Semana do Consumidor 2022: Para ampliar vendas, varejistas apostam em descontos, cupons, fretes rápidos e parcerias

Amazon, Mercado Livre e Magalu oferecem até 70% de desconto.

As principais varejistas do país vão implementar, a partir desta semana, uma série de promoções para comemorar o dia do consumidor. A data é celebrada só no dia 15, mas muitas empresas decidiram antecipar suas ações.

“Queimar a largada da data” é estratégico: 2021 foi desastroso para as ações do Magazine Luiza (MGLU3), com queda de mais de 70%. Os papeis da Americanas (AMER3) caíram 58% no acumulado do ano, e as ações da Via (VIIA3), dona das Casas Bahia e Pontofrio, também despencaram 67,8%.

Somado a isso, a confiança do consumidor brasileiro voltou a cair em janeiro, devido às incertezas sobre a situação econômica do país, segundo análise da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O InfoMoney selecionou as varejistas com promoções em vigor na Semana do Consumidor 2022. Veja:

Amazon

A Amazon preparou uma série de promoções com opções de entrega rápida e gratuita para todo país, desde programas para compras de supermercado ou de produtos recorrentes até lojas exclusivas para cupons de desconto e itens próximos do vencimento.

A “Quinta Relâmpago”, segue valendo na semana do consumidor: sempre às quintas, vários produtos entram em oferta.

Em nota, a Amazon ressaltou que os consumidores podem fazer pagamentos com cartões de crédito, cartões pré-pagos, Pix e boletos bancários. Cartões de débito (nas bandeiras Visa e Elo) podem ser usados apenas para assinaturas de Amazon Prime, Kindle Unlimited, Amazon Music Unlimited e Prime Channel.

Consumidores que realizarem a primeira compra no site ou no app contam com frete grátis para produtos enviados pela Amazon.

Segundo a empresa, entregas em um dia são realizadas em mais de 50 cidades de São Paulo, Minas Geris, Distrito Federal, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

Entregas em dois dias estão disponíveis para mais de 700 cidades, incluindo: Rio de Janeiro, Goiânia, Curitiba, Florianópolis, Vitória, assim como as principais cidades das regiões Sul e Sudeste. Para todas as outras regiões, a Amazon oferece frete expresso, que começa em apenas três dias.

Magazine Luiza

O Magazine Luiza adiantou somente que sua semana do consumidor começa em 14 de março e vai oferecer R$ 10 milhões em cupons promocionais aos clientes.

Mercado Livre

O Mercado Livre, por sua vez, tem ofertas de até 70% de desconto. Segundo a empresa, sua plataforma teve mais de 33 mil buscas por minuto em 2021, tornando o mês de março o segundo mais importante do ano — depois da Black Friday.

Há frete grátis para compras a partir de R$ 79 em produtos selecionados e opções de pagamento via Mercado Pago e Mercado Crédito.

Em 2021, as categorias mais vendidas na plataforma do Mercado Livre foram Eletrônicos, Moda, Acessórios para Veículos, Alimentos e Bebidas e Produtos para casa, segundo dados de comportamento de compra analisados por Mercado Ads.

“Com o e-commerce cada vez mais presente na rotina dos brasileiros, datas promocionais, como o Dia do Consumidor, são oportunidades para os usuários aproveitarem as ofertas com entrega rápida e segura e para os vendedores impulsionarem suas vendas e potencializarem seus negócios, atraindo mais consumidores por meio do ecossistema de serviços que o Mercado Livre oferece.”, afirma Fernanda Schmid, Diretora de Marketing Mercado Livre e Mercado Pago no Brasil.

A assinatura dá acesso a frete grátis e envios rápidos em milhares de produtos nas compras a partir de R$79, além de acesso gratuito a todo conteúdo dos canais de streaming Disney+ e Star+, descontos nas assinaturas de vídeo e música como Deezer, HBOMax e Paramount+, gratuidade na tag de pedágio Utrapasse, além de descontos em pagamentos via Mercado Pago ao usar o código QR em lojas e isenção de tarifa em dois saques por mês.

 

Lucro da Via Varejo recua mais de 90% em 2021; vendas virtuais avançam

Já o lucro líquido operacional somou R$ 125 milhões entre outubro e dezembro, queda de 73,4% na base anual. No acumulado de 2021, porém, o indicador cresceu 32,2%, para R$ 538 milhões.

A receita líquida da companhia encolheu 14,2% na base anual, para R$ 8,12 bilhões. No acumulado de 2021, o indicador somou R$ 30,9 bilhões, alta de 6,9% no comparativo com 2020.

O volume bruto de mercadoria (GMV) teve queda de 6,9% na base anual, alcançando R$ 11,8 bilhões, refletindo a queda de 24,3% do GMV das lojas físicas entre outubro e dezembro. A Via, porém, encerrou 2021 com GMV total 14,9% acima do visto no ano anterior, a R$ 44,60 bilhões. As vendas nas lojas físicas recuaram 2,3% de janeiro a dezembro.

