Mercado Livre abre armazém e faz acordo com Azul para agilizar entregas

O Mercado Livre está tentando agilizar a entrega das compras feitas pelo site: a empresa tem uma nova parceria com a Azul em 16 capitais para transporte aéreo em até um dia; testa um programa em São Paulo para vendedores de marketplace; e oferece a opção de retirada em uma agência dos Correios.

A Azul Cargo Express será a responsável pelas entregas aéreas das compras feitas pelo Mercado Livre. O serviço será oferecido inicialmente em 16 capitais (que não foram especificadas) para levar encomendas em um dia — este modelo é chamado de “Next Day”.

“A gente começa a democratizar cada vez mais os serviços de entrega em um dia, que são muito concentrados em São Paulo e Rio de Janeiro”, diz Stelleo Tolda, cofundador do Mercado Livre, em comunicado. “O futuro é a entrega Next Day.”

Em entrevista à Reuters, Tolda afirma que o Mercado Livre planeja realizar ao menos metade das entregas em até 48 horas; para isso, a empresa está fazendo investimentos de R$ 3 bilhões no Brasil ao longo de 2019.

Um desses investimentos é o novo centro de distribuição em Cajamar (SP), mesma cidade onde a Amazon Brasil abriu um armazém. “Estamos avançando no porcentual de entregas em até dois dias; atualmente, 60% das entregas feitas por fulfillment ocorrem neste prazo”, afirma Leandro Bassoi, vice-presidente de Mercado Envios para a América Latina.

Mercado Livre expande opções de entrega no marketplace

O Mercado Livre anunciou o programa Places, que vem sendo testado na cidade de São Paulo: ele habilita locais específicos para receber encomendas de vendedores do marketplace.

Basicamente, o vendedor leva todos os produtos para um só lugar, e uma equipe do Mercado Livre “dá seguimento ao envio ao consumidor de forma mais rápida”. Esse modelo de logística é conhecido como cross-docking: as mercadorias chegam até um centro de distribuição para serem enviadas a cada cliente o mais rápido possível.

Haverá também a possibilidade de envio para retirada nos Correios. Em um e-mail publicado pelo Tudo Celular, o Mercado Livre explica que o vendedor poderá dar essa opção ao cliente; caso aceite, ele deverá se dirigir até uma das 6 mil agências da estatal para pegar a mercadoria.

Bee Delivery, startup criada em Mossoró, atinge 1 milhão de entregas

No início de 2018, Thales Patreze decidiu fundar sua própria startup. Junto com os sócios Luan Rodrigues e André Ramon, o empreendedor criou a Bee Delivery, plataforma que conecta empresas com entregadores. A jornada começou em Mossoró, interior do Rio Grande do Norte. “Sentimos que existia uma demanda reprimida em relação à logística, principalmente no setor de restaurantes”, ressalta Thales, em entrevista à StartSe.

O aplicativo funciona como um “uber de entregas”. As empresas entram na plataforma e solicitam um motoboy. As taxas do serviço são calculadas de acordo com a distância. Os entregadores, que trabalham como autônomos, recebem as chamadas e realizam as entregas. Os clientes têm a opção de pagar por cada pedido ou por fazer uma recarga no aplicativo.

A escolha do nome não foi por acaso. “As abelhas por essência fazem ‘deliverys’ com a polinização das flores. Além disso, trabalham desde o primeiro até o último dia de vida”, explica Thales.

Com pouco mais de um ano, a startup já está presente em 24 estados e atingiu 1 milhão de entregas realizadas. “Esse foi um marco muito importante para a empresa. É bem difícil começar algo no interior, sem muita estrutura tecnológica e mão de obra especializada. Além disso, não recebemos nenhum investimento”, conta Thales.

Ter um bom plano de expansão, segundo o empreendedor, foi fundamental para o crescimento da startup. “Começamos em Mossoró mas rapidamente chegamos em Fortaleza e Natal, onde poderíamos extrair mais benefícios. Muitas pessoas imaginam que para ter uma startup de sucesso é preciso nascer em um grande centro. Mas com persistência e foco, certamente dará certo, seja no interior ou na capital”, afirma.

 

Empreendedora cria serviço de entregas feito apenas por mulheres e LGBTs

Aline Rieira tem uma relação de longa data com bicicletas. A empreendedora foi a idealizadora do Selim Cultural, uma iniciativa que proporcionava passeios de bicicleta pelas ruas, mas que parou de funcionar depois de perder algumas parcerias.

