Black Friday -Balanço sobre as vendas no desempenho do evento de 2022

A edição 2022 da Black Friday gerou expectativas altas, tanto para consumidores quanto lojistas — devido à chegada do Mundial de Futebol e o crescimento do e-commerce, mas acabou acumulando comentários insatisfeitos na internet.

Confira as principais percepções sobre a Black Friday de 2022, a seguir;

Balanço Black Friday 2022
Contrariando a maioria das previsões, 2022 não foi um ano otimista para o comércio. Além da alta da inflação, demissões em massa e instabilidade no mercado de investimentos, o evento competiu atenção com as eleições presidenciáveis no Brasil e a Copa do Mundo — o que incentivou diversos lojistas a anteciparem as promoções e diluírem as vendas ao longo de novembro.

Apesar do crescimento evidente do comércio eletrônico, as empresas buscaram mais segurança oferecendo descontos discretos, enquanto clientes realizaram compras com mais consciência e pesquisa. O resultado dessa equação foi uma queda de 28% no faturamento do e-commerce durante o dia do evento (25). Apesar de não ter superado os números de 2021, as vendas online tiveram um bom desempenho com alta de 8% na semana da Black Friday

Vendas na sexta-feira têm queda de 28% no e-commerce
Dados divulgados entre sábado (26) e na segunda-feira (28), apontam o desempenho de uma Black Friday “morna”. Varejistas, como Americanas e Casas Bahia, começaram a semana com as ações em queda. Especialistas apontam que o efeito se deu pela estreia do Brasil no Mundial de Futebol, na véspera do evento comercial — roubando a atenção dos consumidores.

Um levantamento realizado pela página Hora a Hora, em parceria com a ClearSale, monitorou mais de 4,5 milhões de pedidos entre 0h01min e 23h59min da sexta-feira (25), quando aconteceu a Black Friday. Segundo os dados do estudo, o e-commerce somou mais de R$ 3,1 bilhões em vendas, o equivalente a uma queda de 28% em relação à última edição.

Outros dados relevantes apontam que, além do faturamento no dia do evento, a quantidade de pedidos caiu cerca de 23,7%. O valor do tíquete médio também diminuiu, visto que foi registrado um gasto médio de R$ 733,07 — valor 5,9% menor que o do ano anterior.

Sites instáveis causam perda de R$ 5 milhões
Nas primeiras 12 horas de Black Friday o comércio online brasileiro registrou uma perda de R$ 5 milhões em faturamento neste ano. É o que diz um estudo realizado pela Sofist, empresa de software, que analisou o desempenho de 146 e-commerces durante o evento comercial.

Os dados apontam que, devido à ocasião do jogo do Brasil, o número de acessos foi diluído nas primeiras quatro horas de evento. Das 22h da quinta-feira (24) até às 2h da madrugada de sexta-feira (25), o tempo médio de carregamento dos sites monitorados foi de 3,4 segundos — o Google afirma que um intervalo de mais de 1 segundo de espera faz com que o usuário perca o foco.

Segundo a análise, das 146 lojas online, sete ficaram fora do ar em algum momento, atingindo um prejuízo de mais de R$ 2,4 milhões nas primeiras horas do evento. O valor estimado tem como base o volume de acessos, tíquete médio e a taxa de conversão do comércio eletrônico no Brasil.

Pré-Black Friday tem alta de 8% no faturamento
Embora tenha apresentado uma queda no dia do evento, o faturamento bruto acumulado nos sete dias anteriores à Black Friday registraram um crescimento de 8% em relação ao mesmo ano, é o que diz uma pesquisa da NielsenIQEbit.

As informações destacam dois períodos, sendo o primeiro entre os dias 18 e 23, com o aumento de 24% nos pedidos do setor de Alimentos e Bebidas — impulsionado principalmente pela procura de carnes, que registrou uma alta de 163% no número de pedidos e de 44% nas vendas.

O segundo período em destaque apresenta o melhor desempenho em faturamento desta edição, nas categorias de Games e Eletrônicos. O setor registrou uma alta de 47,9% e 42,5%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2021.

