Como indústrias de nicho estão fazendo jornadas assertivas para o varejo e o que isso muda no ecossistema dos negócios

Energia solar, indústria de brinquedos, calçados e tantos outros segmentos que acompanhamos e para os quais desenvolvemos projetos aqui no Grupo Bittencourt há anos, ao colocar suas operações diretamente para os consumidores estão tendo a possibilidade de comprovar que ideias cercadas das demandas atuais, que incluem experiência, usabilidade, tecnologia e propósito, têm feito o sucesso de suas iniciativas.

Se antes era preciso uma movimentação intensa e mobilização de uma grande cadeia de stakeholders que fizessem seus produtos chegarem ao público final, muitas vezes mais complexos, o que tem sido comprovado é que quando a própria indústria decide iniciar uma operação direta de seu produto ou serviço para o consumidor, a mensagem chega mais verdadeiramente às pessoas e o engajamento tende a ser maior.

Nos últimos anos temos trabalhado com nossos clientes nessa jornada, que passa por entender o desejo de como esse produto que a indústria faz está carregado de signos, seja de história, seja de inovação, e de como eles podem se conectar com uma linguagem mais atualizada, sem perder a essência do seu legado.

Quando, por exemplo, nos prontificamos a fazer o projeto do Portal Solar, um marketplace de equipamentos e serviços para projetos de energia solar, lançamos uma operação de franquias que permite a qualquer empreendedor atuar no segmento investindo R$ 35 mil reais. Com um cenário no qual o número crescente de consumidores enxergando a produção própria de energia como alternativa para reduzir a conta de luz, aumentou a possibilidade de opções para os diferentes tipos de empreendedores que querem atuar num modelo de negócio que, além de rentável, é também ambientalmente responsável.

O franchising tem sido uma possibilidade para escalar esses negócios e também outros tipos, como no caso da Pampili, com quem começamos um trabalho em 2019, quando fizemos uma imersão completa no universo Pampili e seus canais de distribuição. A proposta era identificar qual seria a estratégia ideal para fazer com que a marca crescesse de forma sustentável por meio de uma rede de lojas de marca própria. A ideia do franchising era uma possibilidade, mas ainda não uma certeza.

Ao longo de diversos estudos avaliando as alternativas mais adequadas para a Pampili, olhando para o mercado, as oportunidades de expansão, pesquisas com vários stakeholders, e levando muito em consideração a necessidade de proteger a marca e a sua essência, o caminho ficou mais claro e decidiu-se de forma definitiva pela expansão com franquias.

Incluir nessa equação a figura de franqueados que sejam aderentes a esse propósito e valores e que se conectem com trabalho encantador para o universo das meninas traz uma condição ideal para que esse poder transformador seja multiplicado e ganhe ainda mais escala.

No caso da Estrela Beauty, marca do Grupo Brinquedos Estrela, a franquia, que possui unidades nos principais shoppings de São Paulo, entra em uma nova fase do seu projeto de expansão, que nasceu em 2018, e encara um desafio ainda maior: atrair franqueados profissionais, aqueles já com experiência comprovada em outros tipos de mercados, além dos individuais, que estão dispostos a investir no promissor mercado.

Tendo como base produtos que valorizam a diversidade, a experimentação e a autoconfiança, as lojas traduzem a missão de empoderar e fazer com que as meninas possam explorar suas personalidades de forma leve, lúdica e divertida. E um projeto de expansão como esse da Estrela Beauty está diretamente ligado a esse propósito, uma vez que, para ampliar a nova fase, se faz necessário trazer empreendedores que possam dialogar com esse modelo de negócio por meio dessas potencialidades.

Cumprir essas missões, de levar temas como inovação e propósito para marcas icônicas ao consumidor final, tem sido o nosso desafio. Temos sido muito bem sucedidos, mostrando aos clientes da indústria que apostar em inovação e mesclar isso aos seus valores, mesmo os de lá de trás, quando criaram suas marcas, e poder atualizá-los e ressignificá-los, tende a tirar do próprio legado o insumo necessário para os próximos passos, para o frescor dos novos tempos.