Já as vendas digitais brutas somaram R$ 6,56 bilhões, aumento de 9,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, atingindo 55,7% de participação no volume bruto de mercadoria total, avanço de 8,5 pontos percentuais (pp). No consolidado do ano passado, as vendas desse segmento avançaram 38,9%, para R$ 26,42 bilhões.

As vendas on-line, por sua vez, teve salto de 68% na base anual e somou R$ 1,7 bilhão em receita, com participação nas vendas on-line de 25,8%, alta de 8,9 pp no comparativo anual.

Já no critério operacional, o indicador somou R$ 734 milhões no último trimestre de 2021, subindo 6,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. A margem Ebitda ajustada subiu 1,8 pp, para 9%. Entre janeiro e dezembro, o Ebitda ajustado operacional ficou 9,8% acima do visto no ano anterior, a R$ 2,47 bilhões, com margem de 8%, ligeira alta de 0,2 ponto percentual.

Segundo a Via, os resultados melhores de Ebitda foram em função de ganhos de produtividade e controle de despesas. Os resultados no acumulado de 2021 refletiram ajustes não recorrentes relacionados à atualização dos processos trabalhistas, que somaram R$ 93 milhões no trimestre e R$ 1,1 bilhão no ano.

A varejista ressaltou que fez investimentos recordes em 2021, de R$ 1 bilhão e mais que o dobro do ano anterior, no qual 60% foi destinado aos projetos de tecnologia e logística para suportar o crescimento da digitalização da Via. No quarto trimestre, os investimentos somaram R$ 379 milhões.

Modernização de público e de lojas é nova aposta da Marisa

Meta é que a participação das vendas pelo marketplace salte de 14% para 25% até 2025.

Sofrendo desde 2016 com os efeitos de uma série de más escolhas – como uma expansão desordenada -, a rede tentou uma virada nas operações a partir de 2018. Mas três anos depois, quando parecia que estava deixando o pior para trás, veio a pandemia. Agora, em 2022, o presidente da companhia, Marcelo Pimentel, quer mostrar ao mercado que a empresa finalmente acertou o passo, embora investidores ainda estejam desconfiados.

Uma das medidas para demonstrar esse novo momento foi reformatar e reposicionar a marca. O logo, por exemplo, mudou: com destaque para o ‘M’. A rede contratou a cantora e atriz Lellê para interpretar o sucesso Chega Mais, de Rita Lee, slogan da nova fase, em campanha que começa a ser veiculada nesta semana.

“Fizemos diversas apostas para o crescimento multicanal, lançamos o nosso marketplace e o social selling (plataforma de venda direta), e essa campanha. Chegou o momento para voltarmos a falar com as mulheres e ficar mais próximos delas”, diz Pimentel.

Faixa etária

A escolha de Lellê, segundo a diretora de marketing da Marisa, Christianne Toledo, passou por muito estudos. Nascida em 1997, a artista vai completar 25 anos em 2022 e esse é o público que a companhia quer: mulheres entre 25 e 45 anos, principalmente das classes C e D.

“Juntamos a música da Rita Lee, que traz uma lembrança para as consumidoras mais velhas, e vimos que junto da Lellê atinge mulheres de todas as idades e classes”, diz Christianne.

Além de mirar em um público-alvo mais jovem, a companhia vai reformatar as lojas físicas e investir no modelo multicanal para recuperar o patamar de vendas pré-pandemia.

A Marisa está redesenhando boa parte de suas 344 lojas com foco em um formato mais moderno e funcionalidades para agilizar os atendimentos. Algumas lojas já funcionam com prateleira infinita (que conecta os clientes do ponto físico ao digital) e locais de pagamento móveis, para evitar a fila do caixa.

Marketplace

A empresa também quer acelerar os negócios digitais. O marketplace foi lançado em novembro e a meta é que a penetração do comércio eletrônico nas vendas salte dos atuais 14% para 25% em 2025. A Marisa também está testando um modelo de carteira digital para o seu braço financeiro, o Mbank. Além de empréstimos para as consumidoras, a ideia é incluir outros produtos em seu ecossistema, como um seguro para pets.

Para Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail, a empresa está indo para um caminho certo após anos complicados, mas vai precisar correr atrás das concorrentes. “A Marisa sofreu mais na crise do que as outras”, diz.

Atualmente, a empresa vale cerca de R$ 1 bilhão e o próprio presidente admite que o valor é muito baixo. Diante da capitalização abaixo das concorrentes, especialistas e investidores têm questionado quando a companhia será vendida.

No ano passado, houve conversas com Americanas, que quer ampliar o seu leque de produtos próprios, mas o negócio, até agora, não evoluiu. “Agora, não temos nenhuma movimentação nesse sentido e estamos totalmente focados na recuperação da companhia”, diz Pimentel. “Estamos olhando para dentro e tirando toda e qualquer distração.”

Efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia serão sentidos no varejo

Expectativa de crescimento anual comparada com 2021 é tímida; aumento do preço de produtos e dificuldade de acesso ao crédito vão prejudicar o consumo.

Os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia vão começar a ser sentidos no comércio do Brasil. A alta do petróleo, o aumento do câmbio, o encarecimento de produtos básicos como milho e trigo e a elevação do custo do frete para o transporte dos produtos, por conta do aumento do preço dos combustíveis, trarão reflexo direto para o bolso do consumidor.

O Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), já prevê desaceleração das vendas no varejo. Só que, mesmo com esta situação, o crescimento anual do comércio está estimado em 1,6% comparado com 2021, ainda por conta do aumento da mobilidade urbana gerada pela vacinação em massa da população.

Como resultado do embargo do Ocidente aos russos, os consumidores também poderão notar, em pouco tempo, o aumento do preço de itens como peças de vestuário, calçados e cosméticos. É que estes necessitam de insumos provenientes do petróleo para produção. Mas não vai ficar por aí. Matérias-primas caras e preço alto para o transporte elevarão os custos de todas as mercadorias, mesmo as que não derivam desse insumo.

Além disso, inflação alta tende a uma elevação da taxa de juros. Esta também sofrerá aumento acima do esperado pelo mercado, provocando ainda mais dificuldade para o consumidor ter acesso ao crédito na compra de bens e produtos. A ACSP estima que a taxa de juros básica vá para além dos 12% neste ano. “A manutenção de um ciclo de alta da taxa Selic deverá desacelerar ainda mais a atividade econômica, mantendo a taxa de desemprego em patamares elevados”, analisou Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP.

“O cenário de crescimento está mantido, até este momento, por conta da provável superação da pandemia ao longo do ano, e sob a hipótese de que o conflito na Ucrânia tenha rápida solução”, disse Ruiz de Gamboa. “Se os conflitos se prolongarem, no entanto, podemos ter impactos ainda maiores e esta expectativa de hoje já vai precisar ser revista”, complementou.

Varejo Ganha 204 Mil Novas Lojas em 2021

Em 2021, foram abertas 204 mil lojas no varejo brasileiro, de acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O faturamento do setor registrou crescimento de 4,5% – o maior avanço anual desde 2018 -, compensando a retração de 1,4% verificada em 2020.

Mais de 92% das empresas abertas foram de micro (158,23 mil) ou pequeno porte (29,99 mil). Hiper, super e minimercados (54,09 mil), lojas de utilidades domésticas e eletroeletrônicos (38,72 mil) e lojas de vestuário, calçados e acessórios (28,34 mil) foram os segmentos que mais se destacaram.

Análise Regional
Os estados de São Paulo (55,69 mil), Minas Gerais (18,38 mil), Paraná (15,16 mil) e Rio de Janeiro (14,10 mil) concentraram mais da metade das lojas abertas no ano passado. O setor encerrou o ano com 2.407.821 estabelecimentos ativos.

Dia do Consumidor 2022- Relatório de Pesquisa Opinion Box

O Dia do Consumidor, também conhecido como “Black Friday do primeiro semestre”, já está batendo na porta!

Considerando o sucesso contínuo do e-commerce nos últimos 2 anos, o que será que a primeira data comercial do ano reserva para o varejo em 2022?

Confira a nova edição do infográfico da Opinion Box, em parceria com a All In/Social Miner e Bornlogic, e saiba o que as pessoas pensam sobre o Dia do Consumidor e como vão se comportar e comprar na data.

Alguns dados que se destacaram foram:

  • 42% têm intenção de aproveitar a data para comprar;
  • 58% vão aproveitar a data para buscar itens de necessidade que estejam com preço melhor;
  • 38% pretendem comprar online pelo site das lojas;

Clique abaixo e leia o relatório completo :

Dia do Consumidor 2022

Varejo: Fusões e Aquisições permitem crescimento de mercado e novas capacidades

O estudo foi feito pela Bain & Company e indicou outras tendências relacionadas aos varejo.

As mudanças nos hábitos e comportamento do consumidor, causadas pelas restrições impostas pela pandemia, fizeram com que as empresas do varejo precisassem agregar as “entregas rápidas” em suas operações ou estratégias de aquisições (M&A). Essa tendência foi mostrada pelo estudo Global M&A Report 2022, divulgado pela Bain & Company.

O levantamento também destacou que esse comportamento é uma tendência global. Os consumidores estão cada vez mais pedindo entregas rápidas, assim como a exigências por serviços mais imediatos e com uma melhor experiência.

Entretanto, os autores do estudo detalharam a necessidade de as empresas terem maior capacidade para competir se adequando ao novo modelo de comércio, e apresentam estratégias de M&A e a expansão de parcerias como as maneiras mais rápidas para desenvolver as novas necessidades do mercado.

