Estudo apresenta tendências e oportunidades para o e-commerce na América Latina

Um estudo produzido pela Latitud traz diversos insights sobre as tendências que o e-commerce passará, no curto e no longo prazo, na América Latina. Entre os tópicos, a empresa destaca a característica de população majoritariamente jovem (ou de hábitos jovens), com o uso cada vez maior dos smartphones para as compras online. Neste podcast, inclusive, executivos da Nuvei falam no Entre Amigos, do E-Commerce Brasil como a região é promissora no comércio eletrônico.

Na América Latina, o e-commerce já soma um mercado de cerca de US$ 100 bilhões. Entretanto, o levantamento mostra que esse valor deverá aumentar consideravelmente nos próximos anos. Na pandemia, por exemplo, a taxa de penetração do e-commerce foi acelerada em quase três anos na região. De 4,9% de crescimento em 2019, a evolução quase dobrou, para 9%, em 2020, e chegou a 10,8% em 2021. As projeções são de avanço para 11,7% em 2022 e 13,6% em 2025.

Espaço de sobra para o e-commerce crescer na América Latina
Por conta das barreiras sanitárias impostas pela pandemia, mais de 10 milhões de pessoas realizaram sua primeira compra no e-commerce. Ainda assim, o estudo mostra que ainda existe muito espaço para crescimento do e-commerce na região. A taxa de penetração de 10,8% em 2021, por exemplo, é quase a metade dos 20,8% dos Estados Unidos e 27,7% da China — o que demonstra ainda existir importante espaço para crescimento na região.

Vale reforçar que, na América Latina, o Brasil lidera o ranking com 128 milhões de compradores digitais no país. Na sequência, destaque para o México, com 60 milhões, e Argentina, com 25 milhões.

Tendências, oportunidades e desafios para o e-commerce
Outro ponto importante do estudo está em relação às principais tendências para o presente e o curto prazo no e-commerce da América Latina. Entre os principais, a empresa destacou:

*mobile-first;

*digitalização de pagamentos;

*aceleração do comércio eletrônico transfronteiriço;

*crescimento de produtos digitais;

*surgimento do comércio social e da lealdade como moeda.

Outro dado interessante do estudo: existe um uso cada vez mais acentuado de smartphones para todo tipo de tarefa, inclusive as compras cotidianas. Não por acaso, os aplicativos de compras estavam entre os aplicativos móveis mais baixados em 2021, com 59% dos downloads, contra 39% em 2018.

E-commerce na América Latina deve chegar a US$ 200 bi em 2025
Outra tendência para o comércio eletrônico nos próximos anos está no crescimento da aquisição de produtos e serviços digitais. Por consequência da pandemia houve um aumento significativo da compra de produtos digitais como streaming, e-books, videogames, e-learning e outros. Só a indústria de jogos cresceu mais de 30% em 2020. Além disso, o estudo afirma que produtores de bens digitais estão criando novos fluxos de receita, como por exemplo incorporando compras em jogos para receita recorrente.

O mercado de e-commerce na América Latina deve chegar a US$ 200 bilhões em 2025. Além disso, a pandemia levou ao investimento em novos modelos de negócio no e-commerce, como social commerce e agregadores que fornecem curadoria em seus marketplaces. Ambos os modelos se beneficiam de efeitos de rede, ou network effects. Existe ainda um interesse maior em provedores logísticos que levem o meio ambiente em consideração.

Desafios para o e-commerce na América Latina
Apesar das diversas tendências, o estudo ressalta que a América Latina é um mercado desafiador que exige planejamento inteligente e parceiros experientes. Entre os desafios a enfrentar, em termos de crescimento exponencial do e-commerce, estão:

*o ambiente regulatório diversificado e fluido;

*as implicações tributárias complexas;

*a combinação de preferências de pagamento do consumidor.

Uma outra ressalva do estudo é em relação à logística. Para os empreendedores do e-commerce, o documento adverte que “os operadores tradicionais de logística e entrega são caros e pouco confiáveis”. Isso porque os dados mostram que ainda há problemas com atrasos nas entregas, baixo índice de confiabilidade, atrasos alfandegários transfronteiriços e, por fim, corrupção. O estudo completo pode ser baixado neste link.

