Bbm Logística tem faturamento recorde de R$ 1,6 bilhão no ano

No resultado anual, companhia registrou salto em e-commerce, gestão de transportes e contratos dedicados, com reforço de investimento em tecnologia e foco na agenda ESG; EBITDA ajustado foi de R$ 115,3 milhões.

A BBM Logística anunciou os resultados do 4º Trimestre de 2021 e fechamento do ano, com recorde de faturamento e expansão significativa das operações de last mile, alcançando R$ 1,6 bilhão em receita bruta anual, que equivale a +32% em comparação ao ano anterior. Com isso, a BBM atingiu a maior receita bruta em um quarto trimestre na sua história, somando R$ 423 milhões.

Segundo o CEO da empresa, André Prado, o crescimento alcançado em 2021 reforça o otimismo em relação à companhia.

“O cenário econômico foi desafiador, com as restrições impostas pela pandemia a todas as atividades, incluindo o ecossistema de logística, e pressão de custos com alta da inflação, juros elevados e disparada dos preços das commodities, com destaque para o petróleo. Mesmo assim, a BBM conseguiu demonstrar sua resiliência e capacidade de execução, atingindo um crescimento expressivo comparado ao mesmo período do ano anterior.” – André Prado, CEO da BBM Logística.

O desempenho da companhia ocorreu em todas as operações, com destaque para o Segmento TM, principalmente nas operações de e-commerce, transporte internacional e carga geral.  Além disso, a companhia continua expandido sua malha e cobertura geográfica no e-commerce e no transporte fracionado, chegando a 4.021 municípios e atendendo a sete países da América do Latina.

Atuando desde o início do processo logístico, com a coleta da matéria-prima, até a entrega do produto ao consumidor final, o Grupo BBM é o único operador logístico com alto nível de serviços e soluções End-to-End e Omnichannel, operando também em diversos segmentos da economia de forma especializada para cada unidade de negócio.  Essas soluções, em conjunto com o recorde de novos clientes e de contratos efetivados, integração das aquisições, expansão da malha logística e avanços na frente de tecnologia, reforçam o posicionamento da companhia de liderança no setor e fortalecem suas bases para continuar a rota de alto crescimento.

EXPANSÃO DO E-COMMERCE E GESTÃO DE TRANSPORTES

Com 35% de crescimento na receita bruta em comparação a 2020, a divisão de TM (Divisão de Gestão de Transportes com operações asset-light) continua em forte progresso, principalmente nas operações de e-commerce, carga fracionada e internacional, e representou 67% do faturamento da BBM. Por meio da integração das operações de transporte fracionado e e-commerce, a companhia diminuiu os prazos de entrega e aumentou consideravelmente a malha de distribuição para todas as regiões do Brasil e países do Mercosul, com o objetivo de atender a maior demanda por fracionamento de carga.

No e-commerce, a BBM Logística registrou novo recorde de volume, com 3,9 milhões de pedidos entregues no 4T21, + 32% em relação ao 4T20 e 12 milhões de entregas no acumulado do ano, representando um crescimento de + 46% comparando ao ano anterior.

CRESCIMENTO EM TODOS OS SEGMENTOS DA COMPANHIA

Com relação às principais divisões de negócios, o aumento também foi significativo.  A divisão de Contratos Dedicados (DCC), apresentou avanço de 26% na receita bruta em comparação ao ano anterior, e continua com forte desenvolvimento para o ano seguinte criando soluções inovadoras. Os resultados foram positivos em decorrência da expansão de operações de colheita nas regiões Sul e Sudeste no segmento florestal e de uma operação de distribuição de gases do ar na região Nordeste.

As aquisições da Translag e Diálogo, ocorridas respectivamente em setembro e dezembro de 2020, fecharam os doze meses de 2021 totalmente consolidadas no resultado da BBM. O atendimento aos canais de venda direta pela Diálogo solidificou a companhia como a única empresa do Mercosul com atendimento completo da cadeia logística (soluções End-to-End), atuando desde a matéria-prima até a entrega ao consumidor final. A Translag possibilitou a ampliação dos negócios FTL, LTL e e-commerce na região Centro-Oeste, na Bahia e em Sergipe.

Mais uma vez destacou-se a capacidade de integração da BBM, operando nas regiões que antes eram exclusivamente atendidas pela Translag e que agora contam com todas as soluções da companhia.

Essas iniciativas, associadas a um processo contínuo de rápido crescimento orgânico, também tiveram impacto no EBITDA ajustado, que atingiu R$ 115,3 milhões, em um período de restrições às operações de varejo, devido à pandemia, com fortes aumentos de custos operacionais, principalmente de combustíveis, pneus e peças.

TECNOLOGIA

Com o uso de tecnologia aplicada aos negócios, a companhia ressalta a conclusão da implantação do ERP SAP em junho de 2021, mais um importante passo para a jornada de transformação digital, na qual a BBM tem consistentemente investido. Em relação ao principal projeto da empresa, a Plataforma Digital BBM, destaca-se o GO Live da versão inicial para três unidades da operação de FTL – Carga Geral em MG, RJ e PR, que funcionará como piloto para expansão de processos que já estão digitalizados com importantes ganhos e eficiência e reduções de custos esperados.

Além disso, em linha com a estratégia de digitalização e inovação da BBM, a companhia ampliou os investimentos na frente de tecnologia, que aumentaram quase quatro vezes em 2021 vs. 2020, com a implantação do novo ERP e no desenvolvimento da Plataforma Digital BBM.

AGENDA ESG

Alinhada com a estratégia de atuação e as demandas da sociedade, a BBM segue desenvolvendo a agenda ESG com ações e resultados concretos ao longo de 2021. Dentre as várias iniciativas nessa área, a companhia ressalta as descritas abaixo.

  • Meio Ambiente

Veículos elétricos: Realizado em parceria com cliente, grande player do segmento químico, a iniciativa tem o objetivo de diminuir o impacto ambiental dos veículos tradicionais, como zerar a emissão de carbono e poluentes atmosféricos durante o transporte e a diminuição de ruídos.

Otimização para operações de MilkRun: desenvolveu-se um sistema que apoia o tomador de decisão da gestão logística com soluções de otimização de rotas. O recurso permite a redução de 12% de tCO2e – dados em toneladas de dióxido de carbono e gases de efeito estufa convertidos em CO2, e redução de 18% em quilômetros percorridos.

Otimização para operação LTL: para redução da emissão de GEE – gases de efeito estufa nas atividades diárias, foi iniciado processo nas operações de fracionado em São Paulo que tem como meta diminuir recursos ativos (veículos) em até 8% e aumentar a produtividade. Os resultados serão acompanhados ao longo de 2022.

Redução do consumo de combustível: na operação de gases de ar, o processo foi redesenhado em conjunto com o cliente, grande player do segmento de Gases do Ar, gerando redução do consumo em 3% ao ano.

  • Pessoas e o entorno

Em outubro, a BBM lançou o Programa BBM por Elas, que incentiva a inclusão de mulheres na logística e possibilita um ambiente mais igualitário. Em novembro, a campanha “Somos todos BBM, somos todos contra a fome” promoveu a arrecadação e doação de alimentos não perecíveis. Foram arrecadadas 4,3 toneladas de alimentos e distribuídos para o banco nacional de alimentos em 5 localidades do Brasil.

  • Governança, Compliance e o futuro

Dentre as principais iniciativas do grupo, estão também as certificações que tornam a empresa mais competitiva no setor. Fomos reconhecidos pela Receita Federal como Operador Econômico Autorizado (OEA), dessa forma atuamos como um operador logístico de baixo risco, confiável e com benefícios na aduana brasileira.

Em relação às iniciativas sustentáveis, a companhia tem o propósito de transformar suas entregas e operações por meio de soluções e processos sustentáveis, e impulsionar a sustentabilidade no setor logístico brasileiro, para isso o Grupo BBM se apoia em três pilares fundamentais: preservar, valorizar e impactar positivamente, estes estabelecidos com base na agenda 2030 da ONU.

“Queremos criar um impacto real para o consumidor brasileiro”, diz o Diretor de Operações da Amazon no Brasil

Em entrevista exclusiva para a Mundo Logística, Ricardo Pagani deu detalhes da logística da empresa e da visão a respeito de temas como a expansão do e-commerce, a valorização do trabalho humano e mais.

Em 2012, era quase underground comprar na Amazon. Isso porque, na época, a gigante americana comercializava apenas livros digitais no Brasil. Foi somente em 2017 que a empresa ampliou os negócios no país para vender outros produtos e hoje se posiciona, de fato, na linha de frente na “briga” pela preferência do consumidor do e-commerce – um público que tem sido cada vez mais amplo, heterogêneo e exigente.

Essa nova fase tem um impacto direto no investimento nas operações logísticas da Amazon. Atualmente, a empresa opera em doze centros de distribuição: cinco em Cajamar (São Paulo), um em Betim (Minas Gerais), um em Santa Maria (Distrito  Federal), um em Nova Santa Rita (Rio Grande  do Sul), um em São João de Meriti (Rio de Janeiro), dois em Cabo de Santo Agostinho (Pernambuco)e um em Itaitinga (Ceará).

Para dar suporte a essa operação, a Amazon fez, nos últimos dois anos, investimentos que geraram de 10 mil empregos diretos e indiretos na área de Operações. Hoje, a multinacional tem mais de 8 mil funcionários, diretos e indiretos, trabalhando no Brasil.