Sem esse trabalho, Aline começou a trabalhar como entregadora freelancer para uma empresa, onde ficou por dois anos. “Pedalava mais de 70 quilômetros por dia, com chuva ou sol”, disse.

Dessas experiências, Aline percebeu que as mulheres são ignoradas em trabalhos de entrega. “Somos encaradas como mais lentas, mais medrosas e menos autônomas”, afirmou.

Assim, ela criou um outro projeto, o Señoritas Courier, um serviço de entregas por bicicleta que é realizado apenas por mulheres e transexuais. Hoje, são 16 funcionários que cobrem toda a cidade de São Paulo — em entregas com horário marcado e de itens de pequeno porte.

Apenas 30% do valor da entrega ficam com a empresa, para custos operacionais. Os outros 70% ficam com a pessoa que fez a entrega. “Minha vontade é de mostrar que somos únicas, somos diversas e, ainda assim, damos conta do trabalho”, disse Aline.

Mercado Livre testa entregas em até 24 horas, mas só em São Paulo

Em uma parceria com a startup Delivery Center, o Mercado Livre começou a testar a entrega de produtos em até 24h dentro da cidade de São Paulo. A novidade, porém, só vai valer para quem mora próximo ao shopping Villa Lobos e que fizer a compra dentro da plataforma de vendas entre 10h e 18h (e somente de produtos disponíveis no centro comercial).

A opção “Chegam menos de 24 horas” funciona como um filtro de busca – só vão aparecer produtos de vendedores que se encaixam nessa categoria.

Se o teste for bem-sucedido, o envio em um dia vai ser estendido para outras regiões, gradativamente. O serviço, porém, vai depender também de outras empresas de entrega rápida firmarem parceria com o Mercado Livre.

Qual o melhor segmento para o e-commerce?

Uma dúvida muito comum para quem pensa em trabalhar com o e-commerce, é qual segmento atuar. Afinal, ninguém quer entrar em um barco que está afundando. A grande sacada aqui, no entanto, é que não existe o supra sumo dos ramos do e-commerce que vai dar 100% certo, não importa o que.

Existe, sim, segmentos mais desgastados do que outros. Porém, montando um plano bem estruturado é possível se destacar em um meio “saturado”. Contudo, alguns segmentos estão tomando a frente e tendem mais destaques do que outros.

Seja pela inserção da tecnologia ou algum recurso que permitiu a melhor comercialização daquele nicho/ produto.

Segmentos promissores

O e-commerce ainda é um mercado que cresce muito todos os anos e acredito que ainda vá continuar a crescer 2 dígitos por mais uma década.

Os avanços tecnológicos também fazem parte do crescimento do e-commerce. Afinal, é graças a alguns recursos desenvolvidos que determinados ramos do e-commerce puderam se sobressair em relação aos demais.

É preciso ficar antenado às novidades e tendências que estão moldando nosso mercado hoje. Assim, podemos seguir a onda do crescimento do e-commerce e apostar as fichas em segmentos corretos.

Alimentos e bebidas

A inovação do delivery fez com que esse setor crescesse bastante. Além de se um bem de consumo natural — ou seja, todos precisam comer —, o segmento de alimentos e bebidas apresenta grande potencial de customização na hora de oferecer os produtos para os consumidores.

A relação compra-venda nada mais é do que você oferecer o produto certo, na hora certa, para o consumidor certo. Ou seja, não ofereça um produto vegano para o consumidor que ama carne — e vice-versa.

– Marmitas fitness

Ainda dentro do universo de alimentos, as marmitas fitness também ganharam espaço no comércio eletrônico. Com a chegada da onda de estilo de vida saudável, elas viraram uma mão na roda para as pessoas de vida corrida, mas que querem comer de forma saudável.

Geolocalização

Muito útil na hora de atrair os indecisos ou quem não conhece muito bem a área, o recurso da geolocalização é uma “novidade” da tecnologia que beneficia os comércios.

Com o consumidor constantemente conectado à internet, é simples saber onde ele está e indicar sua loja que está nas proximidades — ou enviar promoções relâmpagos para incentivar a compra.

Esporte e lazer

No estilo de vida saudável, esporte ganhou espaço. Tanto quando falamos da prática de exercícios físicos, como no quesito de acessórios para a prática.