De acordo com a Bain, a ligação entre M&A e desempenho corporativo é relevante principalmente no varejo, pois os varejistas com histórico frequente de fusões e aquisições superam significativamente seus concorrentes com pouca ou nenhuma atividade.

Para as startups, as fusões e aquisições com grandes empresas do varejo são importantes para aceleração da aquisição de clientes, fornecimento de maior portfólio de produtos e escalabilidade. Já do ponto de vista dos varejistas, eles se beneficiam da maior capacidade de entrega, logística e rede de transporte que as empresas mais jovens podem oferecer.

Nesse novo modelo de negócios, o estudo evidenciou como as empresas de sucesso se concentrarão em três grandes áreas: oferecer oferta diferenciada, aplicar dados a seu favor e utilizar M&A para integrar novos recursos.

Por fim, o relatório apontou que é de grande interesse a empresa se posicionar à medida que o mercado evolui, pois no meio do varejo se destaca quem pode entregar tudo, para qualquer perfil de consumidor e a qualquer momento. Mesmo que ocorra uma consolidação do mercado, ainda há bastante espaço para o comercio crescer ao longo desse tempo, apresenta a pesquisa. Toda a pesquisa está disponível, em inglês, clicando aqui.

Panorama Mercado&Consumo: Endividamento deve frear o consumo das famílias

No cenário internacional, conflito na Europa pode ter efeitos negativos no Brasil.

No cenário internacional, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia pode ter efeitos negativos no Brasil e impactar a inflação. Como a Rússia é um grande produtor de petróleo e gás, os preços devem ter aumentos significativos. Os combustíveis foram os principais causadores da inflação em 2021, com impacto de 4,19% na inflação total de 10,06% em 2021.

Além disso, a Rússia é um dos maiores fabricantes mundiais de fertilizantes. O efeito sobre a produção direta desses países e na produção de outros países via fertilizantes será bastante significativa.

Esses e outros temas são tratados no “Panorama Mercado&Consumo” desta semana, produzido pelo time da Gouvêa Analytics, integrante da Gouvêa Ecosystem. Confira, a seguir, os principais pontos de atenção nos próximos dias na economia.

Cenário econômico nacional

O PIB brasileiro cresceu 4,6% em 2021, segundo o IBGE. O nível de crescimento na margem vem diminuindo, e fechou o quarto trimestre em 0,5%. Esse nível mostra recuperação do índice pré-pandemia e está 0,5% acima do quarto trimestre de 2019, mas ainda 2,8% abaixo do pico de 2014.

Pelo lado da oferta, os serviços cresceram 4,7% apoiados pela comunicação e transportes. A indústria teve alta de 4,5% fortemente influenciada pela alta de construção civil, enquanto a agropecuária caiu 0,2% por conta das secas e geadas. Vale lembrar que a agropecuária registrou alta mesmo no pior momento da pandemia em 2020.

Pelo lado da demanda, houve crescimento no consumo das famílias (3,6%) e do governo (2,0%). A formação bruta de capital fixo, que inclui investimentos e formação de estoques, cresceu 17,2% e elevou o nível e investimento sobre o PIB, de 6,6% para 19,2%, baseados num crescimento incomum da construção civil.

Os dados são de retrovisor e a perspectiva é pessimista. A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) divulgou um estudo mostrando que 77,8% das famílias estavam endividadas em fevereiro, recorde histórico, e que 27% têm algum tipo de inadimplência, número que sobe a 30,3% quando falamos de famílias com menos de 10 salários-mínimos de renda.

Um outro estudo, da FGV, mostrou que o PIB per capita do Brasil só deve voltar ao nível de 2013 em 2029. Juros altos e mercado de trabalho fraco se somam ao cenário que deve levar 2022 a um crescimento modesto ou até uma pequena retração.

Cenário econômico internacional

A maior questão internacional é como o conflito na Europa pode influenciar a economia brasileira. A Rússia é um grande produtor de petróleo e gás, enquanto a Ucrânia distribui esse gás. Além do problema direto da diminuição da compra do petróleo russo, a falta de gás pode fazer a demanda por petróleo aumentar por ser substituto. Nos dois casos, o preço do petróleo terá aumento significativo.

O efeito no Brasil pode ser negativo. Na inflação de 2021, o grupo de transportes apresentou o maior aumento, de 21,03%, com impacto de 4,19% na inflação total de 10,06%. Os combustíveis foram os principais causadores deste resultado: a gasolina teve alta de 47,49% naquele ano.

A previsão dos economistas para este ano é de um ano mais tranquilo para o petróleo e um efeito bem menor no índice final, fazendo com que o IPCA ficasse próximo a 5,5% e o ciclo de alta de juros do Banco Central fosse concluído mais rapidamente.

Na hipótese de um conflito de grandes dimensões ou mesmo da proibição da compra do petróleo russo por conta de sanções, poderemos ter um repique na inflação, em uma situação que já não é vantajosa em termos de preços. Isso sem contar nos preços dos fretes internacionais, que são potencializadores de todos os outros preços.