Para falar das características de uma das operações mais visadas do e-commerce brasileiro, a Mundo Logística traz uma entrevista exclusiva com Ricardo Pagani, diretor de Operações da Amazon no Brasil. No bate-papo, o executivo deu detalhes da logística da empresa e compartilhou a visão da Amazon a respeito de temas como a expansão do e-commerce, as demandas por sustentabilidade, a valorização do trabalho humano e as projeções para o futuro.


MUNDOLOGÍSTICA: A pandemia de Covid-19 acelerou uma mudança (que já estava em curso) nos padrões de consumo da sociedade, especialmente quando se fala em e-commerce. Sendo uma das gigantes desse segmento, qual é a visão da Amazon em relação a tendências do mercado como o same-day delivery, por exemplo? 

RICARDO PAGANI: Na Amazon, estamos sempre inovando em prol dos clientes, buscando constantemente aprimorar e proporcionar a todos as melhores experiências de compra. Além disso, queremos que todos nossos associados saibam que somos extremamente focados em garantir a saúde e integridade de todos. Nossas pessoas são o coração e a alma da garantir a melhor experiência para nossos clientes. Durante a pandemia, isso não foi diferente. Implementamos diversos novos protocolos e adaptamos de acordo com as necessidades. Para criar uma cultura de segurança, você precisa ter uma obsessão por ela todos os dias. Uma de nossas inovações mais visíveis é a rede de logística “última rota” [last mile], que faz com que nossos produtos cheguem mais rápido aos nossos consumidores. Para que isso ocorra, o investimento global da Amazon em estações de entrega é resultado dos mais de 20 anos de experiência operacional e avanços tecnológicos, para permitir uma entrega mais rápida do que nunca aos consumidores. No Brasil, graças às nossas quatro estações de entrega para transporte last mile em todo o país, é possível realizar entregas no mesmo dia em São Paulo, entregas de um dia em mais de 50 cidades e entregas de dois dias em mais de 700 cidades em todo o país com o uso do benefício Prime.

A pauta ESG está cada vez mais presente, propondo às empresas o desafio de crescer e oferecer o melhor serviço dentro dos quesitos de sustentabilidade. No caso da logística da Amazon, quais ações estão sendo planejadas/realizadas para alcançar esse desenvolvimento sustentável?

A Amazon é comprometida em ajudar as comunidades nos locais onde atua e estamos sempre criando e investindo significativamente em todas as áreas da empresa, focando em desempenhar um papel significativo na sociedade como um todo. Em 2019, por exemplo, assinamos o The Climate Pledge, um compromisso de ser carbono zero em nossos negócios até 2040. Também temos como objetivo utilizar em nossas operações somente eletricidade de fontes renováveis a partir de 2025, para que o processo de armazenamento, embalagem e processamento dos pedidos de nossos clientes sejam realizados com emissão zero. Em relação às embalagens, priorizamos não adicionar embalagens Amazon quando a embalagem original do produto apresenta características que garantam a proteção adequada. Seguindo esse objetivo, iniciamos projetos pilotos para experimentar alternativas de veículos com menor ou zero emissão em nosso transporte, com o intuito de planejar uma estratégia de médio prazo, para honrar nosso compromisso global de ser carbono zero até 2040. Além disso, temos o compromisso de empoderar nossos próprios funcionários, que são o coração de nossa empresa, a também fazer parte do poder de decisão de auxiliar suas próprias comunidades. No início do ano, destinamos doações a 15 ONGs brasileiras, indicadas pelos próprios colaboradores de suas operações nos estados onde opera, não só contribuindo com voluntariado para as ONGs locais que estão próximas dos centros de distribuição, mas também incentivamos as doações de roupas, cobertores, livros, brinquedos, itens de higiene pessoal e kits primeiros socorros.

No ano passado, a Amazon inaugurou alguns centros de distribuição estrategicamente distribuídos pelo Brasil. Dois deles foram na região Nordeste: um em Pernambuco e outro no Ceará. Existe alguma estratégia específica da companhia ao levar as operações para essa região?

Para selecionar um novo local, sempre fazemos uma análise da topologia de nossa rede de distribuição para descobrir quais as principais cidades para abastecermos com os produtos que vendemos e fazermos as entregas. Após um estudo, percebemos que o Nordeste é uma região muito estratégica e importante para nós. Por isso, inauguramos dois centros na região em menos de um mês. Os centros colocam os produtos ainda mais próximos dos clientes e encurtam ainda mais o tempo de entrega, não só estado, mas em todo o país. Nós queremos criar um impacto real para o consumidor brasileiro ao anunciar que a Amazon aumentará significativamente sua estrutura por meio de um sistema de logística atualizado que reduzirá o tempo de entrega e aprimorará a experiência de compra com as novas operações no local. Assim, conseguimos ampliar a gama de produtos disponíveis na região, aumentando a capilaridade logística da empresa no país e beneficiando milhões de consumidores de diversos estados que terão suas entregas realizadas mais rapidamente.

Sempre que a Amazon comunica ao mercado a abertura de um centro de distribuição, enfatiza-se o número de postos de trabalho criados. Em um cenário marcado pela inovação e pela implementação de soluções tecnológicas para otimizar processos, qual é a importância de uma empresa desse porte valorizar o papel humano na operação?

A Amazon tem como objetivo ser o melhor lugar para se trabalhar no mundo, oferecendo remuneração competitiva, benefícios desde o Dia 1, diversificado e incluindo espaço de trabalho, garantindo programas de treinamento, além de dar oportunidades iguais internamente para todos os associados. Para nós, o papel humano é essencial para que as nossas operações aconteçam. Por isso, estamos constantemente comprometidos em garantir que todos os trabalhadores sejam respeitados e ouvidos, em todas as etapas como: recrutamento, treinamento e desenvolvimento, promoções, avaliações, salários e benefícios, eliminando a discriminação em qualquer terreno. Atualmente, por exemplo, estamos trabalhando para alcançar pelo menos 50% das mulheres em todas as instalações, incluindo todas as expansões que faremos em 2022. Também desenvolvemos constantemente nossos colaboradores por meio de programas de treinamento que os ajudam a aprender novas habilidades. Além disso, trabalhamos em modelos de melhoria interna co-criados internamente para entender suas sugestões e recomendações. Assim, criamos ambientes de trabalho mais inclusivos e inteligentes.

Para 2022, visando a retomada da economia após dois anos de pandemia, quais os planos da Amazon para o Brasil?

A Amazon tem um forte compromisso de longo prazo com o Brasil e planeja, acima de tudo, oferecer a melhor experiência de compra para nossos clientes. Isso envolve, é claro, uma melhoria contínua de nossa infraestrutura. Temos muitos planos para o ano, em várias frentes, que teremos o maior prazer em comunicar oportunamente.

Mercado Livre não assina ‘dossiê’ contra varejistas estrangeiras

Após o governo preparar uma Medida Provisória (MP) que impõe restrições às grandes varejistas  estrangeiras, como o Mercado Livre, executivos dessas empresas têm demonstrado oposição à ideia. “Acusar uma empresa sem prova é muito sério”, disse Fernando Yunes, vice-presidente sênior da varejista de e-commerce da Argentina, ao Jornal O Globo.

Isso ocorre especialmente em meio a uma onda de investimentos das companhias no país, que viram um mercado próspero. O próprio Mercado Livre anunciou um aporte de R$ 17 bilhões no Brasil.

Diversas varejistas brasileiras alegaram concorrência desleal por parte da companhia e de outras como Shopee, de Cingapura, e Alibaba, da China.

Havia boatos que Luciano Hang, da Havan, era um dos principais empresários a fazer pressão contra as concorrentes estrangeiras.

A polêmica começou depois que Hang e outros empresários do varejo teriam enviado uma apresentação à Procuradoria Geral da República (PGR) com nome de “contrabando digital”.

O ato ocorreu em conjunto com associações representativas de setores como brinquedos, têxtil e confecções, eletrônicos e eletroeletrônicos.

O material citava o AliExpress, Wish, Shein, Shopee e Mercado Livre e denunciava o que seria um suposto modelo de operação ilegal das plataformas de cross border.

As denúncias manobras de “construção de engenharia de como burlar a Receita”, além de subnotificação de preços e reetiquetagem na Suécia como forma de contornar os órgãos fiscalizadores. Hang negou, ainda nesse sábado, “ser contra as plataformas digitais”.

“O que eu, outros varejistas e entidades que representam a indústria e o comércio defendemos é que todas as empresas que vendem para o Brasil, tanto nacionais quanto de fora, sigam as mesmas leis e paguem os mesmos impostos”, escreveu Hang.

LEIA: VAREJO E INDÚSTRIA ABREM FOGO CONTRA PLATAFORMAS CHINESAS

Mercado Livre está ‘do lado do Brasil’

Yunes, do Mercado Livre, afirmou que é desleal tratar a empresa como uma estrangeira, considerando que 55% do negócio é brasileiro.

“Ter incluído o Mercado Livre nesse material todo que saiu é um antijogo. É muita desinformação ou é má-fé. Porque nós apoiamos e queremos também estas medidas, como tornar mais rígida a importação para pessoas físicas, abaixar talvez o valor o limite de US$ 50 (R$ 241)”, disse.