Casa e decoração

Apesar da existência de inúmeras lojas e marketplaces que abordam o universo da casa e decoração, ainda é um nicho que cresce muito. Especialmente quando falamos de design de peças e estilos, existem milhares a serem abordados.

– Autosserviço

Os famosos DIY (Do It Yourself), ou “Faça você mesmo”, ganham força no que se diz à compra de materiais e realização de serviços. Papéis de parede, por exemplo, voltaram à moda lá em 2017 e ainda resistem ao mercado mesmo hoje. Serviços de gráfica também facilitaram a vida do consumidor, uma vez que já não é mais necessário que ele se locomova para usufruir dos serviços.

Moda / Cosméticos / Acessórios

Agora não apenas visando o público feminino, o segmento de moda e cosméticos também se direciona para os homens. Assim como as barbearias estão voltando a surgir por todos os cantos, as lojas voltadas para o cuidado e moda masculina também crescem.

Vale a pena investir?

Citei diversos segmentos aqui que são tendências para se investir em e-commerces nos próximos anos. Porém, o objetivo do artigo não é dizer para você: “vai lá e investe em um e-commerce de vitaminas que vai dar certo”. Mas sim, mostrar que a internet é um ambiente tão amplo que é possível trabalhar no micro.

Como assim?

Por ser um ambiente aberto às inúmeras possibilidades e contendo diversos tipos de internautas, a internet criou grupos de pessoas unidos pelos mesmos gostos — que são muito segmentados.

Hoje, você pode investir em uma loja que só venda produtos vintage com estampa de gatos. Se encontrar seu público e tiver paixão pelo negócio que está tocando, ele vai dar certo.

Como disse no começo do texto, existem sim mercados que já estão “saturados”. Mas, não quer dizer que trabalhar com esse segmento “saturado” signifique um tiro no pé.

É uma questão de paixão e planejamento. O e-commerce é um grande investimento que dá trabalho, mas pode render muito. Porém, é preciso gostar do que faz para colocar dedicação. Do contrário, é melhor nem se aventurar.

“Que problema eu quero resolver?” Se você tiver a resposta dessa pergunta e estiver disposto a seguir em frente, não existem ramos impossíveis para o comércio eletrônico.

Fonte: ecommercebrasil.com

O crescimento dos super apps na China — e o que ainda está por vir

Desenvolvido pela Tencent, o WeChat domina o dia-a-dia dos chineses e se tornou o aplicativo mais popular do país; próxima grande fase deve incluir reconhecimento facial.

Com mais de um bilhão de usuários diários, o WeChat se tornou o aplicativo mais popular da China. Por meio dele, é possível conversar com outras pessoas, fazer compras, jogar, pagar refeições, chamar um táxi, ler notícias e até mesmo agendar consultas médicas. O pagamento é realizado por QR Code, o que torna o processo ainda mais simples. Desenvolvido pela Tencent, o WeChat é um exemplo de “super app” — plataforma onde é possível fazer (quase) tudo.

O crescimento de soluções como essa representa uma nova fase do mercado chinês. “Usamos o termo ‘salto de tecnologia’. Ela acontece rápido porque os chineses não estão enraizados em um método tradicional. Não há fidelidade ao que existia antes”, explicou In Hsieh, co-fundador da Chinnovation, durante o Startup Summit 2019.

Segundo ele, aquele que domina o tempo de uso dos consumidores é quem ganha a guerra. “O WeChat está presente em praticamente todo o dia-a-dia do usuário chinês. Ele passa seu tempo pedindo comida, pagando, investindo, fazendo tudo”, afirmou.

Aplicativos parecidos também chegaram ao Brasil. Criada em 2015 na Colômbia, a Rappi reúne diversas funcionalidades em um só lugar. Hoje, o aplicativo oferece entregas de supermercados, lojas, farmácias, serviços de beleza e uma categoria onde é possível comprar qualquer produto.

Fonte: startse.com

Mercado Livre começa a testar entregas no mesmo dia

Já pensou fazer uma compra e receber no mesmo dia? Este é o objetivo do Mercado Livre, que colocou em testes um projeto piloto de logística em parceria com a startup Delivery Center.

