Varejo cresce 4,9% em janeiro, aponta o ICVA

A comparação é com o mesmo mês de 2022. Foi o 15º mês seguido de alta no varejo; ainda assim o patamar está abaixo do período da pré-pandemia, diz estudo da Cielo.

As vendas no varejo em janeiro de 2023 cresceram 4,9%, descontada a inflação, em comparação com o mesmo mês de 2022. Em termos nominais, que espelham a receita de vendas observadas pelo varejista, o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) registrou alta de 13,8%.

O ICVA foi desenvolvido pela área de Inteligência de Mercado da Cielo com o objetivo de oferecer mensalmente uma fotografia do comércio varejista do país a partir de informações reais.

Janeiro deste ano foi um mês favorecido pelos efeitos de calendário, segundo o estudo. O dia de ano novo caiu em um domingo, o que abriu espaço para um dia útil a mais que em janeiro de 2022, quando o dia 1º de janeiro caiu em um sábado. Descontados tais efeitos, o crescimento em janeiro foi de 4,5%.

De acordo com Vitor Levi, superintendente de dados e inovação da Cielo, janeiro marcou o 15º mês seguido de aceleração do varejo. “O mês apresentou bom desempenho. Os três macrossetores registraram crescimento, com destaque para Serviços. Em parte, isso pode ser explicado pela onda da variante ômicron, que prejudicou os resultados em janeiro do ano passado e beneficiou o mês de janeiro deste ano na comparação. Este efeito fica mais claro quando observamos a queda sofrida pelo setor de Drogarias e Farmácias”, afirma.

O que diz o ICVA sobre os setores

Descontada a inflação e desconsiderados efeitos de calendário, os dados do ICVA indicam que todos os macrossetores cresceram em janeiro. Essa situação não ocorria desde maio de 2022.

O maior destaque foi o de Serviços, alavancado por Turismo e Transporte. “É possível supor que este incremento ainda esteja ligado à demanda reprimida causada pela pandemia, que dificultou viagens e deslocamentos por quase dois anos”, avalia Vitor Levi, da Cielo.

O segmento de Postos de Combustíveis foi o que mais contribuiu para a alta do setor de Bens Não Duráveis.

Já no setor de Bens Duráveis e Semiduráveis o destaque foi o segmento de Óticas e Joalherias.
Inflação

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, apontou alta de 0,53% em janeiro. O índice acumulado nos últimos 12 meses ficou em 5,77%.

Segundo o IBGE, a alta em janeiro teve maior influência do grupo de Alimentação e Bebidas. A segunda maior variação foi de Transportes.

Ao ponderar o IPCA pelos setores e pesos do ICVA, a inflação do varejo ampliado acumulada em 12 meses em janeiro foi de 8,5%, com desaceleração em relação ao índice registrado no mês anterior.

Regiões em destaque no ICVA

De acordo com o ICVA deflacionado e com ajuste de calendário, os resultados de cada região em relação a janeiro de 2022 foram: Sul (+5,1%), Sudeste (+4,2%), Nordeste (+3,6%), Centro-Oeste (+3,2%) e Norte (+3,2%).

Pelo ICVA nominal – que não considera o desconto da inflação – e com ajuste de calendário, os destaques foram as regiões: Sudeste (+15,4%) e Sul (+13,2%). Na sequência aparecem Nordeste (+10,2%), Centro Oeste (+9,9%) e Norte (+9,4%).

Sobre o ICVA

Vale lembrar que o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro, de acordo com as vendas realizadas em 18 setores mapeados pela Cielo, desde pequenos lojistas a grandes varejistas. Eles respondem por 1,1 milhão de varejistas credenciados à companhia.

O peso de cada setor no resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês. O indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda. A Cielo também informa que esse índice não é de forma alguma a prévia dos resultados da Cielo, que é impactado por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.

Projeção coloca e-commerce brasileiro como líder global de crescimento

Com a transformação digital ao nível global tendo sido acelerada nos últimos anos, as atividades virtuais ganharam cada vez mais espaço, revolucionando o cotidiano das pessoas.

Segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 155 milhões de brasileiros, com 10 anos ou mais, possuem pelo menos um smartphone — equivalente a 84,4% da população brasileira. Considerando o cenário cada vez mais digitalizado e com o crescimento exponencial de usuários ao redor do mundo, a tendência é que o comércio eletrônico conquiste cada vez mais espaço. Tendo isso em mente, o Cuponation, plataforma de descontos online, realizou um levantamento sobre a possível taxa de crescimento do e-commerce no Brasil e no mundo, nos próximos cinco anos.

Segundo dados do banco internacional de dados Statista, a suposta taxa de crescimento anual composta de vendas do comércio eletrônico, entre 2023 e 2027, é de pelo menos 14.63%. A lista é composta por 19 nações, onde o Brasil fica em primeiro lugar do ranking de países com o maior crescimento nos próximos cinco anos, seguido por Argentina (14,61%), Turquia (14.33%), Índia (13,91%) e México (13,67%) — fechando o top 5.

Mercado Livre: VP detalha a ousadia para crescer em tempos de incerteza

Em entrevista à EXAME, executivos da plataforma de marketplace dizem que ganho de participação de mercado se intensificou após a crise da Americanas estourar.

“Só os paranóicos sobrevivem”. A frase é originalmente de Andrew Grove, ex-CEO da Intel, e repetida com frequência por um dos fundadores do Mercado Livre, virando uma espécie de lema para a empresa. Em um ambiente de juros em patamares mais altos – no caso do Brasil, perto de 14% ao ano -, só mesmo a inquietação parece ajudar o varejo a driblar as adversidades: os custos estão mais altos e a demanda, pressionada.