Maioria das reclamações na Black Friday envolve problemas na entrega

O Procon de São Paulo recebeu 889 reclamações relacionadas à Black Friday até a manhã do dia 28 de novembro. A maior parte das queixas dos consumidores tiveram como motivação problemas na entrega dos produtos adquiridos em e-commerce. Juntando os relatos de atraso com os registros de produtos comprados que não chegaram até a casa dos compradores, foram 286 questionamentos, o que corresponde a 32% do total de incidências comunicadas ao órgão de defesa do consumidor.

Outro ponto que mais uma vez chateou os consumidores durante a data promocional foi o “falso desconto”, também conhecido como “metade do dobro”. Essa maquiagem fez com que 104 queixas fossem registradas no Procon-SP logo nos primeiros dias após a Black Friday. Também houve reclamações sobre a entrega de produtos ou serviços diferentes dos que foram adquiridos, incompletos ou danificados; mudanças no preço no momento de finalização da compra; e a escolhas de produtos que logo em seguida eram dados como indisponíveis.

Nas redes sociais, o Procon-SP também orientou os consumidores e sanou dúvidas. Até o dia 28 de novembro, 1138 consultas foram feitas sobre a Black Friday. O órgão disponibilizou um canal específico em seu site para que fossem feitas reclamações relacionadas a data promocional, aberto aos consumidores no dia 11 de novembro e que segue recebendo denúncias.

Entramos em contato com o Procon do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, mas os órgãos ainda não divulgaram um balanço, mesmo que parcial, das queixas dos consumidores nessa Black Friday. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) também ainda não tem dados sobre a BF deste ano.

Apesar disso, há duas semanas, o Procon-RJ divulgou que notificou oito sites por irregularidades na propaganda da Black Friday. Segundo o órgão, isso inclui publicidade enganosa e ausência de informações claras sobre os produtos. A ação fez parte de uma fiscalização, que começou no final de outubro e permaneceu ao longo do mês de novembro, com o objetivo monitorar descontos promocionais na internet. Passaram por fiscalização páginas de eletrodomésticos, eletrônicos, vestuário, clínicas estéticas, empresas de turismo, joalherias, farmácias e lojas de brinquedos.

O Procon fluminense também fez um monitoramento dos preços de produtos que costumam ser muito procurados na Black Friday. A intenção foi verificar se houve maquiagem de preços durante o período promocional, na tentativa de enganar os clientes. Foram pesquisados os valores de 649 itens entre celulares, airfryers, microondas, lavadora, aspirador robô, smart speakers, notebook, geladeira, TV, videogame e fogão. Os dados ainda não foram divulgados.

Aparentemente, as reclamações em relação aos problemas da Black Friday diminuíram neste ano, em relação ao ano passado. Mas, essa redução pode ter sido motivada pelo movimento considerado “morno”, na data que é uma das mais importantes do varejo brasileiro.

Amazon vende 3,5 milhões de produtos em 48 horas de Black Friday

Mesmo com a notificação de queda nos números do e-commerce brasileiro, a Amazon comemorou os resultados da Black Friday 2022. De acordo com a companhia, foram comercializados mais de 3,5 milhões de produtos em 48 horas. O número faz referência somente ao Brasil.

Entre os bens mais vendidos pela Amazon no período, estão celulares de última geração, Smart TVs, copos térmicos Stanley, álbum de figurinhas da Copa do Mundo e a cerveja Corona. Apesar do bom resultado, o levantamento da empresa não traz comparativos com a Black Friday 2021.

Além das categorias citadas acima, o comportamento do consumidor durante a data especial também variou para outros lados. Na Amazon, o brasileiro mostrou interesse por produtos como livros, moda, casa e garagem, e itens de rotina.

No Brasil, Black Friday enfrenta sua primeira queda desde o início das promoções

De acordo com o NielsenIQ|Ebit, o faturamento bruto do e-commerce no país no último dia 25 de novembro foi 23% inferior em relação a 2021. Já para a Confi Neotrust / ClearSale, a Black Friday de 2022 teve queda de 28% quando comparado ao ano anterior. Para o Ebit, no entanto, o desempenho no acumulado do mês sofreu queda de apenas 1% quando comparado com os mesmos 25 dias de novembro de 2021.

Entre os principais motivos para a diminuição das compras nesta Black Friday, destaque para o cenário macroeconômico que o Brasil está enfrentando. Segundo a Neotrust, houve também uma redução no ticket médio e preço médio por parte dos consumidores online. Ainda assim, a empresa analisou um aumento das compras de itens por cestas: “algo próximo a 3 itens, que é 13,4% maior do que no último ano”, afirma.