A empresa tem crescido no mercado através da implementação dos chamados hubs de entrega dentro de shoppings e centro comerciais, para servir como delivery terceirizado dessas lojas. O diferencial da startup é a promessa de fazer as entregas em até 1 hora em um raio de 3km – até o momento a média atual tem sido de 45 minutos.

Em um primeiro momento, as entregas do Mercado Livre ficarão restritas a apenas algumas lojas, incluindo o Shopping Villa Lobos – lugar em que a empresa mantém um de seus pontos de distribuição dentre os 20 distribuídos pela cidade.

E como vai funcionar? A partir de agora os clientes do site terão acesso a um botão chamado “chegarão hoje” que cria um filtro dos produtos disponíveis. Inicialmente apenas quem estiver próximo ao shopping no período entre 10h e 18h poderá ter acesso ao delivery express.

O objetivo da empresa depois da fase de testes é estender a iniciativa para outros parceiros de entregas rápidas.

Falando em novas iniciativas…

Em junho, o Mercado Livre anunciou o lançamento de um cartão de crédito sem anuidade e com cashback em parceria com a Visa e o Itaú Unibanco. O objetivo é que os clientes recebam de volta, na forma de crédito na fatura, 10% do valor das compras feitas nas lojas oficiais do marktplace.

“Com o cartão de crédito Mercado Livre, damos um passo importante para tornar a jornada de compra ainda mais completa no marketplace. Oferecer um cartão acessível e com um programa de benefícios atraente está em linha com nossa missão de promover a inclusão financeira”, afirma Tulio Oliveira, vice-presidente do Mercado Pago no Brasil, fintech do Mercado Livre que desenvolveu o cartão.

UPS, compra participação em empresa de carros autônomos

A UPS anunciou a compra de uma participação minoritária na TuSimple, startup de veículos autônomos. As empresas haviam realizado uma parceria para testes de entregas em maio deste ano. A aquisição indica que o trabalho em conjunto tem sido bem-sucedido.

A TuSimple possui caminhões autônomos no nível 4, em que o motorista só é acionado fora de vias sinalizadas ou em condições climáticas extremas (são 5 níveis ao todo, sendo o quinto considerado autonomia total em qualquer ambiente). A empresa foi fundada em 2015 e se tornou um unicórnio neste ano, atingindo o valor de mercado superior a US$ 1 bilhão.

As empresas não divulgaram qual foi o valor da aquisição da participação. Desde que foi criada, a TuSimple já levantou mais de US$ 280 milhões em investimentos.

Jornada maior que 24 horas e um salário menor que o mínimo, a vida dos ciclistas de aplicativo em SP

Estudo inédito traça o perfil dos entregadores e constata que a presença de menores de 18 anos é comum no ramo.

Trabalhar de segunda a domingo sem contrato, em jornadas que podem chegar a mais de 24 horas seguidas, se arriscando entre carros e ônibus, sem garantias ou proteções legais e muitas vezes por menos de um salário mínimo. E mais: em um emprego realizado até por menores de 18 anos. Este cenário —que deixaria de cabelo em pé qualquer fiscal do Trabalho— é o cotidiano de milhares de jovens como Guimarães, que trabalham de bicicleta como entregadores de aplicativos. Com a mochila térmica nas costas eles cruzam a cidade vindos, em sua maioria, das periferias da capital rumo aos principais centros comerciais da cidade.

Uma pesquisa da  Associação Aliança Bike, criada em 2003 com o objetivo de fortalecer a economia que gira em torno da bicicleta, traçou o perfil destes trabalhadores com base em centenas de entrevistas: 99% são do sexo masculino, 71% se declararam negros, mais de 50% tem entre 18 e 22 anos de idade, 57% trabalham todos os dias da semana, e 75% ficam conectados ao aplicativo por até 12 horas seguidas —sendo que 30% trabalham ainda mais tempo. Tudo isso por um ganho médio mensal de 992 reais (seis reais a menos do que o salário mínimo, fixado em 998 reais). O menor valor mensal recebido encontrado no levantamento foi 375 reais, para entregadores que trabalham três horas diárias, e o maior foi 1.460 reais, para 14 horas trabalhadas.