Faturamento da Cyber Monday cai 12%, aponta pesquisa

NielsenIQ avalia que compras foram diluídas por todo o mês de novembro devido à estratégia dos vendedores de disseminar ofertas e dos compradores, de monitorar preços.
O faturamento bruto do comércio online brasileiro caiu 12% na Cyber Monday (28), data em que as empresas costumam fazer uma ‘queima’ do estoque restante da Black Friday, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Os dados são de uma pesquisa da NielsenIQ|Ebit, empresa de análise de vendas virtuais, em parceria com a Bex Pays. No acumulado de novembro até a última segunda-feira, o desempenho do faturamento ficou 6% abaixo do ano passado.

Se o balanço não foi tão animador, alguns setores mostraram altas. O grupo de Alimentos e bebidas registrou aumento de 20,4% nos pedidos, impulsionado pelo salto de 606,1% das bebidas não alcoólicas e 399,3% de cestas básicas.

O monitoramento da NielsenIQ|Ebit também mostra que as lojas digitais perderam 23% do faturamento bruto em relação a 2021 na Black Friday, sexta-feira destinada a promoções e descontos. As principais quedas vieram do grupo de Eletrônicos (26,7%) e Alimentos e bebidas (22,1%).

O head de e-commerce da NielsenIQ, Marcelo Osanai, avalia que as compras ficaram diluídas durante todo o mês de novembro, que ganhou mais importância do que as datas em si.

Segundo ele, o resultado foi provocado tanto pela estratégia das lojas em disseminar as oportunidades em vários dias quanto dos compradores, de atenção às promoções e variações de preços.

“Foi um ano de mudanças no comportamento dos shoppers. O e-commerce competiu de maneira mais decisiva com as lojas físicas, já que o isolamento promovido por conta da pandemia reduziu a quase zero e as pessoas voltaram a circular. O ambiente macroeconômico também está mais desafiador e isso impactou o bolso do brasileiro, assim como as vendas das lojas”, afirmou Osanai.

Esse movimento de antecipação das compras foi observado no chamado ‘esquenta’ da Black Friday. Nos sete dias anteriores à data, houve crescimento de 8% nas vendas do comércio online.

Já nos primeiros 25 dias de novembro, ou seja até a Black Friday, o segmento de Games teve aumento de 27,8% no faturamento bruto em comparação com o mesmo período do ano passado. Em seguida aparecem os grupos de Eletrônicos, com 9%, e Casa e decoração, com 9%.

No caso do segmento de Alimentos e Bebidas, houve alta de 13,8% nos pedidos, devido à mudança de hábitos dos brasileiros de comprar esse tipo de produto virtualmente, mas com queda de 3,3% no faturamento.

Varejo digital tem sua pior Black Friday, com vendas caindo 28%

A partir desta semana as estratégias comerciais se voltam para os próximos 20 dias, para tentar retomar crescimento e buscar melhores margens nas ações de Natal.

O varejo on-line teve a pior Black Friday da sua história neste ano, com recuo em número de pedidos e no valor gasto por compra. Houve queda de 28% nas vendas na sexta-feira sobre 2021, para R$ 3,1 bilhões, em cima de uma base fraca de comparação, já que o ano passado havia registrado o menor crescimento na data, até então.

A partir desta semana as estratégias comerciais se voltam para os próximos 20 dias, para tentar retomar crescimento e buscar melhores margens nas ações de Natal.
O recuo na sexta-feira, data principal do evento, equivale a R$ 1,2 bilhão a menos em vendas do que o ano anterior, segundo monitoramento fechado no sábado pela Confi Neotrust, empresa de dados com foco no digital, em parceria com a ClearSale, voltada para prevenção a riscos. Há o efeito da recente deterioração do poder de compra, mas também do baixo nível de confiança na economia em 2023.

Além do ambiente econômico difícil no ano, há o risco de um início de 2023 ainda com alto grau de incerteza política e sem melhora na renda no curto prazo, após a troca de governo, levando o consumidor a segurar os gastos, dizem especialistas. A NielsenIQ|Ebit apurou queda de 23% na sexta-feira.

