O país tem uma oportunidade única de aproveitar essa tendência e atrair uma parte importante da cadeia de fornecimento das empresas globais
Essa tendência promete facilitar o movimento de mercadorias e reduzir os custos de transporte (Foto: Divulgação)
Durante a pandemia de Covid-19, muitas empresas sofreram para manter ativas suas cadeias de suprimentos. Diversos eventos, como bloqueios de produção e atividades portuárias na China, escassez de contêineres e congestionamentos marítimos, paralisaram muitas operações ao redor do mundo.
Além disso, recentes conflitos geopolíticos e questões econômicas globais, como a inflação em alta e a desaceleração da demanda, contribuíram para a complexidade desse cenário.
Passada a pandemia, é fundamental listar as lições aprendidas e considerar soluções inovadoras para garantir a resiliência da logística global.
Uma delas, que já está sendo adotada em alguns países, é o chamado omnishoring. Trata-se de uma estratégia que envolve a transferência de parte da produção de fábricas offshore para países geograficamente mais próximos dos mercados onde os produtos serão consumidos.
Essa tendência promete não apenas facilitar o movimento de mercadorias, mas também reduzir os custos de transporte e evitar potenciais obstáculos sanitários e regulatórios que possam surgir em países distantes, especialmente em situações adversas como vimos nos últimos anos.
Vejo que o Brasil tem uma oportunidade única de aproveitar essa tendência e atrair uma parte importante da cadeia de fornecimento das empresas globais.
O país pode se beneficiar das projeções otimistas da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), que estima um considerável investimento privado de R? 124,3 bilhões em transporte e logística entre 2022 e 2026.
Do ponto de vista estratégico, o Brasil tem vantagens significativas para atrair empresas globais. A infraestrutura do Brasil, incluindo suas rodovias, costa marítima e questões aéreas, é mais favorável para a logística em comparação com outros países sul-americanos.
O investimento em fontes de energia limpa e renovável também é uma preocupação fundamental do país, o que está alinhado com a crescente demanda por sustentabilidade e responsabilidade ambiental, refletida na agenda ESG adotada pelas empresas.
Entre os setores industriais que têm aderido ao omnishoring e poderiam se beneficiar da atração para o Brasil, destaco a indústria manufatureira. Além disso, setores como tecnologia da informação, varejo, saúde, farmacêutica e indústria automotiva também podem encontrar no Brasil um ambiente propício para inovação e crescimento.
Diante desse contexto, sou otimista em relação à resiliência do comércio global a longo prazo e acredito que as empresas precisam estar preparadas e bem posicionadas para apoiar seus clientes em um mundo em constante mudança.
Portanto, acredito que o Brasil deve estar pronto para aproveitar as oportunidades do movimento de omnishoring, impulsionando a economia com negócios e iniciativas inovadoras.
* Eric Brenner é CEO da DHL Global Forwarding (DGF) no Brasil.
Com o crescimento do comércio eletrônico B2B, os vendedores corporativos precisam se ajustar a um mundo diferente. Eles precisam ter em mente que os compradores estão se voltando, cada vez mais, para os canais digitais, indicando uma tremenda valorização da velocidade e da conveniência nas transações.
Não é novidade que compradores B2B têm deixado de lado as reuniões presenciais com representantes de vendas e buscado o mesmo tipo de experiência que têm ao comprar em sites B2C: afinal, todos compramos na Amazon e sabemos o que é uma boa experiência de compra. Na dinâmica digital, eles procuram autonomia, pesquisando os produtos online e optando por concluir a compra do mesmo modo.
“Hoje, o sucesso no B2B depende totalmente do balanceamento engenhoso de pontos de contato online de autoatendimento com cenários de interação com o cliente assistidos por vendas. A chave para ambos é digital… sites e aplicativos de comércio digital, juntamente com a ativação de vendas digitais”, escreveram Andy Hoar e Brian Beck, da Master B2B, em seu Relatório State of B2B E-Commerce de 2023.
Dessa forma, vendedores experientes ficam livres para atuar como consultores confiáveis, enquanto suas empresas fazem uso de mercados e ferramentas digitais para oferecer experiências personalizadas aos seus clientes. Ao mesmo tempo, as equipes de vendas passam a se apoiar em ferramentas de vendas guiadas para adotar um modelo de vendas omnichannel, ajudando os vendedores a envolver os compradores no canal de sua escolha.
As principais estatísticas B2B para 2023
A velocidade com que o comércio eletrônico B2B vem crescendo é impressionante, e a maior parte das organizações está ciente disso. Por isso estão trabalhando na transformação de suas equipes de vendas e na construção de experiências que atendam às crescentes preferências digitais de seus clientes.