Além disso, a Ucrânia produz quase um quinto de todo o mercado de milho do mundo e a Rússia quase um terço de todo o trigo. Se não bastassem esses números, a Rússia é um dos maiores fabricantes mundiais de fertilizantes. O efeito sobre a produção direta desses países e na produção de outros países via fertilizantes será bastante significativa.

O ciclo de alta de preços das commodities agrícolas, que também se esperava no final, pode estender-se por algum tempo enquanto as tensões não se acalmarem. Os preços de milho, trigo e soja devem ser os maiores atingidos nessa classe de produtos.

Efeitos também devem ser sentidos no mundo financeiro. A bolsa russa, no primeiro dia do ataque, caiu quase pela metade. Num momento de tensão, a tendência é de que capitais fluam para moedas mais fortes e ativos mais conservadores.

Ouro, dólar e papéis de renda fixa de países desenvolvidos são os mais procurados. A tendência é de que no Brasil haja, pelo menos no curto prazo, uma desvalorização das moedas nacionais e uma fuga de capitais de renda variável. Esse processo pegou o Brasil num momento de entrada bastante significativas de capitais externos no País.

Guerra entre Rússia e Ucrânia já reflete no e-commerce

No último dia 24 (quinta-feira), todo o mundo foi impactado pela triste notícia da guerra entre Rússia e Ucrânia. O que já sabemos é que se trata do maior ataque entre países europeus desde a Segunda Guerra Mundial. Em conversa com o E-Commerce Brasil, inclusive, Igor Subow, presidente do comitê de Logística da Associação Russa de Vendas a Distância, diz que a situação na região realmente não é agradável. Por conta da guerra, ele já tem ciência de que o mercado de e-commerce da região passará por problemas enormes esse ano. “Triste saber que acabamos de passar por dois anos de crescimento, com 40% e 50% respectivamente. Nossa esperança é a de que a guerra termine o quanto antes”, lamentou.

Que tudo isso já traz consequências para os povos de lá, não temos dúvidas (e realmente sentimos muito por isso). Mas, será que poderemos sentir os efeitos desta fatalidade aqui no Brasil?

Valores do Dólar, petróleo e gás, por exemplo, já dispararam no mundo em detrimento desta guerra. Bolsas asiáticas, por exemplo, fecharam em forte baixa, assim como Paris, Londres e Frankfurt, com quedas acima de 3% ao longo do primeiro dia de conflito. Vale lembrar que a Rússia possui um dos maiores mercados de petróleo e gás natural — o barril de petróleo Brent —, que, hoje, já atingiu a maior cotação desde 2014, com alta de 7,85%. Outros produtos importantes ao Brasil, como trigo e milho, também são importados da Ucrânia e da Rússia e podem deixar de ser produzidos por ora. Fertilizantes e insumos agrícolas somam-se à lista de produtos importados pelo Brasil desta região.

Como o conflito reflete no mercado global

De acordo com Fernando Moulin, professor da Escola Superior de E-Commerce e Partner da Sponsorb, os impactos podem afetar todos os setores do e-commerce, mais especificamente os ligados à economia globalizada e a taxas cambiais. “Desses, posso destacar em especial os eletroeletrônicos, linha branca, produtos importados, vinhos, alimentos e outros”, diz. Além disso, Moulin acredita na possibilidade de impactos no futuro para os varejistas do e-commerce chinês. “Isso é possível caso os custos de contêiner, de shipping, de todo o transporte marítimo entre as nações venha a aumentar os custos, que vem elevando significativamente desde o início da pandemia”, destaca.

Para o especialista, estamos com barreiras de oferta em escala global, que já afeta diversos países. “O Brasil ainda não sentiu esses efeitos, mas pode acontecer de impactar marginalmente os e-commerces chineses, como o AliExpress, ou asiáticos, como a Shopee”. Vale destacar que, para a Rússia, o impacto será ainda maior. “Certamente muitas empresas do mundo vão ser proibidas de fazer negócio com empresas russas, o que vai levar tempo para substituir produtos globais, nacionais e marcas de luxo que são muito fortes lá”.

Outros entraves para o varejo brasileiro, segundo Felipe Mendes, Gerente Geral da GfK na América Latina, está no potencial da Ucrânia em relação à produção de matérias-primas. “A Ucrânia é um país rico em minério, sendo o segundo maior produtor no mundo de ferro e manganês, por exemplo. Muitos destes produtos são destinados à indústria, assim como para a tecnologia”. Como consequência, segundo Mendes, seria um efeito de médio prazo no fornecimento destes materiais, o que pode afetar a indústria de base. “Na agricultura, são o segundo maior exportador de cevada. Ou seja, para a indústria da cerveja essa guerra pode trazer grandes consequências”. Para o setor agrícola, Mendes entende que o impacto será imediato, enquanto na questão de metais e produção ocorrerá no médio prazo.