Segmento de cuidados com o lar aumenta 300% no e-commerce

A necessidade de passar mais tempo em casa, por conta da pandemia de Covid-19, fez com que as pessoas se preocupassem mais com os cuidados do lar nos últimos anos. É o que diz uma pesquisa realizada pela Nuvemshop. O levantamento apontou que o segmento “casa e decoração” teve uma alta de 300% em compras feitas pela internet entre 2019 e 2021.

Ainda segundo o levantamento, pequenas e médias empresas do setor de casa e decoração registraram um montante superior a R$ 200 milhões em faturamento em 2021. O valor é o dobro do atingido em 2020.

“Durante a pandemia preferi respeitar as orientações de distanciamento social. Acabei passando muito tempo em casa por conta do home office e por não sair mais para ir ao cinema ou à academia. Com isso acabei investindo em um sofá novo, que eu já queria trocar mesmo, e em aparelhos para me exercitar em casa”, conta Jefferson Freitas, contador da cidade de Ilhota, Santa Catarina, que mudou os hábitos durante o período pandêmico.

A designer de interiores Lesley Nunes sentiu na prática as novas necessidades dos clientes. Os projetos passaram a exigir pontos de atenção antes não explorados pelos clientes. “Vejo que cuidar do lar passou a ser uma prioridade tão grande quanto viajar, por exemplo. As pessoas têm dado preferência por possibilidades de fácil acesso e realização, mas que mudem um ambiente, com pinturas de paredes, molduras e painéis. As pessoas estão mais atentas, não querem só um projeto bonito. Querem algo funcional”, analisa.

O cenário pós-pandemia

Para 2022 o mercado segue otimista. “Espera-se que o setor continue crescendo em 2022, isso porque os consumidores já estão habituados a comprar on-line com preços competitivos do mercado e há pessoas que seguirão desenvolvendo algumas atividades em casa, como nos modelos de trabalho remoto e híbrido”, defende Guilherme Pedroso, um dos responsáveis pela pesquisa.

Neste cenário as empresas do setor seguem aproveitando a tendência de cuidados com o lar. “O desafio das empresas, hoje, é fazer com que esse cuidado com o lar permaneça, que não tenha sido apenas uma fase. Investimentos em tecnologia, relacionamento com o cliente e o lançamento de novos produtos, que atendam a necessidade real das pessoas, serão primordiais para que o setor siga em alta”, avalia Robson Ferreira, sócio-proprietário da Meu Rodapé, empresa do nicho de decoração e acabamentos.

Shopee está com os dias contados com maior tributação?

Com a expectativa do governo criar uma MP (Medida Provisória) para aumentar a taxação de produtos vendidos em aplicativos cross-border, ou seja, com atividade comercial vinda de outros países — como é o caso da Shopee, Shein, AliExpress e Wish —, a XP divulgou relatório sobre o possível impacto nas ações de varejo.

O possível aumento da tributação é uma demanda das varejistas brasileiras, que pedem maior fiscalização dessas plataformas, para conter sua escalada impulsionada principalmente pela alta competitividade de preço oferecido.

Entretanto, o relatório destaca que a medida pode ter uma receptividade positiva ou negativa, a depender do ângulo analisado.

Medida pode ser impopular em ano de eleições

Segundo o relatório, os principais desafios para a implementação da medida e que a tornam potencialmente impopular são a redução do poder de compra já pressionado do consumidor médio brasileiro e os desafios na fiscalização pelo lado da Receita, visto que apenas o Shopee foi responsável de 140 milhões de pedidos no 4º trimestre (média de 1,5 milhão ao dia).

Varejistas da moda serão as mais beneficiadas

Caso a Medida Provisória avance, os analistas da XP observam as varejistas de moda como as mais beneficiadas.

O impacto positivo é visto como mais estrutural para varejistas de moda, uma vez que o modelo de negócio da Shein é essencialmente baseado em importação enquanto seu baixo preço é um diferencial importante.

O relatório destaca que a XP segue cautelosa com as empresas de e-commerce, com uma visão mais construtiva para a Lojas Renner (LREN3).

Dia das Mães movimenta 142 milhões de reais no e-commerce em 2022

O e-commerce foi um importante canal de vendas para o Dia das Mães deste ano: o faturamento online das pequenas e médias empresas cresceu 6,8% no período relacionado ao Dia das Mães, em comparação a 2021, e alcançou um total de R$ 142 milhões. Os dados são do levantamento realizado pela Nuvemshop, plataforma de e-commerce líder na América Latina com mais de 90 mil lojas virtuais ativas, em sua maioria de pequenos e médios empreendedores.