Tudo isso é ilustrado por estatísticas relativas ao ano de 2023 que, analisadas com calma, podem ajudar a orientar os líderes empresariais na definição de suas estratégias. Veja algumas delas:
1. De acordo com a Forrester, o comércio eletrônico B2B atingirá US$ 3 trilhões nos EUA até 2027, acima do US$ 1,7 trilhão registrado em 2021. As vendas offline B2B permanecerão essencialmente estáveis;
2. Já a Statista aponta que 17% das vendas B2B serão geradas digitalmente em 2023, acima dos 13% em 2019;
3. Uma pesquisa do Gartner, publicada no final de 2021, mostrou que 83% dos compradores B2B preferem fazer pedidos ou pagar por mercadorias por meio de canais digitais;
4. O Gartner também prevê que, até 2025, 80% das interações de vendas B2B entre fornecedores e compradores ocorrerão em canais digitais;
5. Os clientes B2B agora usam regularmente dez ou mais canais para se envolver com fornecedores, contra cinco em 2016, de acordo com um estudo de vendas B2B da McKinsey & Company;
6. O mesmo estudo da McKinsey aponta grandes oportunidades para canais de vendas remotos ou online: 35% dos compradores B2B disseram que gastariam US$ 500 mil ou mais em uma única transação;
7. Quase dois terços das empresas B2B em todos os setores oferecem recursos de comércio eletrônico acima dos 53% no início de 2021, segundo um relatório B2B Pulse 2022 da McKinsey & Company;
8. Um terço dos 200 compradores e vendedores B2B entrevistados disseram que iniciam sua pesquisa de produtos na Amazon, de acordo com o relatório State of B2B E-Commerce de 2023 da Master B2B;
9. Quase metade dos vendedores no mesmo estudo disse que perdeu vendas porque não conseguiu competir com a Amazon em preço;
10. A pesquisa Master B2B também descobriu que 61% dos vendedores disseram que perderam vendas porque a pesquisa no site não era boa o suficiente.
Comércio eletrônico B2B em 2023
Todos esses números e estatísticas mostram que o comércio eletrônico B2B não só veio para ficar, mas que está cada vez mais forte. E, diante disso, as organizações de todos os setores precisarão continuar desenvolvendo e aprimorando seus recursos de comércio digital para permanecerem competitivas à medida que os mercados de terceiros ganham força.
Mas sempre há pontos de atenção. Mesmo que a maioria das empresas B2B esteja focada em aumentar o comércio eletrônico, muitas enfrentam o mesmo problema: falta de financiamento. A pesquisa Master B2B observa que 68% dos vendedores disseram que as restrições orçamentárias estão impedindo o crescimento do comércio eletrônico, e que há falta de alinhamento entre as equipes de vendas, e-commerce e TI, o que dificulta o crescimento.
Gerenciar o conflito entre canais de vendas online e offline no comércio B2B requer uma abordagem equilibrada e estratégica. Para enfrentar esse desafio com sucesso, as empresas podem empregar várias táticas. A comunicação clara é fundamental, envolvendo a educação da equipe de vendas sobre os benefícios do e-commerce como uma ferramenta complementar em vez de uma substituição. O alinhamento de incentivos é crucial, com estruturas bem projetadas que recompensam os vendedores por direcionar o tráfego online e facilitar as vendas online. A colaboração deve ser incentivada entre as duas equipes de vendas para proporcionar uma experiência perfeita ao cliente, enquanto que a atribuição clara de leads garante o devido crédito pelos esforços de vendas online e offline.
Enfatizar o valor da expertise dos vendedores e da personalização é essencial, destacando situações em que o aconselhamento personalizado é indispensável. Ofertas online especiais podem motivar o engajamento com a plataforma online, enquanto que o compartilhamento de dados permite que os vendedores compreendam melhor os comportamentos dos clientes online. Criar um ciclo de feedback capacita os vendedores a contribuírem com insights para melhorar a plataforma online, promovendo seu envolvimento no seu sucesso. A implementação gradual, o suporte da gestão e a definição de papéis claros contribuem para uma convivência harmoniosa de ambos os canais. Em última análise, uma abordagem abrangente que combine essas táticas promove a cooperação, minimiza conflitos e impulsiona o crescimento no comércio B2B.
“Os CEOs devem demonstrar liderança aqui e garantir que os departamentos de comércio eletrônico e TI estejam totalmente alinhados – tanto estratégica quanto financeiramente – para garantir que as metas digitais sejam alcançadas”, conclui o relatório. A dica fala por si só e já indica por onde muitas dessas empresas podem começar.
Trabalhando em sintonia com o e-commerce, a indústria farmacêutica observa um crescimento global desde 2020. Até 2032, o setor espera atingir US$ 273,6 bilhões, conforme dados da Future Market Insights. No Brasil, segundo a Neotrust, o setor de Saúde e Farma aumentou em 40% o faturamento este ano.
Segundo dados da Mckinsey, a área de healthcare viu um crescimento de 38 vezes no segmento de telemedicina. Já o ramo farmacêutico teve um salto de 6,6% entre julho de 2020 e julho de 2021, de acordo com dados da Abrafarma, movimentando cerca de R$ 103 bilhões no período.
Já o Guia da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) afirma que o mercado farmacêutico brasileiro deve movimentar entre US$ 39 bilhões (R$ 162 bilhões) e US$ 43 bilhões (R$ 179 bilhões) em 2023, comercializando algo em torno de 238 milhões de doses.
E-commerce já é essencial à indústria farmacêutica
O Brasil caminha para se tornar o quinto maior mercado mundial de suprimentos médicos, com um crescimento esperado de 10,5% somente em 2023, segundo dados da consultoria IQVIA. E isso só comprova que a adoção do e-commerce pelas farmácias se tornou essencial para atender às demandas dos consumidores tanto no ambiente B2B quanto B2C.
O Brasil conta com mais de 118 mil CNPJs de varejistas focados no setor farmacêutico, de acordo com dados do DataSebrae. Vale ressaltar que, no país, são cerca de 84 mil farmácias existentes, além de mais de 4 mil distribuidores de medicamentos no Brasil.
Para Antonio Nunes, CEO da Instaleap, “o desafio para que o setor continue crescendo é entender como melhor atender os consumidores finais, desde o oferecimento de canais de acesso aos medicamentos e produtos de forma intuitiva até a entrega rápida”.