“Existe um outro elemento importante no leste europeu: muitos dos ucranianos atuam no ramo de transporte de cargas na Europa. Por conta da guerra, a maioria retornou à Ucrânia para cuidar de suas famílias. O resultado disso será um desabastecimento nos países europeus”. Apesar de ser em menor escala quando comparado aos problemas da China ou da Covid-19, Mendes acredita que essa situação automaticamente levará à uma inflação.

Um dado interessante: a região dos países do leste europeu (CIS) foi a que teve o crescimento mais rápido do e-commerce no mundo, seguido de perto pela América Latina. Pedro Trevisan, Co-founder da Globalfy, acrescenta que a Ucrânia é uma grande fonte de terceirização de TI para os EUA. “Por conta deste conflito, pode haver um forte impacto em alguns serviços da área no país, principalmente quando pensamos em e-commerces, plataformas e marketplaces”, alertou. Neste conteúdo é possível compreender como (e por que) a invasão russa à Ucrânia pode ameaçar a indústria de TI.

Impactos nos produtos agrícolas

No ano passado, por exemplo, empresas do Rio Grande do Sul comercializaram (entre importações e exportações) cerca de US$ 921,8 milhões com os países envolvidos na guerra, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Apenas no segmento de fertilizantes, que representa 15% das importações, mais de US$ 386 milhões referem-se a produtos químicos de origem russa. De acordo com Oscar Frank, economista-chefe da CDL Porto Alegre, tais produtos são fundamentais para manter a produtividade nas lavouras. “A dependência do setor primário para o Rio Grande do Sul é superior em relação à média nacional. Portanto, tudo o que ocorre no agronegócio reflete ainda mais forte na região”.

Ricardo Lerner, executivo do setor de logística de combustíveis e CEO do Gasola, afirma que “os impactos nas bombas de combustível irão depender de ações diplomáticas e dos desdobramentos da geopolítica mundial, que deixam o mercado volátil e as cotações de dólar instáveis”. Para Lerner, essas duas variáveis irão impactar o cálculo de preço do combustível. Além disso, mudanças no cenário internacional impactam o mercado nacional, de acordo com o preço de paridade de importação (PPI) praticado pela Petrobras desde 2016. “Isso significa que a definição dos valores cobrados nas destilarias de petróleo será a mesma da cotação no mercado internacional, onde a tendência é de aumentos consideráveis”. No caso do diesel, ele prevê um aumento inicial de cerca de R$ 0,25 nos próximos dias. “Porém, pode ser apenas o início de uma grande onda de aumento nos preços”, avalia.

Moda já sofre com os efeitos

Ações de grandes marcas da moda já sofreram queda por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia. No caso das empresas LVMH e Kering, por exemplo, as ações caíram 5% ao meio-dia de ontem, enquanto as ações da Compagnie Financière Richemont caíram 7% e as da Hermès 3%. Na manhã de quinta-feira, a Richemont, empresa controladora da Cartier e Van Cleef & Arpels, foi a mais afetada por consequência da guerra.

Uma das maiores preocupações para o mercado de moda europeu é a de que a invasão possa desencadear um ‘fator de culpa’ entre os consumidores de luxo. “Consumidores deste nicho não se sentem à vontade para serem vistos comprando ou usando produtos de luxo devido a eventos trágicos”, escreveu Antoine Belge, analista da empresa francesa de investimentos Exane BNP.

Alternativas para minimizar os impactos da guerra no e-commerce brasileiro

Apesar de tudo isso, há algumas alternativas para minimizar as consequências que virão por conta da guerra. “Trabalhar com produção local, com fornecedores brasileiros, é uma das saídas. Outra dica é trabalhar com novas alternativas de comércio ligadas a regiões que tenham custos mais competitivos, como a América Latina, por exemplo. Porém, é importante lembrar que muitos países da região não conseguem produzir insumos que são importados da Ásia, China ou Europa”, reforça Moulin.

Outra saída está em encontrar formas de transferir essa questão do custo, com equilíbrio, para o próprio consumidor. “Fazer reajustes pontuais de forma necessária para preservar as margens, trabalhando mais equilíbrio na questão de logística de frete, pode ser uma alternativa para minimizar os custos”. Assim como Moulin, Mendes sugere a alternativa de buscar imediatamente outras fontes, especialmente na questão de metais e minerais, que têm uma cadeia mais longa.

Por aqui, seguimos com o desejo de que as coisas melhorem não apenas para os negócios, como (e principalmente) para a vida e equilíbrio de todos. E, por saber que milhares de russos já se manifestam contra este conflito, a esperança de uma solução menos dolorosa se faz presente.

Por Giuliano Gonçalves, da redação do E-Commerce Brasil.

Procuram-se galpões para dar conta da venda online

Em Estados do Norte, do Nordeste e do Sul faltam galpões para alugar.