Não existe um balanço preciso de quantos entregadores utilizam bicicletas em São Paulo —os aplicativos se negam a divulgar estes números porque afirmam que são estratégicos. Mas estima-se que a cifra chegue aos milhares. Em um cenário de recessão econômica e com os índices de desemprego atingindo quase 13 milhões de brasileiros, este tipo de serviço altamente precarizado oferece flexibilidade de horários e uma fonte de renda para os jovens. Prova disso é a justificativa para entrar neste ramo de trabalho: de acordo com a pesquisa, para 59% dos entrevistados a principal motivação para começar a fazer entregas por aplicativo foi o desemprego.

O serviço de entrega com bicicleta é uma espécie de porta de entrada para o mundo do delivery. “Um motoca consegue tirar até 500 reais por dia em um final de semana”, conta Daniel Cesário de Moraes, 18 anos. Morador do Jardim Vaz de Lima, zona sul de São Paulo, ele pedala diariamente pela perigosa marginal do rio Pinheiros para chegar à zona oeste. Mas o boom dos aplicativos e a concorrência de outros ciclistas e motoqueiros já se faz sentir no bolso. Moraes viu sua renda diária cair de 80 para 40 reais nos últimos meses. Se antes o frete mínimo pago por corrida, um valor que também flutua a cada entrega, era de 6,50 reais, hoje dificilmente se alcança este valor. Para driblar a crise ele sonha em comprar uma moto para “progredir” no ramo de entregas. De qualquer forma, já conseguiu com o fruto de seu trabalho adquirir uma bike própria: “custou 700 reais, parcelado em duas vezes”. Quem não tem bicicleta própria usa o sistema de aluguel do Itaú. São 20 reais por mês, mas a bicicleta precisa ser trocada a cada hora, o que pode fazer com que o entregador perca trabalho enquanto devolve uma e pega a outra.

As empresas responsáveis pelos aplicativos afirmam que apenas fazem a “ponte” entre as partes, que trabalham de forma autônoma e com liberdade de acordo com sua disposição e necessidades —um argumento frequente em tempos de uberização do trabalho. Mas, para especialistas, não é bem assim. “Este modelo de trabalho se apoia no discurso do empreendedorismo, na ideia de você não ter patrão e poder fazer o seu próprio horário”, afirma Selma Venco socióloga do Trabalho e professora da Unicamp. Segundo ela, este “discurso neoliberal camufla a real situação, que é a de precarização não apenas nas relações de trabalho, mas também nas condições de vida”. Por trás dessa “máscara do empreendedorismo existe uma situação análoga à escravidão”, diz Venca. “Há uma superexploração do trabalhador, pois ele sabe que terá que trabalhar uma jornada de 14 ou 15 horas para ter um ganho mínimo, irá além dos limites físicos para poder sobreviver. E sem nenhuma proteção, nenhum direito associado a isso.”

Os resultados da pesquisa endossam a tese da socióloga com relação à precariedade do trabalho  neste modelo de aplicativos. Quando indagados sobre o que faria a diferença em seu dia a dia, 35% dos entregadores citaram um “seguro de invalidez temporária”, para os casos em que o ciclista tenha que ficar parado por algum tempo em função de doença ou acidente. “Me preocupo com o que pode acontecer caso eu sofra um acidente”, diz Douglas Miranda da Silva, 26. Um amigo próximo foi fechado por um ônibus no trânsito e terminou com oito pinos na perna. “Ele está parado, sem trabalhar, sem ganhar…”, lamenta.

Trabalho de menores de idade sobre rodas

Mas um dos problemas menos abordados dos serviços de entrega por aplicativo é a utilização de mão de obra de menores de 18 anos —constatada na pesquisa da Aliança Bike e confirmada pela reportagem. Os aplicativos exigem que os entregadores enviem fotos dos documentos ao realizar o cadastro, mas as fraudes são comuns, e a fiscalização deficiente. W. B, 18, começou a trabalhar com entregas com “16 ou 17 anos”. “Usei os documentos de um primo no cadastro porque sou agilizado, não posso ficar parado sem receber, entendeu?”, explica. A presença de menores de 18 anos atuando como entregadores contraria frontalmente o decreto federal 6.481, de 2008, que fala sobre a proibição do trabalho infantil, seguindo disposições da Organização Internacional do Trabalho.