Os segmentos de Moda (R$ 54,3 milhões), Saúde & Beleza (R$ 11,36 milhões) e Acessórios (R$ 11,3 milhões) lideraram as vendas online em 2022 no período relacionado à data comemorativa. Os produtos mais vendidos foram camisetas e óculos de sol. Este último representa mais de 8% do total comercializado neste último Dia das Mães.

“Apesar dos desafios econômicos, o Dia das Mães continua sendo uma das datas mais relevantes para o varejo. E os números indicam que o mercado do e-commerce no Brasil segue aquecido, especialmente para os pequenos e médios negócios, que têm um potencial maior de alcance de novos clientes de todos os estados ao vender online”, afirma Luiz Natal, especialista em e-commerce e Gerente de Desenvolvimento de Plataforma da Nuvemshop.

No total, 2,48 milhões de produtos foram adquiridos nas lojas online nas três semanas analisadas, com um ticket médio de R$ 245, indicando um aumento de 11% no valor médio por cada compra online em relação ao mesmo período do ano anterior. Os estados São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro lideram o faturamento nacional do período.

Dentre as formas de pagamento, o cartão de crédito sobressaiu como a principal escolha, utilizado em 53,9% das compras online. O segundo meio de pagamento mais utilizado nas PMEs online é o Pix, que representou 18,2% dos pedidos do período. A ferramenta tornou-se popular por sua praticidade e substituí pedidos anteriormente pagos em boleto, que representou apenas 3,5% dos pedidos do Dia das Mães.

“A praticidade de compra e preços competitivos das lojas online se mostraram grandes atrativos para presentear as mães. Além disso, muitas PMEs apostaram em coleções especiais de produtos para a data e em condições especiais de compra, como frete gratuito e descontos, para se destacar no ambiente digital e competir também com as lojas físicas”, ressalta Natal.

Para o levantamento, foram consideradas as vendas realizadas na semana do Dia das Mães e nas duas anteriores, independentemente do ano.

Sequoia (SEQL3) apresenta prejuízo 24,2% maior no 1º trimestre de 2022; Ebitda quase dobra

Despesas financeiras pesaram negativamente sobre o resultado da empresa no período.

A Sequoia ([ativo=SEQL3) reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 4,6 milhões, uma piora de 24,2%na comparação com o prejuízo de R$ 3,7 milhões contabilizado no 1T21.

O ajuste é feito descontando amortização de intangíveis gerados nas aquisições, além de despesas não-recorrentes.

O resultado, segundo a empresa, foi impactado de forma negativa pela variação do Resultado Financeiro (Despesas Financeiras) como consequência do aumento da taxa de juros básica da economia, a Selic. “Isolando apenas o efeito do aumento da taxa de juros em relação aos financiamentos da companhia, as despesas financeiras teriam um incremento de menos R$ 11,4 milhões no 1T22 versus 1T21. Desconsiderando este efeito, o Lucro Líquido Ajustado apresentaria evolução positiva no trimestre”, defende.

O Ebitda, entretanto, cresceu 83,5%, na base anual, para R$ 38,4 milhões, ante os R$ 20,9 milhões de um ano atrás. A margem Ebitda subiu 2,2 pontos percentuais, para 8,6%.

O Ebitda ajustado por despesas não-recorrentes de fusões e aquisições alcançou R$ 46,7 milhões, uma alta de 52,4% na comparação com os R$ 30,6 milhões alcançados no 1T21. A margem Ebitda ganhou 1,0 pp, indo a 10,4%.

A receita líquida cresceu 37,6% no 1T22, indo a R$ 449,1 milhões, contra os R$ 326,4 milhões do mesmo trimestre do ano passado.

A empresa destaca “expressivo crescimento no segmento B2C, de 88% no número de Pedidos e 57% na Receita Bruta, refletindo a forte da capacidade da companhia em ganhar market share”.