E-commerce movimentou no mês da Black Friday cerca de R$ 16,5 bi
Do período da 0h da sexta-feira (25) até o final do dia, às 23h59, o e-commerce brasileiro movimentou cerca de R$3,1 bilhões em transações, com um ticket médio de R$733,07 — 5,9% menor do que em 2021, aponta a Neotrust.

O Ebit compreendeu um desafio no poder de compra ainda maior para as classes C e D. Porém, destaca resultados positivos em relação a porcentagem de pedidos, como no segmento de Alimentos e Bebidas. “Vimos uma alta de 13,8% na comparação entre os 25 dias de novembro de 2022 com o mesmo período em 2021”, afirma.

Assim como o Ebit, a Neotrust analisa o período de vendas de novembro com positividade. “Há uma variação de queda, mas bem menor do que vimos na Black Friday. O e-commerce faturou algo próximo a R$16,5 bilhões, cerca de 8,5% menor do que em 2021. A quantidade de pedidos ficou em 33 milhões, 7% a menos do que no último ano”.

Meios de pagamentos na Black Friday
No e-commerce, os meios de pagamentos analisados durante a sexta-feira de Black Friday, segundo a Neotrust, foram:

*Cartão de crédito (54,2%);

*E-wallet, cashback, débito (16,3%);

*Pix (15,7%);

*Boleto bancário (13,8%).

Vale lembrar que, no Mercado Livre, a utilização do Pix para pagamento na Black Friday representou 4 em cada 5 vendas à vista.

Categoria de produtos no acumulado de novembro
Quando analisadas ao longo dos 25 dias registrados em novembro, as categorias de produtos, segundo o Ebit, tiveram crescimento nas vendas em relação ao período no ano anterior. O grupo “Games”, por exemplo, teve a maior alta em faturamento bruto na comparação dos 25 dias de novembro de 2022 com o mesmo período em novembro de 2021, crescendo em 27,8%.

Em seguida, a pesquisadora destaca o segmento de Eletrônicos, com 9,5%, Casa e Decoração com 9%. e Alimentos e Bebidas com leve queda de 3,3%, em faturamento bruto, embora o número de pedidos tenha aumentado consideravelmente.

Quedas no dia da Black Friday
Em relação a queda do faturamento bruto no dia da Black Friday, a empresa revela que todas as categorias mencionadas acima sofreram quando comparadas ao evento de 2021. A redução ficou da seguinte forma:

*Eletrônicos (26,7%);

*Alimentos e Bebidas (22,1%)

*Casa e Decoração (10,5%)

*Games (0,7%).

Sobre a quantidade de pedidos, segundo a Neotrust, o número ficou em 33 milhões, 7% a menos do que no último ano.

Problemas da Black Friday relatados pelo Procon
Como observou o Procon-SP, problemas de logística, como atrasos e não entrega, foram os principais relatados por consumidores na Black Friday. Segundo o órgão, 697 reclamações relacionadas à Black Friday chegaram até o fim da tarde do dia 25/11. Nas redes sociais, foram registradas 190 consultas e orientações.

Atraso ou não entrega foi o problema com mais reclamações, com 232 queixas (33% do total). Entre os principais questionamentos também estavam:

*Produto ou serviço entregue diferente, incompleto ou com danos (82 queixas);

*Maquiagem de desconto, quando o desconto oferecido não é real (82 queixas);

*Produto ou serviço indisponível (70 casos);

*Mudança de preço ao finalizar a compra (66).

Copa do Mundo e cenário econômico tiram foco da Cyber Monday

Voltada a descontos para eletroeletrônicos, a segunda-feira seguinte à Black Friday vem em segundo plano neste ano; retorno dos fabricantes é de que o mercado não está aquecido.

O calendário estendido de promoções da Black Friday 2022 e o foco do varejo em chamar a atenção do consumidor durante a Copa do Mundo 2022, realizada no mesmo período, deixaram a Cyber Monday, segunda-feira seguinte à Black Friday voltada a descontos para eletroeletrônicos, em segundo plano neste ano.
“A Cyber Monday embarcou nas promoções alongadas durante o mês, a ‘Black November’, este ano, já que a Copa foi ganhando espaço não só na cabeça do consumidor, mas do varejo”, diz Fernando Baialuna, diretor de varejo da consultoria GfK.