O terreno é de terra arrasada para parte do varejo, sendo a Americanas (AMER3) o caso mais evidente, com uma recuperação judicial provocada pela descoberta de um rombo de R$ 20 bilhões no balanço. Há ainda casos como o da Marisa (AMAR3) e da CVC (CVCB3), em reestruturação, e a gigante americana Amazon, que demitiu 18 mil funcionários em todo o mundo. Mas o Mercado Livre, indicam seus números, vive outra realidade.

“A gente está contratando. Seguimos crescendo, a única coisa é que diminuiu a taxa de crescimento”, diz Fernando Yunes, vice-presidente sênior e líder do Mercado Livre no Brasil em entrevista à EXAME Invest, dada ao lado de André Chaves, que é o responsável pela estratégia e desenvolvimento corporativo da varejista na América Latina. No Brasil, a receita do quarto trimestre cresceu 28% em moeda local, com avanço de 36% no varejo e 93% nas operações da fintech Mercado Pago. A receita de toda operação brasileira tinha saltado 61% no último trimestre de 2021.

No quarto trimestre, a receita da companhia cresceu 56%, para US$ 3 bilhões. O lucro líquido de todo o grupo chegou a US$ 165 milhões, revertendo o prejuízo registrado no mesmo período de 2021, de US$ 46 milhões. No ano, a última linha do balanço de todo o negócio saltou nada menos que 480%, para US$ 482 milhões.
A receita foi a tal “paranóia” de crescer somada à sorte. Ainda em 2021, a empresa criou um programa de produtividade de custos. A visão era criar uma agenda de produtividade que permitisse investir mais para seguir crescendo. “Só que os juros subiram muito rápido. Então, todo o ‘funding’ gerado pelo programa, no final, foi usado para segurar nossas margens”, diz Yunes.
A escalada dos juros pode ter mudado o percurso do programa da empresa, mas ajudou a manter as margens quando todo o mercado perdia rentabilidade. “Essa disciplina nos colocou numa posição mais confortável do que a das outras empresas que estavam gastando e nos permitiu não fazer um ajuste duro nesse ano [2022]”, acrescenta Chaves.
Com números tão positivos, a empresa foi abocanhando mais participação na disputa do comércio online, mas a corrida por fatias desse bolo ganhou mais intensidade no começo desse ano com um dos players, a Americanas, perdendo parte do seu espaço. Até novembro de 2022, o Mercado Livre liderava o comércio online brasileiro, com 14% de audiência, segundo a Conversion, que monitora ferramentas de pesquisas.
Os ganhos de participação de mercado vêm desde o terceiro trimestre de 2020, conta Yunes, mas agora a velocidade ficou maior. “Abrimos esse ano ganhando share. Então, sim, houve uma aceleração. Viemos nessa tendência há muito tempo e isso, depois do episódio, se intensificou.”

Leia abaixo a entrevista com os executivos do Mercado Livre:

Exame Invest: Todo o setor tem sinalizado que está pressionado. O que o Mercado Livre tem de diferente?

Fernando Yunes: Os principais diferencias que o Mercado Livre tem começam pelo lado do sortimento. Temos o maior sortimento de produtos e marcas do Brasil e da América Latina. Ano passado adicionamos 513 novas marcas, como Farm, Ellus, Rayban, GoPro, Shiseido e Universal Music. Há mais de 1.600 marcas que a gente trouxe em dois anos, muitas que são as preferidas dos clientes. Ao mesmo tempo, somamos mais 170 mil vendedores de middle e long tail. Com isso, chegamos a mais de 400 milhões de produtos anunciados, que é um número superior à soma do segundo e do terceiro concorrentes.
O segundo ponto vem de uma usabilidade do aplicativo e do site muito simples e intuitiva. É muito rápido e simples de você fazer uma compra. E a velocidade de logística é a maior do mercado. A gente está entregando quase 80% em até 48 horas e, na média Brasil, 51% em até um dia. Também estamos com pós-venda muito eficiente, com um programa de devoluções que ficou muito mais simples. A gente já tem agora 7.100 ‘places’, que são locais físicos ligados na rede logística do Meli para que as pessoas possam fazer pick up ou devolução de produtos.

Chaves: O interessante é como isso se traduz depois para o acionista, né? Justamente por ter a maior variedade, significa que o consumidor vem mais naturalmente, está mais fidelizado. A gente consegue ter um orçamento de marketing muito menor do que a maioria do mercado porque a gente tem mais escala, tem mais oferta e tem mais busca natural, mas retenção de compradores. A gente presta um serviço para os nossos vendedores que a gente consegue derivar em muitos casos até 80% do volume deles. A gente cobra um take rate dele que seja um take rate sustentável para o negócio, ao mesmo tempo que ele veja muito valor. E a gente traz muito volume para ele também. Por outro lado, a gente conseguiu uma escala logística, por conta do volume, em que os custos logísticos são muito baratos. Certamente baratos comparado ao resto do mercado.

EXAME Invest: Mas o cenário é complexo do ponto de vista de custos e vemos todo o setor desafiado, não?

Chaves: A gente concorda com isso. Achamos que, ao longo dos anos, a escala que a gente construiu e os investimentos de tecnologia permitem que, de um lado a gente tenha muitas alavancas de monetizar, e do outro a gente consiga operar com o custo baixo. Então a gente conseguiu ter um negócio que, apesar de todo o desafio, ele não só foi rentável regionalmente como também foi rentável no Brasil ao longo do ano.