“Apesar da sazonalidade, com uma menor demanda esperada para o início do ano, a companhia conseguiu capturar forte crescimento orgânico, mantendo a Receita Bruta total no mesmo patamar do 4T21, por meio de novos clientes e ganho de participação em mesmos clientes (Same Client Sales)”, explica. “O número total de pedidos atingiu 19,6 milhões no período, 81% superior ao mesmo trimestre o ano anterior, e acima do número de Pedidos realizados no 4T21. A Receita Bruta avançou 39%, sendo o crescimento orgânico 28%”.

Os custos cresceram 36,5%, basicamente por impactos da pressão inflacionária nos últimos 12 meses, por conta de combustíveis, aluguel e materiais; aumento da parte variável dos custos com o crescimento do volume; e pela expansão da operação para atender a forte demanda do segmento

Varejo marca primeira alta trimestral após duas quedas seguidas, diz IBGE

De janeiro a março, houve crescimento de 1,9%.

O volume de vendas no varejo restrito teve alta de 1,9% no primeiro trimestre de 2022, frente aos três meses antecedentes, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

É a primeira alta na série trimestral com ajuste sazonal desde o segundo trimestre de 2021 (2,2%). O comércio tinha recuado 0,1% no terceiro trimestre de 2021 e 2,3% no quarto trimestre daquele mesmo ano, ambos na comparação com os três meses imediatamente anteriores.

Esse aumento de 1,9% entre janeiro e março é o maior resultado para um primeiro trimestre de ano, na série com ajuste sazonal, desde 2017, quando tinha sido de 2,9%.
Na comparação anual, o varejo restrito também fechou com aumento no primeiro trimestre, mas de 1,3%.

Considerando apenas o mês de março, o varejo restrito subiu 1% ante fevereiro. É a terceira taxa positiva seguida, o que não ocorria desde 2020, quando o comércio se recuperava do período mais intenso de quedas do início da pandemia de covid-19.
No varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças, e material de construção, o volume de vendas subiu 2,3% nos três primeiros meses de 2022, frente ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. É também o primeiro trimestre de alta após duas quedas: de 1,1% no terceiro trimestre de 2021 e de 1,8% no quarto trimestre daquele ano.

 

Via (VIIA3) tem queda de 90% no lucro do 1T22, a R$ 18 milhões, acima da expectativa

Via (VIIA3) encerrou o primeiro trimestre de 2022 com lucro líquido contábil de R$ 18 milhões no primeiro trimestre de 2022, queda de 90% ante mesmo período do ano passado, mostra documento enviado ao mercado nesta segunda-feira (9).

Já o lucro líquido operacional foi de R$ 86 milhões, queda de 52,2% na comparação com os R$ 180 milhões do mesmo ciclo do ano passado.

“No primeiro trimestre de 2022, houve R$ 29 milhões de incentivo de subvenção de maneira recorrente. Já no primeiro trimestre de 2021, houve efeito do incentivo de subvenção recorrente de R$ 33 milhões e R$ 117 milhões de períodos anteriores, totalizando R$ 150 milhões”, diz a Via para justificar a queda.

Mesmo assim, o número veio acima do esperado pelo consenso reunido pela Bloomberg, que apontava prejuízo de R$ 112 milhões.

“Esse avanço da margem acontece em razão dos fortes ganhos de produtividade e bom controle de despesas. Na linha do EBITDA, os ajustes não recorrentes relacionados à atualização dos processos trabalhistas (legado) foram de R$ 85 milhões no trimestre”, explica a empresa.

“A variação é explicada pelo decréscimo de 3,5% na receita das lojas físicas, apesar do avanço de 2,8% na receita online”, diz a Via.

O impacto da crise pandêmica da China no varejo brasileiro

Números de grandes companhias já têm demonstrado desaceleração ao longo dos últimos meses, enquanto a conjuntura difícil ainda não dá sinais de arrefecimento.

Com o endurecimento das medidas restritivas em função da Covid-19 na China, o mercado global se preocupa com o caos logístico implantado em meio ao frágil cenário econômico. O setor de varejo é um dos que se preocupam com essa conjuntura.

O Brasil é um grande importador para sua indústria de transformação, com o objetivo de sustentação do mercado de bens de consumo duráveis, semiduráveis e industriais.

Mas a política de combate à pandemia na China tem trazido fortes implicações ao país, o que inevitavelmente interrompe a oferta de determinados produtos.

