A estratégia de crescimento da Amazon faz sentido?

Entenda o que faz a empresa ser um dos maiores players de diversos segmentos do mercado.

Varejo, streaming, games, saúde, tecnologia, mídia e até estúdio cinematográfico: a Amazon (AMZO34) está em todos esses negócios. Por isso, analisar sua estratégia não é fácil.

Além de ser dona do leitor de livros Kindle, do alto-falante sem fio Echo com comando de voz pela Alexa, e da central multimídia Fire TV, em 2021 a Amazon oficializou o lançamento de sua própria Smart TV e que estará integrada com a funcionalidade da Alexa, o que resultará em dura concorrência a gigantes do setor como Samsung, LG e Sony.

Além disso, ela concorre com empresas de tecnologia como IBM (IBMB34) e Microsoft (MSFT34) – e aqui um parêntese: o mercado financeiro sugeriu, por anos, que a Amazon estava errada ao investir na Amazon Web Service, a AWS, plataforma de nuvem que oferece mais de 200 serviços de tecnologia e centrais de processamento de dados.

No entanto, Jeff Bezzos não deu ouvidos. Ele percebeu que estava oferecendo melhores tecnologias para as lojas independentes da sua plataforma – sellers – que, no fim do dia, poderiam entregar uma melhor experiência ao cliente, criando também uma nova fonte de receita para a Amazon.

Atualmente, a AWS contribui com a maior parte dos lucros da Amazon. Só no primeiro semestre de 2021, representou uma fatia de mais de 50% dos rendimentos.

A Amazon ainda oferece uma plataforma de streaming concorrente da Netflix (NFLX34), HBO, Globoplay e canais televisivos na TV aberta e fechada. Também produz seus próprios filmes, premiados no Oscar e no Emy.

E não para por aí: em maio de 2021, a Amazon anunciou a compra do MGM, um dos mais prestigiados estúdios de Hollywood, por quase US$ 9 bilhões, tornando-se dona de um acervo com milhares de produções clássicas. Ela ainda poderá usar a estrutura do estúdio para diluir seus custos de produção dos conteúdos próprios da sua plataforma.

Vale destacar que seu competidor nessa área, a Netflix, apesar de ter reportado lucro, ainda tem queimado muito caixa por causa dos altos custos de produção de conteúdo próprio.

Em meio a tudo isso, a Amazon tem quebrado o conhecimento tradicional sobre estratégia, tem também desafiado as perspectivas de alguns analistas do mercado financeiro.

Desde quando abriu capital, em 1997, reportou prejuízo por oito anos e muitos investidores questionavam o seu modelo de negócios. No início de 2000, em meio à bolha da internet, sua ação despencou e ela quase quebrou. Mesmo assim, nesse período, Jeff Bezos praticamente dobrou o número de clientes e lançou o marketplace, a plataforma da Amazon para outros sellers venderem seus produtos.

Essa estratégia permitiu otimizar custos de estoque e ter novas fontes de receita de comissões que, aliadas com o AWS em 2006, ajudaram a empresa a aumentar suas margens. Em 2021, a Amazon teve lucro líquido de US$ 7,8 bilhões, isso só no segundo trimestre. Em seguida, no terceiro trimestre do ano, ela apresentou lucro de US$ 3,2 bilhões, fluxo de caixa livre positivo e aumento de vendas.

Princípios tradicionais de estratégia apontam que a vantagem competitiva pode ser obtida ao focar naquilo que a empresa sabe fazer bem, replicando seu negócio para crescer em novos mercados e produtos relacionados. No entanto, o exemplo da Amazon mostra uma outra lógica e a sinergia de todas essas estratégias é uma só: o cliente.

A Amazon vendia livros online e o cliente precisava de um dispositivo para ler, então, fez o Kindle. Depois, o cliente passou a assistir aos conteúdos que ela também faz em seus estúdios ou oferece no Amazon Music. Então, criou a Alexa, o Fire TV e sua própria Smart TV.

Na parte logística, como precisa entregar os produtos o mais rápido possível ao cliente, fundou a Amazon Air em 2016 e já tem uma frota de aviões para agilizar as remessas, reduzindo a dependência de transportadoras terceirizadas. Já os sellers precisam de tecnologia para vender online e melhorar a experiência do cliente, por isso, criou a AWS.

Tudo está conectado e, aos poucos, a Amazon vai dominando todas as atividades da chamada cadeia de valor dos clientes, um princípio moderno de estratégia.

Ela entrou até mesmo no setor da saúde, quando comprou, em 2018, a Pillpack, farmácia online que entrega medicamentos em domicílio nos Estados Unidos. Como quem precisa de medicamento também precisa de consulta, passou a oferecer telemedicina pelo Amazon Care.

A empresa comercializa ainda kits de testes que são enviados às casas das pessoas. Para atuar em mais uma frente, a Amazon tem trabalhado junto com médicos e hospitais para que sua tecnologia e dispositivos de assistente de voz sejam também assistentes dos médicos, ouvindo o paciente na consulta para gerar registros e ajudar a oferecer opções de tratamentos.

A cada inovação como essa, ela conhece mais sobre o comportamento do consumidor. Isso levará a Amazon a estar passos à frente dos seus concorrentes para atualizar a experiência do cliente para o futuro e, quem sabe, destravar ainda mais seu valor de mercado.

Por isso, é preciso estar de olho na estratégia das empresas que estão investindo para analisar quem está preparado para coexistir, ou competir, com a Amazon.

*Leandro Guissoni é Ph.D., professor de estratégia no Brasil e Estados Unidos, empresário, palestrante e autor de livros, artigos e casos de empresas por Harvard. Assessora grandes empresas em inovação digital e analytics. 

Gollog expande pontos coleta para encomendas de pequeno porte

Unidade de soluções logísticas da Gol inicia período de testes do serviço “Pontos Chegol” em centros urbanos; Curitiba é a primeira cidade a receber a inovação

A Gollog iniciou no último mês a expansão do “Pontos Chegol”, um projeto formado por locais de coleta para envio de encomendas de pequeno porte. Segundo a empresa, a estratégia tem como objetivo facilitar o despacho de pequenas encomendas.

Com o “Pontos Chegol”, a empresa visa credenciar estabelecimentos comerciais em todo o país com a marca Gollog e facilitar o serviço a clientes e lojistas. O processo de contratação é feito 100% on-line: basta acessar o site da Gollog, clicar no botão “Cotação & Compra”, informar o CEP da residência e o site indicara o ponto parceiro mais próximo do local.

A experiência começou a ser testada em dois pontos na cidade de Curitiba (PR) em outubro, nas unidades Rebouças, próxima ao centro da cidade, e Aeroporto, em São José dos Pinhais. A ação foi uma parceria com a Espaço A+ Self Storage.

