Dia dos Namorados deve movimentar R$ 1,8 bilhão no varejo, diz CNC

Expectativa é que o segmento de vestuário, calçados e acessórios, considerado o carro-chefe da data, movimente quase R$ 800 milhões, o equivalente a 44% do faturamento total.

As vendas do comércio varejista brasileiro no Dia dos Namorados deste ano devem chegar a R$ 1,8 bilhão. Se confirmada, a previsão da Confederação Nacional do Comércio (CNC) vai representar um crescimento de quase 30% em relação a mesma data do ano passado. Um dos principais fatores é a alta do movimento nas lojas ocasionada pela flexibilização nas medidas restritivas. Segundo o economista chefe da CNC, Fabio Bentes, o desempenho é positivo, mas ainda não recupera a queda histórica causada pela pandemia. “A expectativa é de R$ 1,80 bilhão, bem mais do que no ano passado, quando o varejo faturou menos de R$ 1 bilhão. De qualquer forma, esse processo de recuperação é um processo lento mesmo, mas há começou há alguns meses”, relata. De acordo com a Spot Metrics, nos momentos em que o isolamento social foi afrouxado nos últimos 12 meses, houve elevação do consumo. Segundo o CEO da plataforma, Raphael Carvalho, o período de funcionamento do comércio contribui mais que a ocupação máxima permitida nos locais. “Principalmente com mais de oito horas, por isso justifica um turno inteiro de lojas abertas. Isso foi importante para acelerar o consumo. A gente viu isso no final do ano passado, quando tivemos um período menos crítico, e vimos isso no Dia das Mães agora também. Muito embora esse relaxamento que a gente percebeu se deu muito perto do Dia das Mães, então  muitos shoppings não tiveram tempo hábil para se preparar”, pontuou.

No varejo, áreas de Novos Negócios e TI caminham lado a lado

Pandemia evidenciou necessidade de integração em favor do negócio.

Você está pronto para falar com a sua geladeira? A provocação, feita pelo especialista em Novos Negócios do Grupo Bittencourt, João Brito, não está no presente do indicativo por acaso. Se ainda não conversa com um eletrodoméstico, você provavelmente já faz isso com outros produtos, como smartphones, TVs e assistentes virtuais. As tecnologias mudaram a forma de os consumidores agirem não só na hora das compras, mas também em casa ou no carro, e a indústria e o varejo se desdobram para atender a esses clientes hiperconectados e ansiosos. As áreas de TI e Novos Negócios nunca precisaram caminhar tão juntas quanto agora, e assim devem continuar seguindo.

“O varejo em tempo real já é uma realidade. A tecnologia está disponível para gerar novas conexões e deve ser aproveitada”, diz João Brito. Líder de uma consultoria que já atendeu a empresas de segmentos dos mais diversos, como Leroy Merlin, Carrefour, Arezzo&Co e Dia, ele cita quatro tendências para o setor: a oferta de serviços, a personalização, o voice commerce (uso da voz para fazer compra on-line) e o live commerce (venda por meio de interação via streaming).

Os cases estão espalhados pelo mundo e podem ser vistos em movimentos como o da canadense Lululemon, que comprou no ano passado a startup americana Mirror, especializada em aulas e equipamentos de ginástica doméstica. A varejista de moda esportiva agora usa tecnologia para entrar na casa do cliente, garantir receita recorrente e fidelização. E não é preciso ir longe para ver que as tendências apontadas por Brito têm sido usadas na prática pelos clientes. Riachuelo, Dengo e Evino são exemplos nacionais de empresas que usam o live commerce para atender, engajar e criar relacionamentos mais íntimos com os consumidores.

“É preciso inovar com velocidade à luz da pandemia, que acelerou a adoção de novas tecnologias”, afirma a gerente-geral da Rimini Street para a América Latina, Edenize Maron. Atender ao cliente sem interação presencial ou toque, por exemplo, deixou de ser diferencial para ser obrigatório. “A mudança no comportamento do consumidor já vinha ocorrendo há muito tempo, mas a pandemia trouxe uma necessidade emergencial de capacitação das pessoas, funcionários e parceiros que atendem aos clientes finais para que as empresas fossem efetivas diante da dificuldade de se adquirir produtos e serviços”, destaca. A Rimini é uma fornecedora global de produtos e serviços de software corporativo, provedora de suporte independente para produtos Oracle e SAP, entre outros.