Por mais que a potência asiática esteja ampliando seu apoio à economia, o suposto recrudescimento do novo coronavírus no país tem assustado os negociadores que veem os portos abarrotados de contêineres.

Importância de duráveis e semiduráveis para o varejo

A venda de geladeiras, máquinas de lavar, aparelhos televisores são grandes chamarizes de varejistas como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas S.A. (AMER3), que têm barganhas em negociação de preços com fornecedores.

A venda desses produtos, inclusive, foi um dos principais combustíveis das varejistas entre 2020 e 2021. A renda artificial criada pelo auxílio emergencial, findada no fim do ano passado, gerou uma corrida para a “renovação” da residência, estimulados pela maior permanência em casa devido ao lockdown.

Esse tipo de produto tem tíquete médio alto e, em relação à receita, gerou bons trimestres ao setor varejista.

A fins comparativos, no terceiro trimestre de 2020, período em que o Brasil já lidava com a pandemia, o GMV (valor bruto de mercadoria) total da Via (à época chamada de Via Varejo) saltou 43% ante o mesmo período de 2019.

Via desacelera receita depois de pico após pandemia

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

No caso do Magalu, o salto foi ainda maior, de 81,2%. A empresa é líder de mercado de bens duráveis, patamar alcançado em 2020 justamente pelas mudanças de perfil de consumo provocadas pela pandemia, como a direção assumiu no quarto trimestre do ano passado.

Já para Americanas – especificamente Lojas Americanas -, a melhora foi de 31,1% no terceiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano anterior.

Embora as empresas não revelem de forma segmentada os dados relacionados às vendas de bens duráveis, não negam os impactos da conjuntura macroeconômica em seus modelos de negócio, enquanto os números de crescimento desaceleram.

A demanda por bens de capital estrangeiros havia se intensificado ao longo dos últimos meses, com o governo brasileiro reduzindo em 10% os impostos sobre a importação da categoria em março de 2021, e em mais 10% no mês passado.

Os números passados indicam que a China é a principal origem dessas importações. No ano de 2020, o país correspondeu a US$ 7,5 bilhões, ou 31% das compras do Brasil, de bens de capital e de produtos do setor de informática e telecomunicações.

Restrição da oferta acompanha queda da demanda

Se por um lado os preços tendem a cair em razão da demanda menor numa conjuntura “estável” de oferta de produtos, por outro os preços são sustentados e favoráveis às fabricantes devido à restrição da oferta, o que traz menos produtos ao mercado.

Isso não significa que as varejistas terão caminho livre neste segmento nos próximos meses. O setor opera com margens de lucro pequenas por causa da agressiva guerra de preços entre os players do mercado. Não há perspectiva de melhora de margens nos próximos resultados.

Além disso, um aumento significativo dos preços de bens duráveis deve pressionar ainda mais a procura dos consumidores, sobretudo em função da queda da renda da população e alta da inadimplência.

De acordo com a Pnad Contínua, a renda média da população brasileira caiu de R$ 2.876 em setembro de 2020, auge do pagamento do auxílio emergencial, para R$ 2.489 no trimestre encerrado em janeiro deste ano – baixa de 13,4%. Com menos renda e crédito mais custoso, a inadimplência voltou a aparecer.

Se o brasileiro médio está com pouco recurso para pagar suas contas básicas, tampouco irá renovar a mobília de suas casas, como o fizeram durante a pandemia.

No saldo final, Magalu, Via e Americanas fazem parte do varejo que atua com o público de baixa renda e que aos poucos diversificam suas operações para as demais camadas da sociedade. As empresas, contudo, não divulgam dados segmentados.

Resultados recentes mostram desaceleração do varejo

Os números das grandes varejistas já têm demonstrado desaceleração ao longo dos últimos meses, enquanto a conjuntura difícil ainda não dá sinais de arrefecimento.

A temporada de balanços do primeiro trimestre ainda não foi iniciada pelas grandes companhias do varejo. A expectativa do mercado é a de que o período tenha sido mais desafiador que o quarto trimestre de 2021, quando os números já desagradaram.

No caso do Magalu, a economia ruim e a concorrência acirrada tiraram o brilho do crescimento do marketplace, um dos únicos pontos positivos do resultado.