Segundo o coordenador de Mercado e Produtos da Gollog, Daniel Bassi, a empresa busca criar alternativas e facilidades aos clientes. “Nosso objetivo é crescer nos próximos dois anos com pelo menos 2 mil novos pontos próprios e parceiros espalhados pelo Brasil”, diz.

Atualmente, a Gollog atende 4,1 mil cidades no Brasil e 12 no exterior, por meio de uma rede de 98 unidades de franquia. Saúde, roupas e indústria automotiva são os principais segmentos que utilizam os serviços da empresa e correspondem à maior parte das 89 mil toneladas transportadas por ano.

Em 2019, o braço de logística da Gol transportou mais de 80 mil toneladas, com 112 mil clientes atendidos – 66 mil novos clientes, um crescimento de 59%. Ao todo, foram 2,4 milhões de atendimentos.

Por dentro das operações da Amazon no Brasil durante a Black Friday

A Black Friday já se consolidou como importante data comercial no Brasil há alguns anos, mas, em 2020, atingiu seu pico no país. Olhando especificamente para o e-commerce, o faturamento cresceu 68% em relação ao ano anterior, gerando um montante de 126,3 bilhões de reais, segundo estimativas da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) em parceria com a Neotrust|Compre&Confie.

Para 2021, um ano em que a vacinação avançou, restrições foram relaxadas e o aumento de juros é uma realidade, ambas ainda projetam crescimento de vendas, apesar de mais tímido em relação ao ano anterior, de 34%. As perspectivas otimistas são compartilhadas por grandes companhias do setor, que reforçaram os investimentos no Brasil neste ano, de olho no período aquecido de compras. E é claro que a Amazon também busca o seu quinhão dentro do país.

Em novembro, a companhia fundada por Jeff Bezos anunciou a contratação de 5,5 mil pessoas de forma temporária para atender à demanda gerada pela tradicional sexta-feira de descontos. Serão 3.100 vagas para São Paulo, 370 em Minas Gerais, 700 no Rio de Janeiro, 660 no Rio Grande do Sul, 570 no Nordeste, 200 no Ceará, 300 em Pernambuco e 100 no Distrito Federal. Os funcionários devem se somar aos 6,3 mil efetivos que já fazem parte do quadro de funcionários da companhia, sendo que uma pequena porcentagem deles deve ser absorvida após o período de festas. Tudo depende das vendas no período e da necessidade de cada centro de distribuição, segundo a companhia.

Para minimizar o risco de contaminação por covid-19 com o crescimento tão grande do quadro de funcionários em pouco tempo, a companhia se preparou ao longo do ano e  implantou mais de 150 processos. Entre eles, está o uso de álcool em gel e o incentivo ao distanciamento com o apoio de tecnologia: câmeras especiais monitoram a aproximação de pessoas e emitem um alerta quando elas estão a menos de dois metros uma da outra. Quem é efetivo, já está acostumado com os protocolos, o que deve ajudar novos colaboradores a se integrarem sem aumentar os índices de transmissão da doença no fim de ano dentro dos galpões.

Estrategicamente, é possível perceber que esse é apenas o passo final de um plano construído pela companhia para conseguir atender à demanda dos consumidores pelos produtos em promoção no fim de ano. Em 2021, a companhia inaugurou quatro novos centros de distribuição no país, nas cidades de São João de Meriti (RJ), Cabo de Santo Agostinho (PE), Itaitinga (CE) e Cajamar (SP). Ao todo, são doze centros como esses no Brasil, sendo que o primeiro deles foi inaugurado em 2019. Um ritmo que acompanhou a evolução do próprio e-commerce no país dentro desse período, mesmo o setor representando pouco mais de 10% das vendas do varejo.

Com os novos centros, criados a partir de estudos de vendas dentro da Amazon, a companhia consegue aumentar as chances de que os produtos comprados cheguem em menos tempo aos clientes. Além de reforçar a competição contra as empresas nacionais. Dois pontos fundamentais nessa época do ano, em que consumidores tendem a aproveitar os descontos para garantir compras de Natal. Hoje, a Amazon prioriza a entrega em até dois dias para 700 cidades em todo o país, sendo que em 50 delas é possível receber os produtos no mesmo dia. As entregas são gratuitas para membros do Prime, assinatura de R$ 9,90 ao mês que garante, além disso, acesso ao streaming da companhia.

A EXAME visitou o centro de distribuição (CD) próximo a São Paulo, em que trabalham cerca de 250 colaboradores de forma fixa, número que deve subir para 700 na Black Friday e que deve permanecer em 350 após a data de descontos. Nos 57 mil metros quadrados do galpão, é possível notar que há espaços de sobra nas prateleiras em que os produtos são armazenados, bem como locais sem nenhum tipo de equipamento ou produto. “São espaços que reservamos para expandir rapidamente em datas de pico durante o ano. Dessa forma, garantimos maior eficiência no menor tempo”, diz Juliano Marcelino, gerente de operações do GRU8, o CD de Cajamar.

A operação no local funciona como fulfillment, ou seja, não é usada para armazenar os produtos vendidos pela operação de varejo da Amazon, mas sim dos vendedores que utilizam o marketplace. É possível encontrar de tudo: cosméticos, roupas, brinquedos, produtos para casa, alimentos, bebidas alcoólicas, perfumes e mais. A quantidade máxima de armazenamento depende do giro das vendas no período, o que impossibilita precisão em um número.

Por lá, cada um dos produtos é agrupado de acordo com critérios definidos pela empresa: as prateleiras de papelão guardam a maior parte dos itens, enquanto as de plástico são dedicadas exclusivamente ao armazenamento de comida (de humanos e de pets). Uma sala especial guarda os objetos frágeis e uma outra seção guarda os aerossóis, para que, em caso de vazamento, sejam rapidamente dissipados no ar.

Ao estar mais perto dos consumidores, a companhia resolve uma das principais queixas registradas no varejo digital de forma quase homogênea: a demora na entrega. Além disso, torna o frete mais barato para a própria operação, em um período de alta no preço dos combustíveis, já que há maior possibilidade de diversificação de veículos utilizados. Hoje, entregas feitas pela Amazon podem ser realizadas com carros e até motos em alguns casos. Tudo em nome da eficiência — que a companhia busca reforçar na Black Friday.

Questionado a respeito das dificuldades logísticas no país, Ricardo Pagani, diretor de operações da Amazon, não se intimida com o que o país tem a oferecer. “Estou há sete anos na Amazon e vi que, com a tecnologia adequada, é possível operar em qualquer parte do mundo. No Brasil, é necessário trazer esses avanços de forma totalmente customizada, não é apenas um plug and play, por mais importante que um novo componente ou uma nova plataforma seja. Esses problemas não são empecilhos para entregar uma boa velocidade de entrega”, diz.

