inclusão digital afeta o e-commerce

Anos atrás, parecia fácil descrever o estereótipo do “internauta”: jovem, tatuado, que fala inglês e interessado em tecnologia. Por muito tempo, tudo que estava on-line, incluindo as vendas, era voltado para esse tipo de usuário. Mas focar nesse perfil até hoje é um erro que precisa ser corrigido.

No Brasil, existem 152 milhões de internautas com mais de 10 anos de idade, o que corresponde a 81% da população. No entanto, o acesso à internet não é igual entre todos. Esse fato chama a atenção para os desafios da inclusão digital em um país de desigualdade social, sobretudo, ao considerar que essas pessoas podem ser consumidores em potencial.

“Apesar de o brasileiro estar comprando mais on-line, o e-commerce não é tão disseminado para classes C, D e E quanto para A e B. Mas isso deve mudar”, pontua Renato Meirelles, presidente e fundador do Instituto de Pesquisa Locomotiva. O executivo participou do Fórum E-Commerce Brasil – Grand Connection, na terça-feira (14).

Ele ressalta o crescimento da participação de classes de baixa renda no consumo e nas vendas pela internet, impulsionadas pelas dificuldades causadas pela pandemia. “Dois terços dos brasileiros perderam renda durante a pandemia. Mas, entre os conectados, dois terços mantiveram ou aumentaram a renda nesse período. Estamos vendo um modelo de geração de renda em uma camada importante da sociedade brasileira. Isso faz com que essas pessoas ‘realimentem’ o ecossistema do e-commerce. Para isso, antes temos que superar problemas estruturais da sociedade de acesso digital”, avalia.

Barreiras de acesso
Uma das principais barreiras de acesso pode ser notada pela questão geracional: 96% dos jovens entre 16 e 24 anos estão conectados, enquanto apenas metade dos idosos de mais de 60 anos são usuários de internet.

A renda econômica e a localização do indivíduo é outro tópico responsável por mais um “gap digital”. Os mais ricos e moradores de áreas urbanas são mais conectados do que os mais pobres e que vivem em áreas rurais.

A barreira educacional também afeta os usuários, sendo os estudantes de escolas privadas e com nível superior os mais digitalizados.

Em uma perspectiva mais aprofundada, avaliando o universo de conectados, Meirelles aponta limitações que os brasileiros enfrentam em seus cotidianos on-line. Para apresentar as diferentes formas de exclusão experimentadas pelos usuários, sobretudo das classes C, D e E, o Instituto Locomotiva criou o “Índice de Privação Online”.

“Somente 29% dos usuários ainda fazem parte daquele estereótipo de internauta que pensávamos há alguns anos, que são considerados os ‘plenamente conectados’ e são, em maioria, brancos, escolarizados e das classes A e B”, afirma o fundador do instituto.

No índice, é possível encontrar outros três grupos: os “parcialmente conectados”, que representam 26% dos brasileiros com acesso à internet e fazem parte das classes C e D; os “subconectados”, 25%, das classes D e E; além dos 20% que formam os “desconectados”, composto por pessoas mais velhas, não alfabetizadas, das classes C, D e E.

Desigualdade digital
Meirelles afirma que a renda está totalmente ligada a esses grupos, construindo o que ele chama de “abismo digital”. “Esses brasileiros não conseguem ter uma relação igual com a internet, o que acaba criando um ciclo vicioso na sociedade, porque afeta também o acesso dessas pessoas à escola, trabalho e qualidade ou existência de conexão à internet”.

Essa desigualdade pode ser observada por dois eixos: a infraestrutura e o letramento digital. Com a infraestrutura nacional de Telecom sobrecarregada e a distribuição de sinal desigual entre áreas urbanas e periféricas, a conexão para os mais pobres é drasticamente afetada.

O pouco investimento em equipamentos públicos à disposição da sociedade e as limitações de dados oferecidos pelas operadoras para o acesso à internet domiciliar e individual contribuem para acentuar a lacuna entre as classes sociais. Ou seja, sem acesso, é difícil exigir habilidade dos menos favorecidos para o uso da internet.

Ao compreender o cenário econômico do consumidor, é possível concluir que a defasagem no letramento digital do brasileiro e a infraestrutura precária comprometem negativamente o resultado de vendas on-line. Contudo, é também uma chance de perceber o quanto o e-commerce poderia crescer se a desigualdade for superada.

“Estamos em um jogo de ‘rouba-monte’ em vez de crescimento e temos o desafio de fazer com que essa situação não se perpetue”, conclui Meirelles, que sugere como ponto de partida a exigência de políticas públicas que garantam o acesso à internet como um direito fundamental do cidadão. “Se não for por valores sociais, que seja por inteligência: o abismo digital atrapalha os lucros”.

Internet chega a 81% da população brasileira, diz CGI.br

Pela primeira vez, o levantamento identificou uma proporção maior de domicílios com acesso à rede (83%) do que indivíduos usuários (81%).
O Brasil tem 152 milhões de usuários de Internet, o que corresponde a 81% da população do país com 10 anos ou mais. A estimativa é da pesquisa TIC Domicílios 2020 (Edição COVID-19 – Metodologia Adaptada), promovida pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI.br) e lançada na quarta-feira (18) pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Pela primeira vez, o levantamento identificou uma proporção maior de domicílios com acesso à rede (83%) do que indivíduos usuários (81%). Na comparação com 2019, o aumento foi de 12 e de 7 pontos percentuais, respectivamente.

A metodologia utilizada na edição da pesquisa teve que ser adaptada às limitações impostas pela pandemia do novo coronavírus. As entrevistas foram realizadas entre outubro de 2020 a maio de 2021, preferencialmente pelo telefone.