Enquanto os shoppings e as lajes corporativas viram seus espaços vagos para locação aumentar por causa do isolamento social e do home office, os galpões em condomínios logísticos de alto padrão estão em situação oposta. Mesmo com a entrega recorde de 2,2 milhões de m² de novas áreas no ano passado, a disponibilidade de galpões de alto padrão no País continua restrita. Em Estados do Norte, do Nordeste e do Sul faltam galpões para alugar.

O aperto provocado pela explosão do e-commerce fez com que 2021 se encerrasse com a menor taxa média de galpões vazios no País em sete anos, de 10,19%, aponta o levantamento da SiiLA, empresa especializada em pesquisa de mercado. Em Sergipe e Paraíba, a vacância é zero. No Ceará e no Espírito Santo, não chega a 1%. No Amazonas, no Pará, em Goiás e em Santa Catarina está abaixo de 4%.

Até o Estado de São Paulo, que concentra a maior parte dos novos empreendimentos, tem problemas de oferta. A vacância média de São Paulo, de 12,31%, um pouco acima da média nacional, é ainda muito baixa e a menor em sete anos. E em municípios mais cobiçados, como Cajamar e Barueri, essa taxa oscila entre 6% e 7%.

“O avanço do e-commerce que houve com a pandemia aumentou a procura por galpões em regiões mais distantes do País, onde a oferta de ativos de melhor qualidade é menor”, afirma Giancarlo Nicastro, CEO da SiiLA e responsável pela pesquisa. Isso levou a uma redução mais rápida da disponibilidade de galpões vazios nessas localidades. A maior demanda já começa a ter impacto em preços em algumas regiões, principalmente em áreas mais nobres num raio de 30 quilômetros da cidade de São Paulo. O aumento acumulado em dois anos chega a 35%.

Pé direito alto e piso nivelado

Empreendimentos de melhor qualidade são aqueles que seguem uma série de especificações, como pé direito acima de 8 metros, piso nivelado a laser e que suporta mais de 5 toneladas de carga, e outros quesitos que dão maior eficiência na armazenagem, no embarque e desembarque das mercadorias. Esse tipo de galpão é procurado especialmente pelos grandes grupos de e-commerce que têm como ponto crucial ser ágil nas entregas de produtos vendidos online.

A escassez foi sentida pelo Mercado Livre, por exemplo, a maior companhia de comércio online do País. Nos últimos 24 meses, foi a empresa que mais alugou galpões, 646,8 mil m², aponta o levantamento.

Desde 2020, a companhia trabalha com galpões construídos sob encomenda (“built to suit”, BTS, no jargão do mercado). “Precisamos migrar algumas expansões para o BTS, e os últimos galpões foram só BTS”, diz Luiz Vergueiro, diretor de Operações do Mercado Livre Brasil.

O executivo ressalta que, quando falta galpão, a entrega passa ser feita de uma região mais distante e, portanto, o cliente acaba não recebendo a compra no mesmo dia. “E reduzir o tempo de entrega aumenta o potencial da venda”, diz.

A empresa não revela quantos projetos de galpões sob encomenda estão em andamento. Mas vai inaugurar este ano um galpão feito a pedido, de 80 mil m², em Betim (MG). O objetivo é que as vendas na Grande Belo Horizonte sejam entregues no mesmo dia da compra. Hoje as mercadorias para a região chegam no dia seguinte.

A Americanas é outra gigante do e-commerce que fez parceria para construção de um galpão logístico no Pará, onde a vacância fechou o ano em 3,16%. A companhia informa que registra no Estado uma venda muito forte, tanto no online quanto nas lojas físicas. Estados do Norte e Nordeste são atendidos por dois centros de distribuição em Ananindeua (PA) e Benevides (PA). O terceiro centro de distribuição no Pará, num galpão de 60 mil m², também em Benevides, começa a funcionar neste semestre. Com isso, a empresa vai poder colocar as vendas no destino em menos de 24 horas.

Sergio Fisher, CEO da LOG, uma das maiores desenvolvedoras de galpões logísticos, conta que a empresa não tinha intenção de investir no Pará até ser procurada por quatro clientes que queriam áreas em Belém (PA). “Não tínhamos capacidade para entregar imediatamente, mas fomos estudar o mercado.” Neste semestre, a empresa conclui o primeiro projeto de condomínio já 100% locado e avalia um segundo, porque há outros clientes à procura de mais espaço na região. Esse movimento se repete em outras localidades, como Goiânia (GO), onde a empresa vai entregar um segundo condomínio; em Contagem (MG), o quarto; e em Fortaleza (CE), o terceiro.

Crescimento robusto

Com presença nacional e 63% dos clientes vinculados direta ou indiretamente ao comércio eletrônico, a LOG teve em 2021 o melhor desempenho no País desde o início da operação em 2008. A empresa fechou o ano com vacância de 3,11% e 83% dos ativos que serão concluídos neste ano estão pré-locados. “Não teríamos crescimento tão robusto, não fosse o e-commerce”, diz.