“Cerca de 95% da venda geral (no Mercado Livre) passam pela logística própria. E tudo que sai das nossas instalações é CNPJ do Brasil e tem nota fiscal. Nos outros 5% que não passam por nós, há lojas nacionais e uma pequena parte é de pessoas físicas”, seguiu.

O executivo também negou as acusações sobre subnotificação de preços, citando que a companhia investe US$ 100 milhões (R$ 482 milhões) para identificar anúncios irregulares, considerando cifras dos últimos anos.

“Se a pessoa vende esporadicamente, está isenta de pagar imposto. Mas, a partir do momento que tem vendas diárias e recorrentes e se caracteriza como pessoa jurídica, o anunciante precisa abrir uma empresa”, defende.

Na sua visão, o Mercado Livre está mais do lado dos empresários que pediram mais regulação do que das concorrentes de fora, que abocanham cada vez mais market share.

“Sim. O Mercado Livre não se enquadra no questionamento levantado por parte do setor varejista. Estamos do lado dos empresários. Compartilhamos dos pleitos para endurecimento das regras de importação”, afirmou.

Apesar disso, negou sequer a possibilidade de entrar no pleito formalmente, via MP.

“Não nos atinge, pois, somos regulares. Caberia até alguma medida criminal contra difamação. Acusar uma empresa sem provas é uma coisa muito séria”, defendeu o executivo do Mercado Livre.

Desafios Logísticos no País – E-Commerce Brasil e parceiros divulgam primeiro relatório do comitê de líderes e profissionais de logística

Velocidade de entrega, boas práticas de última milha e impacto dos ecossistemas de marketplace na logística, são os três temas macros abordados no relatório que apresenta ainda as tendências, desafios e boas práticas do setor.

O E-Commerce Brasil, em conjunto com empresas parceiras, divulga seu primeiro relatório sobre os desafios logísticos no Brasil. O documento foi elaborado após uma reunião com líderes e profissionais do meio em formato de comitê, no qual foram discutidas ideias, desafios e soluções para as entregas do mercado de e-commerce no País.

O objetivo do relatório é produzir insights e divulgar informações atualizadas para que lojistas e profissionais de e-commerce consigam acompanhar as transformações do meio e investirem nas melhores soluções para as suas lojas.

Um novo consumidor

Mesmo antes da pandemia, os consumidores já estavam mais exigentes e com expectativas altas com relação ao e-commerce. Com as entregas mais ágeis e com uma diversidade cada vez maior de produtos disponíveis, muitas pessoas passaram a fazer suas pesquisas e compras diretamente no ambiente digital.

A partir de março de 2020, com as restrições de circulação e o isolamento social impostos pela pandemia, os que já compravam intensificaram as compras e os que não compravam aprenderam um método novo de consumo. Não é surpresa então que a logística precise também estar atenta e se reinventar.

De acordo com Ariel Herszenhorn, Vice-Presidente da Loggi, entregar mais rápido é uma questão de prioridade, que envolve custos e tomadas de decisão. Ele entende que uma logística mais ágil depende do lojista entender as necessidades dos clientes de acordo com a sua localidade e produto comprado.

“Se quisermos ter de fato um e-commerce que seja universal e abrangente, a primeira decisão do lojista é: quando faz sentido ser mais veloz e quando devemos ser mais abrangentes e ter um público maior”, ele explica.

Outro ponto importante levantado pelos executivos é o custo do last mile. É um mercado custoso e que depende cada vez mais da inteligência artificial e uso de dados para entregar a melhor experiência. Pelas estimativas vistas durante o comitê, é um assunto que será discutido ainda por muitos anos e que deve gerar grande crescimento para as empresas do ramo.

Neste cenário, algumas alternativas ganham força, como o PUDO, ou Pick-up & Drop-off (ou Clique e Retire, em tradução livre), notificações sobre a entrega por SMS ou WhatsApp, o fulfillment para os lojistas de marketplace e simplificação dos processos de triagem e etiquetagem dos produtos.

Quer saber mais?

Dentre os demais assuntos assuntos abordados, destacam-se a velocidade de entrega, boas práticas para a última milha e os impactos dos ecossistemas de marketplace na logística. Quer saber mais? Baixe o relatório completo no RadarIC:

Comitê de Logística E-Commerce Brasil: os desafios e o cenário logístico dos e-commerces no Brasil.

O comitê de logística do E-Commerce Brasil é composto pelas empresas: Amazon, Americanas Marketplace, Frete Rápido, Intelipost, JBQ.Global, Kangu, Loggi, Magis5, Melhor Envio, SGPweb e Total Express.

Mais relatórios estão por vir

O relatório produzido por esta reunião faz parte do projeto de fomento ao comércio eletrônico que orienta os valores do E-Commerce Brasil desde a sua formação. Além dos eventos presenciais e digitais, a empresa busca hoje realizar reuniões com líderes de diversos setores para coletar de forma mais seleta as principais opiniões sobre o assunto.

 

Mercado Livre anuncia investimento de R$ 17 bi no Brasil

Valor será destinado à expansão do comércio eletrônico e do sistema de pagamentos on-line Mercado Pago, segundo empresa.

O Mercado Livre vai investir R$ 17 bilhões no Brasil em 2022, anunciou a gigante do comércio eletrônico na América Latina. O montante é 70% maior em comparação aos R$ 10 bilhões aplicados no país em 2021.

Segundo a empresa, uma “parte significativa” dessa quantia será destinada à fintech Mercado Pago, com “novos serviços, produtos e experiências integrados à conta digital”.  Poder360 todos os dias no seu e-mail concordo com os termos da LGPD. O comunicado destaca ainda a inauguração de 4 novos centros de distribuição no estado de São Paulo e a consequente expansão da capacidade logística diária para 2 milhões de pacotes.  Para Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil, a expansão do investimento reflete o “crescimento sustentável e constante” da empresa argentina no país, aliado ao “compromisso de democratizar o comércio e os serviços financeiros para pessoas e empresas por meio da internet”.

O Mercado Livre possui 12 centros de distribuição pelo Brasil. Além de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal, está negociando a abertura de uma nova unidade no Ceará.

O último balancete da empresa, referente ao 4º trimestre de 2021, contabilizava um total de 82,2 milhões de usuários ativos nas plataformas, com 287,9 milhões de itens comercializados e receita líquida de US$ 2,1 bilhões –alta de 60,5% em relação ao ano anterior.

No início de março, a companhia divulgou que dados pessoais de “aproximadamente 300 mil” usuários haviam sido vazados, mas informou não ter encontrado evidências da exposição de informações financeiras Disse estar adotando “medidas rigorosas” para evitar a reincidência do ataque cibernético.

Invasão Amarela: o futuro do Mercado Livre na América Latina

O e-commerce pode chegar a 500 bilhões de reais no Brasil em 2025. Só neste ano, o Mercado Livre vai investir 17 bilhões de reais no país para seguir liderando em todas as frentes.

Assim como os grafites coloridos e os emaranhados de cabos de energia, as vans amarelo-fluorescentes do Mercado Livre passaram a fazer parte da paisagem urbana de São Paulo — e de quase todas as cidades brasileiras. Até três anos atrás, a maior varejista online da América Latina fazia 95% de suas entregas pelos Correios. Era, portanto, um gigante escondido aos olhos da população. Hoje, faz 95% das entregas por conta própria, e passou a ter uma exposição inédita.

A tomada das cidades coincidiu com o auge da pandemia, em que, confinados a suas residências, os brasileiros compraram como nunca pela internet — e mais de 1.000 veículos de entrega do Mercado Livre viraram figuras onipresentes nas cidades brasileiras. “Passamos a ter um reconhecimento de marca tão grande quanto nossa relevância para o varejo do Brasil e da América Latina”, diz Marcos Galperin, fundador e presidente do Mercado Livre, em entrevista exclusiva à EXAME.

A conversa, marcada inicialmente para ser presencial na Melicidade, a imponente e arborizada sede da companhia, em Osasco, precisou ser feita por videoconferência por um imprevisto comum neste início de 2022. Com um teste positivo para covid-19, Galperin não pôde vir ao Brasil. Mas, por vídeo, falou em primeira mão sobre um volume de investimentos sem precedentes no varejo brasileiro: 17 bilhões de reais. “Nossa meta é manter e ampliar a liderança em e-commerce e entre as fintechs no Brasil”, diz. “A logística é a face mais visível, mas estamos fazendo muito mais.”

O Mercado Livre, que divulgou seus resultados anuais na terça-feira, 22 de fevereiro, virou um império de números superlativos. É a segunda maior empresa da América Latina, com valor de mercado de 52 bilhões de dólares, atrás apenas da mineradora Vale, avaliada em 77 bilhões de dólares. A companhia, criada em 1999 na Argentina, opera hoje em 18 países da América Latina e tem escritórios em oito — a meta é abrir escritórios onde não está presente, e seguir ampliando o número de países atendidos.

Todo trimestre, envia cerca de 250 milhões de pacotes às casas de seus clientes. No Brasil, a capacidade de entrega é de 1,5 milhão de pacotes por dia, e vai crescer para 2,5 milhões com a construção de quatro novos centros de distribuição (em São Paulo, Barueri e Araçariguama, todos no estado de São Paulo). Com isso, o número total de galpões, que era zero até 2017, vai chegar a 11 neste ano. Há ainda 3.000 agências, espalhadas pelo país, em que os clientes podem retirar as mercadorias. Isso sem contar a frota de aviões, que passará de cinco, atualmente, para 15 até 2024. 

