Corrida pela logística no e-commerce

Entenda como a logística poderá definir o vencedor do e-commerce no Brasil

Se formos listar os hábitos adquiridos pela população no período de pandemia, com certeza colocaremos a prática de fazer compras online. No ano de 2020, as vendas do e-commerce no Brasil bateram a marca dos R$ 87,4 bilhões, alta de 41% em relação a 2019 e um recorde para o segmento, segundo levantamento da Ebit Nielsen. Para as grandes varejistas, o novo costume adquirido foi uma oportunidade de expandir a participação no mercado. Não apenas porque estavam bem posicionadas digitalmente, mas porque conseguiram preparar sua logística.

Esperar mais de uma semana para receber uma encomenda feita pela internet muitas vezes já não é um prazo aceitável. As grandes varejistas do país iniciaram uma verdadeira guerra pela entrega ultra rápida e chegam a estabelecer prazos de até uma hora em grandes centros. É o caso do Magazine Luiza (MGLU3), que estabeleceu esse tempo de entrega em 11 cidades do país – São Paulo, Belém, Salvador, Recife, Fortaleza, Maceió, Aracaju, João Pessoa e Teresina – para produtos de até 6kg.

Para alcançar prazos de entrega cada vez menores, as grandes companhias precisaram investir em centros de distribuição (CDs). Nesta terça-feira (16), o Mercado Livre (MELI34) inaugurou o seu sétimo CD no Brasil, este último – localizado em Franco Rocha/SP – será focado em produtos de linha branca (geladeira, fogão, máquina de lavar) e televisores acima de 50 polegadas, já pensando na estratégia de Black Friday que ocorre no final do mês.

Outro método para facilitar a logística é o uso de lojas físicas como minicentros de distribuição, vantagens do Magazine Luiza, Americanas e Via (VIIA3). O Magalu, por exemplo, inaugurou apenas em julho deste ano os seus primeiros pontos físicos na cidade do Rio de Janeiro. Após anos de ausência na capital fluminense justificando a falta de segurança, a companhia mudou de ideia para poder ampliar o atendimento ao e-commerce.

A ideia destes centros de distribuição é prestar também o serviço completo de logística, chamado de fullfillment – muito utilizado nos Estados Unidos pela Amazon (AMZO34) e importado para o Brasil. Basicamente, são operações exclusivas para o atendimento de pedidos de e-commerce e suas respectivas devoluções e que possuem níveis de estoques de curto prazo. Além disso, são armazenados os produtos vendidos pelos sellers das varejistas, aqueles vendedores independentes que utilizam das suas plataformas de marketplace.

Em 2017, entrevistei o Stelleo Tolda, presidente e um dos co-fundadores do Mercado Livre. Na época, a companhia já tinha o foco de vender a logística e armazenamento para seus sellers. Desde então, a estratégia se refinou e o Meli está bem à frente dos concorrentes nesse quesito.

A evolução do varejo brasileiro só tem a acrescentar a nossa economia, tanto para os consumidores, quanto para quem está neste mercado. Em um ano, o segmento de serviços de entrega e logística criou mais de 88 mil postos de trabalho no Brasil. Quem vai ser o grande vencedor do e-commerce brasileiro ainda não se sabe, mas certamente uma boa logística é fundamental para a empresa que tiver esse objetivo.

Gian Kojikovski é diretor e sócio da Suno e escreve sobre negócios, marketing, política e finanças. Tem passagem pelas redações de Veja e Exame e é vencedor do Prêmio CNI de Jornalismo de 2016 na categoria especial de Inovação e finalista do Citi Journalistic Excellence Award de 2018.

Fonte: https://www.suno.com.br/noticias/colunas/gian/corrida-logistica-e-commerce/

Mercado Livre Inaugura 1º Centro de Distribuição Para Itens de Grande Porte

Mercado Livre acaba de anunciar a abertura do 1º centro de distribuição voltado para o armazenamento de produtos de grande porte. Agora, televisores acima de 50 polegadas e itens de linha branca como fogões, fornos, geladeira e máquinas de lavar serão mantidos em um local completamente novo.

Segundo a companhia, a inauguração do espaço logístico é o resultado do investimento de R$ 10 bilhões para as operações de negócio no Brasil em 2021. Veja os detalhes nos próximos tópicos..

Site Mercado Livre Foca em Reduzir Prazo de Entrega dos Produtos de Grande Porte

O novo centro de distribuição do Mercado Livre, que tem 800 mil m², está localizado na Grande São Paulo, em Franco da Rocha. Em média, 200 mil produtos devem ser armazenados no espaço e 300 vagas de emprego foram abertas.

O novo espaço representa os planos para agilizar a operação logística dos produtos de grande porte. Uma das iniciativas nesse sentido é reduzir o prazo de entrega de 3 a 10 dias para 1 dia, nas redondezas da capital paulista. E oferecer o agendamento do horário de recebimento desse tipo de mercadoria…

Para atingir esses objetivos, o Mercado Livre comprou itens de fabricantes, uma medida que não é tão comum nos produtos de ticket médio alto. De acordo com Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre, o consumidor terá uma outra experiência de compra:

Até agora, nosso cliente comprava o fogão ou a geladeira diretamente do fabricante, que tem uma logística voltada para as redes de lojas que os revendem. Agora, ele terá com os itens grandes a mesma experiência que encontra nos produtos pequenos e médios”, afirma o executivo.