O contexto mostra-se arriscado para a companhia, que preferiu puxar o freio de mão e segurar o processo de aquisições.

Primeiro, porque a escolha agora é por colher os frutos das compras já realizadas, mas também porque entre o quarto trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021, a empresa saiu de caixa líquido para dívida líquida de R$ 3,88 bilhões.

No caso da Via, o resultado mostrou uma baixa de 91,4% do lucro líquido contábil, para R$ 29 milhões.

Uma das justificativas da integrante do varejo brasileiro é o descasamento entre o fechamento de lojas e a abertura de novas unidades no período, além do aparecimento da ômicron – embora o período mais intenso da Covid-19 causada por essa variante no Brasil tenha sido entre janeiro e fevereiro deste ano.

O que fica de destaque é que a empresa tem preferido o crescimento em detrimento de margens. A margem líquida encerrou o trimestre em dezembro na casa de 0,4%. O impacto da queda nas vendas de bens duráveis, que oferecem margem mais robusta, é latente.

Já para a Americanas, o desempenho foi levemente mais positivo. A empresa viu suas vendas digitais dispararem 36% no quarto trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior.

Os dados de GMV, receita bruta, receita líquida e lucro líquido tiveram crescimento sólidos dois dígitos, mas o ponto fraco ficou para as margens.

A margem Ebitda, resultado da relação entre Ebitda e receita líquida, caiu 4,3 pontos percentuais entre o quarto trimestre de 2020 e o último trimestre de 2021, para 11,8%. O indicador mostra a eficiência da empresa exclusivamente com sua operação.

O caos pandêmico na China certamente tem trazido relevante impacto para o varejo brasileiro nas últimas semanas. O resultado disso virá ao mercado somente no segundo semestre, quando os balanços do período entre abril e junho forem divulgados. Por ora, cabe às empresas estancar as perdas estimadas.

O que está acontecendo na China

Desde o final de março, a megalópole Xangai, centro comercial da China que abriga cerca de 26 milhões de pessoas -mais que o dobro da cidade de São Paulo -, está de portas fechadas.

As rígidas restrições colocadas em prática pelo governo fazem parte da iniciativa de “Covid zero”. O país, marco zero da pandemia ainda no fim de 2019, tem por objetivo eliminar por completo e é avesso à mínima transmissibilidade da doença.

Esse “extremo” no combate à pandemia tem gerado insatisfação entre os moradores. Alguns estão confinados há mais de um mês e encontram dificuldades para suprirem suas necessidades básicas diárias.

Por conta das restrições à mobilidade terrestre, os portos da China estão congestionados, o que trouxe à tona novamente o entrave logístico instaurado sobre o comércio global durante o pico da pandemia.

O porto de Xangai, o maior do mundo em termos de toneladas transportadas, tem filas de espera, pressionando o escoamento da produção chinesa. A queda da atividade afeta particularmente a oferta de semicondutores e peças para produtos eletrônicos e eletroeletrônicos mundo afora.

A tolerância zero ainda não dá indícios de que está perto de acabar, com casos ainda sendo registrados fora das áreas sob forte lockdown em torno de Xangai. Na última segunda-feira (2), foram anotadas 58 infecções pelo vírus.

Dados do governo chinês registram pouco mais de 14 mil mortes pela Covid-19 desde o início da pandemia.

Do ponto de vista de expectativa para a “normalização” do cenário, pode-se esperar que os lockdowns na China não demorem muito a cessar, principalmente na capital Pequim, embora não haja indícios do fim.

No segundo semestre deste ano, ocorrerá o Congresso do Partido Comunista. O governo do país aprovou uma resolução no fim de 2021, podendo fazer com que o presidente Xi Jinping alcance seu terceiro mandato, o que até então não era possível.

Uma boa aceitação por parte de Pequim é bem-vinda, embora a ditadura do país dificilmente mude de plano em razão do descontentamento ou aprovação pública.

Q-commerce: uma nova forma de ganhar dinheiro rápido?

As empresas de comércio rápido (q-commerce) são regidas pelo relógio, com algumas entregas promissoras de supermercado em 10 minutos. Mas em um mundo pós-pandemia, o relógio está começando a se esgotar na categoria?