Receita de quem está na frente
No cenário internacional, países com liderança no desenvolvimento desse tipo de comunicação no varejo, como os EUA, já movimentam mais de US$ 1,1 trilhão com o e-commerce B2B, com foco em empresas para distribuição — mais do que o que se movimenta em B2C, quando a venda acontece para o cliente.
Entre os principais objetivos dessa estratégia estão:
– ampliação das vendas;
– expansão geográfica;
– captação de clientes;
– reforço do controle sobre processos;
– estoque e armazenamento;
– padronização digital de pedidos;
– flexibilidade nas vendas para melhor atendimento ao cliente;
– personalização e otimização da jornada de compra (incluindo o rastreamento de pedidos, agilidade na coleta dos medicamentos em diferentes lojas e melhoria da distribuição).
Vale destacar que a digitalização da indústria farmacêutica ainda é um ponto crucial no Brasil, uma vez que 82% das farmácias ainda não vendem online. A startup Napp, em parceria com o Google, já oferecem um esquema de digitalização totalmente gratuito para este mercado.
Compras no e-commerce chinês AliExpress vão sofrer mudanças com o ingresso da empresa no programa governamental Remessa Conforme. Para valores superiores e inferiores a U$ 50, a nova regulamentação para compras importadas já identifica os impostos no carrinho.
Uma captura de tela foi responsável pelo fomento de comentários acerca das novas tributações nas compras. O comunicado, destinado aos parceiros da AliExpress, se espalhou rapidamente pelas redes sociais e preocupou os consumidores.
A veracidade das informações foi confirmada pelo e-commerce asiático.
Novas tributações
O comunicado da empresa detalha: “para compras abaixo de US$ 50, o governo também estabeleceu que o imposto a ser pago será 17% (somente Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS). Para compras acima desse valor, o valor permanece 92% do total”.
Felipe Santos Costa, membro da Comissão Especial de Assuntos Tributários e advogado especialista em direito tributário, explica quais são as novas implicações do programa.
Para pessoas físicas com compras até U$ 50, é preciso pagar somente o imposto estadual (ICMS) com alíquota de 17%, não há necessidade de pagar o Imposto sobre Importação.
No caso de compras acima de U$ 50 são dois impostos envolvidos: o ICMS (17%) e o Imposto de Importação (60%), totalizando 77%.
A porcentagem de 92% de imposto, é oriunda do ICMS incidindo por dentro. Ou seja, um imposto embutido no custo do produto tornando a cobrança do imposto dobrada, esclarece Costa.
Além disso, a varejista está trabalhando na criação de uma plataforma que permite o cálculo dos impostos devidos. Mas até o momento, as compras permanecem da maneira como os clientes estão acostumados.
Remessa Conforme
O programa encabeçado pelo Ministério da Fazenda teve início em agosto, com adesão voluntária das empresas.
Visando facilitar as operações de comércio exterior, as mercadorias apresentaram um selo e antes da entrada no país os impostos devem ser coletados.
O diferencial da Remessa Conforme é a isenção do imposto federal de importação, em compras abaixo de US$ 50. O ICMS, entretanto, continua sendo aplicado em compras abaixo ou acima deste valor.
Por meio do aeroporto em Campinas, a companhia transporta mensalmente cerca de 280 mil pacotes; de acordo com a Azul Cargo, o foco é atender as principais empresas do e-commerce brasileiro.
A Azul Cargo inaugurou o novo terminal de cargas (TECA) do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, para complementar os 10 mil m² já existentes. Ao todo, a companhia transporta 10 milhões de kg de carga mensalmente, em Viracopos, e espera um acréscimo de 20% de capacidade, mobilizando mais 58 caminhões por dia para entregas na cidade de São Paulo e no interior do estado.
A extensão do TECA, que será destinado a cargas expressas, possui uma área total de 1.680 m² destinados ao armazenamento e manuseio de mercadorias. De acordo com a companhia, o novo terminal de cargas de Viracopos ficará localizado em um condomínio dentro do sítio aeroportuário, o que garante mais segurança, infraestrutura e agilidade ao processo de transporte de mercadorias.
“A Azul Cargo acompanhou o movimento de crescimento do e-commerce, buscando atender às demandas do setor por prazos mais competitivos, segurança e cuidado no manuseio dos pacotes”, afirmou Izabel Reis, diretora da Azul Cargo Express.
“Estamos entregando isso com tecnologia de logística e investimento em novos terminais de carga, anunciamos recentemente a expansão no aeroporto de Vitória e agora, a inauguração em Viracopos, que é o principal hub da Azul e tem uma localização estratégica para distribuição em todo estado de São Paulo”, ressaltou a executiva.
FOCO NO E-COMMERCE
Segundo a empresa, o novo terminal de cargas em Campinas tem como foco atender as principais empresas do e-commerce brasileiro, que são clientes da Azul, contemplando a entrega rápida e realizando o transporte de diferentes categorias de produtos, como calçados, vinhos, eletrônicos em geral, peças automotivas e até materiais farmacêuticos.
De acordo com a Anac, a Azul Cargo liderou o setor, com o transporte de mais de 10,7 milhões de pacotes. Hoje, a empresa detém 37% de market share, chegou ao marco de 300 lojas e atende 5 mil cidades no território nacional.
Esse número representa 90% dos municípios e uma cobertura equivalente a 96% da população. Recentemente, a empresa ampliou a frota, investindo no cargueiro “Classe F”, que consiste em uma aeronave E195 transformada em cargueiro, entregando eficiência e flexibilidade na utilização da frota de acordo com as necessidades do mercado.