A atenção do consumidor aos jogos da seleção brasileira e a animação em torno da Copa do Mundo do Catar não são os principais motivadores das perspectivas conservadoras de vendas do setor entre fabricantes e varejistas no mês da Black Friday e da Cyber Monday.
“O varejo, desde o Dia das Mães, vem reportando números difíceis de vendas para o usuário, e o retorno que temos dos fabricantes é de que o mercado não está aquecido”, afirma Reinaldo Sakis, gerente sênior de pesquisa e consultoria da IDC Brasil.

“Os resultados do setor para vendas de celulares, computadores, tablets e dispositivos vestíveis (wearables) estão abaixo dos volumes esperados”.
“Olhando para o cenário nacional, e os retornos do mercado de que o brasileiro está com a renda comprometida, a Black Friday e Cyber Monday não devem ter vendas excepcionais, embora haja uma concentração de vendas e de descontos mais altos nessas datas”, analisa Sakis.

O reflexo deste cenário foi o resultado do e-commerce com eletroeletrônicos nesta Black Friday. A categoria líder nas listas de compras dos brasileiros nesta época do ano teve uma queda de 28,7% em faturamento bruto no e-commerce na sexta-feira (25), em relação à data equivalente de 2021, mostra uma pesquisa da consultoria NielsenIQ|Ebit.

Já ao longo do mês, até o dia 25 de novembro, as vendas brutas do segmento nas lojas on-line tiveram alta de 9,5%.
Criada como uma forma de incentivar as vendas on-line logo após a Black Friday, nos Estados Unidos, e oferecer serviços complementares aos produtos comprados pelos americanos na sexta-feira, a Cyber Monday foi se concentrando em promoções de eletroeletrônicos. Por aqui, entretanto, ainda não é uma data significativa de vendas em relação à Black Friday.

“O Brasil nunca foi um país que colocou foco na Cyber Monday de maneira clara, e esse é um ano atípico por conta do mundial de futebol”, observa Baialuna. No ano passado, as vendas da Cyber Monday recuaram 6,2% em unidades vendidas e 5,7% em faturamento no país, na comparação com 2020, segundo levantamento da GfK.

Já em 2020, a data teve uma boa performance de vendas, refletindo a demanda por equipamentos para trabalhar ou estudar remotamente, no auge da pandemia da covid-19. O volume de vendas cresceu 7,7%, e o faturamento saltou 36,8% na segunda-feira de promoções de eletroeletrônicos de 2020 em relação à data equivalente em 2019.

De 2018 a 2021, a Cyber Monday teve uma participação de 18% a 17,3% no volume de vendas de eletroeletrônicos dos períodos de Black Friday e antecipação da Black Friday, informa a GfK. No ano passado, a sexta-feira de promoções gerou 42,2% das vendas na categoria no país e a prévia, ou “esquenta” da Black Friday, gerou 40,5%.
Para a distribuidora de eletroeletrônicos RCell, a demanda do varejo por celulares nesse período de promoções continua aquecida, mas com um valor médio de compra (ticket médio) mais baixo, em relação ao de 2021.
De 1º a 20 de novembro, as vendas de celulares da distribuidora aumentaram 39%, para 543 mil unidades, na comparação com o mesmo período do ano passado. Já o tíquete médio recuou 10%, de R$ 1.000 para R$ 900.

Varejo digital tem sua pior Black Friday, com vendas caindo 28%

A partir desta semana as estratégias comerciais se voltam para os próximos 20 dias, para tentar retomar crescimento e buscar melhores margens nas ações de Natal.

O varejo on-line teve a pior Black Friday da sua história neste ano, com recuo em número de pedidos e no valor gasto por compra. Houve queda de 28% nas vendas na sexta-feira sobre 2021, para R$ 3,1 bilhões, em cima de uma base fraca de comparação, já que o ano passado havia registrado o menor crescimento na data, até então.

A partir desta semana as estratégias comerciais se voltam para os próximos 20 dias, para tentar retomar crescimento e buscar melhores margens nas ações de Natal.
O recuo na sexta-feira, data principal do evento, equivale a R$ 1,2 bilhão a menos em vendas do que o ano anterior, segundo monitoramento fechado no sábado pela Confi Neotrust, empresa de dados com foco no digital, em parceria com a ClearSale, voltada para prevenção a riscos. Há o efeito da recente deterioração do poder de compra, mas também do baixo nível de confiança na economia em 2023.