Apenas nesta semana, o fornecedor de mercearia “instantâneo” Send entrou em colapso na Austrália , essencialmente deixando dois jogadores, Milkrun e Voly , lutando pela supremacia. O que aconteceu? O dinheiro acabou. O fundador do Send, Rob Adams, disse ao Sydney Morning Herald que o capital foi fácil de levantar em outubro do ano passado, mas apenas seis meses depois, a posição “era uma história totalmente diferente”. E lançar um negócio de q-commerce é intensivo em capital.

A pioneira em q-commerce dos EUA, a GoPuff , apoiada pelo Softbank , estava analisando um IPO e uma avaliação de US$ 40 bilhões em janeiro deste ano, segundo o New York Post . Mas em março, o IPO estava “morto na água” e os investidores têm lutado para vender suas participações por apenas US$ 15 bilhões. (Ecos do desastre “We Work” do Softbank – onde a avaliação caiu de US$ 47 bilhões esperados para um IPO de US$ 9 bilhões?)

O desempenho de mercado da plataforma de entrega de alimentos DoorDash não ajudou o sentimento dos investidores. Depois de abrir o capital em 2020 e as ações subirem para US$ 245,97 em novembro passado, as ações caíram 60%, para US$ 81,64 no início de maio.

Na Europa Ocidental, os players de q-commerce foram lançados e consolidados em um ritmo vertiginoso. Em setembro de 2021, a Euromonitor contava com 30 empresas competindo no espaço super-rápido e de hiperconveniência, “a maioria das quais foi estabelecida nos últimos 10 meses e… principalmente focada em entregas de supermercado”. A GoPuff comprou a Fancy e a Dija da Grã-Bretanha, depois renomeada como GoPuff para entrar no mercado do Reino Unido. A start-up turca Getir comprou a Weezy, com sede em Londres, e a Blok, de Barcelona, ​​expandindo-se para o Reino Unido e a Espanha. Gorillas de Berlim pegaram Frichti da França. (Parece que se você pudesse encontrar um nome pateta, comprar algumas e-bikes, alugar uma loja de esquina e chamá-la de “microcentro de atendimento”, então você poderia mudar seus negócios rapidamente e ir embora em muito pouco tempo.)

O Delivery Hero da Alemanha , listado na bolsa de valores de Frankfurt, comprou a Glovo da Espanha e, apesar do desempenho razoável, viu sua cotação de 128,30 Euros em novembro de 2021 para 35,04 Euros ao escrever este artigo. Então, por que o mercado azedou, quase tão rapidamente quanto as empresas de q-commerce podem entregar?

Q-commerce: explicações

primeiro ponto é que a verdadeira corrida pelo q-commerce começou em 2020, quando muitas partes do mundo foram bloqueadas pela covid-19. Não há a mesma urgência em comparação ao período de maior isolamento forçado pela pandemia.

segundo aspecto a ser analisado são as circunstâncias econômicas, que mudaram drasticamente nos últimos anos, culminando também no fim da “era do dinheiro barato”. A GeekWire chama isso de “a grande reinicialização das startups” – uma “reavaliação sistemática de capital e risco” em um momento de alta inflação e aumento das taxas de juros. Simplificando, as coisas não são mais o que costumavam valer alguns meses atrás, e o comércio rápido não será mais uma maneira fácil de ganhar dinheiro rápido. Os investidores estarão analisando com mais escrúpulo se uma empresa faz sentido comercial. E para muitos dos negócios de q-commerce, o modelo agora é o crescimento sobre o lucro, à medida que lutam por participação de mercado.

Por fim, as autoridades estão começando a regular os prazos de entrega extraordinários da publicidade. Na cidade de Nova York, um projeto de lei foi proposto para impedir as empresas de promover a entrega em 15 minutos, porque poderia incentivar “motoristas de e-bikes e scooters a se moverem rápido e quebrarem coisas”.

E o futuro?

Ainda assim, quando a poeira baixar, não há dúvida de que algumas plataformas de q-commerce estarão aqui para ficar – provavelmente operadoras globais, os Ubers do mundo q-comm. Os clientes adoram serviços de entrega rápida e suas expectativas continuam aumentando.