Black Friday tem 1ª queda nas vendas da história; começa a ‘xepa’

Importada dos Estados Unidos desde 2010, com a proposta de aquecer o comércio um mês antes do Natal, a Black Friday observou no Brasil, em 2022, a primeira queda nas vendas da sua história. O recuo se deu nas vendas online, meio no qual pelo menos 90% dos consumidores pretendiam fazer as suas compras este ano, segundo pesquisa do site brasileiro de reclamações Reclame Aqui.

Duas grandes pesquisas do varejo eletrônico -Ebit|Nielsen e ClearSale/Neotrust- apontaram, ano após ano, números superlativos em vendas na Black Friday (sempre em valores nominais, sem descontar a inflação). Para se ter uma ideia, as vendas começaram em R$ 3 milhões em 2010 e avançaram para R$ 100 milhões em 2011, segundo a ClearSale. Em 2015, atingiram R$ 1,57 bilhão.

O especialista em varejo Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail, lembra que a Black Friday original, americana, realizada após o Dia de Ação de Graças, principal data em que os americanos trocam presentes, nasceu para liquidar os estoques da data. “Seria o nosso 26 de dezembro”, disse à reportagem.

Já a Cyber Monday nasceu para que os sites liquidassem seus produtos, no embalo da data. “Os brasileiros pegaram a ideia da Cyber Monday e começaram as vendas aqui no comércio eletrônico. Mas a data só explodiu quando grandes varejistas -Carrefour, Pão de Açúcar, Magazine Luiza, Casas Bahia- aderiram.”

Em 2019, de acordo com a Ebit|Nielsen, as vendas chegaram a R$ 3,2 bilhões, considerando a quinta e a sexta-feira.

Mas foi no primeiro ano da pandemia, em 2020, que os números deslancharam: vendas de R$ 6 bilhões na semana do “esquenta Black Friday”, de 19 a 27 de novembro. Considerando a “xepa” da data, no sábado e domingo, mais R$ 1,5 bilhão, informou a Ebit|Nielsen. Só na sexta registrou vendas em torno de R$ 3,1 bilhões.

Em 2021, diz a Clearsale/Neotrust, as vendas na sexta-feira atingiram R$ 4,3 bilhões e, neste ano, caíram 28%, para R$ 3,1 bilhões, enquanto o número de pedidos recuou 24%, para 4,5 milhões. É a primeira queda no faturamento desde que a data começou a ser promovida no Brasil.

Os varejistas estavam preocupados com uma Black Friday paralela a uma Copa do Mundo: o evento esportivo teve início no dia 20 de novembro. O Brasil jogou na última quinta-feira (25), véspera da Black Friday, quando as vendas já começam a ser expressivas.

“Mas o que vimos foi o consumidor com atenção voltada ao jogo da seleção”, disse à reportagem o presidente do Reclame Aqui. “O jogo do Brasil fez o acesso ao site cair 80% durante a partida. Ao final, o fluxo voltou 20% inferior”, disse.

Na quinta-feira, moda e cosméticos estiveram em alta na procura, sexta-feira apresentou itens de maior valor agregado, como smartphones e TVs, mas no fim do dia mercearia voltou a ser o destaque (como foi na Black Friday de 2021), diz Neves.

Uma esperança era que, no último sábado e domingo (26 e 27), os números se mostrassem mais animadores. De acordo com pesquisa do Reclame Aqui com 13,7 mil usuários, cerca de 20% pretendiam fazer suas compras depois das 18h da sexta-feira, pegando a “xepa” da Black Friday.

No último sábado (26), no entanto, segundo dados da Clearsale/Neotrust, as vendas atingiram R$ 1,2 bilhão, com 2,2 milhões de pedidos -quedas de 4,4% e 4,3%, respectivamente, em relação ao ano passado.