“Durante a pandemia a Internet foi mais demandada em razão da migração de atividades essenciais para o ambiente digital. Os resultados mostram a resiliência da rede em um cenário de crise sanitária”, aponta Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br.

Atividades on-line

A pesquisa reiterou o aumento na realização de atividades on-line durante a pandemia, que havia sido identificada anteriormente pelo Painel TIC COVID-19. No entanto, a pesquisa mostrou que desigualdades no aproveitamento das oportunidades on-line ainda persistem. Usuários da Classe C, por exemplo, realizaram mais cursos a distância e estudaram mais por conta própria em 2020 em relação a 2019, mas ainda em proporções inferiores aos usuários da classe A.

Segundo o levantamento, mais usuários procuraram (42%), ou realizaram (37%) serviços públicos on-line em 2020. Essas atividades concentraram-se mais entre moradores de áreas urbanas, com mais escolaridade e das classes A e B.
Houve também crescimento da realização de transações financeiras no ambiente digital (43%, contra 33% em 2019), com aumento mais expressivo entre aqueles das classes C e DE.

Domicílios com Internet

O crescimento da proporção de domicílios com acesso à Internet se deu em todos os segmentos analisados: nas áreas urbanas e rurais, em todas as regiões, em todas as faixas de renda familiar e estratos sociais. Os domicílios das classes C (91%) e DE (64%) apresentaram as maiores diferenças em comparação a 2019 (80% e 50%, respectivamente), e as diferenças regionais recuaram.

O principal tipo de conexão domiciliar foi a banda larga fixa (68%), com especial aumento das conexões por cabo ou fibra óptica, em consonância com o que revelou a última edição da TIC Provedores.

O estudo também mostrou que houve um aumento na presença de computador (desktop, portátil ou tablet) nos domicílios (passou de 39% em 2019 para 45% em 2020), revertendo uma tendência de declínio que vinha se desenhando nos últimos anos.

Usuários de Internet

A pesquisa detectou um aumento da proporção de usuários de Internet na comparação com 2019, sobretudo entre os moradores das áreas rurais (de 53% em 2019 para 70% em 2020), entre os habitantes com 60 anos ou mais (de 34% para 50%), entre aqueles com Ensino Fundamental (de 60% para 73%), entre as mulheres (de 73% para 85%) e nas classes DE (de 57% para 67%).

“Em 2020 houve uma aceleração do uso da rede entre parcelas mais vulneráveis da população. Apesar do maior alcance da Internet no Brasil, os indicadores apontam a persistência das desigualdades no acesso, com uma prevalência de usuários de classes mais altas, escolarizados e jovens”, pondera Barbosa.

TV supera computador

A proporção de acesso à Internet pela televisão apareceu pela primeira vez na série histórica da pesquisa acima da proporção de acesso pelo computador, alcançando 44% dos usuários brasileiros (7 pontos percentuais acima do registrado em 2019). “O avanço do uso da Internet pela TV está associado ao consumo de cultura e entretenimento, que durante a pandemia passou a ser reportado por uma parcela maior da população”, diz Alexandre Barbosa. As maiores diferenças na utilização de Internet pela TV em relação a 2019 foram observadas entre usuários de 16 a 24 anos (chegando a 54%) e pretos (48%).

A pesquisa realizou entrevistas em 5.590 domicílios por telefone e por meio de coleta face-a-face. A metodologia de coleta foi adaptada em razão da pandemia para restringir o deslocamento de entrevistadores diante das medidas de distanciamento social. Ainda que os indicadores estejam alinhados aos divulgados nas edições anteriores da pesquisa, as comparações devem ser realizadas com cautela, dado que as margens de erro da edição atual são maiores e os efeitos das mudanças na metodologia não são integralmente conhecidos.

E-commerce: O maior Dia dos Pais de todos os tempos

O faturamento no mercado digital superou R$ 6,2 bilhões e mostra como o hábito do brasileiro continua mudando.