A briga pelo cliente

Ampliando o foco para o setor, concorrentes também aproveitaram para reforçar a logística no tradicional período de descontos. Dados do Mercado Pago mostram que o custo do frete lidera os motivos que levam consumidores a desistir de compras on-line, seguidos pelo prazo de entrega, que corresponde a 16% dos abandonos de “carrinho”. De olho nisso, o Mercado Livre, maior marketplace da América Latina, anunciou em setembro que iria investir cerca de 5 bilhões de reais no país, sendo a maior parte dos investimentos destinados à logística.

Hoje, 50 cidades já têm entrega no mesmo dia, 2,1 mil contam com entrega em um dia e 4,7 mil em até dois dias. Este mês, o Mercado Livre anunciou, inclusive, a inauguração de um novo CD com logística especial para TVs de mais de 50 polegadas e itens de linha branca, para facilitar a entrega de produtos durante a Black Friday. Ao todo, a companhia tem 8 CDs de fulfillment no Brasil.

Outro gigante do e-commerce, o AliExpress, anunciou em outubro que vai aumentar a quantidade de voos para o Brasil para atender à demanda de consumidores durante a Black Friday. São cerca de cinco voos semanais da China para o Brasil em condições normais e, nesse período, serão seis. Além das entregas, a companhia também consegue tornar a devolução de produtos mais confortável no período, diminuindo a quantidade de produtos que têm de ser enviados para a China.

Do lado nacional, Magalu e Americanas também reforçaram a logística durante o ano, mesmo em meio ao cenário macroeconômico desfavorável. A companhia fundada por Luiza Trajano também realizou contratações para o período, sendo que 300 foram somente para o CD de Louveira, e Americanas vai abrir vagas nos 25 centros de distribuição da companhia em todo o país, que atendem tanto à operação física quanto online, sendo que dois deles foram inaugurados em 2021 — e a empresa já mira aumentar a participação das entregas em até 24 horas, que representam 51% do total.

De olho em driblar o cenário macroeconômico de aumento de juros, câmbio nas alturas e consequente restrição de consumo — alguns dos principais desafios para as companhias do setor em 2021 — a companhia fundada por Jeff Bezos antecipou as promoções de Black Friday. oferecendo descontos de até 60% de 19 a 29 de novembro em todas as categorias dentro do site — especialmente produtos eletrônicos, que tendem a entrar no maior pico de buscas do período. Um levantamento feito recentemente pelo Google mostrou que os celulares continuam no topo de buscas para a Black Friday em 2021. Novamente, movimentos similares foram feitos pela concorrentes, tanto nacionais quanto internacionais.

A Amazon não divulga projeções de venda para o período, mas estabelece que está “com foco total no cliente” não só na data, mas durante o ano todo. “Temos um inventário de mais de 40 milhões de produtos, que já estão posicionados de acordo com a demanda de cada região. Trata-se de um processo contínuo, que tem início a partir do momento que o cliente entra no nosso site e busca por um produto. Conseguimos rastrear de onde isso vem e administrar o nosso sortimento”, diz Ricardo.

O executivo afirma que a Amazon já tem outros planos para aperfeiçoar as operações da empresa no país, que devem ser implantados ainda em 2022. Sem dizer exatamente quais serão as modificações, ele dá três direções sobre o que a companhia deve fazer.

“Não é necessário ter consultoria para descobrir o que precisa ser feito. Consumidores sempre querem mais seleção de produtos, mais cores de tamanhos e mais produtos ao comprarem online. O segundo ponto é conveniência, receber da forma que quiser, com a maior comodidade possível, se necessário indo buscar encomendas em espaços dedicados a isso que não sejam necessariamente a casa das pessoas. A terceira é o melhor negócio, ou seja, a melhor qualidade pelo preço ideal”, diz. E reforça: mesmo há nove anos no Brasil, a companhia está no “dia um” do crescimento que quer atingir. A Black Friday é só mais um passo em direção ao plano de longo prazo. Uma coisa é certa: competição não vai faltar.

O jovem de Paraisópolis que criou sistema para fazer entregas onde os Correios não entram

Comprar online é confortável, prático, ágil e se tornou uma febre mundial após a pandemia da Covid-19, quando as lojas físicas fecharam para seguir as normas de distanciamento social. Mas, em São Paulo, os mais pobres não têm essa chance.

Na maior e mais rica cidade da América Latina, as encomendas não sobem os morros das favelas nem entram em áreas consideradas de risco, como ruas dos bairros da Brasilândia, Itaim Paulista e Parelheiros. Pessoas ouvidas pela BBC News Brasil, que moram nessas regiões, disseram que precisam pedir para que as encomendas delas sejam entregues em bairros vizinhos, considerados “seguros” pelos serviços de entrega – como os Correios.

Incomodado com essa situação, o morador de Paraisópolis Giva Pereira, de 21 anos, fundou o Favela Brasil Xpress. Trata-se de uma rede de entregadores que moram na própria favela e entregam as mercadorias onde os Correios e as transportadoras contratadas pelas empresas de e-commerce não entram.

A empresa surgiu em setembro de 2020, em meio à necessidade de possibilitar que as doações feitas durante a pandemia chegassem às casas dos moradores da segunda maior favela de São Paulo.

Giva afirmou que essa coordenação criou naturalmente uma rede de logística na favela. Funcionava da seguinte forma: os voluntários buscavam os itens nas casas ou empresas doadoras para levar até Paraisópolis, onde eram distribuídos de porta em porta para as famílias mais necessitadas, identificadas pelos presidentes de rua.

“A comunidade de Paraisópolis teve um crescimento desordenado muito grande desde o seu surgimento e isso causou uma desorganização dos números das casas. O entregador coloca o endereço no GPS, mas não encontra. Já os moradores conhecem tudo e entregam sem problemas.”, afirmou o jovem empreendedor.

Com o crescimento do e-commerce, a ideia de Giva Pereira foi então sugerir parcerias com as empresas para que os próprios moradores fizessem as entregas.

Procurados pela reportagem, os Correios dizem que “estudam a formalização de parceria para realização de entregas nos citados endereços” com a Favela Brasil Xpress.

Como funciona

O Favela Brasil Xpress implanta um centro de distribuição na entrada da região onde os serviços de entrega não têm restrições. No local, que pode ser um contêiner ou uma sala, são armazenadas as mercadorias.

No momento da compra, o cliente apenas precisa colocar o endereço da casa dele. A passagem pelo centro de distribuição é feita de maneira automática e não tem custo extra para o consumidor.

Giva Pereira em bicicleta usada para fazer entregas em Paraisópolis
Em nove meses de funcionamento, o Favela Brasil Xpress já tem 90 pessoas contratadas apenas em Paraisópolis

Atualmente, o Favela Brasil Xpress tem parceria com Americanas, Dafiti, Total Xpress e Via Varejo. A iniciativa ganhou o Prêmio BBM de Logística, tido como o Oscar do setor, na categoria startup.