A legislação brasileira permite o trabalho de jovens entre 16 a 17 anos apenas em atividades que não sejam “insalubres ou perigosas” —classificadas como “Piores Formas de Trabalho Infantil” no decreto. Dentre os que é vetado para esta faixa etária estão os “serviços externos, que impliquem em manuseio e porte de valores que coloquem em risco a sua segurança (Office-boys, mensageiros, contínuos)”. Os riscos vão de “traumatismos; ferimentos; ansiedade e estresse” decorrentes de “acidentes de trânsito”. “Eu sei que se acontecer alguma coisa, estou por minha conta”, diz W. B., saindo para mais uma entrega no horário do almoço no bairro de Pinheiros.

O EL PAÍS procurou as três maiores empresas de entrega por aplicativo para falar sobre entregadores com menos de 18 anos usando o serviço. A Uber Eats informou em nota que “para os ciclistas e pedestres, é exigido documento que comprove que têm mais de 18 anos”. A companhia também informou que utiliza uma ferramenta de verificação de identidade em “tempo real”: “De tempos em tempos, o aplicativo pede, aleatoriamente, para que os motoristas parceiros tirem uma selfie antes de aceitar uma viagem. Isso ajuda a prevenir fraudes e protege as contas dos condutores de serem comprometidas”. Além disso “o Uber Eats oferece gratuitamente ao entregador parceiro um seguro com cobertura de até 100.000 reais em caso de acidentes pessoais que ocorram durante as suas entregas e reembolso de até 15.000 reais em despesas médicas.

O iFood informou que “não permite que menores de 18 anos se cadastrem no aplicativo”, e que a empresa “conta com um sistema de validação de documentos que variam de acordo com o modal de escolha e região de atuação”. Já a Rappi afirmou que “para se cadastrar na plataforma é necessário ter mais de 18 anos”, sem detalhar mecanismos de controle.

Procurado, o Ministério Público do Trabalho, a quem cabe o combate ao trabalho infantil, informou não ter recebido denúncias deste tipo de prática envolvendo entregadores de aplicativo.

Fonte: elpais.com

 

“Sem frota, entregadora de gigantes do e-commerce no Sul cresce 105% ao ano e quer ganhar o país”

“Foi o know-how adquirido em vinte anos no ramo da distribuição de jornais que levou dois empreendedores a investir na tecnologia para ocupar a área de entregas para o varejo online. Fundada em 2015, a Diálogo Logística distribui 300 mil encomendas ao mês com uma frota de zero caminhões. “Nosso ativo é a inteligência da operação e [nosso] produto final é entregar na casa das pessoas”, resume Walter Bier, um dos sócios-diretores da empresa.

A Diálogo utiliza big data para rastrear e roteirizar as entregas fracionadas, que no asfalto são feitas por empresas de distribuição parceiras. Nesse cenário, a companhia tem como clientes grandes players da venda online (Netshoes, Magazine Luiza, Carrefour, Via Varejo e Nike, para citar alguns), que repassam a ela a demanda de fazer suas cargas leves chegarem até o comprador que vive em 1,2 mil cidades de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.”

“Até hoje, as entregas da Diálogo ficam restritas à região Sul, mas as encomendas são recolhidas em toda a parte. ” A gente coleta em qualquer lugar do Brasil e faz [o produto] chegar nas unidades de entrega nas pontas, próximo à casa das pessoas, tudo via nossa malha de transferências interestaduais e depois transferência dentro do estado”, revela. “A gente tem uma capilaridade grande, ao todo são mil unidades de entrega, aquelas que vão sair de uma origem até o destino, fazendo rotas com acúmulo de produtos e uma lógica tecnológica de roteirização, para que a gente otimize tempo e dinheiro”, ensina Bier.

Por causa dessa presença parcial em diversas partes do país, a Diálogo ensaia tirar do papel um plano de expansão nacional que promete ser acelerado. “Em dois anos, tranquilamente, a gente está no Brasil inteiro”, garante o proprietário. A estratégia da companhia é fazer investimentos de R$ 4 milhões ao ano para a contratação de pessoal e o aprimoramento em big data. O plano é manter o ritmo de crescimento acima dos 100% também a cada ano para alcançar faturamento de R$ 300 milhões até 2023.

A ambição tem como base as expectativas com relação ao esperado crescimento das compras online e à recuperação da economia de modo geral. “Nessas duas esteiras a gente tem muita oportunidade”, avalia Bier, que estima uma capacidade de crescimento do e-commerce em cinco ou seis vezes no futuro próximo, alcançando até 30% do consumo, comparável à fatia de mercado verificada na China e nos EUA.”

Fonte: gazetadopovo.com.br