Será que o e-commerce vai matar o comércio físico?
Em uma análise do Dia dos Pais 2021 no e-commerce brasileiro o me que chamou mais a atenção, logo ao receber os dados da Neotrust referente à data, foi o quanto o hábito do brasileiro continua mudando. Na verdade, tive a confirmação do que já vinha acontecendo desde o começo da pandemia, com a consolidação das compras no digital. Segundo o consórcio de veículos de imprensa, a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, 51% de toda população brasileira já foi vacinada pelo menos com uma dose contra covid-19. Aqui em São Paulo, lojas e shoppings já estão funcionando em horário normal, mas mesmo assim, o e-commerce não para de crescer.
O Dia dos Pais no e-commerce foi o maior de todos os tempos aqui no Brasil. O faturamento superou os R$ 6,2 bilhões, número 15,99% maior que na mesma data em 2020. O aumento nos números também aparece no ticket médio (R$ 449,14 , 11,24% maior que o ano anterior) e no número de pedidos (+4,28%, alcançando 13,9 milhões).
E mais uma constatação muito interessante: a maioria dessas compras aconteceram por meio de um smartphone. Duas em cada três visitas em sites de compras são feitas por celulares, segundo números da SimilarWeb.
Olhando para o mercado tenho visto duas formas de atuar no e-commerce. A primeira (e na minha opinião, a opção a não ser seguida) separa as operações e vê o estabelecimento físico em uma ponta e o e-commerce em outra. Estoques que não conversam, metas que não se complementam e, muitas vezes, estratégias dissonantes.
Existem as empresas que olham para o usuário, e buscam dar a ele uma experiência maravilhosa independente se ele está no e-commerce, na loja física ou ziguezagueando por ambos. Essas companhias não estão só um passo à frente, estão, na minha opinião, quilômetros adiante.
Vejo como um bom exemplo a Amaro, que só efetua as suas vendas no digital mas abre showrooms em pontos estratégicos. Ela entende que o ponto físico pode servir de catapulta para as vendas digitais. Inclusive, se você quiser fazer suas compras no showroom, é só abrir um dos monitores disponíveis e seu pedido será entregue diretamente no endereço que escolher. Nem precisa carregar sacolas.
Falar em omnicanalidade no e-commerce já é redundante. Subir para cima, descer para baixo, hemorragia de sangue, ataque cardíaco do coração.
Os corredores dos shoppings podem ser comparados ao Google e aos marketplaces. Antes, se você não achava um presente em determinada loja, dava uma voltinha até encontrar, ou ter que escolher alguma outra opção. Hoje os dilemas mudaram: qual é o frete? O presente vai chegar a tempo? A entrega é feita na cidade do meu pai? E se ele precisar trocar? Fiz essa pergunta quando estava escolhendo o presente que meu filho deu para o pai dele. Tentei comprar um Lego no site oficial da marca, mas vi que não chegaria a tempo. Dei uma voltinha (digital), encontrei o mesmo produto com frete grátis e rapidinho. Compra feita!
Voltando aos dados, eles comprovam que isso é algo realmente importante, não só para mim. Houve aumento da participação do frete grátis, e diminuição de R$ 1,89 no preço médio do frete, que é de 17 reais e 86 centavos. 50,3% das compras tiveram frete grátis.
Entrando no detalhe dos produtos que cresceram suas vendas neste Dia dos Pais, comparado ao ano anterior, produtos de Beleza e Perfumaria (principalmente para a barba e perfumes), Chopeira, Kit Caipirinha e Coqueteleira são destaque.
As categorias mais procuradas são Moda e Acessórios (9,9% de share); Beleza, Perfumaria e Saúde; Artigos para Casa; Entretenimento; Móveis, Construção e Decoração.
Na hora de escolher a forma de pagamento, o brasileiro seguiu optando preferencialmente pelo cartão de crédito, seguido do boleto — mas os dois têm perdido espaço por conta do aumento expressivo do Pix e Wallets.
A região sudeste, que representa 42% da população brasileira, concentrou 61,7% dos pedidos e 56,7% do faturamento. As Mulheres tiveram maior participação no faturamento (51,4 %) e também no número de pedidos (59%), comportamento também observado em outras datas comemorativas. Consumidores entre 26 a 50 anos representaram 67,3% dos pedidos e 68,5% do faturamento.
Voltando a minha pergunta inicial, a TV e o rádio não morreram porque conseguiram ressignificar sua função na vida das pessoas. O varejo físico, para se manter relevante, precisa fazer o mesmo urgentemente. O e-commerce é o maior aliado que as lojas físicas podem ter — e essa é uma estrada de mão dupla.
*Andrea Fernandes é CEO do T.Group

Regras de plataformas de e-commerce afetam lojistas e viram alvo de críticas

Vendedores lidam com dificuldades em se adaptar às regras de relevância no ambiente digital e questionam práticas como a exigência de frete grátis e de uso de serviço próprio de logística.

Empreendedores de todo o Brasil encontraram nas plataformas de comércio eletrônico um meio de iniciar ou manter suas atividades digitalmente enquanto as lojas físicas estavam fechadas na pandemia. Enquanto os chamados marketplaces cresceram em número de vendas e de lojistas virtuais, os vendedores agora lidam com as dificuldades em se adaptar às regras de relevância no ambiente digital e questionam práticas das plataformas que impactam o retorno financeiro sobre os seus negócios, como a exigência de frete grátis e de uso de serviço próprio de logística.

A política de ranqueamento dos anúncios de cada vendedor em plataformas como o Mercado Livre, Magazine Luiza e Lojas Americanas é calculada por algoritmos que levam em conta fatores como as buscas mais recorrentes por clientes. Em geral, quem entrega rápido e não cobra a mais por isso é priorizado. Acontece, porém, que oferecer isso aos clientes sem aderir aos serviços dos próprios shoppings virtuais pode ser inviável, e os vendedores acabam tendo de pagar uma porcentagem maior sobre suas vendas. A escolha passa a ser entre abrir mão de margem de lucro para vender ou praticar preços mais altos, o que acaba impactando os volumes.

A imposição de uso de serviços e práticas adotadas pelas plataformas tem gerado críticas na comunidade de vendedores e foram relatadas à reportagem em entrevistas feitas pelo Estadão/Broadcast com lojistas que usam esses serviços.

Uma comerciante de Curitiba (PR) passou a vender tecidos no Mercado Livre durante a pandemia, depois de perder o emprego. Tornou-se Microempreendedora Individual (MEI) e, com esforço, “ativou o termômetro” do Mercado Livre, ou seja, conseguiu que a plataforma indicasse aos clientes que ela tinha uma boa reputação, depois de vender e entregar dentro do prazo suas 10 primeiras encomendas.

As entregas até então vinham sendo feitas pelos Correios, mas depois de ampliar o volume de vendas, chegando a uma média de duas encomendas por semana, ela recebeu um e-mail que dizia: “Ative seus envios nas agências do Mercado Livre antes de 26 de julho para que seus anúncios não sejam pausados”. Isso aconteceu porque a plataforma exige que os vendedores usem a logística própria do grupo ao atingir um determinado patamar de vendas – a empresa não informa qual é esse volume.

A exigência trouxe um problema burocrático e financeiro para a vendedora. Como no Estado do Paraná o MEI não tem uma inscrição estadual exigida pela plataforma para emissão de nota fiscal por meio do sistema do Mercado Livre, ela teve de mudar a categoria de sua empresa e passar a arcar com os custos mensais de um contador. Depois de fazer todas as mudanças e ter de repassar custos para o preço de seus produtos, suas vendas estão paradas. “Faz 10 dias que não vendo nada”, diz. Desanimada, ela pensa em desistir da plataforma e seguir com seu site próprio e em outros marketplaces.