Ganho de eficiência operacional

Lançar mão de boas tecnologias, no entanto, requer investimento – o que nem sempre é possível em tempos de incertezas econômicas. A vantagem é que, bem-feito, o processo resulta em eficiência operacional. “A área de TI tem um papel importante na governança. Precisa, ao mesmo tempo, otimizar o legado, o custo do suporte e da operação do ERP [sistema integrado de gestão empresarial]”, cita Edenize.

Além da questão do custo, existe também o desafio cultural. A área de TI das empresas precisa, hoje, saber orquestrar o portfólio de novas tecnologias e sistemas para poder dar vazão ao que o negócio precisa. O papel do líder se torna, assim, ainda mais importante. Estar à frente da TI significa, atualmente, muito mais do que destinar orçamento para manter as “luzes acesas”. É preciso pensar, também, em alavancar o negócio.

“Quando você fala em transformação digital, não é só sobre tecnologia. É sobre como eu emprego, de uma maneira estruturada, lógica e correta, toda essa tecnologia com o melhor custo. Nós precisamos entender quais são os movimentos que precisamos entregar para a empresa para que tudo isso funcione da melhor forma possível”, explica o diretor de Tecnologia & Transformação Digital do Grupo DPaschoal, Osvaldo Keller Junior.

Keller Junior fala com propriedade – e paixão – sobre o tema. A tradicional rede de centros automotivos foi eleita, em 2020, uma das três mais inovadoras do varejo brasileiro pela IT Mídia. Ele mesmo, por mais de uma vez, já foi reconhecido como o CIO do ano. “O nosso diferencial não é a tecnologia, mas como eu vejo a aplicação dessa tecnologia no negócio e como ela vai alavancar o resultado e colaborar com todo o ecossistema”, sentencia.

Afinação na transformação digital

A diretora de Tecnologia da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, Samantha Martins, reforça que, hoje, todos na empresa precisam estar afinados quando o tema é transformação digital. “A tecnologia está no dia a dia e as áreas de negócios das empresas amadureceram nesse sentido. Da mesma forma, a área de tecnologia evoluiu e a gente se reúne hoje para falar também de processos e projetos”, afirma.

Os ganhos de uma empresa de varejo cujas áreas de TI e Novos Negócios caminham juntas são vários e vão muito além de questões relacionadas a segurança da informação e arquitetura corporativa. “A área de TI quer que o negócio mude de patamar e faça rupturas. Nesse sentido, esse um ano e meio de pandemia foi crucial. Com o fechamento das empresas de varejo, essa proximidade permitiu que se criassem opções e se buscassem novos formatos. Ajudamos muitos lojistas a vender, viabilizando para eles a presença digital.”

Samantha diz que, além da colaboração entre as áreas, essa nova realidade requer que as empresas contem com parceiros mais próximos e flexíveis, que respondam rapidamente às mudanças de comportamento do consumidor.

Mas segundo João Brito, do Grupo Bittencourt, nem todas as empresas estão avançadas nesse quesito como a Iguatemi e a DPaschoal. “As empresas querem a integração do físico com o digital, ou phygital, mas nosso primeiro contato geralmente é com a área de Novos Negócios. Apenas no desenrolar do projeto é que a equipe de TI entra. As áreas precisam estar juntas para fazer a empresa crescer. Uma não consegue avançar sem a outra.”

 

Com lojas físicas abertas, vendas do varejo reagem em maio

Com a reabertura do comércio, as lojas voltaram a ocupar espaço nas vendas, e tiveram peso relevante na aceleração da demanda em maio sobre abril em bens duráveis e vestuário. Os primeiros números sobre esse movimento mostram uma curva em suave alta nas lojas de rua e mais acelerada nos shoppings nas últimas semanas, segundo relatório elaborado pela Cielo para a Abrasce, associação dos shoppings, obtido pelo Valor.

