O que esperar do perfil do consumidor digital em 2022?

Nunca vimos um período de tantas mudanças no comportamento do consumidor como aconteceu em 2020 e 2021 – pelo menos não na história recente. A pandemia, sem dúvidas, foi um dos impulsionadores dessas mudanças e contribuiu muito para acelerar essas transformações.

Os números dizem que os consumidores estão cada vez mais digitais – segundo uma pesquisa da PwC, as compras por celular cresceram 45% e as por computador 41% no pós-pandemia criando um novo perfil de cliente: o consumidor digital.
Por isso, estar por dentro das tendências para 2022 é essencial para entender como vender mais online.

Quem são esses novos clientes e como conhecê-los?

Estamos na era do consumidor: é ele quem manda. Porém, o seu perfil mudou — e muito — neste último ano. Com as imposições postas pela pandemia, o cliente se adaptou às novas formas de compra e venda que, como nunca, contaram com o apoio da tecnologia.

Comprar pela internet acabou sendo a única alternativa: telentrega, delivery, pegue e leve e take away são palavras que já faziam parte do nosso vocabulário, mas se popularizaram.

Neste cenário, as empresas que se destacam são aquelas que colocam esse novo cliente no centro das suas decisões. Agora, não é mais sobre o que as empresas fazem e sim sobre o que fazem para os seus consumidores, agindo de acordo com a necessidade deles.

Para se sobressaírem, as empresas precisam saber como vender online e se adequarem para entender quais são essas demandas, o que ele espera? Quais necessidades devemos atender? Por isso, investir em Big Data, em Inteligência Artificial e em outras tecnologias para conhecer melhor o consumidor digital e entregar uma cadeia de valor que o agrade faz toda a diferença.

O que o consumidor digital espera?

Com tantos clientes com perfis diversificados, responder essa pergunta se tornou um grande desafio. Isso porque vender online agora exige muito mais esforço do que antes, quando em muitos casos os produtos eram apenas simplesmente comprados. Agora vender online, onde não há a exposição do produto para provocar sensações – ainda! – nos indivíduos, exige um esforço maior.

A compra era automática, agora é pensada. Vender online envolve planejamento e estratégia. Por isso, entender o que o consumidor digital espera é fundamental. Segundo um estudo, divulgado pelo portal Consumidor Moderno, algumas tendências dos valores priorizados pelo consumidor digital são apontadas e ajudam a entender o que ele espera. Confira a seguir.

4 Valores mais priorizados pelo consumidor digital:

Longevidade e sustentabilidade: com o consumidor cada vez mais preocupado com questões ambientais, a busca por produtos sustentáveis e com um ciclo de vida maior é crescente.

Bem-estar e empatia: a pandemia do coronavírus fez com que o consumidor desse maior importância para seu bem-estar físico e mental.

Segundo a WGSN, pesquisas por “cuidados em casa” dispararam cerca de 33% em abril deste ano.

Conexões virtuais na luta contra a solidão: para driblar essa sensação durante o período de isolamento, promover conexões virtuais foi a solução encontrada. Fica evidente, então, a importância do digital para motivar não só consumidores, para que estes se sintam parte de uma empresa e mais próximos de determinada marca, como também colaboradores, que produzem até 50% mais quando satisfeitos.

Confiança e segurança: cada vez mais o consumidor busca por transparência na hora de realizar uma compra ou priorizar determinada marca. Segundo a pesquisa “2021 Global Marketing Trends: Find your focus” da Deloitte, 25% dos consumidores deixariam de consumir um produto ou serviço de uma marca que age apenas em favor próprio durante o momento de pandemia.

Dessa forma, oferecer experiências para esse cliente é fundamental. A KPMG listou “Seis Pilares”, princípios universais que guiam todas as experiências humanas positivas, que podem ajudar a entender este comportamento. Os pilares são: integridade, resolução, expectativa, tempo e esforço, personalização e empatia.

De acordo com a KPMG, eles são sempre os mesmos, mas variam de acordo com o momento. Agora, os mais importantes, que cresceram com a pandemia, são integridade – eu quero lidar com empresas sérias que façam o melhor por mim –, empatia e personalização. E a experiência para o consumidor deve ser provida de acordo com a forma como as pessoas querem se relacionar no momento.

6 Tendências sobre o consumidor para 2022

Saber o que consumidor digital valoriza e quais as tendências desse mercado ajudam a entender como impulsionar os negócios online e como vender online. Conheça então alguns conceitos do estudo “Consumidor do futuro”, da WGSN, que estarão em alta:

Trend #1 – Consumidor no poder: Atenção do consumidor amplamente disputada e é ele quem manda e dita as regras de consumo.

Trend #2 – Sociedade conectada: As tendências de comportamento foram aceleradas – e ainda ganharam o impulso da conectividade tornando a sociedade altamente conectada.

Trend #3 – Dessincronização social: As comunidades estão se desfazendo, há uma falta de interação consistente.

Trend #4 – Contágio emocional digital: Esse é um traço comportamental no qual as pessoas imitam os sentimentos de quem está próximo, sejam eles positivos, sejam negativos.

Trend #5 – Novas estratégias de pricing: Como aumentar o preço se as pessoas não têm dinheiro para comprar? O pricing será uma grande discussão daqui para a frente.

Trend #6 – Ecoansiedade: Ela determina questões como sair de casa ou não. A incerteza financeira é abastecida pelos índices de insegurança econômica e pelo desemprego impulsionados pela pandemia.

O perfil do consumidor digital do futuro

Diante desses sentimentos, a WGSN traçou três perfis de consumidores do futuro. Os estabilizadores se mostram cansados do excesso de informação e de conteúdo. Para eles, menos é mais.

Já os comunitários esperam uma integração maior das empresas às comunidades onde vivem, com foco na economia circular e no ativismo social. E os novos otimistas buscam uma relação mais ‘fun’ com as empresas, esperando delas soluções de vendas tecnológicas.

O fato é que agilidade, atendimento humanizado, engajamento e foco no cliente, propósito e tecnologia com certeza serão fatores importantes para o consumidor digital. Entender estes novos clientes e quais as tendências é uma tarefa constante. Por isso, acompanhar esse tema deve ser sempre prioridade para o seu negócio.

Cyber Monday é oportunidade para retargeting de clientes

Segunda-feira após Black Friday cresceu 41% em vendas em 2020; a expectativa é que esse ano os números sejam superados com o apoio de táticas de marketing.

A Black Friday, uma das principais datas do varejo, já chegou. Porém, as estratégias para conquistar o consumidor, aproveitando o apelo que a data possui no varejo, ganharam um período inteiro, além de adaptações de nomenclatura, considerando que agora as ações acontecem ao longo do mês na Black November, e no decorrer da semana, chamada de Black Week, e não mais em um único dia. Mas, outra data que está ganhando destaque ao longo dos últimos anos é a Cyber Monday, que acontece sempre na primeira segunda-feira após a Black Friday, focada para o comércio eletrônico. Dados de um levantamento da Neotrust/Compre&Confie mostraram que em 2020 a Cyber Monday registrou um aumento de 41,8% de vendas em relação a 2019, com cerca de R$ 702,7 milhões movimentados e crescimento de 37,6% no número de pedidos frente a 2019. Com o número de e-commerces crescendo e a expansão dos marketplaces, essa segunda-feira promocional pode ser a forma de atrair mais clientes, mesmo após a Black Friday, neste ano marcada para o próximo dia 26.