A Secretaria da Fazenda (Sefaz) do Paraná esclareceu à reportagem que os MEIs são dispensados de inscrição estadual no Paraná. “Eles conseguem emitir Nota Fiscal Avulsa eletrônica, pelo site da Receita Estadual (Receita/PR). Porém, alguns marketplaces disponibilizam plataformas integradas e automatizadas nas vendas realizadas em seu site, como é o caso do Mercado Livre”. O órgão explica que, nesse caso, como o próprio software do marketplace emite a nota fiscal para o vendedor, é necessário que o lojista virtual tenha inscrição no seu estado, o que, hoje, não é possível para os MEIs do Paraná. Por essa razão, a vendedora de Curitiba teve de passar a arcar com os custos de uma microempresa para usar a logística própria do marketplace.

Segundo o Mercado Livre, a imposição de uso de sua logística pelos vendedores que têm vendas recorrentes tem como objetivo garantir a emissão de notas fiscais dos produtos vendidos.

“Não temos barreiras para começar a vender na plataforma entregando pelos Correios. Quando o vendedor já é um profissional, já não é mais um vendedor eventual, ele precisa ter empresa aberta e emitir notas fiscais. Como a gente garante isso? Com ele usando a nossa logística”, afirma Ricardo Lagreca, diretor jurídico do Mercado Livre. “Quando percebemos que ele já é profissional, ele tem de ingressar na nossa logística”.

As queixas de alguns lojistas sobre esse tema foram parar na Justiça, e o Mercado Livre alega que a jurisprudência tem sido favorável à empresa. “O Mercado Livre tem o direito de exigir (a migração para sua logística própria), para garantir uma melhor experiência para o usuário e o recolhimento dos tributos. Acreditamos que estamos fazendo isso dentro do nosso direito”, afirma Lagreca. “O recolhimento de tributos é o grande motivo de resistência para alguns vendedores fazerem essa migração.”

Alcance
O executivo sustenta que a adesão à logística própria, como parte do processo de profissionalização, resulta em mais vendas. Segundo ele, o incremento médio foi de 176% no volume nas mudanças registradas nos últimos seis meses. “Ou seja, mais do que dobra a venda quando ele usa a nossa logística”, afirma.

No Brasil, a penetração da rede logística própria do Mercado Livre encerrou o primeiro trimestre deste ano com 90% do total das entregas, o que, segundo a companhia, permite que 1.800 cidades recebam encomendas em até dois dias.

A contratação desse serviço, porém, tem custos. Lagreca diz que esse valor é compensado pela qualidade das entregas e demais benefícios. De fato, a eficiência da logística é elogiada pelos comerciantes da plataforma, mas a precificação dela esbarra na política de frete grátis da companhia. De modo geral, os lojistas pagam R$ 5 por produto despachado, quando a compra é de até R$ 78. Depois disso, os vendedores são obrigados a bancar o frete grátis garantido ao cliente. Segundo o Mercado Livre, o valor pago pelo lojista é subsidiado pela plataforma.

O benefício de fazer parte desse circuito é conseguir entregar rapidamente, ter o selo de frete grátis e, assim, aparecer mais para o cliente. Os produtos, porém, ficam mais caros. “Um produto que eu poderia vender por R$ 10, eu tenho que vender por aproximadamente R$ 35”, diz uma vendedora de utilidades domésticas da capital paulista. “No meu site, vendo 0,5 metro de tecido por R$ 12,90. No Mercado Livre, vendo por R$ 21,90.”, diz a vendedora de Curitiba (PR).

Há quem questione também a independência de atuação na plataforma. “A política de frete grátis limita a liberdade de precificação do vendedor, principalmente de baixo ticket”, diz um vendedor de livros, instrumentos musicais e caixas de som de Taubaté (SP). Os lojistas ouvidos pediram para não se identificar, já que, mesmo com críticas, ainda contam com a plataforma para seus negócios.

Em fóruns de discussão de vendedores das plataformas as críticas também são comuns. As reclamações e questionamentos alcançam outros marketplaces além do Mercado Livre e vão desde a falta de clareza sobre a cobrança de frete até a utilidade ou não de comprar anúncios para movimentar as vendas.

Competição
O repasse dos custos extras ao preço final diminui a competitividade dos comerciantes menores, já que aqueles que têm capacidade financeira para fazer compras de estoques maiores e ganhar no volume de vendas conseguem praticar preços mais baixos. Além disso, os vendedores descrevem uma “competição desleal” com os produtos da loja própria do Mercado Livre. Eles alegam não conseguir praticar preços tão baixos quanto os oferecidos pela empresa em seu estoque.

O Mercado Livre afirma que “as modalidades de venda direta e de marcas próprias têm um sortimento restrito e foram criadas com o objetivo de suprir a demanda existente por sortimento e preço, preenchendo espaços que hoje estão vazios ou ocupados por e-commerces concorrentes”. A empresa diz ainda que os produtos são precificados de modo a garantir um cenário equilibrado e uma competição saudável dentro da plataforma.

“Outras varejistas conseguem comprar quantidades enormes de determinados produtos com descontos. Nosso vendedor menor não consegue ter essas negociações. A gente entra pontualmente nisso, para trazer clientes para a plataforma. O cliente que vem para cá e fica, compra de outros vendedores”, afirma Lagreca.

Para os vendedores, porém, o oferecimento de produtos mais baratos que os seus pela loja própria da plataforma, em um patamar de preço que eles não conseguem atingir, é visto como um limitador de suas vendas. Ainda mais quando uma parte da precificação envolve taxas de serviços da própria plataforma.