De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Outdoor Social Inteligência, nas 15 maiores favelas do país, 38% dos entrevistados disseram que fazem compras online, principalmente no setor de vestuário. Isso representa que 62% deste público ainda não compra e não é assistido pelo comércio digital.

A Outdoor Social Inteligência apontou ainda ter identificado uma tendência de alta nas compras online e que “ainda há muito o que ser feito e investido”.

Investimento e expansão nacional

Em nove meses de funcionamento, o Favela Brasil Xpress já tem 90 pessoas contratadas apenas em Paraisópolis. Sendo 41 funcionários com carteira assinada, entre operadores e entregadores. Todos os trabalhadores moram na própria favela.

O projeto já foi implantado em Heliópolis, a maior favela de São Paulo, na Cidade Julia (Diadema, na Grande SP), no Capão Redondo (zona sul da capital), além das favelas da Rocinha e Vila Cruzeiro, ambas no Rio de Janeiro.

O idealizador do projeto, Giva Pereira, conta que o sucesso do projeto atraiu a atenção de diversas empresas e investidores. Segundo ele, há negociações em andamento para levar o Favela Brasil Xpress para outras regiões do país.

O atual plano de expansão prevê 50 novas bases em 50 favelas do Brasil até o fim de 2022, além da modernização do sistema atual para melhorar a velocidade das entregas. Hoje, o Favela Brasil Xpress entrega aproximadamente 800 encomendas por dia, apenas em Paraisópolis, avaliadas em cerca de R$ 500 mil.

“Isso é uma prova de que a favela consome no mercado online. Antes, o morador fazia a compra e colocava o endereço do trabalho ou de alguém que morasse fora da comunidade. Hoje, ele vai colocar o CEP dele, pagar o preço normal e receber na porta de casa”, conta Giva Pereira com orgulho.

Essa ainda é a realidade da universitária Elisangela da Silva Cardoso, de 26 anos. Ela mora no Itaim Paulista, no extremo leste de São Paulo, e sempre pede para entregar suas encomendas na casa de vizinhos ou no escritório onde a mãe dela trabalha.

“Meses atrás, eu comecei a usar a opção de entregar na agência dos Correios perto da minha casa, porque isso é previsto no site. Eu recebi duas vezes, mas as seguintes colocaram um aviso de ‘destinatário desconhecido’ e devolveram para o remetente”, contou.

Procurados, os Correios disseram que as entregas “encontram-se regulares” nos endereços dos bairros da Brasilândia, Itaim Paulista e Paraisópolis, questionados pela reportagem a partir da reclamação de moradores. “Para uma avaliação pontual, é necessário informar detalhes como o código de rastreamento dos objetos reclamados”, informou o serviço de entregas por meio de nota.

Os Correios disseram ainda que “existem algumas localidades com modalidade de entrega diferenciada de encomendas, seja por não apresentarem condições de segurança favoráveis aos trabalhadores, clientes e encomendas ou, ainda, por não atenderem às condições para a entrega domiciliária (conforme previsto na Lei 6.538/78 (Lei Postal) e Portaria MCOM nº 2.729, de 28 de maio de 2021).”

Nesses locais, explicam, os clientes devem fazer a retirada da encomenda em unidades indicadas.

De acordo com o coordenador do MBA de marketing digital na FGV, Andre Miceli, todos os aplicativos terão espaço para atuar em contextos sociais e resolver problemas como esses.

“Qualquer grupo social que se reúna sobre uma característica em comum cria espaço para uma oferta de conteúdo, porque ele usa o assunto para capturar a atenção das pessoas daquele grupo. Do ponto de vista de negócio, faz todo o sentido e a gente deve ver uma expansão desse tipo de solução nos próximos anos”, afirmou.

Segundo o professor da FGV, ainda há um grande espaço para o crescimento desse tipo de iniciativa. Ele afirma, por exemplo, que o iFood está presente em 2 mil cidades do país, os Correios em pouco mais de 2 mil e a Loggi em 600. Enquanto o país tem 5.570 municípios.

“Será cada vez mais comum ver empresas grandes tentando participar desses projetos. Mas as iniciativas locais levam vantagem porque ela tem a linguagem, o conhecimento daquele grupo e a noção do que desperta o interesse dela. Essa proximidade faz toda a diferença”, disse Andre Miceli.

Bolsa de Valores das Favelas

O G10 Favelas, que reúne as lideranças das dez maiores favelas do Brasil, lançou, em parceria com a gestora de investimentos DIVI•hub, na sexta-feira (19/11), a Bolsa de Valores das Favelas. Por meio da plataforma, que tem a permissão da Comissão de Valores Mobiliários para regular os ativos, tornou-se possível comprar frações de empresas que operam nas favelas brasileiras, a partir de R$ 10.

No dia seguinte, sábado (20/11), a favela de Paraisópolis recebeu celebridades como o apresentador Luciano Huck, a Luiza Helena Trajano, dona da rede Magazine Luiza, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, para a cerimônia de inauguração da venda de ações. O evento teve direito aos tradicionais touro e sino que simbolizam as bolsas de Nova York e, mais recentemente, também a B3, em São Paulo. Além de atrair investidores para os projetos desenvolvidos dentro das favelas.

Gilson Rodrigues, fundador do G10 Favelas e presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, disse que a intenção do grupo é construir uma ponte entre as startups da favela e os empreendedores.

“São 18 iniciativas que podem ser escaladas por esses investidores para que ambos possam estar bem. Queremos organizar, dar mentoria e captar recursos. Nossa projeção para o Favela Brasil Xpress é instalar 50 novas bases e fazer 1 milhão de entregas nos primeiros 6 meses de 2022”, afirmou.

Gilson afirma que a favela tem um grande potencial de consumo, mas hoje se sente bloqueada por não ter o conforto de receber suas encomendas em casa.

Nosso mercado é potente e, se estimulado, pode ser ainda maior. A forma que a gente vê para escalar é por meio de franquias. De forma que empreendedores de outras favelas possam ter acesso ao nosso sistema e implantar em suas comunidades”, afirmou.

No plano de expansão do Favela Brasil Xpress, ainda está previsto um serviço de coleta e entrega de mercadorias nas casas dos pequenos empreendedores da favela. Dessa forma, por exemplo, uma mulher que confecciona panos de prato poderá disponibilizar seus produtos em um grande marketplace e contar com um serviço de entrega ágil e barato.

Além da opção de franquias, a própria Favela Brasil Xpress poderá mandar uma equipe para criar uma base e montar uma estrutura na região.

“A insegurança não se combate com segurança, mas com convivência. Por isso, vamos trazer empresas de fora da comunidade, com o olhar de que a favela é uma potência e tem oportunidade. Todos vão querer investir porque vale a pena, não por caridade”, concluiu o idealizador Giva Pereira.

“Esquenta Black Friday”: ID Logistics registra alta no número de pedidos

Multinacional trabalha com crescimento progressivo do número de pedidos desde o início de novembro e já registra aumento de 25%, com previsão de 30% no pico na data.