Para Tiago Mello, diretor de produtos da Linx Digital, unidade de negócio voltado ao varejo digital da Linx, a Cyber Monday é um período proveitoso e não deve ser deixada de lado pelo varejista do e-commerce, pois o período também pode funcionar como uma repescagem de vendas. “Embora os holofotes estejam na Black Friday, a Cyber Monday também deve ser levada em conta, pois, se planejada, pode ser o momento de recuperar aqueles que não compraram na Black Friday, ou que querem comprar mesmo após a data oficial de promoções”, comenta.

Segundo Mello, certas ações de marketing podem ser os verdadeiros trunfos para convencer o cliente a comprar durante a data. Táticas como o retargeting e o remarketing funcionam com o objetivo de atrair um consumidor que já conhece a marca, visitou o site e até colocou produtos no carrinho, mas não finalizou a compra. “É quando recebemos e-mails em formato de lembrete, com mensagens que convençam o cliente em potencial a finalizar a compra, lembrando do produto deixado de lado ou até mesmo oferecendo descontos especiais para aquele item em questão e outros relacionados à intenção de compra. A Cyber Monday sucede uma data de muito movimento, e reconquistar um público que talvez já tenha gastado na Black Friday requer mais investimento em termos de marketing e publicidade”, afirma.

Um estudo da Offerwise encomendado pelo Facebook mostrou que o brasileiro está atento à forma que recebe ofertas on-line: 80% gostariam de receber ofertas personalizadas durante a Black Friday, e 65% querem comprar de lojas que conhecem seu gosto e indicam produtos baseados em compras anteriores – ambos podem ser exemplos de retargeting e remarketing. Além disso, dados da Linx mostraram que em 2020 foram 51 milhões de ações de retargeting implantadas pela base de clientes da empresa durante a Black Friday, o que gerou 6,9% de aumento nas compras iniciadas a partir de e-mail marketing, mostrando a eficácia da ação.

Entender a transformação do consumidor e captar o perfil de consumo de cada um é um dos grandes desafios do varejo em períodos com picos de venda como esses que se aproximam. “É preciso olhar para o cenário como um todo, considerando as diversas personas em uma jornada de compras, e a partir disso estudá-las para saber exatamente o que oferecer. Alguns podem não encontrar o que querem na Black Friday, e decidir buscar por vantagens na Cyber Monday. Porém, para muitos, a data acaba não sendo percebida como algo diferente da última sexta-feira de novembro. Por isso, os investimentos em ações de marketing também são essenciais para diferenciar a data e reforçar que se trata de um outro período, com promoções diferentes, condições específicas para aquele dia. O comércio eletrônico costumava direcionar a Cyber Monday para a venda de artigos eletrônicos, mas agora, a escolha está na mão do varejista, que tem tudo para fazer sucesso nas duas ocasiões”, finaliza o executivo da Linx.

Mais protagonista, plural e digital. Eis o varejo do presente e do futuro pós-pandemia.

O varejo global e principalmente local que emerge da pandemia se tornou ainda mais protagonista, assim entendida sua importância econômica, política e social, além de mais diversificado e plural em sua atuação e muito mais digital. Talvez seja esse o extrato da síntese da visão do varejo do presente e do futuro.

A dimensão digital de toda a transformação está expressa para muito além do relevante crescimento da participação das vendas pelo e-commerce no total das vendas do varejo em todos os mercados – que, na maioria dos mercados, como no Brasil, dobrou por conta a pandemia.

A correta análise dessa dimensão deve incluir toda a transformação precipitada pelo crescimento de tudo que envolve tecnologia nos negócios do varejo e seus fornecedores de insumos, produtos, serviços e soluções em todos os canais, modalidades e formatos de lojas.

Deve incluir o aumento significativo de investimentos e foco para permitir às empresas monitorarem comportamentos e usar essas informações para fins preditivos. Assim como tudo que envolve a gestão dos negócios e o empoderamento das equipes pela tecnologia para torná-las mais conectadas, atualizadas, eficientes e produtivas. Tomem como exemplo o que Natura, Via, Renner, O Boticário e outros têm feito para colocar mais recursos nas mãos de suas equipes.

Envolve também os fundamentais avanços na gestão dos estoques, na logística e na busca de diferenciais competitivos nas entregas para oferecerem mais conveniência e nível de serviço, num cenário em que a disputa pela preferência se tornou muito mais crítica exatamente porque os recursos disponíveis, em especial a própria tecnologia, se tornaram de acesso mais amplo e disseminado. Criar e manter vantagem competitiva por algum tempo é o desafio crescente e permanente. Vejam o que tem sido feito nas questões de prazos de entrega envolvendo, por exemplo, Magalu, Americanas e Mercado Livre.

Sem falar nas preocupações ligadas à segurança de dados e os investimentos necessários para tentar blindar sistemas em momentos em que as invasões de bases e pedidos de resgate se tornam mais frequentes exatamente pela expansão das portas de entrada possíveis, como aconteceu com Cosan no passado, JBS nos Estados Unidos (EUA) e nesta semana com Renner.

A evolução e o peso do digital se tornaram quase que o KPI fundamental para análise da maturidade e potencial futuro de uma organização, em especial do varejo.

Mas o varejo que emerge e sua visão do futuro estão também muito impactados por sua pluralidade, assim entendida sua capacidade de usar dados e informações de seus consumidores, dentro das regras da LGPD, para expandir suas fronteiras. A visão histórica do varejo de lojas é uma visão absolutamente superada.

O varejo atual e futuro é muito mais plural nos formatos de lojas que opera, nos canais, de lojas à venda direta, WhatsApp e live commerce, e nas regiões e mercados nos quais opera, física e virtualmente, e o cross border torna tudo isso mais claro. Também incorpora serviços e soluções, para além de produtos em sua oferta.

Avança célere para ocupar cada vez mais espaço nos serviços e alternativas financeiras, no extremo gerando meios de pagamentos próprios. Basta acompanhar um pouco do que Magalu, O Boticário, Mercado Livre, Via, Americanas e Vivo, entre outros, estão fazendo por aqui, seguindo os passos de Amazon, Alibaba, Tencent e outros fora do Brasil.

Tudo isso só fez, faz e fará crescer o protagonismo econômico, político e social do varejo.