“No ar desde fevereiro de 2022, as cinco aeronaves Classe F certificadas para transportar cargas na cabine já contam com mais de 9 mil horas de voo e 21.500 toneladas transportadas. Além disso, a Azul Cargo diversificou a oferta de serviços, com opções que se encaixam a diferentes perfis de Clientes”, afirmou a companhia, em nota.
As grandes plataformas on-line estrangeiras, que têm crescido de forma acelerada no país, promoveram aumentos em tarifas e criaram novas cobranças a lojistas em seus marketplaces, e isso já tem gerado reação dos vendedores nas últimas semanas.
Segundo avisos enviados às lojas, a Amazon passou a aplicar mudanças nas regras em agosto, e Shopee e Mercado Livre, em junho e julho, respectivamente. Lojistas começam a repassar a pressão nos custos aos clientes, o que tende a encarecer os produtos.
Outro marketplace com forte crescimento no Brasil, a Shein alterou regras para os promotores de sua marca (chamados de afiliados), limitando a aplicação de descontos nos preços a clientes.
No modelo de marketplace, as plataformas oferecem serviços às lojas, como publicidade nos sites e aplicativos e logística, e recebem uma comissão por isso, que varia de 10% a 20% do valor da venda.
Juros altos e aumentos em custos operacionais explicam em parte essa mudanças, mas consultores veem uma busca por ganho de margem e de redução de perdas.
O movimento se dá em um ambiente de retração das vendas do comércio on-line no país, embora as grandes plataformas afirmem que não sentem esse efeito. O recuo começou em 2022 e permanece neste ano. As vendas on-line encolheram 14% de janeiro a junho, segundo a Neotrust.
No caso da Amazon as tarifas de envio subiram entre 13% e 56% em relação à tabela anterior, calculou o Valor, com base nas novas tabelas enviadas às lojas. Se o cliente usar o sistema completo da Amazon – que inclui coleta, etiquetagem e entrega do produto – o reajuste é de 13%. Se o cliente usar só uma parte, o serviço ficou mais caro. Lojistas dizem que é uma tentativa de migrá-los para o serviço completo da companhia.
No Brasil, essa onda de reajustes ganhou força após compradores já terem sinalizado, em redes sociais nos últimos meses, maior preocupação sobre o risco de elevação de preços em sites estrangeiros, com as novas regras de importação de produtos de até US$ 50, a partir de 1º de agosto.
Reajustes foram feitos para compensar parcialmente o custo operacional mais elevado” — AmazonNo Mercado Livre, um novo cálculo sobre custos de envios aos domicílios, incluindo variáveis que não existiam, vale desde julho.
A empresa decidiu considerar não só o volume da encomenda, mas a distância da empresa do vendedor até o centro de distribuição do Mercado Livre que atende o lojista. A alteração afeta lojistas que usam o serviço de logística do grupo, batizado de “full”, com entregas no mesmo dia.
Além disso, o custo fixo por unidade vendida na empresa voltou a subir – passou a R$ 6, frente aos R$ 5,50 cobrados até então (eram R$ 5 em dezembro passado). Isso é válido para os anúncios abaixo de R$ 79. O valor é adicionado à taxa de comissão para dois planos (clássico e premium). Cada categoria de produto tem comissões diferentes.
Outra alteração envolve critérios para calcular o custo de envio no modelo de remessa própria (Mercado Envios), em que o lojista oferece frete grátis.
No Mercado Livre, a partir de julho, a base para essa conta passou a ser o peso de 2 kg, e não mais os de 5 kg. E se a remessa pesar mais de 2 kg, será usado o indicador que for maior – o peso físico ou o volumétrico (calculado a partir do comprimento, largura e altura). Antes se considerava só o peso.
“Isso afeta as mercadorias que ocupam muito espaço no transporte, mas que são leves, como colchões. Com esses produtos, se o preço cobrado for apenas pelo peso, o preço do frete pode não compensar o transporte”, diz um diretor de empresa aérea. O Mercado Livre, fundado na Argentina, usa aviões na sua logística no país.
Um ajuste positivo, na opinião de vendedores ouvidos pelo Valor, refere-se a itens de supermercados. Até a metade do ano, a empresa cobrava um valor adicional único de R$ 4 por produto vendido até o limite de R$ 199. Agora foram definidos valores para diferentes faixas de preço. Também não será cobrado do lojista o descarte de produtos que ficam parados nos centros de distribuição, por avarias.
Outro marketplace estrangeiro, a Shopee, sediada em Cingapura, decidiu implementar em junho uma nova tarifa, de R$ 2, que se soma à taxa de comissão no cálculo de custo por item enviado. Amazon, Mercado Livre e Magazine Luiza já cobram esse valor extra.
A comissão da Shopee, para lojistas que usam o programa da empresa de frete grátis, está em de 20% mais os R$ 2. Para aqueles fora do programa, são 14% somados aos R$ 2. O limite máximo de comissão permanece em R$ 100.
A Amazon, que vinha absorvendo as pressões em custos no Brasil, sem repasses frequentes às lojas, promoveu reajustes na taxa de comissão de 13 categorias de produtos. Em 24 categorias não houve mudanças e uma teve queda.
No programa de logística da Amazon (FBA), em que ela armazena, empacota e distribui os itens do vendedor, as tarifas de envio subiram, em média, R$ 3,20. Nas tarifas de coleta do FBA a alta média foi de R$ 0,06 por unidade.