Exame Invest: O relatório do quarto trimestre fala em ganho de participação. É de se imaginar que isso tenha ficado ainda mais intenso no começo do ano com o cenário complexo do varejo. Especificamente o episódio com a Americanas tem garantido uma fatia maior do bolo para vocês? Vocês ganharam participação desde o começo da crise deles?

Yunes: O contexto é super desafiado, com o impacto de juros e inflação pegando o custo das empresas. E o mercado também não está voando, a demanda está impactada por inflação e juros. Mas desde o segundo trimestre de 2020 a gente vem ganhando ‘market share’ trimestre após trimestre de forma consistente. Então, já são praticamente três anos que a gente ganha share consistentemente e no ano passado isso aconteceu também. Abrimos esse ano ganhando share. Então, sim, houve uma aceleração. A gente não pode abrir o quanto e também não sabe o quanto disso se mantém. Mas viemos nessa tendência há muito tempo e isso, depois do episódio, se intensificou.

Exame Invest: E como vocês estão driblando esse momento mais complexo para o ambiente de negócios?

Yunes: É, o momento é realmente complexo. O crédito para o segmento todo começa a ficar mais caro com o receio dos bancos de exposição aos players. Custos de antecipação ficam mais caros também. Desde o ano passado acho que a gente se antecipou muito bem em criar uma agenda de produtividade de custos muito cedo na empresa. Antes dos juros subirem. A gente até teve uma certa sorte, porque a nossa visão era criar um programa de produtividade, que gerasse ‘saving’ para poder crescer. Só que os juros subiram muito rápido. Então, todo o ‘funding’ gerado pelo programa, no final, foi usado para segurar nossas margens. Mas foi ótimo que a gente começou isso com essa antecedência. Então a gente conseguiu manter margens e manter uma capacidade de investimento diferenciada. Acho que a gente está num momento de seguir muito comprometido com o Brasil. Vai ser mais um ano muito forte de investimento. A cada ano a gente investe mais do que no ano anterior e esse ano vai ser assim.

Chaves: Como cor para isso que o Yunes falou, nosso quadro de trabalhadores está muito diferente de todo o mundo de tecnologia, que está cortando vagas globalmente.

Yunes: Sim, a gente está contratando. Seguimos crescendo, a única coisa é que diminuiu a taxa de crescimento.

Chaves: Foram ganhos de eficiência ao longo de toda a cadeia. A gente revisou vários dos nossos processos, várias das nossas iniciativas para tentar ganhar alavancagem operacional. Isso quer dizer o quê? Meu custo tem que crescer menos que o crescimento da receita. E essa disciplina começou em 2021, não começou com uma reação ao mercado. Ela colocou a gente numa posição mais confortável do que a maioria das empresas, que estava gastando, e permitiu que a gente não fizesse um ajuste duro.

Exame Invest: Mas qual o diagnóstico para 2023? Vai ser de crescer com a rentabilidade avançando menos?

Yunes: A gente quer que a taxa de crescimento do negócio seja um pouco superior à do ano passado e que a margem de rentabilidade também avance um pouco. Então seria um ano de crescer mais e entregar uma rentabilidade melhor.

Exame Invest: Quando você fala em crescer mais, está falando em mais receita mesmo?

Yunes: Sim. Nossa GMV no ano passado foi de crescimento de 21%, não podemos abrir números mas queremos crescer em velocidade maior e a margem de Ebit e lucro um pouco também. Então seria um negócio crescendo um pouco mais rápido com uma margem um pouco melhor.

Chaves: Uma frase que nosso CFO repete sempre é: “ganhos modestos, mas consistentes de rentabilidade”. Quando se compõe com o crescimento de receita que segue acelerado, significa muito mais dólares sendo gerado de rentabilidade.

Exame Invest: Vocês falaram muito da frente logística, e um ponto forte do Mercado Livre é sua capacidade de fullfilment [a empresa fica responsável pela armazenagem do estoque do seller e pela entrega ao cliente após a venda], não?

Yunes: O fullfilment em Mercado Envios vemos como um pilar fundamental para seguir investindo e crescendo. Mais de 40% da nossa GMV [sigla em inglês para volume bruto de vendas] é enviado pelo fullfilment. Na hora que se soma o crossdock, que também são centros próprios do Mercado Livre, aí vai para mais de 90%. Hoje, o que é entregue fora da rede Mercado Livre é só 5% do volume, 95% passa pela rede. E o fullfilment é o modelo mais rápido que a gente tem de entrega.

Chaves: A gente encara a logística como um negócio de tecnologia porque a capacidade de botar metro quadrado de CD [centro de distribuição] não é única do Mercado Livre. Mas a gente tem mais de 2.000 engenheiros escrevendo programas, escrevendo códigos para as várias partes da logística. Então a gente tem muitas soluções que são únicas e que são proprietárias em toda a rede. Ou seja, não é não é que a gente sai na frente por ter mais metro quadrado, mas sai na frente por escrever código.

Exame Invest: Os analistas dos bancos de investimento falam muito do sucesso do ecossistema do Mercado Livre. Como essa estrutura que vocês criaram contribui para os resultados?

Yunes: Acho que aí tem dois pontos. O primeiro, que é a base de tudo, é a cultura da empresa. Numa cultura que compete e não colabora, é difícil potencializar sinergias. Cada um vai pensar no seu pedaço. Do lado da cultura, é uma cultura muito de dono. Muitos dos fundadores ainda estão na empresa, é uma cultura de visão de longo prazo, de ousar e tomar risco. Além de quebrar os silos da empresa. Então, potencializar o ecossistema é algo que as lideranças têm genuinamente como algo a construir, porque isso fortalece o negócio como um todo. Um desses elos importantes é a logística, o outro é o Mercado Pago.