Num ambiente muito mais competitivo gerado pelo acesso mais disseminado à tecnologia, ao digital e recursos financeiros, alavancado pelo aumento do valor das empresas do setor que se redefinem como Ecossistemas de Negócios, em que as fronteiras de atuação se tornam menos nítidas, quem tem informação recorrente, constante, atualizada e tratada sobre o consumidor se torna protagonista em outra dimensão em relação ao passado.

O foco no consumidor, que sempre foi o mantra do Marketing, é parte do DNA do varejo. Para a indústria, de fato, o foco era produto. Para os bancos, os recursos financeiros. Para a agricultura, a produção. E daí para frente.

O único setor que genuína e naturalmente focava sua atuação no conhecer, entender e atender consumidores sempre foi o varejo. E isso faz toda a diferença agora e cada vez mais no futuro.

Enquanto outros setores têm que se reposicionar e transformar sua cultura para esse novo enfoque, para o varejo tudo isso é natural e sempre foi fundamental.

Por conta disso, seu protagonismo atual e futuro está assegurado ao usar mais tecnologia, recursos financeiros mais facilmente acessíveis, mais diversificação, mais pluralidade e se reestruturando como Ecossistemas de Negócios pela inspiração disseminada a partir da China. O varejo tem sido privilegiado pela escalada de valorização que se observa no mercado brasileiro.

Isso terá impactos para além do próprio setor, envolvendo concentração, globalização, polarização e pressão competitiva, sem falar nas relações de poder nas cadeias de valor, locais e globais.

Se em um tema tão complexo é possível alguma ambiciosa simplificação para condensar a visão presente e futura do varejo que emerge desse período sombrio da História da Humanidade, talvez seja essa: simplesmente mais protagonista, plural e digital, ajudando a transformar tudo o que conhecíamos sobre o tema.

Nota: Durante o Latam Retail Show virtual, de 14 a 16 de setembro, ocorrerá ampla discussão sobre as transformações que a realidade global e local vivenciam pós-pandemia e seus impactos nos negócios, no mercado, no consumo e no varejo potencializado pelas mudanças que ocorrem no cenário mais amplo que envolve a emergente Sociedade 5.0, macro tema do evento deste ano. Serão 205 palestrantes, 82 horas de conteúdo, 5 palcos simultâneos e mais 3 pesquisas inéditas e exclusivas. Uma imersão da realidade do presente e na visão do futuro.

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.

Consumidor brasileiro é o que mais está mudando no mundo

Pesquisa da Accenture indica que fatores como reputação, confiança, origem dos produtos, segurança e saúde estão em alta na tomada de decisão de compra dos brasileiros.
Os fatores que mais impactam na decisão de compra de um consumidor são, tradicionalmente, dois: qualidade do serviço ou produto oferecido e o seu preço. No entanto, os consumidores, em especial o consumidor brasileiro, estão passando por uma transformação em escala global, acelerada pela pandemia, que aumenta o peso de outros elementos na hora de decidir de qual marca comprar.

Este movimento de mercado foi identificado na pesquisa mundial Accenture Life Reimagined, que entrevistou 25 mil pessoas em 22 países, incluindo o Brasil. O levantamento divide os consumidores em três grupos: os tradicionais, que correspondem a 17% dos entrevistados, os reimaginados (50%), e os em evolução (33%), cujo comportamento indica uma transição da forma de consumo tradicional para a reimaginada.

Na prática, isto significa que, hoje, pelo menos metade das pessoas tomam decisões de compra com base em fatores que vão muito além do custo-benefício. Como mostra o gráfico (acima), os consumidores reimaginados dão mais importância ao conjunto de elementos que engloba: personalização, reputação, conveniência, segurança e origem do produto.

Vale ressaltar que o relatório leva em consideração 14 indústrias diferentes, que vão desde o setor automotivo até o varejo, passando por turismo e seguros. Ou seja, engloba a tomada de decisão desde produtos e serviços triviais como os mais caros, duradouros e importantes na trajetórias dos consumidores.

Consumidor brasileiro
Dentre todos os países que participaram da pesquisa, o Brasil é o líder em proporção de consumidores reimaginados. Por aqui, 71% dos compradores estão neste grupo; 21% estão em evolução; e apenas 8% tomam decisão de compra considerando mais os fatores de qualidade e preço.

Em uma série de focus groups (conversas com grupos de consumidores sobre os temas em questão) realizados pela Accenture, o consumidor brasileiro se destacou com frases como “eu espero um maior cuidado com o consumidor após a pandemia, porque as marcas perceberam o quanto precisam de nós” e “eu comecei a ler os rótulos dos produtos para entender mais sobre a origem deles”. Estas falas são indicadores de uma mudança de comportamento do cliente, que se posiciona no centro do negócio e sabe da sua relevância na crescente concorrência digital.

Segundo a Accenture, é interessante notar que a única coisa que une os consumidores reimaginados é a forma como tomam decisões de compra. Não há indícios de que fatores como idade, classe social, emprego ou formação influenciem diretamente no comportamento de consumo.

E você, empreendedor, com isso?
Com os consumidores cada vez mais preocupados com fatores que vão além do preço e qualidade do que sua empresa oferece, é fundamental oferecer uma boa experiência como um todo. Isto significa, entre outras coisas:

– Transformar clientes em fãs, ou seja, embaixadores da sua marca, estabelecendo uma relação mais próxima com eles.

– Utilizar formas inovadoras para fidelizar os clientes, como cashback, personalização de brindes e programa de pontos.

– Coletar e analisar os dados dos clientes em sistemas de CRM para realizar uma boa gestão do relacionamento com o consumidor.

Comportamento do consumidor: o poder das empresas que sabem ‘minerar’ dados

Eric Siegel, um dos maiores especialistas no assunto, autor do livro “Análise Preditiva: O poder de prever quem vai clicar, comprar, mentir ou morrer”, concedeu entrevista à Mercado&Consumo.

Como saber que um cliente vai cancelar a assinatura de um serviço antes dele mesmo? Por que a aposentadoria precoce reduz a expectativa de vida? Por que os vegetarianos perdem menos voos? Como a Target descobre que uma mulher está grávida? Como a Hewlett-Packard deduz que um funcionário está prestes a pedir demissão? Como, enfim, prever o comportamento do consumidor?

As respostas a perguntas como essas estão longe do campo da adivinhação: moram na ciência de dados. A forma como as empresas captam, mineram e usam esses dados permite que elas tomem decisões melhores, determinando que consumidor deve ser abordado, de que forma e quando.

“[A análise preditiva] direciona anúncios, otimiza a cadeia de suprimentos e oferece suporte a decisões sobre produtos e vitrines – em quais SKUs focar e onde construir o próximo ponto de venda”, explica Eric Siegel.

Siegel será um dos destaques do Latam Retail Show 2021, maior evento de consumo e varejo B2B do Brasil, que será realizado entre os dias 14 e 16 de setembro. Em entrevista à Mercado&Consumo, ele explicou como a ciência de dados ajuda as empresas a compreender o comportamento do consumidor e falou sobre como as mudanças no consumo decorrentes da pandemia de Covid-19 intensificaram a necessidade de análises preditivas.