Além do ambiente econômico difícil no ano, há o risco de um início de 2023 ainda com alto grau de incerteza política e sem melhora na renda no curto prazo, após a troca de governo, levando o consumidor a segurar os gastos, dizem especialistas. A NielsenIQ|Ebit apurou queda de 23% na sexta-feira.

Mercado Livre tem alta de 10% nas vendas na Black Friday e de 19% na semana

O Mercado Livre disse na segunda-feira (28) que suas vendas brutas cresceram 10% na última sexta-feira (25), auge da Black Friday, em comparação ao mesmo período do ano passado.

No final de semana, a alta ficou “acima de 30%”, segundo a companhia, enquanto de segunda-feira passada ao domingo (27), o avanço nas vendas foi de 19%. O marketplace não divulga os números brutos de vendas.

As categorias de produtos eletrônicos e moda foram os destaques, disse o Mercado Livre em comunicado.

No início da tarde, as ações do Mercado Livre caíam 1,3% em Nova York, a US$ 939 cada, em dia negativo para os principais índices acionários norte-americanos. O S&P 500 recuava 0,9%.

O desempenho geral do comércio eletrônico brasileiro mostrou recuo na sexta-feira e no sábado de Black Friday em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Confi Neotrust, em parceria com a empresa de inteligência de dados ClearSale.

A Black Friday de 2022 foi atípica, em especial por causa da convergência com a Copa do Mundo, o que fez com que diversas varejistas optassem por estender o período de promoções durante novembro. O cenário de juros e inflação também impactou nas vendas, enquanto o boom de vendas online na pandemia distorceu a base de comparação dos dados.

“Enquanto as vendas de produtos eletrônicos seguem como vocação natural da data, o setor de moda ganhou relevância pela busca por vestuário das cores do Brasil, somando-se ao amadurecimento do setor no e-commerce brasileiro”, afirmou o Mercado Livre.

Black Friday tem 1ª queda nas vendas da história; começa a ‘xepa’

Importada dos Estados Unidos desde 2010, com a proposta de aquecer o comércio um mês antes do Natal, a Black Friday observou no Brasil, em 2022, a primeira queda nas vendas da sua história. O recuo se deu nas vendas online, meio no qual pelo menos 90% dos consumidores pretendiam fazer as suas compras este ano, segundo pesquisa do site brasileiro de reclamações Reclame Aqui.

Duas grandes pesquisas do varejo eletrônico -Ebit|Nielsen e ClearSale/Neotrust- apontaram, ano após ano, números superlativos em vendas na Black Friday (sempre em valores nominais, sem descontar a inflação). Para se ter uma ideia, as vendas começaram em R$ 3 milhões em 2010 e avançaram para R$ 100 milhões em 2011, segundo a ClearSale. Em 2015, atingiram R$ 1,57 bilhão.

O especialista em varejo Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail, lembra que a Black Friday original, americana, realizada após o Dia de Ação de Graças, principal data em que os americanos trocam presentes, nasceu para liquidar os estoques da data. “Seria o nosso 26 de dezembro”, disse à reportagem.

Já a Cyber Monday nasceu para que os sites liquidassem seus produtos, no embalo da data. “Os brasileiros pegaram a ideia da Cyber Monday e começaram as vendas aqui no comércio eletrônico. Mas a data só explodiu quando grandes varejistas -Carrefour, Pão de Açúcar, Magazine Luiza, Casas Bahia- aderiram.”

Em 2019, de acordo com a Ebit|Nielsen, as vendas chegaram a R$ 3,2 bilhões, considerando a quinta e a sexta-feira.

Mas foi no primeiro ano da pandemia, em 2020, que os números deslancharam: vendas de R$ 6 bilhões na semana do “esquenta Black Friday”, de 19 a 27 de novembro. Considerando a “xepa” da data, no sábado e domingo, mais R$ 1,5 bilhão, informou a Ebit|Nielsen. Só na sexta registrou vendas em torno de R$ 3,1 bilhões.