E-commerce na pandemia: marketplaces, nova geografia e mídias alternativas

Sétima edição de pesquisa da PayPal sobre perfil do e-commerce brasileiro pontua mudanças históricas e confirmação de tendências do comércio eletrônico.
O e-commerce vem se tornando cada vez mais um pilar fundamental para o comércio brasileiro. Um ano e meio depois do início da pandemia, é possível ver tanto uma ampliação do digital quanto o aumento da qualidade dos serviços em nossas vidas. Pesquisas confirmam essas impressões do dia a dia. No novo levantamento da pesquisa da PayPal sobre perfil do e-commerce brasileiro, o retrato é de um varejo eletrônico mais disseminado pelo Brasil, com mais ferramentas digitais e mudanças substanciais no modelo dos negócios e abordagem do cliente, que têm acontecido pelo aumento de preços e introdução da LGPD.

Se essas transformações parecem óbvias, pouco decifrável é como a digitalização do e-commerce acontece na prática e por meio de quais elementos técnicos ele se consolida, já que este é um processo de desenvolvimento social que se relaciona com a inclusão digital e financeira da população.

“Democracia financeira é tema de extrema relevância. Os pagamentos digitais são mais eficientes e custam menos. Representam mais dinheiro na mão de quem mais precisa”, observa o head de vendas do PayPal Brasil, Felipe Facchini. Segundo ele, inclusão financeira é prioridade no Brasil, e por isso a própria PayPal hoje oferece facilidades como cartão de débito, soluções de tokenização e soluções antifraude.

Facchini ressalta que o celular tem se mostrado como o único meio de pagamento para toda a população no processo de inclusão digital e financeira, e por isso o varejo tem trazido cada vez mais soluções responsivas, além de integração de carteiras digitais como forma de pagamento e a proliferação de apps para gastos do dia a dia.

“As carteiras digitais ganharam mais força coma pandemia e hoje 60% do e-commerce hoje adota por conta de sua inovação, melhor experiência, compra mais rápida, segurança e integração de diferentes meios de pagamentos. Os apps de everyday spending, que são para as compras de rotina, como supermercado, restaurante, farmácia e mobilidade, foram importantes para os restaurantes durante a pandemia, por exemplo, e por isso a PayPal está no Rappi, Uber, 99, etc.”

Sobre o que vem pela frente, Facchini diz que quem quiser continuar no pós-pandemia vai ter que investir em e-commerce e investir em redes sociais como canal de venda e relacionamento com o consumidor. Mas para concordar que a digitalização porvir do varejo on-line tem foco no relacionamento, cabe esclarecer as prioridades e motivadores do atual momento de transformação digital do e-commerce brasileiro.

Evolução dos sites e marketplaces
Thoran Rodrigues, fundador e CEO da Big Data Corp, que é a parceira da PayPal na pesquisa, observa que hoje há quase 5 milhões de sites ativos no e-commerce brasileiro. Há sete anos, eram 360 mil. “Estamos falando de ter crescido quase quatro vezes mais. E a velocidade de crescimento dos sites de e-commerce é mais rápida do que sites como um todo. Antes correspondiam a 2% dos sites ativos e hoje representa 9,4%.”

Apesar desse crescimento, quando medidos por quantidade, só 6% de todas as lojas contam com e-commerce. Por outro lado, ao se contrastar com a totalidade do varejo, o e-commerce cresce a taxas mais altas. Anualizando, esse crescimento é de 23,6%, enquanto a taxa de crescimento do varejo anualizada é de quase 10% na evolução história da pesquisa – o que mostra que o e-commerce cresce mais que o dobro do varejo normal.

“A quantidade de empresas nos marketplaces e no everyday spending tem crescimento ainda mais acelerado que o e-commerce”, ponta Rodrigues. “Há três anos, não havia o conceito de marketplaces e everyday spending como hoje.”

O pesquisador também aponta que a maioria dos e-commerce é pequena, com menos de 10 mil visitas por mês. “Mas nesse ano vemos um aumento da proporção de médias e grandes. Conforme temos mais gente comprando on-line e comprando pela primeira vez, há um público maior nos sites menores e naturalmente a proporção muda. Além disso, muitas lojas de e-commerce são nichadas, oferecendo entre um e dez produtos diferentes vendidos no site. Elas não têm uma diversidade gigantes de produtos, pois no e-commerce o custo de estruturação da loja não segue o físico. Faz mais sentido ter uma quantidade menor de variedade de produtos no e-commerce”, explica Rodrigues.

Alta de preços
A pesquisa da PayPal mostra que o preço médio do e-commerce aumentou. Segundo Rodrigues, o fato está relacionado ao aumento de lojas nichadas e à situação econômica atual do País. “O preço dos produtos subiu. Pegamos todos os preços de todos os produtos e tiramos uma média. O que vimos foi que o preço médio aumentou. Isso tem a ver tanto com o fato de que temos mais lojas nichadas de produtos com produtos de preço médio mais alto, mas também como inflação e poder aquisitivo.”

Descentralização geográfica
A geografia das sedes de empresas de e-commerce e a presença geográfica de seus serviços têm mudado nos últimos ano. Em 2015, quase 55% do e-commerce nacional estavam em São Paulo. Essa proporção subiu até 2018, com quase 62% no Estado do Sudeste, e agora cai para 51,8%.