Exame Invest: Que teve um resultado bastante relevante nesse último trimestre, não? No Brasil, a receita da fintech cresceu 93% (sem efeito do câmbio).
Yunes: Mercado Pago nasceu para servir o ecossistema para possibilitar que as transações acontecessem de forma segura entre compradores e vendedores. Hoje, 100% do que é transacionado no Mercado Livre vai por meio do Mercado Pago. Toda a parte de crédito para pessoas, para compradores e para vendedores Mercado Pago oferece dentro da plataforma. O comprador quando chega no check out tem várias opções de pagamento: pode pagar com dinheiro em conta do Mercado Pago ou com cartão de crédito Mercado Pago; também pode fazer um crédito do Mercado Pago ou pode pagar com cartão de outra bandeira. Então o Mercado Pago trouxe muitas soluções e a gente tá complementando elas. Você não precisa nem escolher uma ou outra, pode escolher algumas para utilizar os limites que você tem. Isso gerou muita conversão de venda e melhoria da experiência dos clientes. A gente suporta os vendedores também, que podem pegar crédito com o Mercado Pago. Com isso a gente ajuda eles a financiar fluxo de caixa, capital de giro, para investir e crescer o negócio. Também entramos em seguros, investimentos em cripto…Mercado Pago virou um banco digital completo, que serve os usuários do Mercado Livre. Mas ele vai para fora do Mercado Livre também servir clientes do mercado aberto. E aí o mercado financeiro é um mercado enorme, com potencial gigantesco.

Chaves: Uma série de coisas que aconteceram no último no último ano que foram bem relevantes para o crescimento da rentabilidade. Hoje, uma das verticais do negócio passa por processar pagamentos fora do marketplace [ ]. Você pode vender no seu site e cobrar pelo Mercado Pago ou na sua loja física e usar nossa máquina de cartão. Teve um crescimento desse negócio, que segue crescendo as taxas muito saudáveis e com ganho de eficiência grande quando a gente verticalizou quase na totalidade de operação de adquirência. A gente não era adquirente próprio e passou a ser. Isso dá melhor serviço, mais taxa de aprovação e melhora a margem também. No lado da pessoa física a gente deu bastante eficiência na conta e a gente continua tendo desempenho bastante bom da carteira de créditos.

Exame Invest: Em que sentido?

Chaves: A gente tem um modelo bastante particular de crédito em que a gente faz toda a aprovação de crédito com base em dados proprietários. Ou seja, eu sei hoje não só o que você compra, mas o que que você navegou, como você navegou, o que que você digitou, que meios de pagamento você tem, endereço, etc. Isso tudo é tem uma camada de Inteligência Artificial por cima que consome esses dados e faz o credit score. Temos um credit score bastante bom e a gente fez uma boa gestão da carteira ao longo do período de crise.

Exame Invest: Sim, vocês fizeram provisões para perda, mas houve até mesmo redução disso no quarto trimestre. Como tem sido a atuação de vocês nessa concessão? Estão mais conservadores? (A operação do Mercado Crédito terminou 2022 com US$2,8 bilhões em carteira e um spread de 48% entre as receitas de crédito e as despesas associadas com provisões para perdas).

Chaves: A gente está mais conservador, especialmente no Brasil e um pouco menos no México e na Argentina. Muito do que a gente viu de expansão de rentabilidade agora em crédito foi isso. No final do segundo trimestre, a gente tomou a decisão de limitar créditos mais arriscados. E continuar buscando crescimento nos perfis menos arriscados. Pela natureza do nosso crédito esse perfil menos arriscado é até mais rentável. O que que a gente viu agora? A gente viu a maturação dessa decisão no quarto trimestre em que eu tenho mais carteira em perfis menos arriscados, que têm menos perda. E o segundo efeito, para ser 100% transparente, é a sazonalidade. Brasil, México e Argentina são países que têm entrada de caixa para as pessoas físicas no final do ano, com pagamento do décimo terceiro salário ou equivalente.

Exame Invest: Certo. A receita do Mercado Pago cresceu bastante no quarto trimestre e foi quase metade da receita total do grupo no período, mas quanto já contribui para o lucro do negócio?

Chaves: Esse número a gente não abre para o mercado. Mas o que posso falar é que é relevante. Já não se tem margens muito diferentes entre os dois negócios.
Exame Invest: Bom, dado tudo que falamos e o fato de que os indicadores macroeconômicos não deram sinais de melhora, quais os riscos que vocês veem para 2023 e mesmo 2024?

Yunes: Sempre tem um risco, né? O contexto macroeconômico com juros muito altos, ou se a gente tiver um aumento de desemprego e se a inflação persistir é ruim do poder aquisitivo. Tudo isso torna o contexto desafiador, mas os anos também não têm sido fáceis. Então a gente continua com uma visão otimista. O nosso segmento ainda tem uma penetração que não é alta. A penetração do e-commerce está ao redor de 15% ainda no varejo brasileiro. Tem muito espaço para crescer. Nos Estados Unidos já chegou nos 25%. Na China tem indicadores que passam dos 40%. Então o contexto como um todo pode estar desafiado, mas a gente acha que a penetração, e a conveniência toda que vem com a compra online, ainda tem muito espaço para avançar. Aí tem algo para seguir focando, melhorando as experiências e trazendo mais sortimento, fortalecendo a marca para acelerar a migração do offline pro online. Acho que parte disso se vê nessa iniciativa da gente de entrar no Big Brother, que foi uma decisão de 24 horas. Abriu a possibilidade, nos procuraram e a gente tomou a decisão. É algo novo que não temos a dimensão, mas vamos medir o quanto vai gerar de awareness. Então vem uma pegada de marca bem mais próxima dos brasileiros e talvez ajude a gente a trazer mais usuários que ainda não estão no e-commerce e ganhar market share. É o momento de ser ousado. A gente está tentando ser ousado no momento de incertezas. Estamos moderadamente otimistas.