Em 2021, diz a Clearsale/Neotrust, as vendas na sexta-feira atingiram R$ 4,3 bilhões e, neste ano, caíram 28%, para R$ 3,1 bilhões, enquanto o número de pedidos recuou 24%, para 4,5 milhões. É a primeira queda no faturamento desde que a data começou a ser promovida no Brasil.

Os varejistas estavam preocupados com uma Black Friday paralela a uma Copa do Mundo: o evento esportivo teve início no dia 20 de novembro. O Brasil jogou na última quinta-feira (25), véspera da Black Friday, quando as vendas já começam a ser expressivas.

“Mas o que vimos foi o consumidor com atenção voltada ao jogo da seleção”, disse à reportagem o presidente do Reclame Aqui. “O jogo do Brasil fez o acesso ao site cair 80% durante a partida. Ao final, o fluxo voltou 20% inferior”, disse.

Na quinta-feira, moda e cosméticos estiveram em alta na procura, sexta-feira apresentou itens de maior valor agregado, como smartphones e TVs, mas no fim do dia mercearia voltou a ser o destaque (como foi na Black Friday de 2021), diz Neves.

Uma esperança era que, no último sábado e domingo (26 e 27), os números se mostrassem mais animadores. De acordo com pesquisa do Reclame Aqui com 13,7 mil usuários, cerca de 20% pretendiam fazer suas compras depois das 18h da sexta-feira, pegando a “xepa” da Black Friday.

No último sábado (26), no entanto, segundo dados da Clearsale/Neotrust, as vendas atingiram R$ 1,2 bilhão, com 2,2 milhões de pedidos -quedas de 4,4% e 4,3%, respectivamente, em relação ao ano passado.

De acordo com a ClearSale/Neotrust, considerando o mês de novembro até a sexta, 25, o recuo foi menor em relação à data da Black Friday. “O faturamento total do e-commerce, de 1º de novembro até o dia 26, às 23h59, fechou com R$ 17,7 bilhões, algo cerca de 8% menor que 2021. Já a quantidade de pedidos chegou próximo a 35,8 milhões, cerca de 7% a menos”, informou a empresa, em nota, sugerindo que houve uma diluição das vendas ao longo do mês.

É claro que não foi só a Copa que atrapalhou os planos do varejo online -embora tenha ajudado a vender camisetas da seleção, tênis, TVs, smartphones e fritadeiras elétricas.

O consumidor está com menos crédito disponível e o varejo não apostou em promoções atraentes. “As vendas online arrefeceram neste ano porque as empresas estão muito menos agressivas em políticas de frete, desconto e parcelamento. Não estão buscando venda a qualquer preço”, diz Serrentino.

Tentativas de fraude superam os R$ 50 milhões De acordo com a ClearSale, entre quinta-feira e sábado, a empresa evitou R$ 51,7 milhões em tentativas de fraude, o que representa cerca de 40 mil pedidos fraudulentos. A empresa é especializada em inteligência de dados voltada à prevenção de riscos.

O total superou a previsão inicial da companhia, de fraudes em até R$ 50 milhões. “É um aviso importante aos lojistas, pois os novos meios de pagamentos abrem margem para novos tipos de fraudes. O crescimento do Pix e de outros métodos de pagamentos podem ter impulsionado esse número”, diz o líder em estratégia de mercado da ClearSale, Marcelo Queiroz, em nota.

Em relação aos meios de pagamentos durante a sexta-feira de Black Friday, os mais utilizados no e-commerce foram: cartão de crédito (54,2%), seguido e-wallet, cashback e débito (16,3%). Já o Pix somou 15,7%, enquanto o boleto ficou com 13,8%.

Uma visita ao Mercado Livre durante a Black Friday 2022

O trabalho em ritmo industrial é corriqueiro em um dos maiores players de comércio eletrônico do mundo. Agora, imagina o clima de um espaço desses durante a Black Friday? Foi isso que a equipe do E-Commerce Brasil conferiu na sexta-feira (25), em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo. Um dos quatro maiores CADs (Centros de Armazenamento e Distribuição) do Mercado Livre, com 100 mil m², é a maior unidade em capacidade de operação e volume de e-commerce da América Latina. “É a nossa operação de ouro”, afirma Luiz Augusto Vergueiro, diretor sênior de Operações Logísticas no Mercado Livre.