“Isso significa que a maior parte da abertura de novas lojas não aconteceu em São Paulo. Isso tem a ver com a mudança no comportamento do consumidor. Historicamente, os consumidores digitais eram do Sudeste e do Sul, que tinham mais acesso a tecnologias. Com a pandemia e fechamento dos estabelecimentos, os consumidores do Brasil todos se viram forçados a fazer essa transformação digital. Então, não se trata de um aumento de quem já comprava, e sim da base que passou a comprar. Isso facilita a abertura de sites em outros Estados. O outro lado dessa equação tem a ver com os estabelecimentos, que deixaram de ir para São Paulo porque os mais conectados estavam lá”, esclarece Rodrigues.

Elementos técnicos
A quantidade e a qualidade das ferramentas tecnológicas usadas pelos sites de e-commerce sugerem o grau de profissionalização do setor, já que gera reflexos na construção da loja virtual e no atendimento aos clientes. Dentre os elementos técnicos estão utilização de plataformas, carteiras virtuais, certificados e responsividade.

“Quando começamos a pesquisa, 44% dos e-commerce usavam uma plataforma fechada. Quando começamos a medir, 60% dos sites eram construídos com algum tipo de plataforma e 40% não usava nenhuma plataforma. Se olharmos hoje, temos mais de 80% construídos com algum tipo de plataforma e 20% no modelo mais personalizado.

Rodrigues observa que não houve grande variação nas plataformas abertas, enquanto plataformas de construção passaram a ser mais implementadas. “Hoje, você consegue abrir sua loja com custo baixo dentro dessas plataformas. Temos uma proliferação de plataformas fechadas, que são muito mais fáceis de contratar. Elas têm mais integrações com RPs para puxar estoque, por exemplo.”

Quanto às carteiras virtuais, mais de 60% dos sites oferecem o meio de pagamento hoje em dia. “Isso passou de 40% desde que começamos a medir para 60% atualmente. Mas tem site grande com uma área de tecnologia que tem uma alternativa própria para pagamento”, ressalta o pesquisador.

Em termos de responsividade, Rodrigues aponta que o Brasil saiu de 15% para mais de 80% das lojas virtuais oferecendo a facilitação de navegação.

Adoção por “inflexões”
Rodrigues aponta que a evolução da transformação digital do e-commerce brasileiro conta com adoções e mudanças que passam por eventos externos. Os varejistas tende a não balançar o barco por conta própria. O certificado SSL, que saltou de cerca de 20% em anos passados e hoje está em 90%, cresceu depois que o Google impôs. “A partir do momento em que as plataformas passaram a adotar responsividade, daí então houve uma taxa de aumento. Quando você olha para as tecnologias que não têm esse empurrão externo, o crescimento é mais modesto”, aponta o especialista.

Outro exemplo de influência externa às tecnologias e infraestrutura adotada pelo e-commerce dado por Rodrigues é o aumento de sites hospedados no Brasil. “Parte disso tem a ver com o aumento do dólar, mas também com a preocupação com o impacto da LGPD, que trouxe muitos sites de volta ao País por conta da questão de dados saindo.”

Mídias sociais
Mais que expor produtos, as redes sociais são um forte canal de relacionamento e de construção da marca junto ao cliente. No último ano, o Facebook tem estabilizado quanto ao uso, enquanto plataformas classificadas por Rodrigues como “alternativas ao e-commerce”, como Youtube, vêm crescendo. O Youtube, aliás, saiu de 20% para mais de 45% em cinco anos.

“A presença do Youtube dentro dos sites de e-commerce mais do que dobrou. O Instagram quase triplicou nesse período, de menos de 10% para quase 30%. O TikTok ainda está em pouco mais de 1%, mas está crescendo, na tendência que se torne algo bastante relevante nos próximos anos. Essas mídias diferentes que não têm finalidade de SAC estão crescendo no hall de ferramentas que os sites têm para engajar o cliente”, aponta Rodrigues.

E-commerce registra alta de 17,74% nas vendas em abril

O e-commerce registrou alta de 17,74% nas vendas no Brasil em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado. Porém, ao comparar as vendas de abril ante o mês de março, houve queda de (-6,43%). Mas, no acumulado do ano, a variação foi positiva de 13,97%.

Considerando a mesma base de comparação (abril/21 x abril/20), o faturamento do setor também teve alta: 40,68%, mas teve queda ante março (-2,89%).

Os dados são do índice MCC-ENET, desenvolvido pela Neotrust | Movimento Compre & Confie, em parceria com o Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e.net).

“As compras on-line foram, e seguem sendo, a solução para muitos brasileiros nesse período de isolamento social. Mesmo com uma pequena retração em relação ao mês anterior, o mercado passou por uma transformação permanente, com ampliação de vendas das categorias de produtos de necessidade diária e entrada de novos consumidores no varejo digital”, afirma o secretário executivo da camara-e.net, Felipe Brandão.

Vendas on-line

Ao observar a métrica de vendas regionais, na comparação de abril de 2021 ante o mesmo mês do ano passado, a composição ficou da seguinte forma: Nordeste (42,98%), Sul (23,10%), Norte (19,80%), Centro-Oeste (17,83%) e Sudeste (11,93%). No acumulado do ano, todas as regiões também tiveram variações positivas. A região Centro-Oeste ocupou a primeira posição com alta de (29,06%), seguida pelo Nordeste com (25,21%), na sequência, Norte (23,16%), Sul (12,67%) e, por último, Sudeste (10,62%).

Regiões

Já na análise regional, utilizando como base de comparação o mês de abril de 2021 frente ao mesmo mês do ano passado, os resultados são positivos. Nordeste lidera com (63,11%), seguido por: Norte (46,07%); Centro-Oeste (44,67%), Sul (43,89%) e Sudeste (33,80%).

Comércio varejista

O e-commerce representou 13,3% do comércio varejista restrito (exceto veículos, peças e materiais de construção), em março de 2021. No acumulado dos últimos 12 meses, a participação do e-commerce no comércio varejista corresponde a 10,8%. O indicador foi feito a partir da última Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, divulgada no dia 7 de maio.