Chaves: Nunca imunes, nunca confortáveis. Eu acho que qualquer empresa de tecnologia que se sentiu confortável ficou para trás na história. A gente está em setores de alta inovação e de alta competitividade, então não pode abaixar a guarda em momento algum. O nosso fundador tem uma frase que ele repete com alguma frequência que é: “só os paranoicos sobrevivem”. Portanto, a gente segue paranóico aqui.

Micro e Pequenas empresas do transporte rodoviário apostam na digitalização para conter a inflação

Com a digitalização, as Micro e Pequenas empresas estão aproveitando algumas vantagens de implementar uma logística mais eficiente.

Segundo estudo da Fretebras, maior plataforma de transporte rodoviário de cargas da América Latina, no 1° semestre de 2022 o número de novos cadastros de micro e pequenas empresas aumentou 44% na plataforma, demonstrando um aumento na procura por soluções digitais para transporte dos fretes. As pequenas transportadoras do setor conseguiram se reinventar e se adaptar mais rapidamente às necessidades do mercado (principalmente pós pandemia), em função do seu tamanho e menor investimento em ativos imobilizados, como frotas próprias, além da maior facilidade de incluir a digitalização em seus processos de trabalho. Assim, as micro e pequenas conseguiram aproveitar uma série de vantagens, como por exemplo uma economia de 23% ao utilizar a plataforma da Fretebras frente ao aumento da frota própria.

Os pequenos negócios brasileiros continuam colecionando grandes números em 2022. Nos três primeiros trimestres do ano, a soma da abertura de empreendimentos nos três portes – Microempreendedor Individual (MEI), microempresa (ME) e empresa de pequeno porte (EPP) – chegou a aproximadamente 3 milhões de registros. Os dados fazem parte de levantamento do Sebrae.

O investimento em soluções digitais ajudou as transportadoras a conter a inflação, que é absorvida primeiro pelo motorista (+50%) e em seguida pela transportadora (30-40%). Com isso o consumidor também sente esse peso no final da cadeia.

“A aceleração da digitalização das MPEs se tornou uma realidade a partir da pandemia, quando muitas empresas precisaram inovar para conter os altos custos das operações e o aumento constante da inflação. Desta forma, muitas buscaram por soluções que os ajudassem a manter uma boa gestão das operações. E isso vemos no transporte rodoviário de cargas, que representa de 60% a 70% de tudo o que é movimentado no país”, declara Bruno Hacad, diretor de Operações da Fretebras.

Com a digitalização, as MPEs estão aproveitando algumas vantagens de implementar uma logística mais eficiente, como acesso à informação em tempo real, melhora na gestão dos processos e redução de custos e perdas.

Pensando em ajudá-las neste processo, depois de investir, em dois anos, R$ 800 milhões em tecnologia e produto, a Fretebras entrega hoje uma plataforma completa de gestão da jornada do frete.

“O objetivo é passar de uma plataforma de publicação de cargas para uma de gestão dos fretes de ponta a ponta, desde a contratação do motorista e pagamentos até a entrega da carga. Buscamos levar mais eficiência na contratação de motoristas, com a própria plataforma indicando os mais propensos a aceitarem as viagens oferecidas; maior segurança na operação com o uso de tecnologias de validação dos motoristas com biometria facial; e maior otimização do tempo gasto por operadores acompanhando as viagens dos caminhoneiros, com monitoramento do motorista e da carga, desde o aceite até a entrega”, declara Bruno Hacad.

Sudeste possui a maior representatividade em cadastros na plataforma
A região do País com maior representatividade no cadastro de micro e pequenas empresas na plataforma Fretebras foi a Sudeste, com 49%. Em seguida aparecem o Sul (24%), Nordeste (12%), Centro-Oeste (11%) e Norte (4%).

“Sudeste puxa esta representatividade, mas a surpresa fica por conta do Nordeste que tem acelerado o seu processo de industrialização e pelo Centro-Oeste, por conta da digitalização do agronegócio, para conter custos, principalmente nas exportações”, relata o diretor de Operações da Fretebras.

Entre os Estados, São Paulo é o que apresenta a maior representatividade (31%), ficando bem à frente dos outros: Paraná (11%), Minas Gerais (11%), Santa Catarina (7%), Rio Grande do Sul (5%), Bahia (4%), Goiás (4%), Rio de Janeiro (4%) e Mato Grosso (4%).

Em questão de aumento de novos cadastros de micro e pequenas empresas na plataforma Fretebras, o destaque fica para o Rio de Janeiro, com 94,6%. Em seguida aparece Mato Grosso, com crescimento de 57%, Goiás (55,2%), São Paulo (45,2%), Minas Gerais (43%), Paraná (37,7%), Bahia (26,4%), Santa Catarina (16,4%) e Rio Grande do Sul (12,7%).

“Números do Sebrae demonstram bem esse crescimento no Rio de Janeiro, já que as micro e pequenas empresas do estado do Rio foram responsáveis por 62% das vagas criadas nos sete primeiros meses do ano.”, complementa Hacad.

Faturamento do e-commerce aumenta 33% em janeiro, de acordo com os dados da Nuvem Shopping

Lojistas começam o ano faturando R$ 237 milhões com vendas online. Roupa escolar, óculos de sol e perfumes são os produtos mais vendidos.