Comportamento do consumidor: o poder das empresas que sabem ‘minerar’ dados
Eric Siegel, autor do livro “Análise Preditiva: O poder de prever quem vai clicar, comprar, mentir ou morrer”
Mercado&Consumo: Que valor a análise preditiva oferece às empresas de varejo quando se fala em prever o comportamento do consumidor?

Eric Siegel: A análise preditiva, que é outra palavra para machine learning (quando aplicada a negócios), gera uma pontuação preditiva para cada indivíduo – como cada cliente, usuário, transação, etc. O valor vem em como essa função é aplicada. Em marketing, é um meio de direcionar, seja para adquirir novos clientes, seja para reter clientes existentes. Por exemplo, visando aqueles que estão em maior risco de cancelamento, a fim de fornecer-lhes uma oferta de retenção.

Além do marketing, a pontuação preditiva se aplica amplamente a empresas de varejo e a todos os setores. É o meio de detectar e filtrar transações fraudulentas. Ela direciona anúncios, otimiza a cadeia de suprimentos e oferece suporte a decisões sobre produtos e vitrines – em quais SKUs focar e onde construir o próximo ponto de venda.

M&C: Que tipo de transformação – e evolução – a ciência de dados teve durante a pandemia de Covid-19?

ES: Ciência de dados é uma expressão ampla que pode muito bem se referir a qualquer esforço para usar dados para valor de negócios, então irei abordar a questão conforme ela se aplica a análises preditivas e machine learning, uma vez que são bem definidos. As mudanças intensas no comportamento do consumidor decorrentes da pandemia intensificam a necessidade de análises preditivas. A forma de gerar pontuações preditivas é pelo aprendizado com os dados. Cada vez que você cria um novo modelo preditivo, está usando dados mais recentes, portanto, está “aprendendo” com o histórico mais recente. Portanto, dada a maneira como a pandemia pode criar um “novo mundo” em qualquer semana, a capacidade de atualizar o comportamento dos negócios para se adaptar rapidamente ao “novo normal” é muito mais importante.

M&C: Quais são os maiores desafios na adoção da análise preditiva?

ES: O grande desafio é organizacional, não técnico. É o requisito frequentemente esquecido de uma prática de liderança muito particular para garantir que a análise de números realmente gere valor de negócios, o que só acontece se o modelo preditivo for realmente implantado. Essa implantação significa que as previsões por indivíduo são incorporadas às operações de negócios existentes para que essas operações sejam alteradas e aprimoradas levando-se em consideração as pontuações. Esse resultado final muitas vezes não é alcançado e, portanto, todo o projeto de machine learning é um fracasso do ponto de vista do negócio. Para resolver isso, esse plano de implantação deve ser compreendido e acordado em toda a organização. Essa meta organizacional só é alcançada seguindo um processo de liderança de machine learning muito específico.

M&C: Quais são as tendências atuais em análises e com que rapidez elas mudam?

O método de machine learning mais eficiente atualmente é o deep learning. É muito avançado e poderoso. No entanto, para a aplicação nos negócios, geralmente é um exagero. Muitas vezes, não vale a pena o aumento da complexidade, pois pode representar um ganho muito pequeno na melhoria preditiva. Em geral, melhorar a quantidade e a qualidade dos dados compensa muito mais do que aumentar a complexidade do método de modelagem.

M&C: Que desafios você vê para os profissionais da área de análise de dados?

ES: De longe, o maior desafio – o problema que mais frequentemente mata um projeto de análise preditiva – é o dilema organizacional que mencionei acima, a falta de um caminho pré-estabelecido para uma implantação bem-sucedida. O motivo pelo qual essa prática de liderança específica deve ser adotada é que o foco da maioria das pessoas está muito na tecnologia central “empolgante”, em vez de em como ela realmente exigirá grandes mudanças nas operações de grande escala existentes. As necessidades de gerenciamento de mudanças são subestimadas. Certifique-se de planejar exatamente como o valor será gerado ativamente com o machine learning. A análise principal e a análise de números não são independentes – não podem ser conduzidas no vácuo. É apenas um componente de um projeto de toda a organização.ne.

Comércio eletrônico desacelera no primeiro semestre com reabertura das lojas físicas

As vendas do comércio eletrônico no Brasil encerraram o primeiro semestre em R$ 53,4 bilhões, um avanço de 31% sobre o mesmo intervalo de 2020. Apesar da alta expressiva, o número sinaliza uma desaceleração sobre o mesmo período do ano passado, quando houve uma disparada de 55% nas vendas, para R$ 40,8 bilhões.
Os dados pertencem à 44ª edição do Webshoppers, relatório sobre comércio eletrônico elaborado pela consultoria Ebit | Nielsen em parceria com o Bexs Banco, especializado em câmbio e soluções de pagamentos digitais internacionais.
“Essa desaceleração já era esperada, tendo em vista a diminuição do isolamento social e a retomada das operações das lojas físicas”, diz o líder de e-commerce da Ebit|Nielsen, Marcelo Osanai. Além do crescimento menor em faturamento, houve uma desaceleração no número de pedidos: alta de 7%, para 100 milhões, contra disparada de 43% no primeiro semestre de 2020, quando atingiu 93,1 milhões.
O número de novos consumidores caiu: dos 7,3 milhões que começaram a fazer compras na internet no começo da pandemia, no primeiro semestre de 2020, para 6,2 milhões na primeira metade deste ano.
“Mas, curiosamente, o tíquete médio destes novos consumidores no período foi de R$ 556, superior ao tíquete médio geral dos primeiros seis meses, que ficou em R$ 534”, afirma Osanai.
Para o executivo, fatores macroeconômicos como alta da inflação e do desemprego podem dificultar a consolidação do comércio eletrônico no médio prazo. “Mas ainda observamos uma curva de crescimento importante, há potencial para ser explorado”, diz Osanai. “Existem ganhos de conveniência e preço no comércio eletrônico que já foram incorporados pelo público”.
Para 2021, a previsão é que o comércio eletrônico atinja R$ 108,4 bilhões, uma alta de 24% sobre 2020. No ano passado, quando o e-commerce somou R$ 87,4 bilhões, a alta sobre 2019 foi de 41%.
O gasto médio por consumidor entre janeiro e junho deste ano, de R$ 534, foi 22% superior ao do mesmo período do ano anterior. “Os consumidores estão comprando mais vezes ou adquirindo produtos de maior valor”, diz o executivo da Ebit | Nielsen.
O celular assumiu o protagonismo nas compras pela internet: este meio digital respondeu por 53% das compras on-line, o equivalente a R$ 28,2 bilhões. O acesso às lojas virtuais acontece via sites de buscas (especialmente o Google), redes sociais (Instagram e Facebook), ou pelo site da varejista, nesta ordem.
Quase um terço (30%) das compras de roupas e calçados acontecem via redes sociais. Este canal também responde por 20% das compras da categoria casa e decoração. Já os sites de busca são os principais canais para compra de produtos automotivos (41%).
As categorias que mais cresceram no primeiro semestre foram casa e decoração (155%), que inclui desde itens de home centers até cama, mesa e banho. “As pessoas continuam gastando com móveis de escritório para casa”, diz Osanai.
Na sequência, estão pet shop (56%); esportivo (48%); lojas de departamento (37%); e alimentos (34%), que reúne lojas especializadas, como varejistas de suplementos.
A categoria lojas de departamento inclui grandes varejistas como Magazine Luiza, Americanas.com, Ponto Frio e Casas Bahia, e responde sozinha por 76% do faturamento do comércio eletrônico. São os marketplaces que também reúnem pequenos e médios varejistas em um único espaço virtual.
O Mercado Livre não entra no levantamento, uma vez que não compartilha suas informações, diz Osanai.
Na sequência, as categorias mais significativas em faturamento são a do esportivo (4%), roupas e calçados (4%), autosserviço (4%, que envolve os supermercados) e casa e decoração (1%).
Em relação à origem das vendas, o Sudeste concentra 63% do total. Em seguida, estão as regiões Sul (16%), Nordeste (11%), Centro-Oeste (7%) e Norte (3%).
“O Nordeste, que mais do que dobrou de participação no ano passado, apresentou um crescimento mais moderado neste primeiro semestre”, diz Osanai. A alta na região no primeiro semestre foi de 35%.