 A multinacional ID Logistics vem registrando crescimento dos volumes operados nos centros de distribuição. O movimento de “Esquenta Black Friday”, realizado pelos sites de e-commerce, reflete diretamente na atividade logística, que já registra alta de 25% no número de pedidos desde o início do mês. A expectativa é que o crescimento alcance os 30% no período de pico, previsto para o fim do mês.

“O e-commerce tem buscado diluir os volumes durante os dias que antecedem a data, antecipando ofertas para garantir um nível de atendimento dentro do esperado pelos consumidores. Já podemos perceber um aquecimento das vendas no início do mês e que deve se intensificar na semana que antecede a data”, explica o diretor de Operações da empresa, Gilberto Lima.

A mudança do consumidor para as plataformas online com a expectativa de receber rapidamente a compra encurtou os tempos dos processos logísticos. Antes, o corte do pedido era checado duas a três vezes ao dia. Agora, precisa ser de hora em hora, já que o comércio eletrônico está entregando cada vez mais rápido – às vezes, no próprio dia da compra.

Em alguns casos, o transporte é direto para a casa do consumidor, via motoboy, e o pedido tem que ser preparado com a embalagem final e a nota fiscal. Esse cenário demanda, entre outros critérios, o investimento no treinamento dos colaboradores e em equipamentos.

A preparação para a data prevê um plano de acordo com a expectativa do cliente. Há investimentos no treinamento das equipes, inclusive as contratadas especialmente para a data, e em equipamentos para otimizar o trabalho.

Além disso, há também o investimento em aperfeiçoamento e novas soluções sistêmicas desenvolvidas ao longo dos últimos meses. Um exemplo é a substituição da NF-e (Danfe) impressa por uma simples etiqueta que contém todas as informações do pedido e dados da Nota Fiscal. Também são estipulados novos turnos de trabalho, além do acréscimo de colaboradores previamente contratados e treinados, caso o resultado seja acima das estimativas.

Como a Kangu engaja comércios de bairro para formar uma rede de logística privada e competir de frente com os Correios

Uma papelaria que aproveita o espaço do estoque para armazenar encomendas. Uma padaria que nas tardes de pouco movimento recebe produtos de uma loja de roupas online. Um chaveiro que separa algumas horas da rotina para entregar pacotes pela vizinhança.

Os exemplos acima são parte dos mais de 5 mil pontos da rede de logística privada da Kangu. Marcelo Guarnieri, 35, CEO e cofundador, resume a proposta de valor da startup:

“A gente fornece tecnologia para que qualquer negócio consiga operar logística de forma simples. Com isso, conseguimos ter uma capilaridade para executar tudo muito rápido — e estar muito perto dos consumidores” 

A Kangu começou a operar em 2019. Em apenas dois anos de atividade, saiu do zero para 8 milhões de entregas mensais, expandiu sua operação para México — e, em agosto de 2021, foi adquirida pelo Mercado Livre por um valor não revelado.

Veteranos da Logística, os três sócios testemunharam as transformações do setor

O paulistano Marcelo é um veterano de logística, com experiência em empresas como a Rapidão Cometa e a FedEx. Foi durante essas passagens que conheceu os demais cofundadores: Ricardo Araújo, 58, e Celso Queiroz, 67.

Juntos, os três testemunharam, ao longo dos anos, as transformações provocadas pela tecnologia no setor.

“Há 12 anos, a gente entregava mercadorias no shopping com carretas. Elas eram preparadas para ir em grandes armazéns fora da cidade, pegar grandes quantidades de carga e fazer grandes entregas”, diz Marcelo. “Hoje, porém, em alguns shoppings nem existem mais vagas para carretas…”

A maioria das empresas de logística tradicionais, afirma o empreendedor, teve dificuldade para se adaptar às mudanças.

“Se antes tínhamos grandes varejos e indústrias vendendo, hoje com a dinâmica das mídias sociais, qualquer pessoa consegue vender. E os lotes [de entregas] que eram grandes viraram pequenos.”

O advento das redes sociais e ferramentas de mensageria, portanto, ajudou a alavancar as vendas online de pequenos negócios. Em paralelo, nesse novo cenário, a logística ia se tornando mais complexa.

À FRENTE DE UMA CONSULTORIA, ELES ENTENDERAM QUAL ERA O CALCANHAR DE AQUILES DO E-COMMERCE NO BRASIL

Em 2014, já atentos à nova dinâmica, os três se uniram para montar a própria consultoria em logística, a RC Sollis.

Não demorou para que percebessem o calcanhar de aquiles que prejudicava o desenvolvimento do e-commerce no Brasil: a inexistência de um serviço que atendesse pequenos vendedores, fazendo coletas e entregas pulverizadas.

“Se as empresas de transporte tinham dificuldade para entregar pulverizado, imagina coletar pulverizado e entregar pulverizado? Não havia ninguém atendendo a esse mercado, só os Correios. E toda vez que temos um único player atuando, isso vira um problema. A falta de concorrência é ruim”

Mas como fazer frente a uma empresa com a capilaridade dos Correios? A solução foi apostar no modelo de economia compartilhada para aproveitar a ociosidade de tempo, espaço e mão de obra de pequenos comércios de bairro — transformando-os em pontos de postagem, retirada, devolução e entrega de encomendas.

A PARTICIPAÇÃO EM UM CONGRESSO NOS EUA CONVENCEU OS SÓCIOS SOBRE A VIABILIDADE DA PROPOSTA

Mas nem eles acreditavam que funcionaria até apresentarem a ideia a um professor dos Estados Unidos com quem tinham uma parceria.

O professor não só se interessou pelo projeto, como os convidou para apresentá-lo no congresso “Internet Edge Supply Chain Lab”, na Arizona State University. “O Ricardo falou: esse cara está louco”, lembra Marcelo…

Mesmo assim, em outubro de 2017 eles embarcaram para os Estados Unidos.

“Saímos de lá em choque. As 80 ou 100 pessoas presentes, todas fundadoras de empresas ou CEOs de tecnologia e logística, adoraram [o projeto]”

Se na ida para o congresso eles ainda estavam titubeando sobre montar ou não uma startup, no voo de volta o trio estava decidido sobre mergulhar fundo na ideia.

O ano era 2018. Ricardo e Celso continuaram tocando a consultoria, para garantir o sustento dos sócios. Enquanto isso, Marcelo ficou encarregado de dar os primeiros passos da Kangu.

QUANDO O SUCESSO DEPENDE DO FUNCIONAMENTO PERFEITO DE UM APP, É MELHOR NÃO CORRER RISCOS

Um especialista em tecnologia foi contratado para ajudar no desenvolvimento de um sistema intuitivo o bastante para que qualquer pessoa, em qualquer lugar, pudesse operar os serviços de logística da Kangu.