Já no primeiro mês do ano as pequenas e médias empresas aumentaram suas vendas online: o faturamento do e-commerce em janeiro chegou a R$ 237,5 milhões. O número representa um crescimento de 33% em comparação ao mesmo período de 2022 (R$ 177,7 milhões).

O valor médio por compra chegou a R$ 251 no mês, um aumento de 7%. Já o volume de produtos vendidos foi de 4,3 milhões. Isso quer dizer 26% a mais que no mesmo período do ano passado (R$ 3,4 milhões) o número de pedidos online cresceu 24% passando de 762 mil para 946 mil.

“O início do ano costuma ser desafiador para as varejistas. No entanto, os dados mostram que os empreendedores online estão se planejando com mais antecedência ponto principalmente com a volta às aulas e as festas de carnaval presenciais estão aproveitando as datas para realizar campanhas específicas e aumentar suas vendas”, afirma Tamires, especialista em economia da Nuvem Shopping.

O que mais vende no comércio online?
Em janeiro de 2023, moda foi o segmento que liderou as vendas (R$ 88,5 milhões) seguido por:
• Saúde e beleza (R$ 19,5 milhões);
• Acessórios (R$ 18,5 milhões);
• Casa e Jardim (R$ 10,5 milhões);
• Joias (R$ 8,2 milhões).

Dentre os produtos mais vendidos no mês, estão: roupa escolar óculos de sol e perfumes.

Os dados ainda mostram que o cartão de crédito foi o meio de pagamento mais utilizado com 50% dos pedidos pagos. Entretanto, foi o pix que se destacou no levantamento. Em 2022, a solução representou 14,5% dos pagamentos no mês, enquanto no mesmo período deste ano chegou a 26%-um aumento de 80%.

O ranking nacional dos Estados com maior venda foi composto por:
• São Paulo (R$ 120,8 milhões);
• Minas gerais (R$ 24,4 milhões);
• Rio de janeiro (R$ 15,8 milhões).

Já os estados de Goiás e Santa Catarina apresentaram um crescimento percentual de destaque, superior à média nacional: 70% e 52%, respectivamente.

Os dados são da Nuvem Shopping, plataforma para criação de lojas online que é líder na América Latina. Foram levantados com a base dos mais de 100 mil lojistas da plataforma durante o período de janeiro de 2022 a 2023.

Dia do Consumidor: Pesquisa revela que a média de gasto será de R$ 250 por pessoa

Categorias em que os consumidores mais pretendem investir são celular e acessórios, eletrodomésticos e informática

Uma pesquisa in-app realizada com mais de 1.700 usuários pela Shopee, plataforma de comércio eletrônico que conecta vendedores, marcas e consumidores, revelou que a maioria dos brasileiros pretende realizar suas compras em marketplaces (76%) no Dia do Consumidor 2023 (15.3) e que a média de valor de investimento será de R$ 250. As categorias que mais pretendem investir são: Celular e Acessórios, Eletrodomésticos e Itens de Informática.

“O Dia do Consumidor já se tornou um dos momentos mais importantes do varejo brasilieiro. A data é uma oportunidade para pequenos e médios vendedores e grandes marcas apostarem em promoções e competir pela atenção do consumidor. Sabemos que as pessoas buscam conveniência e oportunidades de economia.”, comenta Felipe Piringer, responsável pelo Marketing da Shopee.
Motivação de compra

Os resultados mostram que 45% das pessoas pretendem comprar durante a data. No entanto, a maioria (75%) respondeu que só pretende comprar algo após a comparação de preços em diversos apps e na internet e perceberem vantagens e benefícios que geram economia. Já 68% dos respondentes comparam as promoções e os descontos do Dia do Consumidor com o que foi oferecido em outras datas importantes do varejo como a Black Friday, por exemplo. Entre as motivações para compras no Dia do Consumidor, 62% das pessoas estão em busca de itens de desejo com o melhor preço e 30% procuram produtos de necessidades básicas também com um ótimo valor.

No comparativo com a Pesquisa de Intenção de Compras de Dia do Consumidor da Shopee em 2022, a média de gasto aumentou de R$ 218 para mais de R$ 250 (+18%) e a categoria que mais cresceu no quesito pretensão de compra foi Eletrodomésticos (+2,4%). Já em 2023, as categorias preferidas são: Cozinha e Decoração, Roupas femininas e Calçados.

Além disso, a pesquisa, realizada em todas as regiões do país, indica que os métodos de pagamento que os consumidores mais pretendem utilizar são cartão de crédito (49%), PIX (38%) e boleto bancário (6%), cartão de débito (4%) e outras opções de pagamentos como dinheiro, link de pagamento e QR Code representam apenas 1% da preferência dos usuários.

Tráfego do e-commerce brasileiro retrocede pelo segundo mês seguido

Volta às aulas e férias de janeiro garantem bons – e pontuais – desempenhos para segmentos de educação e de turismo. Seguindo a tendência de queda no consumo após as festas de fim de ano, o e-commerce brasileiro também tem visto esse fenômeno acontecer em seu tráfego.

Em janeiro, o volume de visitas às plataformas do país caiu 1,2% em comparação a dezembro — quando já havia registrado uma redução de 4,7% em relação ao mês anterior, marcado pela Black Friday. De novembro a janeiro, a redução no tráfego soma 5,6%. Para alguns segmentos, porém, o mês de janeiro foi positivo. É o caso dos lojistas de Educação, Livros e apelaria, que viram o tráfego subir 22% em comparação a dezembro.

Foi o melhor desempenho de todo o Relatório Setores E-commerce no Brasil – Fevereiro/2023-Referente à Janeiro/2023, da Conversion, já disponível na Biblioteca do RadarIC, link: https://radaric.correios.com.br/3d-flip-book/relatorio-setores-e-commerce-no-brasil-fevereiro-2023-referente-a-janeiro-2023/ .