O levantamento considera a venda em determinada semana versus a mesma semana do mês anterior – ou seja, não é feita em cima da base fraca de 2020, que naturalmente “turbinaria” os números deste ano. Redes e associações ouvidas ponderam, no entanto, que o reaquecimento ocorre de forma desigual, concentrado em grandes cadeias, e ainda ser muito sensível às variáveis de aumento de vacinação e melhora na renda do consumidor.

Paralelo a isso, há aumento da compra parcelada e no número de parcelas oferecidas ao cliente, nas redes com caixa para isso, na tentativa de ajudar a compra a caber no bolso do consumidor. O on-line continua crescendo no semestre, mas aos poucos vem perdendo fatia no bolo total, segundo números recentes da empresa de pesquisas e consultoria GfK.

Os dados da Cielo mostram uma aceleração no varejo geral a partir da primeira semana de abril (quando as lojas foram reabrindo), e isso ocorre de forma contínua até o Dia das Mães. A data, inclusive, está acima do patamar de venda do Natal e da segunda semana de fevereiro, antes da última onda da covid. Após o Dia das Mães, há queda, como historicamente ocorre todos os anos.
A antecipação da primeira e segunda parcelas do 13º salário dos aposentados, no total de R$ 53 bilhões, como informado pelo governo dias atrás, pode acelerar essa recuperação, dizem as lojas. Os recursos devem ser pagos de maio a julho. “A venda está indo bem, no mês de maio a receita cresceu 32% sobre abril. Mas temos ouvido da indústria que isso ainda não se espalhou a todo o mercado, mesmo com a reabertura das lojas. A chegada das parcelas do INSS pode ajudar também cadeias menores mais afetadas pela crise”, diz José Guimarães, CEO da varejista de produtos eletrônicos Novo Mundo, com 150 lojas.
Segundo o comando da GfK Brasil, que recebe dados de vendas semanais de grandes redes, de forma positiva, pesam nesses números o maior volume de lojas abertas, com período de funcionamento mais estável, e o afrouxamento da demanda reprimida dos consumidores que pouparam na pandemia. “Apesar da alta no desemprego em 2020, aqueles que se mantiveram no mercado de trabalho, e estavam segurando os gastos por conta da crise, estão retomando a confiança”, diz Felipe Mendes, diretor da GfK Brasil.
“Obviamente é algo gradual, mas que acaba se traduzindo em venda com o aumento na circulação de pessoas”, afirma. “Foi um Dia das Mães forte, e um maio melhor para itens de volta às aulas e celulares, por exemplo. As lojas vêm aumentando o peso na venda. Essa relação está em 50% das vendas pelo digital e 50% pela lojas, e era 65% e 35%, respectivamente, no fim de 2020”. Ele diz que os valores vendidos pelo on-line continuam altos, e se não houver novo fechamento de lojas, o peso do digital no bolo total deve cair neste ano.
Segundo a Abrasce, a associação nacional dos shoppings, a retomada está diretamente relacionada à abertura das lojas, mas ainda é “muito volátil”.
“Quem tem ido aos shoppings vai para comprar, é um fluxo direcionado. Só que temos aspectos ‘macro’, como renda ainda muito pressionada, o risco de uma nova onda com a cepa de vírus vindo de outros países, e a possibilidade maior de uma terceira onda de fechamentos de shoppings que nos preocupa muito”, disse Glauco Humai, presidente da Abrasce.
Segundo ele, até o Dia das Mães, apesar de 52% dos empreendimentos estarem operando com menos de doze horas ao dia, 100% estavam abertos, o que ajudou diretamente nas vendas. Porém, nos últimos dias, em algumas cidades do país, o comércio voltou a fechar totalmente afetando os empreendimentos. “Pode ser um início de terceira onda de fechamentos, vamos acompanhar de perto porque mesmo com o avanço do digital, a retomada depende de as lojas estarem em funcionamento”.
No varejo de moda, Marisa e Pernambucanas operavam até a semana passada com 100% dos pontos abertos, e têm registrado alta nas vendas sobre anos anteriores.
Na Pernambucanas, no Dia das Mães, a venda de itens para o lar cresceram 45% e os de vestuário, 38% sobre o mesmo período de 2019 (em lojas com mais de um ano de operação). A venda on-line avançou 517% e 113%, respectivamente, sobre 2019, quando a base do digital era menor.
Após a reabertura das lojas, os itens para o lar cresceram 43,2% e vestuário 32,4% sobre 2019, com manutenção das taxas no digital num patamar semelhante.
A Marisa teve o melhor Dia das Mães desde 2016, em relação a taxa de crescimento de ano contra ano. Houve melhora também na venda sobre 2019, algo que começou a ser verificado já em março no Norte e Nordeste, que neste ano reabriram as lojas antes que o Sul e Sudeste. A rede, de capital aberto, não antecipa números.
“Nessas regiões as vendas já estavam muito boas em março sobre 2019, e ali vimos que talvez a retomada viria mais forte do que planejávamos”, afirmou o CEO da Marisa, Marcelo Pimentel. “Depois disso, reabrimos em São Paulo após abril, e temos registrado expansão de dois dígitos sólidos. Vimos que isso foi se espalhando a outras praças do país”.
Na avaliação de Pimentel, é algo que reflete um provável aumento na concentração de mercado em moda, após lojas de pequeno porte terem fechado as portas (o saldo negativo ficou em 23 mil encerramentos no ano passado), e a existência de uma demanda reprimida, especialmente em coleções infantis e voltadas à rotina dos escritórios.