“Movimentamos muitos dados. No regime de economia compartilhada, o treinamento e a reciclagem de quem trabalha com o aplicativo precisa ser mais intuitivo, tudo deve funcionar redondinho”, reforça o CEO. “Imagine se o nosso app tiver um erro durante 15 minutos em 5 mil pontos em 3 países?”

O ajuste fino da tecnologia demandou quase um ano de testes. Nesse tempo, os empreendedores gastaram a sola dos sapatos visitando pessoalmente os pequenos comerciantes e enviando pacotes para si mesmos para entender como o fluxo funcionaria. Marcelo explica:

“Enquanto Kangu, a gente não quer que a papelaria deixe de ser papelaria e se torne um armazém. Queremos que ele continue sendo papelaria — e que, em parte do tempo, trabalhe para a gente e cuide do seu entorno”

O primeiro ponto ativo da rede da Kangu permitiu colocar o conceito à prova: uma papelaria do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, cujos donos, idosos, mal sabiam mexer em smartphones.

“Eles continuam ativos até hoje — e até dão pitacos e sugestões do que podemos melhorar”, afirma Marcelo, orgulhoso.

FOI PRECISO CONVENCER O MERCADO DE QUE NEGÓCIOS DE BAIRRO PODEM SER INCORPORADOS À CADEIA LOGÍSTICA

Veio, então, o segundo desafio: como provar para o mercado que comerciantes à frente de papelarias, padarias — enfim, pequenos negócios de bairro — estariam habilitados a realizar serviços de logística?

“Uma das coisas que mais ouvimos foi que uma papelaria iria perder pacotes”, diz Marcelo.

Aos poucos, essa desconfiança foi sendo demolida:

“A percepção de qualidade é grande. Não tem fila, o atendimento é personalizado… Há casos em que o dono do ponto é até amigo de quem vai entregar ou retirar um objeto. Existe uma relação de confiança de bairro que é diferente, tira um pouco o estresse de tudo”

Os empreendedores dedicaram um tempo testando o modelo, para garantir que essa rede estaria bem azeitada. Não foi um período fácil do ponto de vista financeiro: até ali, todo o investimento na Kangu tinha saído do bolso dos sócios.

“Estávamos quebrados…”, diz Marcelo. “Mas tínhamos certeza que o modelo poderia escalar muito rápido e fácil. Como o segmento não estava sendo atendido, sabíamos que na hora que acertássemos o canal de venda, iríamos explodir.”

COM O PRIMEIRO APORTE E A DEMANDA GERADA PELA PANDEMIA, A KANGU DEU UM SALTO DECISIVO

A espera valeu a pena. Lançada oficialmente no início de 2019, a Kangu fechou aquele ano com parcerias com as gigantes do e-commerce Dafiti e Mercado Livre, realizando 200 mil entregas por mês.

No começo de 2020, os sócios levantaram 6 milhões de reais com fundos de investimento. Além desse primeiro aporte, a pandemia (que chegou ao país em março daquele ano) impulsionou o setor de vendas online e turbinou de vez o negócio.

“Queremos ser a melhor solução quando é necessário ter capilaridade. E hoje talvez só os Correios tenham mais capilaridade que a gente, porque chegam a pontos remotos… Mas, dentro das cidades, temos mais capilaridade que os Correios”

O crescimento da operação da Kangu surpreendeu os próprios sócios. O número de funcionários contratados saltou de 20 para 380. Hoje, a rede de parceiros inclui quase 15 mil pessoas. Só em São Paulo são 600 pontos. comerciais engajados como prestadores de serviços logísticos da startup.

NA CONCORRÊNCIA COM OS CORREIOS, O PREÇO COMPETITIVO É UM DOS DIFERENCIAIS DA STARTUP

A Kangu atende três principais públicos: o Mercado Livre, que oferece a solução para seus vendedores, grandes varejistas e clientes que contratam a startup diretamente.

Os preços são atrativos, afirma Marcelo. O desconto pode ser um diferencial relevante para pequenos empresários que desejam se posicionar no mercado de e-commerce.

“Um dos maiores fatores de decisão em uma compra online é o frete. Não é à toa que no Brasil vemos estratégias muito fortes de frete grátis. Só que não é grátis: alguém está pagando. É por isso que é essencial que o custo do frete seja baixo. Quanto mais barato, mais fácil vai ser para o vendedor”

Na outra ponta, os comerciantes podem exercer serviços de postagem (receber e remeter as encomendas dos vendedores), entrega (feitas a pé ou no formato de retirada pelos compradores) e recebimento de devoluções de mercadoria.

Cada ponto escolhe o tipo e quantidade de serviços oferecidos — e recebem pagamentos por operação.

VENDER O NEGÓCIO NÃO ESTAVA NOS PLANOS. MAS AÍ VEIO A PROPOSTA DO MERCADO LIVRE…

Diante do crescimento exponencial, a Kangu se preparava para uma nova rodada de captação em 2021, para alavancar ainda mais o negócio.

Porém, antes que os empreendedores chegassem a captar o novo aporte, surgiu a proposta de aquisição do Mercado Livre.

“Não tínhamos a intenção de vender a empresa, não nesse período. Mas tivemos um crescimento absurdo, acabamos virando uma empresa de um porte muito maior do que o esperado… E sempre tivemos uma cultura muito parecida com a do Mercado Livre, um propósito de querer democratizar e olhar para o pequeno”

Os sócios Marcelo e Ricardo seguem à frente da startup, mas agora se reportando ao conselho do Mercado Livre em vez de um grupo de investidores. A Kangu continuará funcionando como uma empresa apartada da nova controladora, prestando serviços a parceiros externos e mantendo as estratégias de crescimento.

As metas de expansão, por sinal, não mudaram. O objetivo dos empreendedores? Encerrar o ano com 3 500 pontos no Brasil.

DRAFT CARD

Draft Card Logo

  • Projeto: Kangu
  • O que faz: Transforma pequenos comércios em pontos logísticos para e-commerce
  • Sócio(s): Marcelo Guarnieri, Ricardo Araújo, Celso Queiroz e Mercado Livre
  • Funcionários: 380
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 2019
  • Investimento inicial: R$ 6 milhões

Mercado Livre Inaugura 1º Centro de Distribuição Para Itens de Grande Porte

Mercado Livre acaba de anunciar a abertura do 1º centro de distribuição voltado para o armazenamento de produtos de grande porte. Agora, televisores acima de 50 polegadas e itens de linha branca como fogões, fornos, geladeira e máquinas de lavar serão mantidos em um local completamente novo.

Segundo a companhia, a inauguração do espaço logístico é o resultado do investimento de R$ 10 bilhões para as operações de negócio no Brasil em 2021. Veja os detalhes nos próximos tópicos..