No total, a empresa vai investir no Brasil 70% mais do que os 10 bilhões de reais investidos no ano passado e quatro vezes mais do que os 4 bilhões de reais investidos em 2020. O número de funcionários vai passar de 12.000 para 19.000 neste ano no Brasil, e de 30.000 para 50.000 em toda a América Latina. “A escala permitiu acelerarmos os investimentos. Nossas necessidades não eram as mesmas das oferecidas e vamos investir cada vez mais em soluções de pagamento e envios, as duas maiores fricções do e-commerce”, diz Galperin. “Queremos ter os melhores vendedores, que ofereçam a melhor experiência de compra.”

A empresa não pode parar de acelerar porque, segundo Galperin, o mercado brasileiro de e-commerce é o mais competitivo do mundo. A pandemia de covid-19 acelerou o ritmo de expansão e a competitividade. As vendas do varejo online passaram de 93 bilhões de reais ao ano em 2019 para 201 bilhões em 2021, segundo estimativa do banco Goldman Sachs. O crescimento deve seguir acima dos 20% ao ano.

De acordo com o banco BTG Pactual, as vendas podem chegar a 500 bilhões de reais ao ano em 2025. A penetração do e-commerce no total do varejo terá passado, nessa toada, de 7% em 2019 para mais de 20% — de acordo com o BTG, chegará a 21,8% em 2025. Ainda assim, o Brasil estaria atrás do patamar que já têm países como a China, onde 25% das vendas são online, segundo a plataforma Statista.

A tendência dos próximos anos é de uma concentração crescente nas mãos dos líderes Mercado Livre, Magazine Luiza e Americanas — segundo o Goldman Sachs, eles terão 77% do mercado em 2024. O restante será distribuído entre grandes competidores nacionais, como a Via, e os gigantes estrangeiros, sobretudo a americana Amazon e a novata Shopee, de Singapura. 

A possibilidade de a Amazon ou alguma asiática, como a Shopee, atropelarem a concorrência nacional é o tema de dez entre dez rodas de conversa de especialistas em varejo e tecnologia no Brasil. Mesmo em mercados maduros, como o americano, empresas mais jovens e mais ágeis mostram que há, sim, espaço para peitar os gigantes. Por lá, a canadense Shopify, que cresceu com serviços pensados para os pequenos varejos, vendeu, em 2021, 175 bilhões de dólares, 40% do total do gigante Amazon.

Por aqui, a Amazon atua desde 2012 e já tem 11 centros de distribuição. Ainda está longe do apetite que demonstra em mercados como o indiano, onde já investiu 6 bilhões de dólares e de onde pode vir até 20% de seu crescimento nos próximos anos. Mas a maior ameaça recente é a Shopee. A empresa tem um investimento crescente em anúncios e oferece aos clientes um nível de interação, com jogos e chats, que a fez chegar, em pouco mais de um ano, a 30% dos smartphones brasileiros, segundo estimativa do Itaú — percentual comparado apenas ao do Mercado Livre. Mas os volumes comprados ainda são muito menores — o Itaú calcula que a Shopee vendeu 15 bilhões de reais em 2021, ou 7% do total do mercado brasileiro.

“A companhia diz que as compras online devem evoluir para atender às necessidades sobretudo dos clientes mais jovens, que cresceram comunicando, colaborando e se entretendo em aparelhos móveis”, de acordo com relatório do BTG Pactual. O relatório mostra, ainda, que a estratégia de gamificação da Shopee seguirá um diferencial da empresa nos próximos anos. Mas não deve ser o suficiente para ameaçar os líderes atuais do mercado, que têm como maior diferencial, segundo a instituição, os investimentos em serviços para reduzir os prazos de entrega. Shopee, Alibaba, Tencent, Amazon e outros estrangeiros devem, portanto, seguir como coadjuvantes no mercado local — embora tenham muito a ensinar. 

 (Arte/Exame)

“Não podemos ser paranoicos. Jogamos nosso jogo pensando no longo prazo. Em 22 anos, é uma estratégia que tem funcionado muito bem”, diz Galperin. A estratégia do Mercado Livre é unir o melhor de cada grande varejista global: o nível de serviço do Shopify para os pequenos, a qualidade­ de entrega da Amazon, a proximidade com os grandes vendedores que tem o Magalu, por exemplo, e a inovação dos asiáticos. 

O Mercado Livre tem uma posição de liderança típica do pioneirismo no mundo online, e possui o desafio de mantê-la num contexto em que a presença física é cada vez mais relevante. Os maiores competidores locais da companhia, Magazine Luiza e Americanas, começaram suas operações no mundo dos tijolos, e não dos bits e bytes — a única exceção é o Submarino, que hoje está dentro da Americanas.

A presença física é agora o diferencial que vai ajudar esses concorrentes a crescer no modelo de marketplace e a desafiar o Mercado Livre. No Magalu, por exemplo, a loja física é o ponto de entrada dos pequenos varejos — mais da metade dos negócios que se plugam à plataforma chega dessa forma. É ela que faz a captura dos negócios que estão ao seu redor para levá-los ao mundo digital.

A companhia aposta no conceito chamado internamente de hiperlocalidade. A ideia de crescer pela venda de produtos de outros varejistas só virou realidade na empresa em 2017, mas no balanço do terceiro trimestre de 2021 (último disponível) essa operação já representou 35% de toda a venda digital e mais de 25% dos 13,8 bilhões de reais vendidos pela companhia entre julho e setembro. 

Para ganhar terreno, os varejistas tradicionais oferecem aos pequenos varejos a logística e também seus vendedores. A força de vendas das companhias, que antes era dedicada apenas às lojas físicas, agora atua também online e trabalha em ambos os atendimentos com tudo o que está no sistema, como se o marketplace fosse um estoque ampliado. Exemplo disso é que funcionários de lojas da Via, que só mais recentemente entrou na briga do marketplace, já venderam para clientes produtos de parceiros, como trator e saxofone.

Mesmo quase uma estreante, a dona da Casas Bahia e do Pontofrio já viu 20% de suas vendas totais no terceiro trimestre virem do comércio eletrônico do marketplace. Portanto, as mais de 1.400 lojas e 22 centros de distribuição do Magalu e os mais de 1.100 pontos de venda e 31 centros de distribuição da Via não devem ser encarados apenas como infraestrutura logística no mundo da omnicanalidade.

É por essa combinação de capilaridade e força de vendas desses grupos que nasceram no mundo físico que o Brasil tem uma particularidade — além de seu tamanho continental. Nenhum analista acredita que em um horizonte visível haverá prevalência absoluta de um ou outro modelo, uma ou outra companhia. “Não vejo nenhum concorrente com posição de 50% do mercado ou mais”, diz Luiz Guanais, analista do BTG Pactual. 

Entrega do Mercado Livre: aplicativo permite também que donos de motos e carros particulares façam entregas (Leandro Fonseca/Exame)

Apesar de ser o mercado mais concorrido do mundo, como diz Galperin, o Brasil é visto ainda como um mar de oportunidades. Por isso a disputa é tão acirrada. O Magalu, por exemplo, focado apenas em CNPJs, ou seja, em varejistas menores, e não em vendedores individuais, calcula que existam no país mais de 5,7 milhões de pequenos negócios e apenas 330.000 estariam digitalizados. Só que o esforço das empresas nacionais em alcançar esses milhões de oportunidades custa.

E, enquanto as concorrentes domésticas lutam com a queda na rentabilidade causada por essa expansão no modelo de shopping virtual, o Mercado Livre tem diversificação de receitas com suas diferentes frentes de negócios, com vendas, entregas, cobranças, empréstimos, anúncios. Magalu, Americanas e Via ainda apresentam prejuízo operacional ou lucros espremidos, enquanto o Mercado Livre reportou um ganho de 90 milhões de dólares na última linha de seu balanço no terceiro trimestre. A venda dos serviços é algo que ainda está engatinhando entre as domésticas e, na luta por espaço, muita coisa é oferecida de graça a quem se pluga na plataforma. 

AliExpress: live commerce e games estão entre as fortalezas dos asiáticos na competição global (Angel Garcia/Bloomberg/Getty Images)

Por isso, nessa briga, a quantidade de vendedores cadastrados em cada uma das plataformas faz muita diferença: é deles que vem — ou virá — receita não apenas pelas vendas mas pelo serviço prestado. Não por acaso a preocupação do Mercado Livre com os pequenos é até hoje prioridade na forma como a varejista, que nasceu em 1999 como um site de leilões, se posiciona. A companhia tem 12 milhões de vendedores cadastrados. O Magalu tem 120.000; e a Via, pouco mais de 100.000. Apesar de os CPFs corresponderem atualmente a apenas 5% do volume de vendas do Mercado Livre, todas as soluções de entregas e de pagamentos oferecidas aos grandes vendedores são também disponibilizadas aos pequenos.

Um microempresário consegue, por exemplo, ter acesso a entregas no mesmo dia, parcelamento em 18 vezes e linhas de financiamento dentro da fintech Mercado Pago. “A relevância na plataforma é pela qualidade do serviço. E todas as nossas soluções são pensadas primeiro para os pequenos”, diz Gabriela Szprinc, head de pagamentos do Mercado Pago. Desde o início da pandemia, a companhia ajudou a formalizar 135.000 empresas que atuam em sua plataforma e que precisam da documentação em dia para usar os serviços logísticos e de pagamentos.