Com avanço das vendas digitais, lucro da Via cresce 1.284%

Impactadas pelas restrições da segunda onda da covid-19, o GVM das lojas físicas caiu 9,6%.

Com o avanço de 23,4 ponto percentuais das vendas digitais, a Via, dona das Casas Bahia e do Ponto Frio, registrou lucro líquido de R$ 180 milhões no primeiro trimestre de 2021, apontando um desempenho 13 vezes maior (1.284%) em relação ao mesmo período do ano anterior.

Segundo a Via, as vendas digitais atingiram 55,9% do volume bruto de mercadoria (GMV, na sigla em inglês) no período, alcançando R$ 10,33 bilhões. Impactadas pelas restrições da segunda onda da covid-19, o GVM das lojas físicas caiu 9,6% no comparativo trimestral, para R$ 5,33 bilhões.

“Nossa boa performance on-line mais que compensou o desempenho das lojas físicas, cuja receita bruta retraiu cerca de 9% no trimestre por conta da segunda onda do covid-19. Mesmo assim, continuamos a manter um forte ritmo de crescimento total nas vendas e ganhos de share no segundo trimestre de 2021”, informou em comunicado.

O avanço do e-commerce  foi de 23% no comparativo anual, e o marketplace alcançou R$ 1 bilhão em volume bruto de mercadoria.

A carteira de crediário da companhia alcançou R$ 4,6 bilhões entre janeiro e março, alta de 30% no comparativo anual. A companhia finalizou o trimestre com caixa total de R$ 7,2 bilhões.

Logística como diferencial competitivo

Como cerca de 50% das vendas on-line passam pelas lojas físicas, modalidade retira-em-loja ou usando a loja como hub de última milha, a companhia informou que pretende reforçar a estrutura de distribuição com um novo centro de distribuição no segundo semestre de 2021, em Extrema, Minas Gerais.

“Mais de 50% dos sellers ativos já estão utilizando o serviço da Envvias, nossa plataforma de serviços logísticos para o marketplace”, informou.

Segundo o comunicado, todas as lojas passarão a funcionar como hub também para a operação de marketplace, tanto na entrega como na coleta e na logística reversa de produtos.

 

Pandemia impulsiona transformações no modelo de negócios do varejo

Pesquisa global da PwC revela uma clara aceitação da sustentabilidade.