O motivo é óbvio: a volta às aulas. “Esse dado reforça a importância de mensurar o tráfego das plataformas online. Elas captam, por uma outra via, as tendências centrais do consumo antes que as compras se materializem”, comenta Diego Ivo, CEO da Conversion.

Isso se vê também em outros indicadores do relatório de janeiro. O segundo melhor resultado do mês foi do segmento de turismo, com alta de 14% nas visitas únicas — o que reflete a procura das pessoas por viagens de férias nessa época do ano ou para o Carnaval. Isso vale ainda para o aumento de 8,4% no tráfego do segmento de Casa e Móveis, que pode expressar um movimento comum das famílias em renovar o espaço doméstico no início do ano.

Na contramão desses dados positivos estão os segmentos de Esportes, Moda e Acessórios e Joias e Relógios, que perderam, todos com quedas acima da casa dos 10%. O segmento mais importante do e-commerce brasileiro, o de marketplaces, também retraiu: -2,6%. Foi a segunda queda seguida desde a Black Friday, ficando na casa do 1,06 bilhão de visitas.
O resultado foi bastante afetado pela queda de 5,4% nos acessos via apps de smartphones.

Para Diego Ivo, não são números preocupantes para o segmento. “São plataformas muito robustas, que somam a maior parte do tráfego e das receitas do comércio eletrônico do país”.
Entre as marcas mais acessadas do país, nada novo sob o sol. O Mercado Livre segue na dianteira, com 349 milhões de visitas mensais. A empresa argentina reúne, sozinha, 14% do tráfego do e-commerce no Brasil.

A Amazon Brasil, na segunda colocação, subiu 6% em janeiro — no melhor desempenho entre as primeiras posicionadas. Shopee (-0,6%), Magalu (2,5%) e Americanas (-25,3%) completam o ranking. Já na métrica do Share of Search, a disputa segue acirrada entre três marcas de segmentos diferentes: a Stanley, de Presentes e Flores, a Amazon, dos marketplaces, e a Petz, das lojas de produtos para pets.

Em dezembro, a liderança estava com esta última, mas 2023 começou novamente com a marca norte-americana de copos térmicos à frente, somando 55% de todas as buscas no Google dentro do seu segmento — melhor desempenho considerando todas as analisadas no relatório.

A Amazon tem 49% das procuras e a Petz, 41%.
“Essa é uma disputa que será interessante de ver, assim como observar a própria relevância da métrica para os negócios”, finaliza Diego Ivo. Vale lembrar que o Share of Search é uma mensuração preditiva em que é possível observar a tendência dos consumidores pesquisando sobre produtos e marcas dentro da Internet.

Relatório Setores E-commerce no Brasil – Fevereiro/2023-Referente à Janeiro/2023-Conversion, disponível na Biblioteca do RadarIC (https://radaric.correios.com.br/3d-flip-book/relatorio-setores-e-commerce-no-brasil-fevereiro-2023-referente-a-janeiro-2023/).

Novo indicador aponta melhora do varejo em 2023

Começo do ano teve boas performances em produtos alimentícios, vestuário e material escola, segundo Índice de Atividade Econômica Stone Varejo.

Após desempenho fraco no ano passado, o volume de vendas do comércio no país voltou a subir no começo de 2023, puxado por boas performances em produtos alimentícios, vestuário e material escolar. É o que sinaliza primeira edição do Índice de Atividade Econômica Stone Varejo, novo indicador que mensura ritmo de vendas do setor, elaborado pela empresa de meios pagamentos Stone e pelo Instituto Propague.

No indicador, cujo resultado de janeiro desse ano foi antecipado ao Valor, o volume de vendas ante janeiro de 2022 subiu 1,02%, após quedas em dezembro de 2022 (-1,02%) e em novembro (-1,84%), também na comparação ante igual mês de ano anterior.

O novo índice, cuja metodologia é baseada na do Consumer Finance do Federal Reserve Board (Fed, o BC dos EUA), pode estar a antecipar sinal de melhora no comércio, ante ano passado. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apurou alta de 1% em 2022 nas vendas do varejo restrito, que exclui veículos, motos, partes e peças e material de construção: a pior taxa anual desde 2016 (-6,2%).

Porém, para Matheus Calvelli, cientista de dados da Stone, no primeiro mês de 2023 o cenário do comércio foi mais favorável, na leitura do novo indicador.
Ao justificar sua posição, o especialista citou outra versão do índice, denominada Índice Stone Restrito, que exclui material de construção, combustíveis, e veículos e peças. Nele, houve alta até mais intensa em janeiro desse ano, de 3,34% ante janeiro do ano passado.

Na evolução por segmentos, completou Calvelli, a maioria dos usados para cálculo do Stone Varejo teve performance positiva, em janeiro ante janeiro de 2022. Uma delas foi aumento de vendas de produtos alimentícios, informou ele.

Outro destaque positivo foi vestuário, acrescentou o especialista. Há sinais de intensificação de promoções, nas lojas desse segmento, em janeiro – o que pode ter alavancado vendas.
Além disso, citou ainda boas vendas em papelaria a influenciar para cima a alta do índice em janeiro. Ele lembrou que neste ano está sendo primeiro período escolar “relativamente normal” após pandemia iniciada em 2020, o que favorece compra de material escolar.

O indicador também traz análise por regiões, completou ele. Em janeiro de 2023 em relação ao mesmo mês em 2022, as vendas do varejo subiram em 18 dos 26 Estados mais Distrito Federal, no Stone Varejo. “Foi bem disseminada a melhora [no comércio]”, resumiu.