De acordo com a ClearSale/Neotrust, considerando o mês de novembro até a sexta, 25, o recuo foi menor em relação à data da Black Friday. “O faturamento total do e-commerce, de 1º de novembro até o dia 26, às 23h59, fechou com R$ 17,7 bilhões, algo cerca de 8% menor que 2021. Já a quantidade de pedidos chegou próximo a 35,8 milhões, cerca de 7% a menos”, informou a empresa, em nota, sugerindo que houve uma diluição das vendas ao longo do mês.

É claro que não foi só a Copa que atrapalhou os planos do varejo online -embora tenha ajudado a vender camisetas da seleção, tênis, TVs, smartphones e fritadeiras elétricas.

O consumidor está com menos crédito disponível e o varejo não apostou em promoções atraentes. “As vendas online arrefeceram neste ano porque as empresas estão muito menos agressivas em políticas de frete, desconto e parcelamento. Não estão buscando venda a qualquer preço”, diz Serrentino.

Tentativas de fraude superam os R$ 50 milhões De acordo com a ClearSale, entre quinta-feira e sábado, a empresa evitou R$ 51,7 milhões em tentativas de fraude, o que representa cerca de 40 mil pedidos fraudulentos. A empresa é especializada em inteligência de dados voltada à prevenção de riscos.

O total superou a previsão inicial da companhia, de fraudes em até R$ 50 milhões. “É um aviso importante aos lojistas, pois os novos meios de pagamentos abrem margem para novos tipos de fraudes. O crescimento do Pix e de outros métodos de pagamentos podem ter impulsionado esse número”, diz o líder em estratégia de mercado da ClearSale, Marcelo Queiroz, em nota.

Em relação aos meios de pagamentos durante a sexta-feira de Black Friday, os mais utilizados no e-commerce foram: cartão de crédito (54,2%), seguido e-wallet, cashback e débito (16,3%). Já o Pix somou 15,7%, enquanto o boleto ficou com 13,8%.

Cinco em cada dez brasileiros ainda não foram às compras, aponta Ipsos

Mesmo com as ofertas antecipadas da Black Friday, cerca de 55% dos brasileiros ainda não compraram presentes de Natal. O Brasil é o quinto colocado em um ranking feito pela Ipsos, e obtido com exclusividade pelo Valor, que mostra quais nacionalidades têm deixado para fazer compras mais perto das festas de fim de ano.

O levantamento é liderado pelo Chile, com 74% dos entrevistados postergando as compras, enquanto na lanterninha aparece o Reino Unido, onde somente 38% ainda não adquiriram lembrancinhas. A média global é de 56%.

Segundo a Ipsos, os números do Brasil indicam que muitos consumidores estavam aguardando as promoções de hoje da Black Friday. Mas também revelam o hábito dos brasileiros e como estão as suas finanças.

Isso porque, com inflação alta e juros maiores, 56% dos brasileiros disseram que o aumento dos custos vai afetar suas compras de fim de ano de forma significativa – mesmo com o pagamento do 13º salário. Já 59% das pessoas afirmaram que vão procurar os melhores preços, ofertas e cupons.

A pesquisa ‘Christmas Wave’ foi realizada pela Ipsos entre os dias 10 e 15 de novembro de 2022 em 12 países: Alemanha, Austrália, Brasil, Chile, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, Itália, Reino Unido, Romênia e Singapura. No Brasil, foram 800 participantes, e a margem de erro no país é de 3,5 pontos percentuais.

Lista de compras
No Brasil, 57% dos entrevistados responderam que já compraram ou pretendem comprar itens de moda e vestuário para as festas de fim de ano. O percentual é o maior entre os 12 países participantes da pesquisa. Na sequência, as opções mais votadas por aqui foram artigos de beleza e brinquedos (ambos com 41%), eletrônicos (36%) e artigos para o lar (33%). Os artigos esportivos, com apenas 14%, foi a opção menos lembrada.

Lojas físicas e on-line
Chile e Brasil são os países em que os participantes mais preferem comprar roupas e acessórios em lojas físicas. 77% e 76%, respectivamente. Já no Reino Unido o cenário se inverte: 73% dos entrevistados preferem comprar roupas e assessórios de forma on-line.