Os pequenos têm acesso a cursos sobre temas como estoques e precificação e a conteúdos de influenciadores como a Nath Finanças. “Amplitude importa. Nascemos com os pequenos, e digitalizar vendedores e compradores é um passo importante para ampliar nossa base no futuro”, afirma. 

 (Arte/Exame)

Na América do Norte, modelo semelhante é adotado pelo Shopify, fundado há 15 anos no Canadá pelo alemão Tobi Lütke. Seu negócio permite que 2 milhões de empreendedores gerenciem lojas online e se mostrou essencial para a sobrevivência de muitos varejistas na pandemia. Sua ambição é crescer democratizando o comércio — uma visão que não poderia ser mais parecida com a adotada pelo Mercado Livre na América Latina há 22 anos. 

Neste momento, Lütke está diante de um dilema: como continuar crescendo e peitando a Amazon? A empresa de Jeff Bezos tem 75 aviões, 175 centros de distribuição de grande porte e mais de 1.100 endereços de entrega e retirada de mercadorias. Talvez olhar para o Mercado Livre mostre alguns caminhos a Lütke. A empresa de Galperin, que nasceu focada nos pequenos, virou um gigante logístico. Em 2017, abriu seu primeiro centro de distribuição no Brasil. Hoje são 11 centros desse tipo no país, 17 centros de cross ­docking (que recebem a mercadoria do vendedor e a enviam ao comprador), 91 centros de serviço que permitem que distribuidores terceirizados retirem e entreguem produtos, e 3.000 agências de entrega e retirada de mercadorias. Além da enorme frota própria das vans amarelas, a empresa permite que entregadores particulares se cadastrem num aplicativo e trabalhem algumas horas por dia entregando mercadorias em suas regiões, o Mercado Envios Extra. A amplitude permite entregar 90% de seus produtos em até dois dias úteis e fazer 80% das entregas com frete grátis. 

Centro de distribuição do Magazine Luiza: presença física será decisiva para o sucesso nos maiores mercados (Leandro Fonseca/Exame)

A qualidade do serviço é essencial para que o Mercado Livre ganhe terreno não só com os pequenos mas, sobretudo, com os grandes vendedores. A companhia tem hoje parceria com 1.750 marcas, de Pão de Açúcar a ­Apple, para oferecer seus produtos em lojas oficiais dentro da plataforma. No ano passado foram 360 novas marcas, numa investida que vai continuar. Como estratégia para chegar a mais clientes grandes, o Mercado Livre tem destacado seus investimentos para evitar fraudes, uma preocupação constante dos marketplaces online. Fica difícil atrair uma grande marca se vendedores oferecem produtos falsificados na prateleira vizinha. Segundo Galperin, a empresa tem 100 engenheiros dedicados a coibir fraudes e já excluiu 40.000 vendedores da plataforma. O Mercado Livre investe para garantir segurança sem abrir mão da cauda longa de vendedores que está em seu DNA. É uma preocupação que ressoa na concorrência. Segundo o Instituto para Desenvolvimento do Varejo, a evasão tributária no Brasil atingiu entre 460 bilhões e 600 bilhões de reais em 2020. 

Grandes marcas são essenciais para ampliar a penetração online de categorias que ainda dependem essencialmente do varejo físico. Enquanto 20% das vendas de smartphones são online, o e-commerce representa apenas 9% das vendas de moda, 1,5% das vendas de comidas e bebidas e 1% das vendas de produtos para pets, segundo dados do BTG. Moda é uma das prioridades, com parceria com mais de 100 marcas, das quais algumas, como Nike e Adidas, vendem só no Mercado Livre.

Outra prioridade, antecipada pela pandemia, é em alimentos e bebidas, com parcerias com redes de supermercados como Pão de Açúcar e Mambo. A estreia foi em maio de 2020 e as ambições são enormes para um negócio que representa 5% do PIB brasileiro. “É uma frente que traz novos compradores, amplia a concorrência e alimenta as vendas em outras verticais”, diz Julia Rueff, diretora de marketplace do Mercado Livre. Essas frentes ainda subexploradas trazem algo pelo qual todos brigam: recorrência.

Numa companhia do tamanho do Mercado Livre, um debate crescente é sobre quais oportunidades abraçar e de quais abrir mão — ou buscar um parceiro. A companhia não faz grandes aquisições, numa estratégia diferente do Magazine Luiza, por exemplo. “Fazemos as coisas da nossa maneira. Compras distraem. E integrar culturas diferentes é muito difícil”, diz Galperin. Soluções consideradas essenciais para o sucesso do negócio são desenvolvidas internamente. A mais emblemática é a fintech Mercado Pago, que nasceu para oferecer um serviço digital aos vendedores e compradores e cresce 45% ao ano há 12 anos, com 25 milhões de clientes ativos em dezembro.

Aos poucos a empresa foi ampliando a atuação para fora do Mercado Livre e do universo online, e hoje dois terços das transações são feitos fora do Mercado Livre. A companhia é, por exemplo, líder em distribuição de maquininhas de pagamento na América Latina, com 3 milhões de novos terminais no ano passado. O Mercado Pago processa mais de 20 bilhões de dólares em pagamentos por trimestre e tem uma carteira de crédito de mais de 1 bilhão de dólares. Em abril do ano passado, criou o cartão de crédito, e já tem 15 milhões de clientes no serviço. Em dezembro, passou a permitir o investimento em criptomoedas, e já tem 1 milhão de usuários. 

“Vamos seguir ampliando a oferta para os clientes atuais e buscaremos novos. Metade da população da América Latina ainda faz as transações no varejo com dinheiro. E metade é sub-bancarizada”, diz Osvaldo Giménez, presidente do Mercado Pago. Atualmente, a fintech é responsável por 40% da receita do Mercado Livre e, segundo estimativas, por 50% de sua geração de caixa.

Giménez afirma que há mais oportunidades na sinergia, mantendo os negócios unidos, do que em uma eventual cisão, como há anos se comenta entre investidores. Em 2022, o braço financeiro tende a ser ainda mais essencial para os resultados do grupo num ambiente de inflação e juros em alta. “Temos muita experiência com inflação. Seguiremos investindo em descontos, mas com equilíbrio. A migração para o varejo online seguirá sendo uma oportunidade maior do que as condições macroeconômicas desafiadoras”, diz Giménez. 

Entre os desafios para a frente, o Mercado Livre começou em novembro a vender produtos em lives, seguindo um modelo de sucesso na Ásia. Segundo o Goldman Sachs, 16% das vendas online na China já são feitas durante transmissões ao vivo. No Brasil, o aplicativo do AliExpress já oferece a possibilidade, sucesso em seu país de origem. Players internacionais como o Shopee devem trazer lives para o mercado brasileiro em breve, e competidores locais também devem ampliar as iniciativas.

Uma frente que não está no radar do Mercado Livre, por sua vez, é a produção própria de conteúdo de streaming, um caminho adotado pela Amazon, por exemplo. A varejista fechou em setembro parcerias com produtores como Disney e HBO para ampliar a oferta de serviço aos assinantes. “Estou sempre estudando novidades e entendendo como impactarão nosso mercado. Saber o que não fazer é quase tão importante quanto decidir onde investir”, afirma Galperin.

Ao completar 50 anos, o fundador da empresa afirma que em algum momento chegará a hora de sair da linha de frente dos negócios e deixar que uma nova geração assuma. Em março, um dos cofundadores, Stelleo Tolda, deixará o dia a dia da empresa. Outros chegam. Na foto que ilustra a abertura desta reportagem, apenas Osvaldo Giménez faz parte do time inicial da companhia. Fernando Yunes, líder da empresa no Brasil, veio do Sem Parar; Tulio Oliveira, responsável pelo Mercado Pago no Brasil, veio do Itaú; ­Pethra Ferraz, vice-presidente de marketing do Mercado Pago, da XP; Julia Rueff, da CNova; Gabriela Szprinc, do PayPal. São eles os responsáveis por conduzir a segunda maior empresa da América Latina.  


Entregador da Amazon: companhia tem 175 centros de distribuição nos EUA (Alexi Rosenfeld/Getty Images)

O DESAFIO DAS BIG TECHS

Alta dos juros e da concorrência ameaça crescimento de estrelas da bolsa  | Beatriz Quesada

Depois de dois anos de fortes ganhos em meio à pandemia de ­covid-19, a conta parece ter chegado aos gigantes de tecnologia, as big techs. Com o iminente aumento na taxa de juro nos Estados Unidos e a concorrência crescente, investidores estão reavaliando as perspectivas de ganhos com as empresas com grande potencial de crescimento. O principal símbolo do maior rigor de investidores é a Meta, novo nome do Facebook, que, em um só dia de fevereiro, perdeu 1,32 trilhão de reais em valor de mercado.

O tombo aconteceu em razão da divulgação do balanço do quarto trimestre, que revelou a primeira queda de usuários ativos na história da empresa famosa pela rede social. Mark Zuckerberg, CEO e fundador da Meta, admitiu — também de forma inédita — que a popularização do chinês TikTok preocupa. Para completar o cenário desafiador, enquanto os lucros do presente estão ameaçados, o futuro segue incerto: a Meta não ofereceu perspectivas de quando o metaverso, novo carro-chefe da empresa, será lucrativo. 