Como a McKinsey relatou, 30% dos consumidores esperam que os produtos cheguem no mesmo dia e, sem dúvida, ficam satisfeitos quando a entrega “em breve” diminui para a entrega “agora”. Isso apenas fecha a lacuna entre a disponibilidade instantânea de mercadorias no varejo físico (permitindo a cadeia de suprimentos) e a conveniência do online.

Quais negócios sobrevivem e o que constitui uma janela de entrega aceitável (tanto para o cliente quanto para a empresa) será fascinante. Notoriamente, um cliente na Índia twittou em dezembro passado que recebeu seu pedido em 2,5 minutos.

Tecnologia como robôs e drones ajudarão a economia do q-commerce. E ampliar a oferta para, por exemplo, marca própria e saúde e beleza ajudará as margens (como fez a empresa californiana FastAF ). Novas subcategorias também surgirão, como aconteceu, por exemplo, com o serviço de “medicamentos facilitados” da cidade de Nova York, Capsule.

E-commerce brasileira investe em loja virtual com sede nos Estados Unidos

Acreditamos que o mercado norte-americano pode oferecer facilidades na gestão e melhores lucrosComércio eletrônico latino-americano cresceu 35% em 2021; investimento em um negócio on-line no exterior mira obter rentabilidade maior do que no Brasil, diz empresário

A América Latina ganhou destaque em 2021 como um dos principais mercados de comércio eletrônico do mundo, com um crescimento de mais de 35% em comparação ao ano precedente, segundo indicativos do relatório eMarketer Insider Intelligence. Para este ano, espera-se que o crescimento acelerado impulsione o patamar a 20,4%, consolidando a região como a segunda com maior potencial de crescimento mundial, atrás apenas do Sudeste Asiático, que tem estimativa de alta de 20,6%.

No Brasil, o comércio digital alcançou a marca de 1,59 milhão de sites em 2021, número que representa 6% do varejo do país, conforme resultados de um balanço do PayPal Brasil, em parceria com a BigDataCorp. As lojas virtuais obtiveram alta de 22,05% neste período em relação ao ano precedente.

Diante de resultados positivos por aqui, e-commerces brasileiras passam a considerar a expansão para novos horizontes. Exemplo disso, a CODE Brincos Masculinos, e-commerce de acessórios voltados para homens, anunciou que irá abrir um estoque na Flórida, nos Estados Unidos, para explorar o mercado norte-americano.

Cássio Borges, sócio da CODE, explica que a estratégia usada para manter um estoque nos EUA é chamada de fullfilment. “Uma empresa terceirizada nos auxiliou nos trâmites legais iniciais de abertura de empresa, registros e documentação. Além do serviço contábil, essa empresa terceirizada oferece assistência no armazenamento de produtos, controle e expedição de pedidos, sem necessidade da nossa presença em território norte-americano”.

Segundo Borges, o investimento inicial foi de aproximadamente USD 5000 (R$ 24642,50), que inclui o auxílio na abertura da empresa e registros individuais de cada sócio. “Ao iniciar a operação, teremos custos para cada etapa da operação da loja virtual, como recepção de mercadorias, armazenagem, e despacho de pedidos”.

O empresário conta que a previsão é que a empresa inicie a operação nos EUA até o fim de maio. A divulgação, desenvolvimento, elaboração de estratégias e fluxo de caixa da loja virtual será operada pela equipe no Brasil.

“Identificamos uma oportunidade de mercado no segmento de acessórios masculinos nos EUA, e este estudo de mercado indicou um potencial de volume de vendas próximo ao que temos no Brasil”, explica. “Encontramos nessa oportunidade uma forma de diversificar os investimentos e ter uma alternativa ao mercado brasileiro, que exige um esforço muito grande para obter baixa rentabilidade. Acreditamos que o mercado norte-americano pode oferecer facilidades na gestão e melhores lucros”, complementa.

Com relação à previsão de crescimento com a empreitada, o sócio da CODE Brincos Masculinos destaca que a empresa vem trabalhando com cenários de curto, médio e longo prazo. “Em um prazo de 1 ano, a meta é obter pelo menos 100 pedidos ao mês. Em até 2 anos, o objetivo é obter, pelo menos, 200 pedidos por mês, e acreditamos em um potencial de alcançar mais de 1000 pedidos mensais a longo prazo”.