E-commerce na pandemia: marketplaces, nova geografia e mídias alternativas

Sétima edição de pesquisa da PayPal sobre perfil do e-commerce brasileiro pontua mudanças históricas e confirmação de tendências do comércio eletrônico.
O e-commerce vem se tornando cada vez mais um pilar fundamental para o comércio brasileiro. Um ano e meio depois do início da pandemia, é possível ver tanto uma ampliação do digital quanto o aumento da qualidade dos serviços em nossas vidas. Pesquisas confirmam essas impressões do dia a dia. No novo levantamento da pesquisa da PayPal sobre perfil do e-commerce brasileiro, o retrato é de um varejo eletrônico mais disseminado pelo Brasil, com mais ferramentas digitais e mudanças substanciais no modelo dos negócios e abordagem do cliente, que têm acontecido pelo aumento de preços e introdução da LGPD.

Se essas transformações parecem óbvias, pouco decifrável é como a digitalização do e-commerce acontece na prática e por meio de quais elementos técnicos ele se consolida, já que este é um processo de desenvolvimento social que se relaciona com a inclusão digital e financeira da população.

“Democracia financeira é tema de extrema relevância. Os pagamentos digitais são mais eficientes e custam menos. Representam mais dinheiro na mão de quem mais precisa”, observa o head de vendas do PayPal Brasil, Felipe Facchini. Segundo ele, inclusão financeira é prioridade no Brasil, e por isso a própria PayPal hoje oferece facilidades como cartão de débito, soluções de tokenização e soluções antifraude.

Facchini ressalta que o celular tem se mostrado como o único meio de pagamento para toda a população no processo de inclusão digital e financeira, e por isso o varejo tem trazido cada vez mais soluções responsivas, além de integração de carteiras digitais como forma de pagamento e a proliferação de apps para gastos do dia a dia.

“As carteiras digitais ganharam mais força coma pandemia e hoje 60% do e-commerce hoje adota por conta de sua inovação, melhor experiência, compra mais rápida, segurança e integração de diferentes meios de pagamentos. Os apps de everyday spending, que são para as compras de rotina, como supermercado, restaurante, farmácia e mobilidade, foram importantes para os restaurantes durante a pandemia, por exemplo, e por isso a PayPal está no Rappi, Uber, 99, etc.”

Sobre o que vem pela frente, Facchini diz que quem quiser continuar no pós-pandemia vai ter que investir em e-commerce e investir em redes sociais como canal de venda e relacionamento com o consumidor. Mas para concordar que a digitalização porvir do varejo on-line tem foco no relacionamento, cabe esclarecer as prioridades e motivadores do atual momento de transformação digital do e-commerce brasileiro.

Evolução dos sites e marketplaces
Thoran Rodrigues, fundador e CEO da Big Data Corp, que é a parceira da PayPal na pesquisa, observa que hoje há quase 5 milhões de sites ativos no e-commerce brasileiro. Há sete anos, eram 360 mil. “Estamos falando de ter crescido quase quatro vezes mais. E a velocidade de crescimento dos sites de e-commerce é mais rápida do que sites como um todo. Antes correspondiam a 2% dos sites ativos e hoje representa 9,4%.”

Apesar desse crescimento, quando medidos por quantidade, só 6% de todas as lojas contam com e-commerce. Por outro lado, ao se contrastar com a totalidade do varejo, o e-commerce cresce a taxas mais altas. Anualizando, esse crescimento é de 23,6%, enquanto a taxa de crescimento do varejo anualizada é de quase 10% na evolução história da pesquisa – o que mostra que o e-commerce cresce mais que o dobro do varejo normal.

“A quantidade de empresas nos marketplaces e no everyday spending tem crescimento ainda mais acelerado que o e-commerce”, ponta Rodrigues. “Há três anos, não havia o conceito de marketplaces e everyday spending como hoje.”

O pesquisador também aponta que a maioria dos e-commerce é pequena, com menos de 10 mil visitas por mês. “Mas nesse ano vemos um aumento da proporção de médias e grandes. Conforme temos mais gente comprando on-line e comprando pela primeira vez, há um público maior nos sites menores e naturalmente a proporção muda. Além disso, muitas lojas de e-commerce são nichadas, oferecendo entre um e dez produtos diferentes vendidos no site. Elas não têm uma diversidade gigantes de produtos, pois no e-commerce o custo de estruturação da loja não segue o físico. Faz mais sentido ter uma quantidade menor de variedade de produtos no e-commerce”, explica Rodrigues.

Alta de preços
A pesquisa da PayPal mostra que o preço médio do e-commerce aumentou. Segundo Rodrigues, o fato está relacionado ao aumento de lojas nichadas e à situação econômica atual do País. “O preço dos produtos subiu. Pegamos todos os preços de todos os produtos e tiramos uma média. O que vimos foi que o preço médio aumentou. Isso tem a ver tanto com o fato de que temos mais lojas nichadas de produtos com produtos de preço médio mais alto, mas também como inflação e poder aquisitivo.”

Descentralização geográfica
A geografia das sedes de empresas de e-commerce e a presença geográfica de seus serviços têm mudado nos últimos ano. Em 2015, quase 55% do e-commerce nacional estavam em São Paulo. Essa proporção subiu até 2018, com quase 62% no Estado do Sudeste, e agora cai para 51,8%.