O caso ilustra o ceticismo do investidor com as ações de tecnologia. A alocação líquida de capital para o setor é a menor desde agosto de 2006, segundo sondagem do Bank of America na primeira quinzena de fevereiro, e o índice de tecnologia Nasdaq acumula perdas de quase 15% no acumulado do ano. Seria a hora de deixar as big techs de lado na carteira? A resposta é não, segundo analistas.

Grandes bancos estrangeiros, como Goldman Sachs e UBS, mantiveram suas recomendações de compra para os papéis da Meta, mesmo com os recentes contratempos, e as perspectivas são ainda mais positivas para outros gigantes do Vale do Silício. “As big techs tendem a ser menos afetadas por esse cenário de alta dos juros. Mas o mercado ficou desesperado e acabou penalizando todas as empresas que têm valuations relacionados a performance futura. É uma janela interessante para a compra dessas ações”, avalia Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, gestora especializada em ações de tecnologia.

 (Arte/Exame)

A situação, a propósito, não é a mesma para todas as empresas. Meta e Microsoft sofrem na bolsa neste ano, mas Amazon e Apple não chegam a registrar 10% de perdas. Para Bernardo Carneiro, analista de BDRs (os recibos de ações listadas no exterior mas negociadas na B3) do BTG Pactual, a diferença entre as quedas demonstra que as big techs não podem mais ser avaliadas dentro da mesma cesta.

“O mercado preferiu companhias que entregaram um bom guidance [projeções] e não sofreram com o risco de competição. Como exemplo, a Meta deu indicações para 2022 abaixo do consenso de mercado e admitiu a força do TikTok, enquanto a Amazon surpreendeu no crescimento de receita e lucro. Cada companhia está dentro de um momento muito diferente”, afirmou. 

O que une os grandes conglomerados de tecnologia e grandes varejistas digitais hoje é a capacidade de expandir horizontes e virar referência em outras áreas. A Amazon lidera soluções de consumo digital, que abrangem de dados a conteúdo. Quando o assunto é software, a Microsoft tem mostrado força com ferramentas corporativas, com destaque para o Azure, seu serviço de computação em nuvem.

A Apple é líder em dispositivos, enquanto a Alphabet (Google) é grande desenvolvedora de inteligência artificial com aplicações diversas. As varejistas digitais com atuação no Brasil estão diante do mesmo escrutínio: apenas planos não garantem bom desempenho presente. Diversificação e consistência na entrega serão mais importantes do que nunca. 

“E-commerce obriga que logística se amplie”, diz diretor da JSL

JSL Logística teve 58% de crescimento na receita em 2021 e 565% no lucro.

“Os produtos de alimentação e bebida tiveram aumento de consumo na pandemia, por exemplo, seja pelas pessoas em casa, seja pelo crescimento do e-commerce. Com o e-commerce, você obriga que a logística se amplie. Para você pedir, eu preciso ter o produto perto de você. Para isso, tem de ter mais centros de distribuição, mais transporte e movimentações internas”, diz Ramon Peres.

O CEO da empresa explica também que o crescimento da empresa aconteceu devido à JSL estar presente na “ponta, na movimentação interna e no final”. Em novos contratos, foram mais de R$ 4 bilhões.

As vendas novas foram realizadas principalmente nos setores de papel e celulose (30%), alimentos e bebidas (26%) e siderurgia e mineração (12%).

No setor de papel e celulose, o crescimento foi forte porque a empresa trabalha em toda a cadeia.

“O aumento das margens é explicado pela junção de várias coisas: gestão de redução de custo com abertura de portas para negociação em meio ao aumento de insumos básicos. O que vivemos em 2021 não vivíamos há mais de 20 anos. Com alguns clientes a negociação foi de 3 e 4 vezes. Quem acreditar que vai repassar 100% de seus insumos para o cliente, está acreditando em coelhinho da Páscoa”, diz o CEO Ramon Peres.

Por trás da alta no lucro e na receita está o crescimento isolado de empresas adquiridas pela JSL desde 2020.

“Essas cinco empresas vieram enriquecer um de nossos segmentos. Vieram empresas cada uma em um segmento diferente. Cada um em um pedaço da cadeira logística. Exatamente por isso continuaram com a administração independente. A vontade de ganhar em sinergias não é maior do que a nossa preocupação de perder essas empresas tem de bom”, defende o presidente.

Em 2020, as empresas crescerem 23%. Juntos, a combinação foi de 17%.

Em 2021, foram três aquisições (Transportadora Rodomeu, TPC e Transportes Marvel), que se somam às duas realizadas em 2020. Essas aquisições somaram R$ 2 bilhões de receita bruta à JSL em 2021.

Lalamove: ‘Todo dólar investido no Brasil é olhado com cuidado’

Todo cuidado é pouco quando se trata de fazer negócios no Brasil. É com essa desconfiança que a Lalamove, startup chinesa de entregas que chegou ao País em 2019, tenta percorrer um mercado disputado por nomes como Uber, Rappi, Loggi, Frete.com (ex-CargoX) e Mandaê. Após desacelerar durante a pandemia, a companhia pretende fincar raízes nas 15 cidades onde passou a operar no ano passado.

“Ter cautela é algo nosso. Primeiro observamos o que acontece, e aí decidimos nossos próximos passos”, conta ao Estadão Helena Lizo, gerente regional da Lalamove no Brasil. Por isso, a executiva não faz promessas para 2022, ano em que a recessão econômica e as eleições presidenciais assustam os mercados e investidores. “Todo dólar investido no Brasil é olhado com cuidado”.

Apesar do cuidado ao pisar por aqui, o Brasil é um dos principais mercados da Lalamove, que já soma 170 mil usuários no País. Helena diz que foi fácil a adaptação do negócio da Lalamove em território brasileiro. Similar ao iFood e ao Uber, o modelo da chinesa permite que motoristas façam entregas de diversos tipos de pacotes (de motoboys a carretos de mudança) à casa dos consumidores — a tal da “última milha” da jornada da logística.

“Temos o foco de ir atrás de cidades mais acostumadas com Uber, iFood, Rappi. Elas já têm um movimento de educação do consumidor e do prestador de serviço”, explica Helena. Ao final, a startup fica com 16% da remuneração das entregas feitas por esses prestadores de serviço.

Abaixo, leia os principais trechos da entrevista.

Como tem sido a operação da Lalamove no Brasil, desde a chegada em 2019?

Vir para cá foi uma grata surpresa. A empresa entendeu a necessidade brasileira pela “última milha”. E crescemos em ritmo muito bacana: do primeiro ano para o segundo, quando operamos só alguns meses, crescemos 47 vezes. Em 2021, pouco mais que triplicamos de tamanho, o que é algo expressivo. Entendo que hoje o modelo de negócio da Lalamove se adaptou bem ao modelo da demanda brasileira.

Por que a adaptação por aqui foi boa?

Por causa da educação do usuário. Já ter pessoas que prestam serviços como motoristas e já se cadastram em vários apps facilita muito a nossa vida. Quando temos uma base grande de pessoas prestando serviço acostumadas com esse modelo, o negócio costuma se adaptar e se desenvolver mais facilmente.

O quão representativo é o Brasil para a Lalamove?

Somos um mercado bem importante para a empresa. Temos atuação global, mas concentrada na Ásia. Na América Latina, estamos no México e no Brasil. Já operamos em mais de 20 mercados e o Brasil opera entre os dez maiores.

Como está a expansão pelo País?

Começamos em 2019 por Rio de Janeiro e São Paulo e hoje estamos em 17 cidades. Na pandemia, não sabíamos como as coisas iriam se desenrolar, porque tínhamos de crescer o time e a empresa de forma remota. No ano passado, resolvemos abrir outras cidades. Começamos com Belo Horizonte e a expansão foi bem-sucedida. Depois fomos para outras capitais, com exceção de Ribeirão Preto (SP). Temos o foco de ir atrás de cidades mais acostumadas com Uber, iFood, Rappi. Elas já têm um movimento de educação do consumidor e do prestador de serviço. E temos como plano abrir em novas cidades assim que a expansão esteja bem consolidada.

Vocês buscam que tipo de consumidor? Pessoas físicas ou empresas?

Classificamos nosso cliente em três tipos. Há as grandes corporações, que são os maiores usuários que temos na plataforma. Mas temos também microempresários e pessoas individuais que classificamos como usuários individuais, como pessoas que vendem bolos e fazem entregas pela Lalamove. Apesar de não ser a mais representativa, essa categoria deu um salto e dobrou a representatividade no último ano.

Como a Lalamove faz para conter as reclamações que aparecem nas plataformas e redes sociais?

Até o ano passado, tratamos os canais externos de reclamações de maneira muito superficial. Queremos que usem nosso canal interno, porque a pessoa vai ter um processo claro de como vai ser atendida. Em um canal como o ReclameAqui, ou por mídias sociais, o caso nunca vai ser tratado por lá. Todas as empresas fazem isso. Queremos direcionar a pessoa para um fluxo de atendimento padrão, em que ela terá uma experiência melhor. Fizemos ajustes constantes para entender quais são os horários mais frequentes de reclamações. E nosso chat tem tido constante atualização de pessoas atendendo nos horários de pico para não deixar nosso cliente ou motorista sem resposta.

A ômicron mudou o clima de 2022. Ainda existe recessão econômica e as eleições presidenciais no segundo semestre. Para a Lalamove, o que esperar deste ano?