Para se acompanhar evolução dos segmentos pesquisados pelo indicador, será montado site próprio do Stone Varejo, com séries gratuitas. A coleta de informações para o indicador é feita junto à base de clientes da Stone.

Calvelli informou que a ideia é que o índice saia todo mês, antes do dia 10. Vinicius Carrasco, economista-chefe e sócio da Stone notou ainda que os dados do varejo pelo IBGE contam com “demora” entre apuração de dados e divulgação – o que não será o caso do Stone Varejo. “A gente pode gerar a informação em ‘real time’ quase.”

Desempenho das PMES em 2023 deve aumentar apenas 1,5%, aponta pesquisa

Em 2022, segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), a movimentação financeira real média das PMEs brasileiras expandiu 1,9%. Para 2023, o estudo indica um crescimento de apenas 1,5%, com perspectivas positivas especialmente para as atividades dos setores Agropecuário, Comércio e Serviços.

Empreendedores enfrentarão novos desafios em 2023
De modo geral, o mercado espera uma desaceleração da atividade econômica brasileira em 2023 — o IODE-PMEs já havia mostrado perda de fôlego no último trimestre de 2022. Segundo o boletim Focus do Banco Central, a média das estimativas do mercado indica crescimento de +0,8% do PIB brasileiro em 2023, após expectativa de +3% em 2022.

Portanto, a tendência de desaceleração nos últimos meses tende a se consolidar no curto prazo. Como reflexo, as taxas de crescimento serão mais modestas a partir do primeiro trimestre deste ano. O principal componente do cenário, segundo o estudo, são as incertezas relacionadas à condução da política fiscal no país.

O efeito mais imediato deste contexto é o aumento das expectativas de inflação dos agentes e, consequentemente, a postergação da inversão da taxa básica de juros (instrumento do Banco Central para controle da inflação). Portanto, encargos mais altos encarecem a tomada de crédito, o que penaliza a evolução do consumo e dos investimentos, com reflexos diretos sobre os negócios das PMEs.

Crescimento das PMEs por região
Ao avaliar o cenário regionalizado, a pesquisa observou que, em 2022, o crescimento das PMEs em 2022 foi sustentado pelo avanço dos negócios nas regiões Sudeste (+4,3% ante 2021), Sul (+6,1%) e Centro-Oeste (+7,9%). Por outro lado, houve retração da movimentação financeira real média nas regiões Nordeste (-2,1% ante 2021) e Norte (-10,3%).

Sobre o IODE-PMEs
A pesquisa atua como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais. Para elaborar os índices, a Omie analisa dados agregados e anonimizados de movimentações financeiras de contas a receber de mais de 115 mil clientes, cobrindo 692 CNAEs (de 1.332 subclasses existentes) — Agropecuário, Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

Varejo cresce 4,9% em janeiro, aponta índice ICVA

As vendas no varejo em janeiro de 2023 cresceram 4,9%, descontada a inflação, em comparação com o mesmo mês de 2022. Em termos nominais, que espelham a receita de vendas observadas pelo varejista, o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) registrou alta de 13,8%.

Janeiro deste ano foi um mês favorecido pelos efeitos de calendário. O dia de ano novo caiu em um domingo, o que abriu espaço para um dia útil a mais que em janeiro de 2022, quando o dia 1º caiu em um sábado. Descontados tais efeitos, o crescimento em janeiro foi de 4,5%.

De acordo com Vitor Levi, superintendente de dados e inovação da Cielo, janeiro marcou o 15º mês seguido de aceleração do varejo. “O mês apresentou bom desempenho. Os três macrossetores registraram crescimento, com destaque para Serviços. Em parte, isso pode ser explicado pela onda da variante ômicron, que prejudicou os resultados em janeiro do ano passado e beneficiou o mês de janeiro deste ano na comparação. Este efeito fica mais claro quando observamos a queda sofrida pelo Setor de Drogarias e Farmácias”, afirma.

Setores do varejo
Descontada a inflação e desconsiderados efeitos de calendário, os dados do ICVA indicam que todos os macrossetores cresceram em janeiro. Essa situação não ocorria desde maio de 2022.

O maior destaque foi o de Serviços, alavancado por Turismo e Transporte. “É possível supor que este incremento ainda esteja ligado à demanda reprimida causada pela pandemia, que dificultou viagens e deslocamentos por quase dois anos”, afirma Levi.

O segmento de Postos de Combustíveis foi o que mais contribuiu para a alta do setor de Bens Não Duráveis.

Já no setor de Bens Duráveis e Semiduráveis o destaque foi o segmento de Óticas e Joalherias.

Inflação
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, apontou alta de 0,53% em janeiro. O índice acumulado nos últimos 12 meses ficou em 5,77%.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a alta em janeiro teve maior influência do grupo de Alimentação e Bebidas. A segunda maior variação foi de Transportes. Ao ponderar o IPCA pelos setores e pesos do ICVA, a inflação do varejo ampliado acumulada em 12 meses em janeiro foi de 8,5%, com desaceleração em relação ao índice registrado no mês anterior.

Regiões
De acordo com o ICVA deflacionado e com ajuste de calendário, os resultados de cada região em relação a janeiro de 2022 foram: Sul (+5,1%), Sudeste (+4,2%), Nordeste (+3,6%), Centro-Oeste (+3,2%) e Norte (+3,2%).

Pelo ICVA nominal – que não considera o desconto da inflação – e com ajuste de calendário, os destaques foram as regiões: Sudeste (+15,4%) e Sul (+13,2%). Na sequência aparecem Nordeste (+10,2%), Centro Oeste (+9,9%) e Norte (+9,4%).