Categorias

Em março de 2021, a composição de compras realizadas pela internet, por segmento, ficou da seguinte forma: equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (43,1%), móveis e eletrodomésticos (26,9%); e tecidos, vestuário e calçados (10,4%). Na sequência, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7,4%), outros artigos de usos pessoal e doméstico (6,2%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,5%); e, por último, livros, jornais, revistas e papelaria (2,5%). Esse indicador também utiliza a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE como base.

Consumidores On-line

Outra métrica avaliada pelo MCC-ENET revela que, no trimestre de janeiro a março de 2021, 17,2% dos internautas brasileiros realizaram ao menos uma compra on-line. Observa-se uma queda de 1,2 p.p em relação ao trimestre anterior (18,4%). Já na comparação com o mesmo período em 2020 (12,3%), houve crescimento de 4,9 p.p.

B2W coloca favelas no mapa do e-commerce com entregas em becos e vielas

Compras feitas nos sites da Americanas, Submarino, Shoptime e Sou Barato já são entregues em Paraisópolis; ideia da B2W é expandir para comunidades do Rio de Janeiro.

Moradores de Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo, podem agora receber compras feitas nos e-commerces da B2W Digital na porta de casa, mesmo nos becos e vielas de difícil acesso. A B2W engloba Americanas, Submarino, Shoptime e Sou Barato.

Por meio de um novo projeto de logística participativa da B2W Digital, os mais de 100.000 moradores da comunidade deixam de depender dos pontos de retirada dos produtos adquiridos pela internet, como agências de correios. A ideia é escalar a iniciativa para mais comunidades no país.

O projeto foi desenvolvido em parceria com o Favela Brasil Xpress, startup de logística local, e o G10 Favelas, bloco de líderes e empreendedores de impacto social das dez favelas mais ricas do Brasil.

Desde o início de abril, o Favela Brasil Xpress fez, diariamente, cerca de 350 entregas do e-commerce da B2W Digital aos moradores de Paraisópolis.

A operação conta com uma equipe de 35 colaboradores, incluindo entregadores da própria comunidade, que conhecem o bairro.

“O projeto desenvolvido em Paraisópolis envolve não apenas a venda e a conveniência na entrega de produtos mas também uma série de compromissos de sustentabilidade da empresa, como a geração de renda, inclusão e capacitação de pessoas em comunidades de vulnerabilidade social. Estamos usando a força da B2W para gerar impacto positivo na vida de muitas pessoas”, afirma André Biselli, gerente de operações da B2W Digital responsável pela logística “last mile”.

A próxima favela a ser atendida pela B2W é Heliópolis, também na capital paulista. Depois disso, a empresa pretende começar a operar em comunidades do Rio de Janeiro.

Primeiro trimestre de 2021: vendas no e-commerce têm alta de 57,4% em comparação ao mesmo período de 2020

Em pesquisa realizada com os dados de compra no e-commerce durante o primeiro trimestre de 2021, a Neotrust mostra que houve continuidade do crescimento das vendas on-line no Brasil.

Foram realizadas 78,5 milhões de compras on-line nos três primeiros meses do ano, um aumento de 57,4% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Esta quantidade de compras resultou em um faturamento de R$ 35,2 bilhões para o e-commerce entre janeiro e março de 2021, aumento de 72,2% na comparação com 2020.

“No começo deste ano de 2021 havia uma expectativa de redução da intensidade da expansão, mas com a chegada da nova variante do Covid-19 e, consequentemente, da segunda onda de contaminação que atinge nosso país, nos deparamos com uma evolução ainda mais intensa das vendas no e-commerce não somente brasileiro, mas ao redor do mundo”, explicou Fabrício Dantas, CEO da Neotrust, na apresentação do relatório.

Os principais motivos para o crescimento estão relacionados às diversas promoções realizadas nos três primeiros meses do ano, além do Dia do Consumidor, realizado em março. Outro fator determinante foi o agravamento da pandemia no país, resultando em uma nova onda de fechamento ou redução de circulação no comércio físico em diversos estados.

O consumidor também tem investido mais nas compras on-line: houve aumento de 9,4% no valor do ticket médio em comparação com o mesmo período de 2020. Atualmente, o gasto registrado está em R$ 447,90.

Para efeito de comparação, o aumento do ticket médio no quarto trimestre de 2020 foi de 2,9%.

“O mês de março em 2021, foi o segundo maior mês da história em termos de volume de vendas do e-commerce brasileiro, ficando atrás somente do mês de novembro de 2020, que evidentemente, tem o impacto positivo das promoções da Black Friday”, explicou o executivo.

Destaques por região do Brasil

A região Sudeste ainda é a que mais se destaca em volume de compras e no quarto trimestre de 2020 foi responsável por 63% do total de pedidos feitos on-line no país. Mesmo que siga na dianteira, caiu 3,9 pontos percentuais em comparação com o trimestre anterior.

Isso porque as demais regiões têm apresentado crescimento também. A região Nordeste se destaca por ocupar a segunda posição em total de vendas no e-commerce, concentrando 14,6% das que realizadas entre outubro e dezembro de 2020. Esse número representa um crescimento de 2,6 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. A região Sul segue próxima, com 14,1% do total de pedidos realizados.

Frete grátis

De acordo com o relatório aumentou também a quantidade de compras que foram feitas com entrega gratuita. No primeiro trimestre de 2021, 53% dos pedidos foram entregues sem que o consumidor pagasse pelo frete. No primeiro trimestre de 2020, a porcentagem de entregas gratuitas era de 47%.

Também na marca de 47% estão os pagantes de frete neste período. Eles, no entanto, também foram beneficiados. A pesquisa mostrou que houve redução de 15,5% no valor pago pelas entregas. Dessa forma, o valor médio do frete no período foi de R$ 18,15.