Somos muito cautelosos em falar o que esperamos. Primeiro observamos o que acontece, e aí decidimos nossos próximos passos. Não consigo dizer a quais cidades vamos chegar, porque não sabemos se nosso plano de expansão vai se provar bom rapidamente ou se vai levar mais tempo. Ter cautela é algo nosso, porque todo real e todo dólar investido no Brasil é olhado com cuidado. Temos uma perspectiva de solidificar nosso negócio, em especial nas 15 novas cidades. A recessão, que já começou em 2020, foi muito forte para alguns setores. Não sabemos quais serão impactados agora, mas o e-commerce não entrou em recessão. Se mantivermos perfil parecido com o de 2020, é muito provável que 2022 não tenha impacto tão grande para a última milha.

Como a Lalamove faz para se diferenciar da concorrência?

Oferecemos muitos modais diferentes, de duas a quatro rodas. E tem a questão da taxa de 16%. Ainda, o motorista tem muitas opções de entregas ao longo do dia, sejam curtas ou longas, escolhendo quando e como trabalhar. É o contrário do motorista do Uber, que fica amarrado à demanda de pessoas físicas em horários de pico.

Uber, 99 e empresas de entregas sofrem com a alta da gasolina. Como a Lalamove lida com esse problema?

No final de 2021, implementamos a tarifa dinâmica. É um ajuste de preço para organizar melhor a demanda e fazer um repasse maior para que o motorista se sinta mais atraído.

Isso foi suficiente para manter a demanda?

Não vimos queda no atendimento. Naturalmente, a demanda é diferente em janeiro e fevereiro (por causa das festas de fim de ano). Agora, retomamos o cenário normal. Em pedidos colocados e atendidos, essas duas métricas se mantiveram boas. Isso mostra que colocar esse plano de ação foi suficiente para manter a Lalamove atrativa.

Shopee, marketplace de Cingapura, enfrenta problemas de logística no Brasil

Lojistas criticam atrasos após grupo elevar venda para ganhar mercado – equipe foi criada para gerenciar a crise

A plataforma de venda on-line Shopee, controlada pela Sea Limited, de Cingapura, está enfrentando uma série de problemas em sua logística no Brasil, apurou o Valor. Crescimento acima da capacidade de gerenciamento, excesso de ações comerciais em curto espaço de tempo – para tentar acelerar tráfego de clientes e vendas – e estrutura de transporte e atendimento insuficientes obrigaram a companhia a montar um plano de ação, dizem fontes.

São gargalos na operação num momento em que aumenta a pressão dos rivais sobre os “marketplaces” estrangeiros, inclusive a Shopee, que importam itens da Ásia – numa estratégia liderada pelas principais plataformas on-line brasileiras, como antecipou o Valor semanas atrás.

Nas últimas semanas, o Valor conversou com lojistas, transportadoras, consultores e funcionários da Shopee, sob condição de anonimato, para traçar um histórico dos problemas e das ações tomadas para reduzir o gargalo nos serviços. Uma equipe de gestão de demanda criada pela Shopee trabalha no assunto e há reuniões semanais entre esses funcionários e as transportadoras para ajustar as medidas tomadas.

As dificuldades começaram a aparecer, principalmente, após novembro, quando a empresa decidiu lançar ações comerciais de grande porte em curto espaço de tempo. Foram quatro datas, com frete grátis em certos itens, e promessa de entrega rápida, no intervalo de cerca de 45 dias (campanhas de 11/11 e 12/12, além de “Black Friday” e Natal) que levaram a um acúmulo de pedidos, dizem fontes. “Eles deram um passo maior que a perna, e a situação foi piorando após outubro. Entre novembro e dezembro, foram quatro, cinco vezes mais pedidos [que o ano anterior], e eles não estavam preparados”, diz um prestador de serviço logístico para a Shopee.

A cada data nova criada, em volume de pedidos, era uma espécie de “mini-Black Friday”. “Nós fomos administrando dentro da logística acertada com eles e, de repente foi um ‘boom’. Para a ‘Black’ normal, de todos os anos, a gente se prepara por meses, e isso não é á toa. Porque dá problema se não se programar”, afirmou.

Outro parceiro da Shopee diz que, como a empresa tem alta concentração de encomendas de itens leves (miudezas de baixo preço), eles precisam de grandes quantidades para gerar venda. “A questão é que isso enche galpão, sobrecarrega a equipe e empata a vazão”, afirma ele. Segundo três fontes, pelo menos duas transportadoras – CargoBR e J&T Express – fecharam acordos recentes com a Shopee para acelerar entregas e tentar melhorar o nível de serviços.

A J&T virou parceira neste ano e a CargoBR entrou na segunda metade do ano passado. Além delas, entre as grandes que já operam para a Shopee estão Total Express, Sequoia, Loggi, Rede Sul e Correios (por onde passa a maior parte dos envios). Vendedores têm ido ao site Reclame Aqui, plataforma voltada a consumidores, para pedir solução de atrasos em coletas de pedidos. Eles dizem que boa parte dos problemas com a Shopee se concentra no atendimento da Sequoia. “Eles são o segundo maior contrato da Shopee, só perdem em envios para os Correios, e quando os pedidos dispararam, proporcionalmente quem sentiu o baque mais foi a Sequoia”, diz uma fonte a par dos contratos.

A estratégia que tem sido adotada é congelar a conta da plataforma quando os pedidos de retirada junto à Sequoia se acumulam. “Alguém sabe como faço para tirar a Sequoia da minha conta Shopee?”, diz um deles, num grupo de mensagens formado por vendedores que o Valor teve acesso. “Pus a conta em modo férias [paralisa a chegada de pedidos por certo período] pois não aguentava mais as reclamações no chat. Aparece pedido entregue [ao cliente], mas que não foi enviado pela Sequoia”, diz um lojista, na semana passada, num grupo reunido no Telegram, com 2,2 mil lojistas. Neste domingo, eram 2,9 mil menções no grupo em críticas à Shopee. Mercado Livre tinha menos da metade, sendo bem maior que a rival – bancos calculam que a Shopee venda no Brasil (em valor que passa pela plataforma) entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões ao ano, e Mercado Livre fez R$ 68 bilhões em 2021.

De acordo com Anderson Candido, dono de uma loja de produtos naturais na Shopee, há falhas de processos. “O cliente vê a demora para entregarem, cancela o pedido e pede estorno. Só que a encomenda chega dois, três dias depois. E aí, o cliente fica com o produto e o dinheiro. E nós ficamos com o prejuízo”, diz.

Reclamações de lojistas não são incomuns – muito menos relativos à entregas on-line no Brasil. Mas as reações conjuntas das empresas a isso só ocorrem quando o cenário é mais crítico. O Valor apurou que a Sequoia vem tratando há meses dos problemas junto à Shopee – há reuniões semanais sobre o assunto. Foi criada área específica de atendimento na Sequoia, com cerca de 70 pessoas, para lojistas da Shopee por causa dos problemas. Vinte e cinco equipamentos de separação de pedidos, que seriam distribuídos para toda a base de clientes da Sequoia, hoje estão voltados só para dar vazão às encomendas da Shopee.

A ação da Shopee nesta semana, quando o varejo realiza campanha promocional batizada de Semana do Consumidor, foi desenhada com prazo de entrega (em dias) até duas vezes maior daquele do fim de 2021, apurou o Valor. Isso tende a reduzir as pressões na sua estrutura. “Houve melhora no nível de serviço nas últimas semanas, depois que montaram uma equipe focada, mas não normalizou ainda. Eles foram agressivos e subestimaram a demanda. O trabalho que dá para entregar um fone de ouvido é o mesmo de entregar um celular, que vale muito mais. Só que eles entregam muito mais fones que celulares”, disse um parceiro logístico.

Vista como uma ameaça às plataformas brasileiras, a Shopee incomoda as grandes cadeias locais pelo seu crescimento e também pelo volume de importados oriundos da Ásia. Em 2021, o Procon-SP questionou a Shopee sobre a autenticidade de seus produtos. A empresa disse na época que está comprometida com a lei.

Fontes próximas à empresa negam gargalos e citam “transformações para se adequar à expansão”. Dizem que as reuniões entre transportadoras e a empresa são normais e que 85% das vendas no Brasil são de lojistas locais. E vai manter os Correios como parceiro, apesar de estar migrando, desde janeiro, parte dos lojistas atendidos pela estatal para a sua operação de entrega própria, a Shopee Express.

Migrações desse tipo levam um tempo para ficar redondas, mas fonte próxima à empresa diz que a evolução é boa. Em nota ao Valor, a Shopee afirma que à medida que cresce, está oferecendo “mais opções de parceiros logísticos aos vendedores brasileiros para otimizar a coleta e a entrega de produtos aos consumidores”. Afirma que em breve terá “novas opções logísticas” e que todos os parceiros logísticos devem seguir os altos padrões de serviço” da empresa. Diz ajudar no empreendedorismo e “oferecer uma experiência segura, fácil e divertida de compras”.

O CEO da Sea, Forrest Li, disse a analistas em março que a Shopee Brasil registrou mais de 140 milhões de pedidos no quarto trimestre, avanço de 400% frente a 2020, e cerca de US$ 70 milhões de receita, alta de 326%. Também destacou que, apesar dessa melhora, atingiu um prejuízo antes de juros, impostos, amortização e depreciação de cerca de R$ 10 (US$ 2) por pedido no Brasil, uma melhora de 40% em um ano. No mundo, a perda por pedido foi de US$ 0,45.