“Isso significa que a maior parte da abertura de novas lojas não aconteceu em São Paulo. Isso tem a ver com a mudança no comportamento do consumidor. Historicamente, os consumidores digitais eram do Sudeste e do Sul, que tinham mais acesso a tecnologias. Com a pandemia e fechamento dos estabelecimentos, os consumidores do Brasil todos se viram forçados a fazer essa transformação digital. Então, não se trata de um aumento de quem já comprava, e sim da base que passou a comprar. Isso facilita a abertura de sites em outros Estados. O outro lado dessa equação tem a ver com os estabelecimentos, que deixaram de ir para São Paulo porque os mais conectados estavam lá”, esclarece Rodrigues.

Elementos técnicos
A quantidade e a qualidade das ferramentas tecnológicas usadas pelos sites de e-commerce sugerem o grau de profissionalização do setor, já que gera reflexos na construção da loja virtual e no atendimento aos clientes. Dentre os elementos técnicos estão utilização de plataformas, carteiras virtuais, certificados e responsividade.

“Quando começamos a pesquisa, 44% dos e-commerce usavam uma plataforma fechada. Quando começamos a medir, 60% dos sites eram construídos com algum tipo de plataforma e 40% não usava nenhuma plataforma. Se olharmos hoje, temos mais de 80% construídos com algum tipo de plataforma e 20% no modelo mais personalizado.

Rodrigues observa que não houve grande variação nas plataformas abertas, enquanto plataformas de construção passaram a ser mais implementadas. “Hoje, você consegue abrir sua loja com custo baixo dentro dessas plataformas. Temos uma proliferação de plataformas fechadas, que são muito mais fáceis de contratar. Elas têm mais integrações com RPs para puxar estoque, por exemplo.”

Quanto às carteiras virtuais, mais de 60% dos sites oferecem o meio de pagamento hoje em dia. “Isso passou de 40% desde que começamos a medir para 60% atualmente. Mas tem site grande com uma área de tecnologia que tem uma alternativa própria para pagamento”, ressalta o pesquisador.

Em termos de responsividade, Rodrigues aponta que o Brasil saiu de 15% para mais de 80% das lojas virtuais oferecendo a facilitação de navegação.

Adoção por “inflexões”
Rodrigues aponta que a evolução da transformação digital do e-commerce brasileiro conta com adoções e mudanças que passam por eventos externos. Os varejistas tende a não balançar o barco por conta própria. O certificado SSL, que saltou de cerca de 20% em anos passados e hoje está em 90%, cresceu depois que o Google impôs. “A partir do momento em que as plataformas passaram a adotar responsividade, daí então houve uma taxa de aumento. Quando você olha para as tecnologias que não têm esse empurrão externo, o crescimento é mais modesto”, aponta o especialista.

Outro exemplo de influência externa às tecnologias e infraestrutura adotada pelo e-commerce dado por Rodrigues é o aumento de sites hospedados no Brasil. “Parte disso tem a ver com o aumento do dólar, mas também com a preocupação com o impacto da LGPD, que trouxe muitos sites de volta ao País por conta da questão de dados saindo.”

Mídias sociais
Mais que expor produtos, as redes sociais são um forte canal de relacionamento e de construção da marca junto ao cliente. No último ano, o Facebook tem estabilizado quanto ao uso, enquanto plataformas classificadas por Rodrigues como “alternativas ao e-commerce”, como Youtube, vêm crescendo. O Youtube, aliás, saiu de 20% para mais de 45% em cinco anos.

“A presença do Youtube dentro dos sites de e-commerce mais do que dobrou. O Instagram quase triplicou nesse período, de menos de 10% para quase 30%. O TikTok ainda está em pouco mais de 1%, mas está crescendo, na tendência que se torne algo bastante relevante nos próximos anos. Essas mídias diferentes que não têm finalidade de SAC estão crescendo no hall de ferramentas que os sites têm para engajar o cliente”, aponta Rodrigues.

Os segmentos que mais se destacam no comércio on-line

Novo modo de compra tem demonstrado grande aderência no país desde o início deste ano.

Embora o comércio de rua comece a dar sinais de recuperação, é quantitativamente notório o fato de que o comércio on-line seguirá a pleno vapor. Tanto que a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) e o instituto Neotrust realizaram um levantamento que apontou que, no primeiro trimestre de 2021, foram realizadas 78,5 milhões de compras on-line, ou seja, um aumento de 57,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Esse volume de vendas resultou em um faturamento de R$ 35,2 bilhões para o e-commerce entre janeiro e março deste ano, o que significa um crescimento de 72,2% em face às estatísticas de 2020.

O Brasil atingiu, em 2020, o recorde de pedidos no e-commerce: 301 milhões de compras foram realizadas, número que representa uma alta de 68,5% em relação a 2019, de acordo com a ABComm e a Neotrust. Como consequência, o faturamento nacional também teve um crescimento significativo.

Ao todo, a receita gerada foi de R$126,3 bilhões, número que representa uma variação de 68,1% comparado ao ano anterior e mostra a força do e-commerce e das vendas digitais para a economia do país.

Para o estudo, a busca por baratear o valor da entrega também aumentou durante os primeiros três meses de 2021: o reflexo disso é o grande crescimento da modalidade de frete grátis. No período, 53% das compras realizadas foram entregues de forma gratuita, ante 47% no mesmo trimestre do ano passado. Já a entrega paga foi a opção escolhida em 47% dos pedidos realizados, queda de 6% no comparativo.

Nesse período, o varejo digital concentrou 22,8 milhões de consumidores únicos, aumento de 43,9% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. O gasto médio total de cada consumidor foi de R$ 1.340,00, valor que representa aumento de 14,1% em relação ao mesmo trimestre em 2020.

“O comércio on-line passou por uma prova de fogo e de escala por conta da pandemia. Os usuários aprenderam a comprar virtualmente e perceberam que isso era muito bom. O crescimento do segmento, antes disso, já era super acelerado, pois o comportamento do consumidor vinha mudando de acordo com a popularização da internet, dos smartphones e das redes sociais. A pandemia só acelerou um processo que já iria acontecer de uma forma ou outra”, afirma Renan Mota, co-CEO e founder da Corebiz.

Para o especialista, esse cenário gera um ciclo virtuoso e que promove as vendas on-line, uma vez que os clientes notam que há uma facilidade de compra (sem precisar sair de casa e com a possibilidade de comparar preços com um clique) e que os próprios lojistas estão se aprimorando para oferecer a melhor experiência no ambiente digital.

“A pandemia foi o motor principal para o grande aumento das vendas on-line. A continuidade se deve ao aumento da confiança no canal internet, a praticidade e a rápida pesquisa de preços. A frequência das comercializações se manteve em alta nos últimos tempos e, diante de datas comemorativas tradicionais de consumo, os índices podem sofrer aumentos”, diz Rodrigo Santos, vice-presidente da ABComm e empresário do setor de logística.