Já aos lojistas que fazem a sua própria distribuição e não usam a estrutura da Amazon, a alta foi maior, de R$ 4,68, em média. Nesses casos, a Amazon sugere “como alternativa para obter uma tarifa mais baixa”, que o vendedor “aprenda mais sobre o programa FBA”. É nele que a empresa rentabiliza mais os seus serviços.
Em outro serviço, chamado “Delivery by Amazon”, em que a plataforma faz a entrega, mas não faz a armazenagem, a alta foi de R$ 0,50 por item para produtos de até R$ 79.
A Amazon também decidiu dividir as tarifas de envios em várias faixas de peso de produtos, como o Mercado Livre também fez. Nessas divisões, os reajustes promovidos variaram de 13% a 55,95% a depender do peso e do serviço.
Apesar desse movimento, o diretor de uma plataforma reforça que os vendedores têm autonomia para definir a sua política de vendas e distribuição, e a qualidade do serviço oferecida avançou no país.
“Damos prazo de 30 dias para os ‘sellers’ se adaptarem às mudanças, e ainda há melhorias que são feitas com base nas reclamações deles. Não há dúvida que o serviço deles melhorou muito no Brasil com os marketplaces, e isso atrai a venda”, defende ele.
A chinesa Shein não fez aumentos, mas decidiu limitar, após julho, o acesso de clientes a códigos que dão descontos nos preços. Isso ocorreu por meio da conta de afiliados (usuários que ganham comissão divulgando produtos). Afiliados foram às redes sociais criticar a empresa, apurou o Valor.
O consumidor que compra pela Shein pode fazê-lo de forma vinculada a uma cota de um afiliado, para conseguir melhores descontos. Essa permissão era válida por 90 dias. Mas o código passou a valer apenas por 30 dias, podendo renovar por, no máximo, mais 30 dias.
Ocorre que, a redução no prazo que o comprador pode usar o código nas compras afeta a comissão dos afiliados, de até 8%. “O afiliado precisará agora conquistar mais clientes para não perder valor de comissão. Por isso teve tanta crítica nas redes. E o que a Shein busca é um maior fluxo maior de consumidores ativos ”, afirma uma ex-afiliada da Shopee e da Shein.
Após publicação de resultados globais dos grupos em 2023, cresceu a discussão no mercado em torno de um equilíbrio maior entre receita e despesas, de forma a abrir espaço para ganhos de rentabilidade. Para Roberto Wajnsztok, sócio diretor da Gouvêa Consulting para varejo digital, “há um amadurecimento das operações de marketplace no país, que não caçam mais crescimento puro e simples, porque há um ambiente de capital mais caro globalmente e de pressão por resultados”, afirma.
“Como são operações que lideram esse setor no país, elas conseguem fazer ajustes de forma quase conjunta, sem perder ‘share’. O problema é que o lojista menor, nessa confusão de tarifas e novos critérios, acaba ficando perdido”.
Vendedores de pequeno porte são mais de 90% da base de lojistas das grandes plataformas.
Na Shopee, o executivo Tony Hou, diretor financeiro da Sea Limited, dona da empresa, disse a analistas em agosto, que houve uma queda de 83% na perda de margem de contribuição por pedido no Brasil, “refletindo melhor monetização e maior eficiência em nossas operações”.
O Valor ouviu lojistas de pequeno e médio portes de produtos para casa, na área de saúde e de moda, e há movimento de repasses dos reajustes aos preços.
“Eu já repassei uma parte no preço e aumentei prazo em uma parcela para não pesar para o cliente ”, diz uma vendedora de moda feminina na Shopee e Mercado Livre. Um lojista que vende vitaminas e artigos esportivos afirma que teve uma alta de 30,8% no serviço de entrega da Amazon.
“No sistema em que eles armazenam e despacham, a tarifa subiu menos, 26%. Mas ainda não sei se vale a pena mudar. Primeiro eu estou repassando a alta, aí vou decidir se mudo”, diz ele.
Procurado, o Mercado Livre informa que os ajustes levaram em consideração fatores como a inflação preço médio dos combustíveis e o impacto da taxa básica de juros. E diz que as alterações têm como objetivo a manutenção e melhora dos seus serviços.
A Amazon informa que houve pressões contínuas sobre as taxas de juros, e isso está afetando os custos operacionais neste ano. Diz que segue “investindo fortemente em pessoas, tecnologia e infraestrutura” e “ao mesmo tempo que trabalha para ter mais eficiência operacional”.
A respeito dos aumentos mais baixos para o serviço de armazenagem e entrega da empresa, e sugestão aos lojistas que migrem para ele, a empresa diz que o programa foi pensado “para otimizar a logística dos vendedores”, e com ele, parceiros podem crescer suas vendas, em média, em até cinco vezes.
A Shopee confirma que fez aumentos referente à comissão, diz que atua com transparência e tem “um forte compromisso com o empreendedorismo local” e quer desenvolver novas formas de ajudar os parceiros a terem mais oportunidades. A nota anda cita “benefícios” que traz aos lojistas, como treinamentos gratuitos, cupons e ações de marketing. E diz que a política de comissão está em seu site.
A Shein, sobre as alterações no programa de afiliados, informa que faz atualizações constantes nessa operação e “visando atender às necessidades do negócio”. E confirma que as últimas mudanças buscam atrair novos clientes.
Empresa também lançou o Mercado Play, plataforma de conteúdo gratuito, monetizado por meio de publicidade.
O Mercado Livre anunciou nesta quarta-feira, 30, que terá mais dois Centros de Distribuição (CD), um no Rio de Janeiro e outro no Recife. Com ambos, a companhia chega a dez CDs no País. O do Rio já está funcionando e o de Recife fica pronto em 2024.