Site Mercado Livre Foca em Reduzir Prazo de Entrega dos Produtos de Grande Porte

O novo centro de distribuição do Mercado Livre, que tem 800 mil m², está localizado na Grande São Paulo, em Franco da Rocha. Em média, 200 mil produtos devem ser armazenados no espaço e 300 vagas de emprego foram abertas.

O novo espaço representa os planos para agilizar a operação logística dos produtos de grande porte. Uma das iniciativas nesse sentido é reduzir o prazo de entrega de 3 a 10 dias para 1 dia, nas redondezas da capital paulista. E oferecer o agendamento do horário de recebimento desse tipo de mercadoria…

Para atingir esses objetivos, o Mercado Livre comprou itens de fabricantes, uma medida que não é tão comum nos produtos de ticket médio alto. De acordo com Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre, o consumidor terá uma outra experiência de compra:

Até agora, nosso cliente comprava o fogão ou a geladeira diretamente do fabricante, que tem uma logística voltada para as redes de lojas que os revendem. Agora, ele terá com os itens grandes a mesma experiência que encontra nos produtos pequenos e médios”, afirma o executivo.

Na prática, a varejista não costuma comprar produtos de fabricantes para evitar a imobilização de capital fora do segmento de tecnologia, que é o principal do Mercado Livre…

Assim, é seguro dizer que a exceção é algo bem estratégico, tendo em vista que a categoria de Eletrônicos e Eletrodomésticos está entre as tendências do Ecommerce para 2022, segundo a pesquisa recente Market Review feita pela Opinion Box.

Centro de Distribuição do Marketplace Conta com Tecnologia de Ponta

De acordo com Luiz Augusto Vergueiro, diretor de operações do Mercado Livre, o centro de distribuição terá desde prateleiras e empilhadeiras especiais a equipes treinadas no transporte e na montagem.

Apesar da inauguração acontecer em novembro, os investimentos no espaço logístico começaram a ser feitos em junho deste ano, como as compras de televisores e produtos de linha branca…

Isto é, projetos colocados em prática com antecedência para que os consumidores encontrem todos os produtos que precisam no Mercado Livre. Inclusive, itens que certamente farão parte dos descontos de até 70% concedidos durante a Black Friday 2021 no marketplace…

Em relação ao evento de ofertas, um estudo desenvolvido pela Neotrust aponta que 49% dos consumidores pensam em comprar eletroeletrônicos e 31%, eletrodomésticos. Ou seja, algo que faz total sentido com a ação do Mercado Livre em apostar em uma categoria que está em alta.

Sendo assim, a inauguração do espaço logístico representa a determinação da companhia mais valiosa da América Latina em alcançar números ainda mais expressivos durante a Black Friday

E, ao mesmo tempo, em ficar à frente de grandes varejistas como Magazine Luiza e Via, que são companhias consolidadas no que diz respeito à comercialização de eletrodomésticos e eletrônicos no país.

Fonte: https://ecommercedesucesso.com.br/mercado-livre-cd-itens-grande-porte/

Amazon abre 3 centros de estoque no país em 2 meses para entregas rápidas

A Amazon, gigante americana de comércio eletrônico, abriu três centros de distribuição no Brasil em dois meses (setembro e outubro). O investimento em logística é para tentar atender a pressa dos novos consumidores de produtos online. Eles querem receber as compras no mesmo dia. A Amazon promete entregas entre um e três dias. Atraso em entregas é uma das principais reclamações de consumidores contra a empresa.

O centro de distribuição mais recente é o de Itaitinga (CE), inaugurado no fim de outubro. É o 12º centro da Amazon no país. No início do mesmo mês, a empresa abriu um centro em Cabo de Santo Agostinho (PE), com 41 mil m² e que emprega 860 pessoas. Os dois centros logísticos ampliam a aposta da empresa no Nordeste.

Antes disso, a empresa havia inaugurado outro centro no início de setembro, em São João de Meriti (RJ).

No ano passado, foram inaugurados quatro centros de distribuição, um deles com mais de 100 mil metros quadrados. A empresa não abre os valores que foram investidos nos centros de distribuição.

Concorrentes também investem em distribuição

A Amazon fica atrás de concorrentes no Brasil com relação à logística. Outras empresas também têm investido em centros de distribuição.

O Magazine Luiza tem 185 centros de distribuição e pequenos pontos de estoque pelo Brasil com 2 milhões de metros quadrados. As Lojas Americanas têm planos de chegar a 28 centros até o final do ano.

O Mercado Livre não informou seus dados.

Entregas mais rápidas

O objetivo dos investimentos nos centros de distribuição é tornar as entregas no país cada vez mais rápidas, diz Ricardo Pagani, diretor de operações da Amazon no Brasil.

“Analisamos onde está o nosso cliente, para posicionar nossos centros e produtos mais próximos a eles e conseguir entregar em até dois dias”, diz Pagani.

Além de realizar as próprias entregas, a Amazon também investe em oferecer esse serviço para vendedores parceiros, o chamado marketplace. Ou seja, esses vendedores podem usar os centros de distribuição e a estrutura de entrega da Amazon por um pagamento.

A empresa não revela a porcentagem de vendas de terceiros que já são entregues a partir desse serviço.

A Amazon também não informa quantas vendas são entregues em até dois dias, mas diz que mais de 700 cidades contam com entrega Prime gratuita em dois dias.

A entrega grátis em um dia, sem valor mínimo de compra, está disponível só para assinantes Prime em cerca de 50 cidades. Em outras regiões, a entrega Prime gratuita demora a partir de três dias. Assinantes Prime têm direito a frete grátis para certos produtos, entregas mais rápidas e acesso a streaming de filmes e músicas, por R$ 9,90 mensais.

Entrega no porta-malas de carros

A Amazon busca outras soluções de entrega e logística, com inspiração vinda de outros países. “A Amazon já se expandiu muito pelo mundo. Vários países têm complexidades similares ao Brasil. A Índia, por exemplo, é um país mais complicado que o Brasil”, afirma Pagani.

Entre as ideias que podem ser aplicadas no Brasil, estão pontos de coleta e armários inteligentes, nos quais os consumidores podem recolher suas compras.

“Nos Estados Unidos e na Europa, deixam as compras até no porta-malas dos carros”, diz. O serviço de entregas no porta-malas funciona em alguns carros e em poucas cidades.

Consumidores com um carro conectado a um sistema e estacionado em lugar público e acessível podem receber suas encomendas diretamente no porta-malas.

“O bom é que não é preciso reinventar a roda, podemos trazer de forma eficiente essas soluções para o Brasil.”

Empregos

Hoje a Amazon emprega mais de 6.300 pessoas diretamente em sua área de Operações e espera gerar milhares de vagas temporárias para a época de Black Friday e Natal. Neste ano, foram abertas 2.400 vagas fixas na divisão de operações.

A gigante tem sofrido críticas em outros países pelas condições de trabalho nos depósitos e serviços de entrega. Em setembro, ela aumentou o salário inicial para US$ 18 por hora para contratar mais de 125 mil trabalhadores para atuar com depósito e transporte nos Estados Unidos.