Por categoria

Com relação ao comportamento de consumo por categoria, a pesquisa mostrou um padrão semelhante ao dos outros trimestres: os produtos com ticket médio mais baixo foram os mais procurados. Em contrapartida, os produtos mais caros foram responsáveis pelos maiores faturamentos.

As categorias que mais se destacaram por total de pedidos foram: moda e acessórios (16,5% dos pedidos); beleza, perfumaria e saúde (15,2%); e entretenimento (12,6%).

Já as categorias com melhor faturamento são: telefonia (com 21,2% do total faturado no período); eletrodomésticos e ventilação (17%); e entretenimento (12,4%).

O relatório aponta ainda que os números refletem as promoções realizadas no começo do ano e a duração estendida do Dia do Consumidor neste ano.

Como destaque para categoria mais comprada, moda e acessórios teve 13,3 milhões de pessoas comprando no primeiro trimestre de 2021 (considerando uma compra por consumidor). O gasto médio total foi de R$ 145,00.

A categoria telefonia não apresentou tantos consumidores, mas conquistou um gasto médio mais impressionante: foram apenas 2,9 milhões de consumidores, mas com um gasto médio total de R$ 2.232,00.

Na contramão deste dado, o setor atinge hoje apenas 17,2% do total de pessoas com acesso à internet no país.

De março de 2020 a março de 2021

O relatório apontou ainda quais foram as categorias mais compradas on-line durante o isolamento social, ou seja, de março de 2020 a março de 2021. De maneira geral, elas corroboram os dados levantados no primeiro semestre de 2021, pois apontam para as mesmas categorias apontadas aqui em mais vendidas e em faturamento.

As subcategorias que mais cresceram e venderem de março de 2020 a março de 2021 foram (representação do share da subcategoria dentro do segmento): livros (variação de 97,2%), fones de ouvido (76,1%), aparelhos de televisão (80,5%), remédios (56,7%) e aparelhos elétricos para o cabelo (50,4%).

Os que mais faturaram de março de 2020 a março de 2021 foram (representação do share da subcategoria dentro do segmento): ar condicionado (86,9%), celulares e smartphones (81,6%), TV (80,5%), notebook (22,6%) e geladeiras/refrigeradores (19,7%).

Quem são os consumidores?

A pesquisa confirmou os dados das edições anteriores: as mulheres compram mais, mas os homens gastam mais. As mulheres representam 58,1% dos consumidores e o ticket médio masculino é de R$ 538,20.

A pesquisa mostrou ainda que a idade média do consumidor é de 37 anos. O público consumidor mais significativo foi o de 36 a 50 anos, com 33,9% do total de consumidores digitais. Seguidos de perto pelos consumidores de 26 a 35 anos, com 33,1% do total.

Os consumidores até 25 anos representam 19% das compras on-line, enquanto o público acima dos 51 é responsável por 14% das compras.

Novos consumidores e consumidores únicos

O primeiro trimestre do ano teve queda em 16,4% na quantidade de novos consumidores, com 3,8 milhões de consumidores comprando pela primeira vez online. A comparação foi feita com o primeiro trimestre de 2020.

Porém, para o e-commerce o saldo foi positivo, pois obteve um aumento de 43,9% no número de consumidores únicos: 22,8 milhões.

Frequência

Analisando exclusivamente as vendas no e-commerce feitas no feitas nos três primeiros meses do ano, houve uma média de 3 compras por consumidor digital, com um gasto médio de R$ 1.340,00 para o total das compras, aumento de 14,1% em comparação ao primeiro trimestre de 2020.

Ao analisar os consumidores que fizeram pelo menos uma compra nestes meses, as mulheres também compraram mais (58,6% dos consumidores únicos), com a média de idade mais relevante para consumidores homens e mulheres entre 26 a 35 anos (31,2%).

B2W: E-commerce agora entrega em favelas

Excluídos dos serviços regulares de entregas de empresas de logística, moradores de favelas começam a ser alvo de grandes grupos de e-commerce no momento em que as vendas on-line viraram a tábua de salvação do varejo na pandemia.

A B2W, uma das gigantes brasileiras do comércio on-line, fechou parceria comercial com a startup de logística Favela Brasil Xpress e com a organização G10 Favelas para entregar na comunidade de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, produtos vendidos nas lojas on-line com as bandeiras Americanas, Submarino e Shoptime.

Com isso, mais de 100 mil moradores da comunidade deixam de precisar se deslocar até pontos de retirada de produtos adquiridos pela internet, geralmente agências dos Correios ou lojas físicas do grupo.

Por questões como falta de CEP (Código de Endereçamento Postal), de numeração nas casas e de segurança, moradores das favelas geralmente estão fora do mapa das empresas de logística. Muitas usam até o jargão “CEP do inferno” para designar áreas onde é alto o risco de roubo de cargas.

No entanto, pesquisas mostram que essas comunidades reúnem mais de 11 milhões de brasileiros, boa parte deles com acesso à internet e, portanto, consumidores em potencial.

Nas contas de Gilson Rodrigues, presidente da União de Moradores de Paraisópolis e presidente nacional do G10 Favelas, essas comunidades movimentam por ano no país o equivalente ao PIB de países como Honduras e buscam cada vez mais o e-commerce. O desafio, na sua opinião, estava, exatamente, na logística.

“Temos a pretensão de, em breve, expandir o projeto para outras comunidades e colocar essa população no mapa do e-commerce”, afirma André Biselli, gerente de operações da B2W Digital, mas sem detalhar os próximos passos. Diz que não tem dados sobre potencial de mercado, mas afirma que há uma demanda reprimida.