O responsável pela operação brasileira, Fernando Yunes, afirmou que, com essas novas instalações, será possível fazer entregas no mesmo dia nas regiões do Grande Rio de Janeiro e Grande Recife, além de acelerar entregas em regiões próximas.
Ao todo, a companhia deve investir R$ 19 bilhões no País este ano, entre logística, tecnologia e marketing. A companhia ainda acrescentou um avião à sua frota, que passou de sete para oito aeronaves.
As informações foram divulgadas durante o Mercado Livre Experience, um dos maiores eventos de e-commerce do País.
“A entrega rápida é um dos principais atributos do Mercado Livre e também um fator fundamental na decisão de compra do cliente, pois ao receber seu produto com velocidade e segurança, o cliente tem uma experiência de compra satisfatória e volta a consumir no nosso marketplace porque sabe que pode contar com a nossa eficiência logística”, afirma Luiz Vergueiro, diretor sênior de Logística do Mercado Livre.
Mercado Play
Ao mesmo tempo, o CEO da companhia, Marcos Galperín, anunciou o lançamento do Mercado Play, plataforma de conteúdo gratuito, monetizado por meio de publicidade.
Além disso, a companhia anunciou um novo programa de fidelidade, chamado Meli+, que dá acesso ao Star+, Disney+ e frete grátis a partir de R$ 29, por uma assinatura de R$ 17,99.
“Oferecemos uma proposta de benefícios altamente competitiva, não apenas com entregas gratuitas e programadas de milhares de produtos, mas também por meio de descontos exclusivos e uma experiência única de entretenimento, para que nossos usuários tenham acesso ao melhor conteúdo”, disse Yunes.
O Melhor Envio, plataforma de gestão e cotação de fretes do grupo Locaweb, acaba de disponibilizar mais uma modalidade de entrega exclusiva para seus usuários.
Trata-se da Coleta Loggi, um serviço que chega para facilitar a vida de quem vende pela internet.
Compreenda tudo sobre essa novidade e como a sua loja virtual pode ter acesso a uma forma de entrega super prática sem pagar nada a mais por isso.
O que é a Modalidade Coleta?
A Coleta é um novo serviço oferecido pela Loggi para os lojistas que contratam os fretes do seu negócio utilizando o Melhor Envio.
Como o próprio nome já indica, quem optar por essa modalidade não precisa se preocupar em levar a encomenda até uma uma unidade de postagem. A própria transportadora se encarregará de buscar o pacote no endereço do remetente.
A nova modalidade de entrega já está disponível na Calculadora de Frete do Melhor Envio. O valor total é calculado automaticamente e comparado com o de outros serviços oferecidos pela plataforma.
Imagem: reprodução
Essa nova forma de entrega intermediada pelo Melhor Envio é mais um serviço oferecido para e-commerces de todos os tamanhos, sem custos adicionais além do valor do frete.
Agendamento e horário de coleta
A coleta é agendada automaticamente no momento em que é gerada a etiqueta de frete na plataforma. Sendo assim, é preciso se atentar às regras do horário de corte para o recolhimento do pedido.
As retiradas acontecem nos dias úteis, das 13h às 18 horas. A única exceção fica para a região do Brás, em São Paulo, onde a coleta encerra às 16h.
Etiquetas de frete geradas em dias úteis antes de 11 horas são coletadas no mesmo dia. Já pacotes com etiquetas geradas de segunda a sexta após 11 horas serão retirados no próximo dia útil.
Caso a etiqueta de frete seja gerada durante finais de semana ou feriados, a coleta será agendada para o primeiro dia útil.
Regras de postagem para a coleta da remessa da Loggi
Pacotes entregues na modalidade Coleta devem seguir as regras delimitadas pela transportadora. Confira as dimensões e peso permitidos nos envios da Loggi:
Dimensões:
– Altura: entre 1 cm e 100 cm.
– Largura: entre 10 cm e 100 cm.
– Comprimento: entre 15 cm e 100 cm.
– Soma total das dimensões (altura + largura + comprimento): de 25 cm a 200 cm.
Peso:
– Peso mínimo: 0,1 g.
– Peso máximo: 30 kg.
Lembre sempre de informar as dimensões e peso corretos do pacote durante a cotação do frete, pois o veículo destinado para a coleta será selecionado de acordo com essas informações.
Vale ressaltar também que a Loggi não aceita envios com múltiplos volumes.
Tenha acesso à modalidade coleta sem pagar nada a mais por isso
Para ter acesso à praticidade da nova forma de entrega Coleta Loggi no seu negócio, com preços e prazos exclusivos, é necessário fazer o cadastro grátis no Melhor Envio.
A loja não paga nada a mais para ter acesso a esse benefício. Além de não precisar se deslocar para despachar as encomendas, o serviço ainda conta com outras vantagens, como rastreio de pedidos automatizado e o atendimento exclusivo oferecido pelo Melhor Envio a todos os seus usuários.
Com expansão internacional, aquisições, gestão de custo e eficiência operacional, maior transportadora de carga rodoviária do Brasil vê receita atingir quase R$ 10 bilhões em 12 meses. E quer ir bem mais longe.
Mar calmo nunca fez bom marinheiro. Um provérbio, ou melhor, um aprendizado citado pelo CEO Ramon Alcaraz ao comentar o desempenho da JSL nos últimos três anos diante dos desafios setoriais e macroeconômicos decorrentes da pandemia e da guerra na Ucrânia. Com uma estratégia que envolveu gestão de custos, eficiência operacional e propósito comum entre os 30 mil colaboradores, a maior operadora logística do Brasil driblou a falta de insumos (componentes, por exemplo) e a alta nos preços de produtos (diesel, pneus e veículos) para ver seus resultados multiplicarem.