Entre novembro e dezembro, a empresa começou a operar, inicialmente na fase de testes, a sua primeira área de “cross-docking” no Brasil. O local fica em Barueri (SP) e faz a armazenagem para despacho em poucas horas, diferente de um centro de distribuição. A ideia com o espaço é acelerar as entregas, mas ele ainda opera em fase de testes. Com novos pontos de armazenagem de apoio, a Shopee quer criar por aqui uma espécie de Mercado Envios, o modelo próprio de entregas do Mercado Livre. Não à toa, quem lidera a logística na Shopee é Rodrigo Calderaro, que saiu do Mercado Livre em junho para ir para a Shopee, para montar uma estrutura local.

Procurada, a Sequoia não se pronunciou.

Resultado Sequoia (SEQL3) 2021: Lucro Cai 30% no 4t21

Sequoia divulgou seus resultados referentes ao 4t21, confira os destaques e se vale a pena investir na SEQL3.

Os resultados da Sequoia (SEQL3) referente a suas operações do quarto trimestre de 2021, foram divulgados no dia 09/03.

Veja neste artigo os principais destaques do resultado da Sequoia do 4t21 e a análise fundamentalista da empresa.

Confira o calendário de divulgação de resultados do 4t21 das empresas listadas na Bolsa de Valores e a análise das empresas que a equipe do The Capital Advisor está realizando.

Sobre Sequoia

Sequoia é um 3PL especializado em Logística e Distribuição, única companhia de LTL e B2C com capital aberto na B3.

A empresa se destaca por buscar incessantemente o aprimoramento contínuo em serviços de Logística e Transporte.

Constituída pela unificação de marcas consolidadas no mercado, a Sequoia é reconhecida pela capacidade de entregar sempre mais.

Desenvolvendo soluções completas e integradas para marcas de destaque, muitas delas, líderes em seus segmentos, a Sequoia possui expertise sólida e diferenciada em e-commerce.

Composição acionária da Sequoia

Acionista ON PN Total
WP XI C FUNDO DE INVESTIMENTO EM PARTICIPACOES MULTIESTRATEGIA 27,7% 0,0% 27,7%
OUTROS 22,4% 0,0% 22,4%
MORGAN STANLEY 12,8% 0,0% 12,8%
ITAU UNIBANCO S.A. 9,6% 0,0% 9,6%
COMPASS GROUP LLC 8,2% 0,0% 8,2%
FRAM CAPITAL SHERMAN II FIP MULTIESTRATEGIA 7,2% 0,0% 7,2%
DWS INVESTMENT GMBH 6,4% 0,0% 6,4%
FRAM CAPITAL SHERMAN FIP MULTIESTRATEGIA 4,8% 0,0% 4,8%
ARMANDO MARCHESAN NETO 4,8% 0,0% 4,8%

Avaliação de Governança

A empresa está listada na Bolsa de Valores no segmento Novo Mercado, nível mais alto da B3.

Empresa Sequoia Logística e Transportes S.A.
Código SEQL3
Subsetor Transporte
Segmento de Listagem Logística
Tag Along 100%
Free Float 59,6%
Principal Acionista WP XI C Fundo de Investimentos
Site https://ri.sequoialog.com.br/

A empresa possui um free float acima de 25%, o que não representa nenhum problema de liquidez nas negociações das ações para o acionista.

A empresa possui um tag along de 100%, indicando que o acionista minoritário estará protegido se os controladores da empresa vendam sua participação na companhia.

Ambos indicadores ajudam na análise da governança corporativa da empresa, porém não dizem respeito à sua capacidade de geração de caixa ou à sua rentabilidade.

Agora chegou a hora analisar os resultados e os principais múltiplos da análise fundamentalista da companhia.

Resultado Sequoia no 4t21

A empresa apresentou um lucro líquido de R$ 21,5 milhões no 4t21, apresentando uma retração de -30% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Confira os principais destaques dos resultados da Sequoia do quarto trimestre de 2021:

Indicador 4t21 3t21 % 4t20 %
Lucro Líquido (R$) R$ 21,5 M R$ 17,1 M 25,7% R$ 30,7 M -30,0%
Margem Ebitda (%) 15,0% 15,4% -0,4 p.p. 14,7% 0,3 p.p.
Margem Bruta (%) 19,0% 18,0% 1 p.p. 22,6% -3,6 p.p.
Margem Líquida (%) -0,4% -0,1% -0,3 p.p. 5,1% -5,5 p.p.

Resultados Operacionais da Sequoia no 4t21

No trimestre, a Companhia realizou 18,6 milhões de entregas, representando um crescimento de 51%.

O novo patamar conquistado em relação aos períodos anteriores, reflete o forte aumento do número de pedidos em categorias com ticket médio menor por meio da SFx, que atingiu 6,9 milhões de pedidos no trimestre.

B2C

No B2C, a Companhia 17,1 milhões de entregas no 4T21, crescimento de 55% em relação ao 4T20, com retração do ticket médio de 6,7% YoY, refletindo principalmente o impacto do número de pedidos da SFx, conforme já citado anteriormente, que apresenta um ticket médio menor.

B2B

No B2B, a Sequoia atingiu 1,5 milhão de entregas no 4T21, crescimento de 18,9% em relação ao 4T20, com retração de ticket médio de 7,4%, refletindo o mix pela maior participação do número de pedidos do LTL (Less-Than-Truckload) e field service.

Resultados Financeiros da Sequoia no 4t21

receita líquida de vendas da Sequoia atingiu R$ 450,9 milhões no 4t21, apresentando alta de 31,0% na comparação com o 4t20.

Lucro Bruto da Sequoia atingiu R$ 92,2 milhões no 4t21, apresentando crescimento de 11,4% na comparação com o 4t20.

O custo dos serviços prestados totalizou R$ 365,1 milhões no 4t21, apresentando crescimento de 37,1% na comparação com o 4t20.

Ebitda da Sequoia atingiu R$ 67,7 milhões no 4t21, apresentando crescimento de 34,1% na comparação com o 4t20.

margem Ebitda da Sequoia totalizou 15,0% no 4t21, apresentando crescimento de 0,3 ponto percentual na comparação com o 4t20.

No 4t21, as despesas gerais e administrativas cresceram 12,3% em relação ao 4t20.

Margem bruta da Sequoia atingiu 19,0% no 4t21, apresentando retração de -3,6 ponto percentual na comparação com o 4t20.

lucro líquido da Sequoia atingiu R$ 21,5 milhões no 4t21, crescimento de 25,7% na comparação com o 3t21 e queda de -30% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Margem líquida da Sequoia ficou em -0,4% no 4t21, apresentando retração de -5,5 p.p na comparação com o 4t20.

Para fazer uma análise do desempenho da empresa, quanto a empresa gera de retorno financeiro, avalie também outros indicadores de rentabilidade, como o giro do ativo e o Retorno sobre o Ativo (ROA).

Endividamento da Sequoia

Os indicadores de endividamento da Sequoia estão dentro da normalidade, apresentando uma dívida bruta / patrimônio líquido de 111,2%, abaixo da sua média dos últimos 3 anos.

A dívida líquida da Sequóia em dezembro de 2021, totalizou R$ 500,7 milhões, apresentando retração de -0,6% na comparação com setembro de 2021.

Além do endividamento, lembre-se sempre de analisar os outros indicadores de estrutura de capital da empresa, como o endividamento geral, terceiros, composição e imobilização de recursos e não recorrentes.

Faça uma comparação do endividamento dos concorrentes da empresa, que estão inseridas no mesmo setor.

Por fim, avalie também os indicadores de liquidez que fazem parte do conjunto de índices financeiros, para  medir a capacidade financeira da empresa em satisfazer seus deveres junto a terceiros.

Indicadores Fundamentalistas da Sequoia

Veja abaixo os principais indicadores fundamentalistas da Sequoia para iniciar a sua análise dos fundamentos da SEQL3.

Indicador 09/2021 12/2021 Evolução
Preço/Lucro (P/L) 1.185,2 -110,4 -109,3%
Preço/Valor Patrimonial (PVPA) 3,6 3,3 -8,3%
Price Sales Ratio (PSR) 1,5 1,3 -20 p.p.
Valor de Mercado (R$) R$ 2,2 B R$ 2,0 B -9,1%
Ebitda (R$) R$ 56,2 M R$ 67,7 M 20,5%
Lucro por Ação (LPA) $ 0,0131 -0,1281 -1.077,9%
Rent. Patr. Líq. (ROE) % 0,3% -3,0% -3,3 p.p.
Margem Líquida % 0,1% -1,2% -1,3 p.p.
Liquidez Corrente 1,2 1,2 0 p.p.
Data Divulgação 09/11/21 09/03/22

* Indicadores com base na data de 09/03/2022.  Fonte: GuiaInvest

Para aplicar todos esses filtros e fazer uma rápida análise fundamentalista, levei menos de 5 minutos com a ferramenta GuiaInvest PRO.

Você pode assinar a ferramenta com preço promocional e ainda receber gratuitamente o PDF “13 Ações do Corona Opportunity”, que são empresas de setores variados, com o Score mais alto de cada setor.

Teleconferência de Resultados Sequoia 4t21

Ouça aqui a Transmissão da Teleconferência da Sequoia do 4t21.

Documentos e arquivos dos Resultados da Sequoia do 4t21.

Para conferir os resultados de outros trimestres, em texto ou áudio, acesse a Central de Resultados da Sequoia.