Os segmentos que estão saindo na frente
Apesar de o comércio on-line no Brasil estar em ascensão, é natural que algumas áreas de atuação estejam performando melhor ou pior do que outras. Isso se deve, em grande parte, ao fato de que as pessoas estão passando cada vez mais tempo em casa, o que gera uma maior procura em itens de bem-estar doméstico. Desse modo, é relevante voltar os olhares aos segmentos que vêm demonstrando resultados positivos. Rodrigo Santos e Renan Mota listam algumas delas:

● Casa (cama, mesa e banho);
● Supermercados (serviços realizam compra e entrega de itens selecionados ao cliente em pouco tempo);
● Tecnologia (em especial: televisões com telas maiores e smartphones);
● Linha branca;
● Vestuário.

Tendências para os meses seguintes
Segundo o co-CEO e founder da Corebiz, a frequência das vendas no comércio on-line, daqui para frente, será crescente, e de forma exponencial em alguns casos. Tanto que se houver limitações no mercado, ele acredita que será por parte dos lojistas, e não dos consumidores.

“O comércio eletrônico se tornou muito mais do que apenas um canal de vendas on-line. Hoje, está ligado diretamente ao core de cada cliente. Por exemplo, um indivíduo que vai à loja física pode ser fidelizado pelo canal digital, que por sua vez está integrado ao televendas. O omnichannel tem como “maestro” as plataformas que antigamente eram focadas apenas no e-commerce e que, agora, se tornaram plataformas de vendas em geral”, completa Renan Mota.

De acordo com tudo isso, Rodrigo Santos, vice-presidente da ABComm, coloca que o crescimento do universo digital, em 2021, seguirá em alta devido aos avanços no modo de operação das lojas e no comportamento dos clientes, vertentes construídas e aprimoradas no ano passado e que irão favorecer o desenvolvimento das compras on-line no país.

“Muito disso possui uma relação com novos consumidores e novas empresas on-line e também em virtude do grande investimento das companhias em promover, cada vez mais, uma incrível experiência de compra. Seja na oferta de produtos ou na entrega cada vez mais rápida”, discorre o empresário.

Contudo, como a popularização dessa nova forma de compra está em andamento, os especialistas alertam: antes de efetuar uma compra on-line, busque, ao conversar com familiares e amigos ou na própria internet, referências sobre a loja escolhida para não cair em golpes ou fraudes.

O novo varejo para o novo cliente

Como atender as expectativas do cliente em um novo patamar de digitalização do varejo acelerado pela pandemia.

As constantes transformações do varejo tornam o setor dos mais disruptivos da economia. E a cada novo ciclo, todo o mercado mundial, bem como os processos das organizações, são diretamente impactados.

“Seja nos apps das grandes redes, ou no Whatsapp do mercadinho do bairro, os consumidores venceram a resistência da compra online e as vendas cresceram 14mais de 300% em algumas empresas do segmento”, lembra Ricardo Saravalle, Partner da Indústria de Varejo e Bens de Consumo da IBM Services.

Surfando nas novas tendências de consumo, a IBM Brasil entra de cabeça nesse nicho com portfólio robusto para a jornada digital dos nossos varejistas, ainda “resistentes” às recentes mutações, mesmo com as provas a que foram expostos ao longo de toda a pandemia.

“Os varejistas no Brasil investem em média 1% do faturamento de seus negócios com TI, enquanto a Amazon, por exemplo, investe 8%. Os resultados estão aí. Para o futuro, quem não mudar simplesmente deixará de existir”, reforça o especialista.

Soluções para altas expectativas

Um novo respiro aos empresários do país. A linha de soluções foi desenvolvida a fim de colaborar para a melhoria dos principais gargalos operacionais identificados pela companhia no setor.

Gargalos que não são poucos. Segundo Saravalle, a perspectiva do novo consumidor é a experiência que pequena parcela de empresas consegue entregar.

“O varejo brasileiro tem gaps enormes a serem solucionados. Clientes querem a simplicidade de alugar um imóvel com o Airbnb; a pontualidade, variedade e transparência do iFood; a conveniência do Uber; dentre outros tantos negócios digitais que consumimos todos os dias”, observa.

Gaps

Na classificação de Saravalle, há ainda 3 eixos bastante deficitários na relação varejo, usuários e consumidores. São eles:

a) Experiência: plataformas online com graves problemas de usabilidade e equívocos na entrega de recomendações. “Desde problemas para a busca de produtos e a disposição de informações acuradas para a tomada de decisão de compra, até sugestões absolutamente falhas. Um caso. Tenho uma filha de 8 anos e continuo recebendo ofertas de fraldas pelo app de uma grande varejista”, compartilha.

b) Entrega: falta de opções flexíveis (normal, agendada, mesmo dia, dia seguinte) e descumprimento com datas. “A prática comum dos varejistas é oferecer amplos prazos de entrega para que o produto chegue antes e ‘surpreenda’ apenas porque uma entrega prevista para 18 dias chegou em 12”, compartilha.

c) Atendimento: falta de canais digitais eficientes de atendimento para dúvidas, alterações de pedidos, trocas e devoluções. “Recentemente tive uma experiência excelente de compra: um carro, com uma empresa 100% digital. Desde a descrição do automóvel ao test drive, vistoria e contrato, tudo foi feito via WhatsApp, em atendimento 24×7”, observa.

Bom exemplo

E por falar em carros, na lista de varejistas que vêm obtendo resultados expressivos no e-commerce está o setor de bens duráveis com compras mais planejadas e menos recorrentes em que o consumidor pesquisa mais.

Saravalle explica que o resultado é conseqüência do investimento em marketplaces – que colabora para o “aumento do portfólio de produtos” – além dos esforços para entregas “no mesmo dia, ou no dia seguinte”.

“O varejo digital e as lojas físicas vivem uma guerra onde ganha quem oferece a melhor experiência para o consumidor. O crescimento vertiginoso de muitas empresas desse nicho representou alta de mais de 100% em vendas no segmento. E isso devido à melhor experiência que o digital proporciona em relação ao comércio físico”.

Queda de braço

Na “guerra” descrita pelo executivo, as lojas físicas vivem cenário delicado.

“No online, o consumidor encontra dezenas de opções de geladeira, por exemplo, e consegue comparar preços e condições de pagamento entre dezenas de varejistas. No varejo físico especializado em Eletro, vai encontrar alguns poucos modelos, até mesmo pelas próprias limitações de espaço”.

Mais fatores precisam entrar no radar de empresários que entendem quão importante é se reinventar para garantir a sobrevida do comércio presencial.

“Os preços do online são mais competitivos, seja por melhores negociações com fornecedores, ou por uma estrutura de custos mais eficiente. A conveniência de estar a poucos minutos da sua casa não garante mais as vendas se a estratégia não vier acompanhada de uma ótima experiência”, reitera.