Nessa conta foi decisiva a abertura de capital, em 2020. Desde então, o faturamento bruto saltou de R$ 3,6 bilhões para R$ 7,1 bilhões (dezembro de 2022). Houve oito aquisições — e crescimento orgânico também. E nem os investimentos de R$ 2 bilhões no período seriam responsáveis sozinhos pelo salto. Foi preciso um forte alinhamento de cultura organizacional. “Porque o que a gente compra, no fundo, não é ativo. É know-how”, afirmou Alcaraz à DINHEIRO.
Alinhar a cultura foi um cuidado extremamente necessário, já que a tração dada pelas aquisições é decisiva. Se os faturamentos dos últimos 12 meses das duas compras feitas este ano (IC Transportes, em março, e FSJ, em julho) entrarem na conta, a JSL já se tornou uma empresa de praticamente R$ 10 bilhões de receita bruta, com Ebitda total que supera R$ 1,5 bilhão.
“Por isso temos uma estratégia nas aquisições de deixar essas empresas independentes. Para justamente não atrapalhar o que elas já faziam bem”, disse o CEO.
Segundo ele, a JSL tem tirado proveito do potencial do segmento logístico no País. Números mais recentes, referentes a 2021 e divulgados no ano passado pela Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol), mostram que a receita bruta entre os mais de 1 mil players atingiu R$ 166 bilhões.
Um mercado diversificado e extremamente fragmentado. “Apesar de a JSL hoje ser muito maior do que a segunda colocada, a gente representa, dependendo da base para comparação, 2% ou um pouco mais de share”, afirmou.
“Há mercado para crescer muito.” Ramon Alcaraz, CEO da JSL
Trajetória e portfólio
Fundada em 1956 pelo imigrante português Julio Simões, que escolheu o próprio nome para batizar a transportadora, a JSL é hoje uma das sete empresas pertencentes à holding Simpar, com faturamento bruto total de R$ 26,8 bilhões em 2022 e que tem entre as subsidiárias gigantes como a locadora de carros Movida.
Inicialmente, a JSL operou com apenas um caminhão para levar hortifrútis de Mogi das Cruzes (SP), sua cidade natal, para São Paulo e Rio de Janeiro. No mesmo ano de criação, passou a prestar serviço para a indústria de papel e celulose.
Atualmente, os trabalhos se estendem a 16 setores da economia, do automotivo ao de mineração. A área de atuação original ainda simboliza muito o que a empresa é no recall do consumidor comum.
Hoje, no entanto, a companhia é totalmente distinta. “As pessoas veem os caminhões cruzando as estradas e acham que fazemos apenas isso”, disse Alcaraz. “Mas 50% ou mais da nossa receita não tem a ver com caminhão. Fazemos muitas operações de logística interna, movimentação e gestão de armazém.”
O crescimento nos últimos anos tem ocorrido com diferentes estratégias que envolvem, por exemplo, de gestão de contratos a aquisições. “Renegociamos os contratos que foram precificados em outra realidade, com taxa de juros de 2%, enquanto agora está em 13,25%. Estamos precificando de forma correta, fazendo isso do ponto de vista orgânico”, afirmou o executivo.
A empresa também intensificou a diversificação do portfólio por meio de aquisições que “fizessem sentido para o negócio”, com a entrada em segmentos como fertilizantes e combustível e o reforço em áreas nas quais tinha presença mais tímida, casos de produtos químicos e gasosos.
Com base na movimentação nos últimos três anos, pode-se dizer que a JSL não poupou tempo e muito menos dinheiro desde o IPO de setembro de 2020, quando levantou R$ 693,6 milhões.
Expansão
Essa diversificação, porém, não é o único drive estratégico. Os projetos de expansão estão direcionados também ao mercado internacional. São duas formas de crescimento: * Uma para atender rotas entre o Brasil e países na fronteira, * outra, com a criação de subsidiárias no exterior.
No primeiro modelo, a Argentina se destaca, principalmente devido à forte vinculação econômica com o setor automotivo. “As montadoras produzem veículos na Argentina, só que grande parte das peças é fabricada por aqui”, disse Alcaraz. “Ampliamos muito nosso negócio internacional, mas com origem no Brasil. É uma coisa em que a gente vai continuar investindo.”
A outra aposta é a expansão por meio da aquisição, como a da Marvel, em 2021, empresa que faz o transporte rodoviário de produtos alimentícios em veículos de carga refrigerados. Além de Argentina, os mercados do Chile, Peru e Uruguai são igualmente atendidos pela empresa.
A segunda frente de expansão internacional inclui a abertura de subsidiárias com atuação independente do Brasil. A primeira experiência ocorreu no Paraguai, com a marca Fadel (comprada em 2020 e que já possuía quatro operações no país vizinho). A estrutura soma 150 veículos e 500 funcionários.
“O povo paraguaio é cordial, não reativo, mas não conhecia o que precisava ser feito”, afirmou o executivo. “E a partir do momento que recebeu treinamento, fez.”
O engajamento dos colaboradores ao projeto fica evidente na linha de governança. “Há três anos toda a minha liderança era formada por brasileiros. Hoje, 90% é paraguaia.”
Em termos de desafio, o contexto paraguaio é classificado como de complexidade 2 numa escala de 0 a 10. No nível 8 da escala de Alcaraz está a expansão dos negócios para a África.