Quando o assunto são os livros, porém, o povo brasileiro é adepto da tecnologia. 87% das pessoas preferem comprar livros pela internet. O país é o primeiro colocado do ranking entre os países pesquisados. Já na Austrália, 62% da população prefere comprar os livros em lojas físicas.

Black Friday 2022: Volume de produtos movimentados já é 15% maior do que no ano passado

As 350 milhões de encomendas movimentadas representam 4,9 milhões pedidos, segundo levantamento da Senior Sistemas.

Muitos brasileiros não esperaram a sexta-feira que dá nome ao período de promoções Black Friday para ir às compras. Segundo um levantamento da Senior Sistemas, mais de 350 milhões de produtos já foram movimentados entre segunda e quarta-feira durante esta semana de descontos. Esse total representa um aumento de 15% em relação ao mesmo intervalo de 2021.

Presente na gestão logística das empresas, a companhia enxerga hoje a Black Friday como uma das datas mais importantes para os varejistas.

Entusiasmo com Black Friday diminuiu 43% no Brasil em três anos, mostra pesquisa da plataforma de e-commerce Picodi

Levantamento da plataforma de e-commerce Picodi ainda mostra que o valor no carrinho brasileiro fica em torno de R$ 626, com descontos de, em média, 31%.No mundo, a porcentagem da queda do entusiasmo é a mesma registrada no Brasil, de 43%.
Com base em dados de busca do Google Trends, o levantamento mostra que o Brasil está entre os principais países cujo interesse por descontos na data comercial diminuiu significativamente desde 2019. A maior queda foi registrada na Turquia, com 81%, seguida por Nigéria (67%), Colômbia (63%), Rússia (58%) e Polônia (54%).

“Isto está muito provavelmente relacionado não somente à pandemia e à instabilidade financeira, mas também ao uso excessivo dos nomes ‘Black Friday’ e ‘Black Week’ para vendas que não as do final de novembro”, explica a pesquisa.

Há países, por outro lado, que registraram aumento de buscas por descontos da Black Friday, como Chile (33%), Japão (22%) e Finlândia (1%).

Padrão de consumo no Brasil
Embora o interesse tenha diminuído, a Black Friday continua sendo um dos períodos mais importantes para o comércio brasileiro. Na última sexta-feira do mês de novembro do ano passado, dia 26, o número de vendas foi 385% maior em comparação a um dia normal. No mundo, a cifra foi de 320%.

Quando a data comercial bate à porta, as categorias de produtos mais populares entre os brasileiros são móveis, eletrônicos e eletrodomésticos, vestuário e cosméticos, nesta ordem.

A pesquisa ainda mostra que o valor no carrinho brasileiro fica em torno de R$ 626, com descontos de, em média, 31%. Em geral, o potencial de economia é de R$ 283.

E-commerce pesa na balança com US$ 10 bi de importação por ano

Compras diretas de consumidores no exterior dobra em 9 meses sobre igual período de 2021.

Reflexo dos novos hábitos de consumo do brasileiro, as importações de pequeno valor, que incluem as encomendas internacionais que chegam via e-commerce, somaram US$ 8,49 bilhões até setembro deste ano, mais que o dobro dos US$ 3,92 bilhões em igual período do ano passado.

Em 12 meses, o valor dessas compras menores, contabilizadas pelo Banco Central (BC), chega a US$ 10,24 bilhões. Também com avanço, mas com valores absolutos mais baixos, as exportações de pequeno valor registradas pelo BC atingiram US$ 2,89 bilhões no acumulado de janeiro até setembro deste ano, quase o dobro do US$ 1,53 bilhão de iguais meses de 2021.

Ao lado das compras externas de criptoativos, as importações de pequeno valor devem, apontam economistas, fazer diferença maior este ano no ajuste que o Banco Central faz a partir dos valores de exportação e importação de bens apurados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex/ME). O resultado desse ajuste é o saldo de balança comercial a ser considerado para o balanço de pagamentos.

Desde 2018 esse ajuste do BC tem sido de déficit, com redução portanto, dos saldos apurados pela Secex. Mesmo com o avanço das importações de criptomoedas e de encomendas de pequeno valor, porém, dizem economistas, o saldo da balança comercial deste ano após ajuste do BC ainda deverá ser robusto.