No Brasil, Pagani diz que, desde o início da pandemia, a empresa realizou 150 mudanças nas operações para melhorar as condições dos profissionais, como higienização dos centros de distribuição e horários de trabalho flexíveis para os funcionários do escritório.

Consumidor quer receber no mesmo dia

“O mercado brasileiro de comércio eletrônico mudou muito nos últimos dois, três anos. Primeiro pelo crescimento acelerado na pandemia, mas principalmente porque o consumidor mudou, passou a ter consciência de produtos, marcas e canais disponíveis”, diz Marcos Gouvêa de Souza, especialista em varejo e diretor-geral e fundador da consultoria GS&Gouvêa de Souza.

De acordo com ele, o consumidor aprendeu a comprar pela internet e ficou bem mais exigente com o nível de serviço oferecido pelas empresas.

“Antes da pandemia, o consumidor ficava feliz se entregassem o produto. Hoje já escolhe onde comprar ao buscar plataformas que entregam no mesmo dia. Isso já é um fator crítico”, afirma.

De acordo com Gouvêa de Souza, a Amazon estava atrasada na logística em relação a suas concorrentes locais. “Agora, ela está de fato acelerando para poder se equiparar com o nível de serviço oferecido pelas líderes locais.”

Embora o mercado de comércio eletrônico ainda esteja concentrado nas regiões Sul e Sudeste, outros centros começam a crescer e a chamar a atenção das plataformas de comércio.

É o caso do Nordeste e do Centro-Oeste. “A chegada de concorrentes em uma região melhora o nível de serviço oferecido e levanta as expectativas do consumidor”, diz o especialista.

Principais reclamações

A Amazon tem nota de 7,89 no site Reclame Aqui, maior que de concorrentes como o Mercado Livre (6,09) e Magazine Luiza (7,70).

A empresa norte-americana sofreu 35,6 mil reclamações nos últimos seis meses, enquanto o Mercado Livre teve 57,7 mil e o Magazine, 58,5 mil.

Os principais problemas relatados pelos consumidores da Amazon no Reclame Aqui são de produto não recebido, atraso na entrega e estorno do valor pago.

Para o Mercado Livre, as maiores queixas são estorno do valor pago, atraso na entrega e propaganda enganosa, enquanto no Magazine Luiza as reclamações são de atraso na entrega, produto não recebido e estorno do valor pago.

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2021/11/18/para-entregar-mais-rapido-amazon-chega-a-11-centros-logisticos-no-brasil.htm#:~:text=Amazon%20abre%203%20centros%20de,2%20meses%20para%20entregas%20r%C3%A1pidas&text=A%20Amazon%2C%20gigante%20americana%20de,novos%20consumidores%20de%20produtos%20online.

Everlog figura na quinta posição no TOP 10 Ranking Logtechs

 Empresa acaba de receber um aporte multifundos da ordem de R$ 1,5 milhão

A Everlog, empresa de gestão logística que atua junto a clientes da indústria, varejo e e-commerce, conquistou pelo segundo ano seguido sua presença no ranking 100 Open Startups, plataforma internacional que destaca as empresas novatas que melhor atuam com acordos corporativos. A companhia ocupou a quinta posição no TOP 10 Ranking Logtechs.

Para o CEO da Everlog, Rodrigo Fávero, o reconhecimento é fruto da velocidade das mudanças tecnológicas, que levou a companhia a acelerar acordos e fazer investimentos imediatos em busca de inovação e tecnologia. “Nosso objetivo sempre foi resolver questões relacionadas ao aumento de eficiência operacional e que possibilitam o desenvolvimento de novos produtos e serviços.”

Recentemente, a empresa recebeu um aporte multifundos da ordem de R$ 1,5 milhão, liderado pela Cedro Capital e com a participação da Angels e da Artesian. Os recursos já começaram a ser aplicados na criação de uma plataforma de compra de fretes que disponibiliza, aos embarcadores, acesso direto aos transportadores e aos principais aplicativos de carga do mercado, sempre com foco no desenvolvimento de soluções inovadoras e projetando o olhar para a logística 4.0, tais como blockchain e inteligência artificial.

Agora, devido à sua rápida expansão, a Everlog informa que viu seu faturamento aumentar 30% ano passado, em relação a 2019 e está contratando profissionais de tecnologia da informação (TI) e tem a expectativa de dobrar de tamanho nos próximos meses, alcançando R$ 1,2 milhão.

A CargoBR estima entregar mais de 200 mil pedidos por dia durante o período de Black Friday e Natal

Com aumento de compras online, empresa espera contar com mais mão-de-obra para entregas.

A CargoBR, empresa de tecnologia voltada para o setor logístico, anunciou nesta quarta-feira que está abrindo mais de 15 mil vagas para motoristas trabalharem para a empresa no fim de ano. A empresa funciona como um marketplace de cotação de fretes. Para encontrar a transportadora ideal para cada carga, é necessário apenas acessar o site da empresa, escolher a transportadora desejada, informar o endereço e rastrear a mercadoria. E, é claro, o fim de ano deve trazer um boom de demandas: ao todo, a companhia espera entregar mais de 200 mil pedidos por dia durante o período que vai da Black Friday ao Natal.

“Queremos garantir, aos nossos clientes, qualidade no atendimento e agilidade na entrega. Por isso, estamos investindo na parceria com os motoristas, pois sem eles, não iremos conseguir dar conta do recado”, afirma Felipe Itoyama, diretor de operações, em comunicado.

As novas vagas devem abrir num esquema similar ao que motoristas utilizam em aplicativos como Uber.  Para se cadastrar, basta baixar o aplicativo “CargoBR Driver”. Além disso, devem ter veículo particular, utilitário, de passeio e ter toda a documentação em dia, inclusive a CNH. Após o cadastro, a CARGOBR faz a avaliação dos documentos e aqueles que estiverem regulares recebem as demandas, previamente roteirizadas, direto no aplicativo. Uma vez com o cadastro aprovado, os motoristas receberão os locais e datas para o transporte de entregas.

As oportunidades para os entregadores agregados estão nas regiões metropolitanas de São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Belo Horizonte/MG, Florianópolis/SC e Vitória/ES.

De forma geral, a CargoBR oferece soluções para o envio de pequenos volumes até operações dedicadas de alta complexidade, em três linhas de negócio principais: a CargoBR Digital — essa para a qual os motoristas estão sendo recrutados –, a CargoBR Enterprise, que atende clientes que precisam de coleta recorrente em centros de distribuição, e a CargoBR+, que atende e-commerces, marketplaces e varejo que precisam de uma operação totalmente dedicada. De acordo com declarações da empresa à mídia em junho, a frota atual de carros atrelada à companhia é de 4 mil veículos, que operam em 12 estados.