A maior dor da internacionalização de uma companhia vem tanto de fatores socioeconômicos e políticos quanto de aspectos culturais. “Na África do Sul são 11 etnias diferentes, uma não conversa com a outra, então isso impacta diretamente o nosso negócio”, disse.
Além disso, o executivo enumera problemas sindicais e de legislação. “Situações que podem não ser um problema seu, mas que se tornam seu porque é nesse cenário que você convive.”
O bom trabalho realizado por lá originou convites para a instalação de outras operações na própria África do Sul e em mais países do continente. Os investimentos atingiram R$ 150 milhões e devem alcançar R$ 300 milhões com o plano de expansão previsto para começar este ano.
“Apesar de a JSL hoje ser muito maior do que a segunda colocada, a gente representa, dependendo da base de comparação, 2% ou um pouco mais de share.”
Ramon Alcaraz CEO DA JSL
A JSL também iniciou estudos para a implantação de subsidiária no México. Com muita cautela. Há problemas de infraestrutura e escassez de mão de obra, após o país assumir parte da produção das montadoras dos Estados Unidos.
Alcaraz diz que para levar esse veículo até os Estados Unidos, por exemplo, não existe ferrovia. É preciso usar caminhões. “Mas falta motorista. Preciso pensar em como, se eu for para lá, formarei motoristas”, afirmou.
Olhar para o México em vez de ampliar a atuação na Argentina — uma opção ainda não descartada — tem a ver com as questões econômicas e políticas. “O país tem inflação de 100% ao ano, desvalorização da moeda local de 12% a 15% ao mês, além de uma eleição presidencial pela frente [em outubro]. A gente leva em consideração tudo isso”, afirmou.
Fundos gigantes
Os projetos da JSL não surpreendem Marcelo Zeferino, chief commercial officer da Prestex, empresa líder no mercado de logística emergencial aérea. Segundo ele, os investimentos tanto no País quanto no exterior já se tornaram DNA da companhia. “Está enraizado na cultura do negócio. São muitos anos investindo forte em expansão”, afirmou Zeferino.
Para o especialista Michel Goya, CEO da OPME Log, empresa brasileira pioneira em logística de materiais hospitalares, o olhar duplo de expansão da companhia, tanto no mercado interno quanto no externo, pode chamar a atenção de concorrentes globais, como DHL, Fedex e UPS.
Se for o caso, é um caminho que sempre termina em fusão ou aquisição (M&A). “A JSL está crescendo bastante e como teve muito êxito na operação da África do Sul começa a chamar atenção de fundos gigantes”, afirmou Goya.
As 1 mil companhias do segmento no País movimentaram R$ 166 bilhões em 2021, segundo a Associação Brasileira de Operadores Logísticos
Por enquanto, a JSL segue sua jornada de ganhar ainda mais robustez. Por isso, quando o tema é M&A, o foco, de acordo com Alcaraz, é sempre olhar para empresas bem geridas e dar a elas capacidade de investimento. “Se pegarmos os dados dos últimos três anos, vamos constatar que as companhias adquiridas cresceram muito em relação à base inicial”, disse.
E a carteira de compras ainda não está fechada. A JSL segue atenta às condições do mercado e não descarta novas aquisições ainda em 2023. Para isso, a linha de investimento é olhada na lupa.
Chegou a R$ 1,4 bilhão em 2022, alta de 89,6% na comparação anual. E isso é um diferencial competitivo. A capacidade de investimento da JSL hoje, na visão do executivo, é maior do que a de grande parte dos concorrentes.
Esse fôlego traz reflexos positivos diretos. Não à toa a empresa continua a celebrar grandes projetos, a maioria de cross selling. “A gente acabou de divulgar R$ 1,6 bilhão em contratos novos no primeiro semestre, com prazo médio de quase 50 meses”, afirmou o CEO.
Ele aposta ainda em um cenário de estabilização política, fundamental para a economia e para o desenvolvimento dos negócios.
E os desafios? Sim, eles existem. “Continuar na nossa estratégia de gestão de custos e de insumos, de crescer com rentabilidade e de formar pessoas”, afirmou. “Não produzimos sequer um parafuso. O que a gente produz é serviço. Por isso somos uma empresa de pessoas.” E de resultados, claro.
A Nuvem Envio – frente de logística da Nuvemshop, plataforma para criação de lojas online líder na América Latina – entregou mais de 2,7 milhões de encomendas de pequenos e médios e-commerces durante o primeiro semestre de 2023. A quantia é 23% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando completou 2,2 milhões de envios.
“Dispor de um serviço de logística eficiente nivela o jogo para que pequenos e médios empreendedores possam competir com os grandes varejistas. Foi desta maneira que a Nuvem Envio cresceu mesmo em um momento de retomada do varejo físico. Nossa oferta de preços e prazos mais competitivos foi crítica não somente para o nosso crescimento como para o aumento das vendas da nossa base de clientes”, explica Vitor Cunha, diretor comercial da Nuvem Envio.
De janeiro a julho, os pequenos e médios lojistas online dos segmentos de Moda, Higiene e Suplementos se destacaram, representando a maioria das encomendas enviadas. Além disso, 66% das entregas foram realizadas na região Sudeste. O Sul e o Nordeste representaram 20% e 7% dos envios, respectivamente.
Durante todo o primeiro semestre de 2023, as PMEs movimentaram R$1,5 bilhão no comércio digital, registrando um aumento de 25% em relação ao ano passado, segundo levantamento da Nuvemshop. Foram comercializados mais de 25 milhões de produtos e o valor médio por compra chegou a R$ 248,10.