O BC considera como importações ou exportações de pequeno valor a comercialização de bens via facilitadoras de pagamentos, incluindo encomendas internacionais que chegam e saem do país pelos Correios ou por courier. Os valores para registro no balanço de pagamentos do BC é feito com base em informações de contratos de câmbio. Pelos Correios, a importação comum por pessoa física é limitada a US$ 3 mil por operação.

Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, projeta para 2022 superávit comercial entre US$ 50 bilhões e US$ 55 bilhões, pelo critério do BC. Ela lembra que até o ano passado, o impacto maior nesse ajuste feito pela autoridade monetária vinha das operações relacionadas ao Repetro, regime aduaneiro destinado para compra e venda de equipamentos para exportação de petróleo. Em 2021, as importações do Repetro registradas pelo Banco Central somaram US$ 15,06 bilhões de janeiro a setembro. Neste ano, também até setembro, foi US$ 1,8 bilhão de importações do Repetro.

Em 2022, destaca Rafaela, essa conciliação feita pelo Banco Central passou a ficar sob maior influência dos criptoativos e importações e exportações de pequeno valor, numa tendência que deve se manter não somente até o fim do ano como também para os próximos períodos.

As importações de pequeno valor, avalia a economista, refletem uma mudança de hábito do consumidor, que após a pandemia ficou mais à vontade para o varejo on-line com plataformas internacionais que, por meio da tecnologia, deram mais acesso a fornecedores de fora. “É como uma pequena abertura comercial ao consumidor brasileiro”, avalia, que aderiu a essas compras internacionais mesmo com câmbio não tão favorável, após desvalorização de cerca de 30% do real em relação ao dólar nos últimos dois anos.
“O Repetro vai ficando menos relevante enquanto novos temas estão surgindo [no ajuste da balança do BC]”, diz o economista Livio Ribeiro, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e sócio da consultoria BRCG. “Há uma tendência consolidada de maior importância dos criptoativos e das importações e exportações de pequeno valor que fica progressivamente mais clara.”

As projeções de Ribeiro são de superávit comercial em 2022, pelo critério Secex, de US$ 57 bilhões. O ajuste do BC, estima, deve ficar em torno de um déficit de US$ 17 bilhões, levando a um superávit comercial pela autoridade monetária de cerca de US$ 40 bilhões. Nesse ajuste, a tendência das criptomoedas e das operações de pequeno valor veio para ficar, diz, numa mudança estrutural para a conta de conciliação feita habitualmente pelo Banco Central. “Ficou para trás o período em que o ajuste do BC se limitava a US$ 2 bilhões ou US$ 3 bilhões.”

Ribeiro lembra que a importação de criptoativos tende a pesar na conciliação do BC porque a exportação desses valores é praticamente nula. Pelos dados oficiais, a exportação de criptomoedas somou apenas US$ 113 milhões em 12 meses encerrados até setembro enquanto as importações desses ativos atingiu US$ 6,97 bilhões pelo mesmo critério.

Já as importações de pequeno valor, explica Ribeiro, têm como contrapartida valores de exportações na mesma categoria que, embora menores, são suficientes para diluir o efeito dessas compras externas no ajuste do BC.
Pelos dados do Banco Central, em 12 meses até setembro o ajuste na balança comercial é de déficit de US$ 16,04 bilhões, sendo total de US$ 13,5 bilhões de saldo negativo correspondente ao efeito líquido – exportações menos importações – dos criptoativos (US$ 6,86 bilhões) e das transações comerciais internacionais de pequeno valor (US$ 6,64 bilhões).

A evolução das criptomoedas e das importações de pequeno valor tem levado a constantes revisões da projeção para o saldo da balança do BC, diz Silvio Campos Neto, da Tendências consultoria. Ele ressalta que os dois novos fenômenos, porém, estão em consonância com fatores econômicos e são menos aleatórios que as operações do Repetro, mais ligadas a ajustes de contabilização após uma mudança no incentivo fiscal.