Pela mudança do mindset

Aos gestores que entenderam que o ponto de venda não está mais acima de tudo e o caminho mais assertivo é o exercício por nova mentalidade nos negócios, a IBM traz um portfólio amplo de serviços e soluções digitais a todos os segmentos do varejo que contempla:

a) Digital: elaboração de estratégias e condução de transformações digitais com soluções em Customer Experience, Marketing de Performance e Omnicanalidade alavancados em plataformas de Inteligência Artificial.

b) Management Consulting: consultores de negócio com expertise em varejo para otimização das cadeias de valor e desenvolvimento de novos modelos de negócio.

c) Cognitive Process Transformation: aumento da produtividade e melhoria da experiência dos Consumidores e/ou Colaboradores, através da implementação, gestão e outsourcing de processos core e de backoffice com utilização de Inteligência Artificial, IoT, Blockchain, Analytics, apoiado em soluções de Intelligent Workflows, Digital Workers e Smart Command Centers.

d) Tecnologias para o varejo: implementação acelerada e gestão de plataformas de mercado – SAP, Salesforce, Adobe e outras, ou próprias da IBM com tecnologias disruptivas, como por exemplo Watson para Assitentes Cognitivos e Advanced Analytics, Order Management System para vencer a complexidade da omnicanalidade, Supply Chain Insights para Torres de Controle e Blockchain para rastreabilidade de produtos ponta a ponta na cadeia, dentre outras. Migração de aplicações para Cloud e gestão de nuvens híbridas.

Varejo inicia processo de retomada de crescimento, aponta KPMG

Segmentos on-line, farma e alimentar se destacam.

O setor de varejo – especialmente nos segmentos on-line, farma e alimentar – está no processo de crescimento, em que as empresas que atravessam o atual momento ganham fôlego com o comportamento do consumidor, favoravelmente alterado durante a crise. É o que aponta uma pesquisa feita pela KPMG analisando quatro possíveis padrões de retomada dos 40 principais setores da economia brasileira, após um ano do início da pandemia da Covid-19.

Nesta terça-feira, dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que o varejo brasileiro teve alta de 1,8% de março para abril deste ano. O crescimento veio depois de uma queda de 1,1% observada na passagem de fevereiro para março. Essa é a maior alta para o mês de abril desde 2000.

Entre os principais desafios para o segmento apontados pelo relatório da KPMG, as medidas de restrição de circulação ainda vigentes transformaram profundamente os hábitos dos consumidores, que seguem preocupados com segurança. Com isso, o varejo on-line ganhou protagonismo e tornou-se alternativa ao fechamento das lojas. Também por essa razão, tornou-se fundamental reavaliar os meios tradicionais e consolidar novos modelos de omnichannel (estratégia entre canais que pode melhorar a experiência do usuário).

“A pesquisa apontou que o consumo de artigos essenciais permanece em alta, enquanto o comércio digital surge como solução para a continuidade dos negócios. Nesse cenário, o e-commerce consolidou-se como resposta ao fechamento das lojas, sendo que muitos comerciantes incorporaram o canal digital em definitivo”, analisa o sócio-líder do segmento de varejo e líder de Clientes & Mercados da KPMG para as Regiões Norte e Nordeste, Paulo Ferezin.

Tendências para o varejo

Com relação às tendências para o setor de varejo, o relatório apontou que planejamentos plurianuais devem incorporar modelos mais flexíveis e de curto prazo. Decisões operacionais deverão ser mais direcionadas e embasadas por análise de dados em tempo real, com uso de inteligência artificial. O relatório indica mais alguns tópicos prioritários:

  • Modelo de negócios: Marcas precisam demonstrar propósito, sustentabilidade, engajamento social e preocupação/cuidado com o cliente. Examinar novos modelos de negócios, estratégias de canais, contratos de trabalho e parcerias existentes. Uma parcela das lojas não será mais reaberta e o foco do segmento estará nos canais digitais. Ampliação das lojas inteligentes (prateleira virtual, redução de espaço físico, cauda longa somente on-line, provador virtual);
  • Modelo operacional: Maior sinergia entre fabricante e varejo: Repensar o “custo de fazer negócios”, com automação de processos por meio de RPA (automação) e IA (Inteligência Artificial). Os varejistas precisam reconhecer que as formas convencionais de corte de custos não serão suficientes e precisarão ir além para retornar à lucratividade. Será fundamental entender e modelar a demanda em cada um dos canais, balanceando o cronograma de reabertura de lojas físicas com o avanço do comercio digital. As lojas devem passar por alteração de layout e controle de fluxo, para evitar aglomerações;
  • Mudanças de hábitos dos consumidores: Por um bom tempo as interações pessoais não serão mais as mesmas. Os consumidores não se sentirão confortáveis em retornar rapidamente para lojas físicas nem para locais com aglomerações, os canais digitais seguirão em alta, impulsionados por conteúdo de qualidade, influenciadores e promoções. Varejo de pouco contato cai no gosto do consumidor;
  • Estratégia lean: O varejo demanda muita inovação, seja em seu canal digital, seja na preparação das lojas para o conceito do Varejo Seguro. Soluções de rápida implementação são a tendência;
  • Colaboradores: Equipe de back office deve ter retorno gradual, mantendo parte do trabalho em modalidade híbrida. O vendedor digitalizado, potencializado por tecnologia digital, passará a atuar nas lojas, mantendo a segurança e o cuidado necessário;
  • Estrutura de capital: Revisão dos portfólios de lojas, categorias e sortimento, preservando resultados de curto prazo e caixa. Fortalecimento da estrutura de capital e ampliação do Capex voltado à transformação dos negócios para a “Nova Realidade”;
  • Gestão de riscos: Fortalecer e/ou implementar uma política de gestão de riscos, Governança e Gestão ESG, que permitam à companhia enfrentar cenários de crise antes vistos como impossível ou improvável.

Resposta do varejo à crise

O relatório da KPMG traz informações relevantes e um balanço sobre como as empresas vêm respondendo aos desdobramentos desde o início da crise, indicando quatro padrões de retomada para os setores. De acordo com a pesquisa, podem ser consideradas em processo de crescimento, as empresas que escalam o pós Covid-19 com o comportamento do consumidor favoravelmente alterado durante a crise.

No retorno ao normal, essas organizações são vistas como essenciais. No terceiro estágio, intitulado no relatório como “transformar para emergir”, estão as empresas que se recuperarão, mas ao longo de um caminho prolongado, exigindo reservas de capital para resistir e transformar modelos operacionais e de negócio. Por fim, em reiniciar, essas organizações lutam para se recuperar da Covid-19 devido à demanda permanentemente reduzida por ofertas, capital insuficiente para evitar recessão prolongada ou má execução da transformação digital.

“A análise destaca que líderes de diferentes mercados têm buscado enfrentar esse momento com resiliência, informação e planejamento estratégico, de modo a antecipar possíveis entraves e obstáculos e, assim, obter os resultados esperados mesmo em um período complexo e desafiador. O estudo aponta as especificidades dos setores abordados, incluindo as tendências, as medidas que as empresas têm adotado para mitigar os reflexos do atual cenário, os principais desdobramentos observados neste último ano, as lições aprendidas e os riscos inerentes aos mercados”, finaliza o sócio de clientes e mercados da KPMG no Brasil e América do Sul, Jean Paraskevopoulos.