Após dois anos seguidos de recordes de entregas, a companhia ampliou em 50% o plano traçado no final de 2019 para até 2024. Agora planeja entregar 1,5 mil m² de galpões. Outro destaque de 2021 foi o fechamento de cinco contratos de construção de galpões sob encomenda, a maioria para comércio online. “Dois anos atrás a gente não tinha contratos de BTS”, diz o CEO.

Mauro Dias, presidente da GLP, gestora global de investimentos em logística, que tem cerca de 70% dos 3,4 milhões m² construídos em São Paulo, sentiu aumento da demanda dos clientes por galpões fora do Estado, por conta do e-commerce.

No ano passado, a companhia entregou 404 mil m² de galpões, marca recorde desde que começou a operar no Brasil em 2012. Dois terços das novas áreas chegaram ao mercado já locadas, por causa da forte demanda do e-commerce. “Foi uma boa surpresa, porque a expectativa é geralmente alugar em até 18 meses depois do empreendimento pronto”, diz. Neste ano e no próximo, a meta é entregar 700 mil m² de galpões, basicamente em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Cenário econômico

A oferta apertada de galpões logísticos de alto padrão pode ter algum alívio neste ano com a entrega de mais um volume recorde de novas áreas. A expectativa é de que 3,8 milhões de metros quadrados (m²) estejam disponíveis no mercado para locação em 2022. Deste total, mais da metade (54%) se concentra no Estado de São Paulo.

Na sequência, estão os Estados de Minas Gerais (13,5%), Rio de Janeiro (9%), Pernambuco (7,6%), Bahia (4%), enquanto Santa Catarina, Espírito Santo, Pará, Ceará, Rio Grande do Sul e Goiás têm fatias abaixo de 2%, conforme aponta levantamento da SiiLA, empresa especializada em pesquisa de mercado.

“A questão é saber se haverá demanda para absorver esses 4 milhões de m², uma área 70% maior do que foi ofertada em 2021”, alerta o CEO da SiiLA, Giancarlo Nicastro. Ele argumenta que a logística existe para atender ao consumo, que anda cada vez mais afetado pelo aumento da inflação e a perda de poder de compra do brasileiro. E, com a perspectiva de que este será um ano de baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), na faixa de 0,30%, conforme o mais recente Boletim Focus do Banco Central, a incerteza aumenta.

Até o terceiro trimestre do ano passado, por exemplo, 75% dos galpões no País estavam sendo entregues pré-locados, aponta a pesquisa. Mas, no trimestre seguinte, essa marca caiu para 50%. “Diminuiu a pré-locação por causa da grande entrega. Se essa tendência continuar, muitas áreas podem ser entregues vazias, e a taxa de vacância poderá subir”, diz Nicastro.

Atento a esse risco, Rafael Fonseca, CFO da Bresco Investimentos, diz que está redimensionado os investimentos deste ano por causa da conjuntura econômica de baixo crescimento e do consumo afetado pela alta da inflação.

Hoje a empresa tem 11 galpões, mais da metade deles em São Paulo, e 72% das propriedades voltadas para o “‘last mile” (última milha). São aqueles galpões menores, localizados dentro das cidades e que fazem a ponte entre os grandes centros de distribuição do varejo e o endereço do consumidor final.

Com a disparada do e-commerce, a companhia viu a disponibilidade de suas áreas vagas para locação cair para zero em praças como as capitais Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre, algo que sempre foi comum em São Paulo.

“O setor de e-commerce já teve muito do seu plano atendido momentaneamente”, afirma o executivo. Por isso, a meta inicial, que era dobrar 1 milhão de metros quadrados geridos pela empresa em três anos, foi estendida para cinco anos. A previsão de Fonseca é de que o mercado desacelere no curto prazo, mas no médio e longo prazo retome o crescimento.

Com o isolamento social imposto pela pandemia de covid-19, as vendas do e-commerce cresceram no ano passado 35,36% na comparação com 2020, segundo pesquisa do Morgan Stanley. O setor respondeu por 15% das vendas do varejo total.

A perspectiva é de que, em 2026, o online represente um quarto do que é transacionado no comércio total.

Perspectiva favorável

Apesar do cenário macroeconômico mais complicado esperado para este ano – e que recentemente se tornou ainda mais incerto, com a invasão da Ucrânia pela Rússia -, Sergio Fisher, CEO da LOG, desenvolvedora de galpões logísticos, acredita que o mercado de condomínios logísticos vai continuar aquecido, porque a perspectiva do e-commerce continua favorável. “Com certeza, o e-commerce não vai crescer o que cresceu nos últimos dois anos, mais de 20% ao ano, mas vai avançar dois dígitos em 2022”, prevê.

O motivo, segundo o executivo, é que o hábito de comprar online veio para ficar e, portanto, o e-commerce deve continuar tirando fatias do varejo tradicional, mesmo com o ritmo mais fraco de consumo, o que deve manter o mercado de locação de galpões logísticos em alta.