Inaugurado em julho de 2021, a unidade é comandada por três mulheres: Suelen Bellinassi, gerente de Fulfillment, Fernanda Cacita, gerente de Outbound – Fulfillment, e Mariana Borgo, gerente de Operações Fulfillment. O espaço fullfiment armazena quase 1 milhão de tipos de produtos distintos e pequenos. Isso porque cada um dos 11 CADs da empresa são especializados em categorias de produtos. “Desta forma, todos os produtos que o cliente comprou podem ser entregues na mesma caixa, de botão a cerveja, por exemplo”, explica Vergueiro.

Vale ressaltar que o centro não é a origem dos produtos, mas o destino, segundo Borgo, pois há um hub de recebimento onde os produtos são separados por categorias e tamanhos. Em 2023, a companhia quer inaugurar mais três CADs: um em Araçariguama, no interior de São Paulo, e dois em Barueri, na região metropolitana.

Armazenagem aleatória

Entre centenas de esteiras, empilhadeiras e carrinhos, fica fácil se perder, ainda mais com produtos colocados em prateleiras diversas, com uma lógica difícil de ser entendida à primeira vista. No entanto, devido ao sistema de leitura de códigos, a companhia consegue otimizar espaço armazenando produtos distintos e de diferentes sellers de forma estratégica – com exceção de produtos regulamentados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), como alimentos, sanitizantes e medicamentos.

O armazenamento é feito de forma aleatória, mas com muita tecnologia por trás. O sistema cruza as informações e traça a melhor rota para a coleta dos itens, feita pelos colaboradores.

Esteiras 24 por 7

Vergueiro revela que cerca de 18 mil pacotes passam por hora pelas esteiras, equipadas com sensores que classificam os produtos por destinos e os separam por rotas. Nesta velocidade, fica fácil algum pacote se perder. Por isso, de tempos em tempos, um funcionário retira “os fugitivos” e os recoloca a caminho do consumidor. “Muitas vezes, os pacotes nem voltam para a esteira e são recolhidos manualmente”, explica o executivo. Já na parte do packing, os colaboradores embalam até 150 pacotes por hora, ou seja, um produto é embalado e etiquetado em menos de 20 segundos.

Para o publico em geral, a Black Friday é na última semana de novembro. No entanto, a alta demanda no centro de armazenamento e distribuição começa em outubro, com o aumento das vendas e das contratações. “A operação dobrou em expedição e armazenamento em comparação com a BF do ano passado”, diz Borgo. Para dar conta da demanda, a empresa contrata colaboradores temporários e, destes, uma parte é efetivada. O CAD funciona em cinco turnos 24 por 7.

As compras feitas até as 12h00 são enviadas antes das 13h00 para chegarem ao destino no mesmo dia. Porém, na Black Friday, o período é extendido em uma hora para dar vazão aos pedidos.

Outro objetivo da companhia é otimizar as embalagens e espaços de armazenamento com caixas de plástico retornáveis e dobráveis. Cada contêiner de plástico suporta cerca de 300 kg e pode ser empilhado [até 3 unidades que, juntas, ultrapassam 2 metros]. Na questão de sustentabilidade, a ideia é substituir aos poucos as caixas de papelão que duram, em média, seis viagens. Já as de plásticos, não possuem limite de tempo de uso. Mas um dos empecilhos para a substituição total – ao menos, por agora – está na altura dos caminhões tipo truck.

Black Friday: nuvemshop lança página com vendas da plataforma em tempo real

Só em outubro, véspera da Black Friday, as PMEs da plataforma Nuvemshop faturaram R$ 238 milhões, um crescimento de 22% sobre o mesmo período de 2021. Para comprovar o poderio das pequenas e médias empresas no e-commerce, o marketplace apresentou hoje uma página em tempo real com dados sobre vendas das PMEs na Black Friday 2022 (para acompanhar, acesse https://site.nuvemshop.com.br/black-friday-2022).

Atualizada a cada 15 minutos, a página mostra:

*faturamento total;

*ticket médio;

*número de pedidos por minuto e total;

*segmentos e regiões em destaque.

Além disso, a página também apresenta o meio de compra (mobile, desktop ou redes sociais) e traz o comparativo com os anos anteriores. Vale reforçar que os dados apresentados referem-se à base de lojistas cadastrados na plataforma.