A Tendência projeta superávit comercial para 2022 de US$ 58 bilhões pelo critério Secex, com saldo positivo de US$ 40,2 bilhões pelo critério do Banco Central.

Comércio eletrônico brasileiro perde mais de R$ 1 bilhão por problemas com pagamentos

Quase a metade dos consumidores online (47%) no Brasil relataram desistir de uma compra online durante o primeiro semestre deste ano devido a problemas com o processo de pagamento do comércio eletrônico, de acordo com uma nova pesquisa publicada pela fintech Zimpler.

A pesquisa da Zimpler mostrou que 78% das compras abandonadas devido a problemas de pagamento eram de valores menores, abaixo de R$ 300. As compras acima de R$ 1.000 representaram apenas cerca de 5% do total da amostra, mas foram responsáveis por mais de 20% das perdas totais.

“Nosso estudo mostra que o custo de transações online frustradas foi de pelo menos R$ 1,3 bilhão – e potencialmente muito mais alto”, diz Johan Strand, CEO da Zimpler.

Segundo dados da Nielsen IBit, a receita total do comércio eletrônico no Brasil atingiu R$118 bilhões nos primeiros seis meses deste ano, o que significa que as transações online abandonadas representaram 1,1% das vendas totais. No entanto, o custo real para os varejistas provavelmente será maior, já que os consumidores têm menos probabilidades de voltar aos sites de comércio eletrônico após uma má experiência.

“Qualquer fricção nos sistemas de pagamentos online não só aumenta os custos dos varejistas de comércio eletrônico, mas também reduz as receitas”, acrescentou Strand.

Os dados da Nielsen IBit mostram que 6,2 milhões de brasileiros fizeram compras online nos primeiros seis meses de 2022.
O valor total das compras online continua aumentando, passando de R$ 76,2 bilhões no primeiro semestre de 2021, porém, na realidade, o número de brasileiros que compraram produtos ou serviços on-line caiu no primeiro semestre deste ano, abaixo dos 7,3 milhões de consumidores on-line no primeiro semestre de 2021.

“A contração na base de consumidores do comércio eletrônico, à medida que a pandemia diminui, sublinha a necessidade de que os varejistas se concentrem na experiência do usuário – qualquer transação fracassada não apenas representa a perda de receita daquele incidente individual, mas também põe em risco a capacidade da empresa de desenvolver relações comerciais duradouras com seus clientes online”, diz Raoul Mehta, general manager da Zimpler na América Latina.

Covid derruba gastos do consumidor chinês

O distrito mais populoso de Pequim pediu aos moradores que ficassem em casa, diante da alta de casos de covid-19.

Os gastos do consumidor chinês entraram em colapso com duas campanhas recentes no país: uma contra o aumento dos preços dos imóveis e outra para conter os surtos de covid-19. A queda disparou um alarme para empresas em todo o mundo, que concentraram suas esperanças em um consumidor chinês gastando mais.

As vendas do varejo caíram no mês passado, contrariando as expectativas, e deverão continuar em queda, num momento em que as autoridades chinesas lançam lockdowns a fim de conter surtos mais recentes de covid-19 e diante das medidas de afrouxamento, que têm tido pouco efeito em reverter a crise do mercado imobiliário.
A Alibaba, gigante do comércio on-line, divulgou na semana passada um prejuízo líquido inesperado, poucos dias após contrariar precedentes ao não divulgar números das vendas para a grande temporada de compras de 11 de novembro, o Dia dos Solteiros.
O conglomerado francês de produtos de luxo LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton disse que sua subsidiária chinesa permaneceu estagnada no último trimestre, apesar de ter registrado um crescimento de 19% nas vendas globais.

O distrito mais populoso de Pequim pediu aos moradores que ficassem em casa hoje, diante da alta de casos de covid-19. Nacionalmente, o número de novos casos se manteve estável no domingo, enquanto a China enfrenta surtos em cidades como Zhengzhou, Guangzhou e Chongqing.
A capital chinesa registrou 621 novas infecções no sábado, acima das 515 do dia anterior. Na tarde de ontem havia registrado outras 516 novos casos.