Tendências de mudança no comportamento dos consumidores que já estavam em curso antes da pandemia da Covid-19 foram aceleradas pela crise e levarão os varejistas a reinventar a maneira como fazem seus negócios, de acordo com o estudo Global Consumer Insights Survey 2020, da PwC. No Brasil, um dos 36 países nos quais a pesquisa foi realizada, 53,4% dos consumidores informaram ter realizado compras de alimentos pela internet no último ano; enquanto 50,3% afirmaram terem optado por serviços on-line de entrega de alimentos. No total, foram consultadas 23,5 mil pessoas em todo o mundo, sendo 1.002 no Brasil.

“Embora certas tendências estejam em alta há algum tempo, a pesquisa revela que a pandemia aumentou o desejo dos consumidores por transparência, sustentabilidade e conveniência. As empresas mais recompensadas nesse cenário atual são aquelas que conhecem mais profundamente seu cliente, estabeleceram a confiança com o consumidor, investiram em uma jornada de compra de ponta a ponta, sem problemas e sem atritos, e priorizaram a saúde e a segurança dos consumidores”, avalia Carlos Coutinho, sócio da PwC Brasil.

O estudo, produzido a partir de dados coletados antes e durante a pandemia, tem como objetivo analisar os hábitos e comportamentos de compra do consumidor residentes em áreas urbanas e como a interrupção das atividades, em nível global, forçou a aceleração de um modo de vida mais digital, gerando uma nova era no consumo – uma vez que as cidades concentram a maior parte da atividade econômica.

Os hábitos dos brasileiros
Entre os consumidores brasileiros, consultados somente na primeira fase do estudo (antes da pandemia), para a maioria deles, as compras on-line já são uma realidade: 10,3% disseram fazer compras pela internet diariamente, contra 19,9% uma vez por semana e 31,2% uma vez por mês, enquanto 32,3% realizam compras on-line algumas vezes por ano, 4% uma vez por ano e apenas 2,3% nunca efetuam esse tipo de operação. Nessa amostra, o equipamento mais utilizado ainda é o computador entre 33,9% dos entrevistados. O smartphone vem em seguida, com 31,6%, e o tablet com 18,4%. Os assistentes de voz, mais recentes no mercado, são responsáveis por 13,5% das transações.

As medidas de distanciamento social adotadas em decorrência da pandemia do novo coronavírus afetaram os consumidores em todos os aspectos de suas vidas, incluindo a forma como eles compram mantimentos. Embora as compras nas lojas físicas sejam o principal canal de escolha em nível global, mais de um terço dos consumidores (35%) estão comprando alimentos nos canais on-line, e 86% destes planejam continuar a fazê-lo após o término das medidas de isolamento social.

Em relação aos itens não alimentícios, antes da pandemia as compras nas lojas físicas ainda eram dominantes (47%) em comparação às compras on-line, por meio de telefones celulares (30%), computadores (28%) e assistentes de voz inteligentes (15%). Desde então, essas compras tiveram um aumento substancial (celulares 45%; computadores 41%; e tablets 33%) e essa tendência é especialmente relevante na China e no Oriente Médio, com 60% e 58% dos entrevistados, respectivamente, dizendo que começaram a comprar mais usando seus celulares.

A pesquisa global mostrou uma clara aceitação da sustentabilidade e um senso de dever cívico. Nos resultados de pesquisas anteriores, realizadas antes da pandemia, 45% dos entrevistados em todo o mundo disseram que evitam o uso de plástico sempre que possível, 43% esperam que as empresas sejam responsáveis pelo impacto ambiental e 41% esperam que os varejistas eliminem sacolas plásticas e embalagens de itens perecíveis. Quando questionados sobre os maiores responsáveis pelo incentivo de comportamentos sustentáveis em suas respectivas cidades, 20% responderam “Eu, o consumidor”, enquanto 15% escolheram a opção “O produtor ou fabricante”. Quando consultados sobre sua disposição em compartilhar dados, 49% disseram que estavam dispostos a fazê-lo se isso ajudasse a melhorar sua cidade.

Modelo, custo, propósito, reputação e cliente: os 5 fatores de mudança do varejo

Tendências são apontadas por estudo da KPMG

Modelos de negócios e parcerias, custo de fazer negócios, propósito, reputação e o poder do cliente. Esses são os sinais críticos de mudança que, atualmente, influenciam o ambiente global de varejo, segundo a publicação da KPMG “Futuro do varejo: migrando do varejo para o comércio voltado ao consumidor”.

De acordo com o levantamento, essas tendências principais representam o motivo pelo qual o mercado está mudando diante da pandemia da Covid-19, passando do comércio tradicional para um modelo centrado no atendimento do consumidor, sem a necessidade de lojas.

“Com tudo o que vimos nos últimos meses no setor, mudanças radicais nos modelos de operação, acelerada digitalização e quebra de paradigmas, é hora de fazermos uma reflexão sobre o futuro do setor de varejo. Após a disrupção generalizada que o segmento sofreu no ano passado, e as notícias positivas de uma série de vacinas que estão surgindo, os varejistas devem começar a olhar e se preparar para a nova realidade que vai surgir,” analisa o sócio-líder de consumo e varejo da KPMG no Brasil e na América do Sul, Fernando Gambôa.

Veja, a seguir, os sinais de mudança apontados pelo estudo:

  1. Disrupção acelerada
    As escolhas que os varejistas fizerem nos próximos meses influenciarão o sucesso do negócio nos próximos cinco anos ou mais.
  2. Modelos de negócios e parcerias
    O crescimento dos ecossistemas de plataformas ao lado do omnicanal (que atua no on-line e no off-line) está impulsionando a próxima onda de concorrência e a evolução do modelo de negócios.
  3. Cliente
    As expectativas e necessidades do cliente estão mudando rapidamente conforme o varejo passa de um modelo B2C (empresa para consumidor) para um modelo C2B (de consumidor para a empresa).
  4. Redução do custo de fazer negócios
    Com as margens de varejo sob pressão crescente e os custos aumentando em vários aspectos da cadeia de valor, a maioria reconhece que as maneiras convencionais de redução de custos não são mais suficientes para segurar as margens e garantir que o negócio esteja preparado para o futuro.
  5. Propósito
    Os clientes desejam que as empresas representem algo maior do que os produtos que vendem. A pandemia recente apenas mostrou a preferência do consumidor por organizações orientadas pelo propósito.

 Comércio para o consumidor

Sobre o futuro do setor de varejo, a publicação apontou ainda que a palavra varejo deverá ser tornar redundante e será substituída por “comércio voltado ao consumidor”. Além disso, foram enumerados os sete tipos de modelos de negócios que terão sucesso no futuro:

  1. Negócios baseados em plataformas
    Os negócios de plataformas estão cada vez mais dominando os canais de entrada no mercado e adotando uma abordagem mais ampla para direcionar as ofertas B2B (empresa para empresa) e B2C (empresa para consumidor).
  2. Varejistas multinacionais
    Grandes multinacionais de varejo vão se transformar em empresas de plataformas e aumentarão a capacidade por meio de fusões e aquisições, além da entrada em novos mercados.
  3. Heróis nacionais
    Eles têm a vantagem de garantir uma base de clientes fiéis e aproveitar os programas de fidelidade para atender às necessidades dos clientes. Para melhorar o posicionamento, eles também precisarão se concentrar na criação de parcerias para aproveitar as sinergias e gerar escala.
  4. Varejistas baseados em valor
    Os varejistas de desconto têm sido um dos formatos físicos de crescimento mais rápido nos últimos dez anos. No entanto, eles atualmente precisarão estabelecer ou desenvolver uma proposta de valor on-line para sobreviver no futuro.
  5. Direto para o consumidor
    Em alguns casos, as marcas estão construindo as próprias capacidades para entregar essa proposta ou estão comprando-as e, mais frequentemente, estão alavancando negócios de plataforma para contornar os varejistas tradicionais e obter margens adicionais.
  6. Especialistas de categorias
    Oferecem produtos e serviços exclusivos e direcionados a uma categoria de varejo específica ou a um cliente definido.
  7. Varejistas independentes e mútuos
    Têm a capacidade de reunir e responder diretamente às mudanças nas necessidades da comunidade. Os locais independentes também estão ressurgindo como participantes viáveis, utilizando o on-line como base ou um canal adicional para o mercado.