Na prática, a varejista não costuma comprar produtos de fabricantes para evitar a imobilização de capital fora do segmento de tecnologia, que é o principal do Mercado Livre…

Assim, é seguro dizer que a exceção é algo bem estratégico, tendo em vista que a categoria de Eletrônicos e Eletrodomésticos está entre as tendências do Ecommerce para 2022, segundo a pesquisa recente Market Review feita pela Opinion Box.

Centro de Distribuição do Marketplace Conta com Tecnologia de Ponta

De acordo com Luiz Augusto Vergueiro, diretor de operações do Mercado Livre, o centro de distribuição terá desde prateleiras e empilhadeiras especiais a equipes treinadas no transporte e na montagem.

Apesar da inauguração acontecer em novembro, os investimentos no espaço logístico começaram a ser feitos em junho deste ano, como as compras de televisores e produtos de linha branca…

Isto é, projetos colocados em prática com antecedência para que os consumidores encontrem todos os produtos que precisam no Mercado Livre. Inclusive, itens que certamente farão parte dos descontos de até 70% concedidos durante a Black Friday 2021 no marketplace…

Em relação ao evento de ofertas, um estudo desenvolvido pela Neotrust aponta que 49% dos consumidores pensam em comprar eletroeletrônicos e 31%, eletrodomésticos. Ou seja, algo que faz total sentido com a ação do Mercado Livre em apostar em uma categoria que está em alta.

Sendo assim, a inauguração do espaço logístico representa a determinação da companhia mais valiosa da América Latina em alcançar números ainda mais expressivos durante a Black Friday

E, ao mesmo tempo, em ficar à frente de grandes varejistas como Magazine Luiza e Via, que são companhias consolidadas no que diz respeito à comercialização de eletrodomésticos e eletrônicos no país.

Fonte: https://ecommercedesucesso.com.br/mercado-livre-cd-itens-grande-porte/

Carrefour vai investir US$ 3,5 bilhões para expandir e-commerce

O Carrefour anunciou um plano de investimento de 3 bilhões de euros (US$ 3,5 bilhões) em comércio eletrônico e disse que pretende triplicar o valor dos produtos vendidos online até 2026.

O valor bruto das mercadorias vendidas online deve chegar a 10 bilhões de euros, e a expansão digital pode adicionar 600 milhões de euros ao lucro operacional em cinco anos, disse a varejista na terça-feira (9). A empresa tem expandido as operações em publicidade e serviços financeiros, bem como a venda de produtos por Internet.

O plano aumenta os gastos come-commerce e serviços digitais em 50% em relação aos anos anteriores.

O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, busca melhorar os resultados da rede de supermercados francesa. Neste ano, as duas tentativas da varejista para transformar o negócio fracassaram: primeiro com a canadense Alimentation Couche-Tard e depois com a rival francesa Auchan.

Varejistas estão cada vez mais sob pressão para oferecer o melhor serviço a clientes que desejam que seus pedidos sejam entregues rapidamente. O Carrefour comprou uma participação minoritária na Cajoo, que faz entregas em menos de 15 minutos. A rede de supermercados francesa também fechou uma parceria com a Uber Technologies para oferecer entregas rápidas a partir de nove centros de microatendimento em Paris.

A empresa trabalha em um plano estratégico cujos detalhes serão revelados no ano que vem. Em julho, Bompard disse a analistas que serviços digitais e comércio eletrônico seriam centrais para este plano.

A França é um mercado disputado, com pelo menos seis grandes players nacionais, além das redes de descontos alemãs Lidl e Aldi e novas empresas com foco online. Isso tornou a França altamente competitiva em termos de preço, e as margens de lucro são mínimas.

As ações do Carrefour acumulam alta de cerca de 9% este ano. Os papéis se desvalorizaram em torno de 25% desde que Bompard assumiu o comando em meados de 2017.

Magazine Luiza vai colocar 51 caminhões elétricos nas ruas até dezembro deste ano

Os primeiros 51 elétricos a rodar no Magazine Luiza foram comprados da montadora chinesa JAC Motors, segundo a varejista.
O Magalu começou a eletrificar sua frota de caminhões. Os primeiros 51 VUCs elétricos a rodar foram comprados da montadora chinesa JAC Motors, segundo a varejista.

Até o fim de outubro, 23 caminhões elétricos já terão la circular pelas ruas de estados como São Paulo, Bahia e Paraíba, e os outros serão entregues até o final do ano.

De acordo com a empresa, os veículos serão usados para abastecer lojas e fazer entregas de produtos de maior porte, como móveis e eletrodomésticos grandes.

Ambev

A Ambev também tem investido em uma frota sustentável. Na quinta (07), a empresa anunciou a compra de 150 veículos elétricos da JAC Motors, que devem ser entregues até o fim de 2021.

No mesmo período, a empresa vai receber outros cem caminhões do modelo e-Delivery, lançado em parceria com a Volkswagen. O contrato com a montadora prevê 1.600 unidades.

Em janeiro, a Ambev também anunciou que a FNM (Fábrica Nacional de Mobilidade) vai produzir mil veículos elétricos para a empresa. A meta é eletrificar metade da frota até 2025.

Tendência rápida

A eletrificações dos transportes ainda é um movimento novo que esbarra em custos, baterias e infraestrutura de carregamento.

O primeiro veículo nacional movido a eletricidade foi lançado em julho pela Volkswagen Caminhões e Ônibus, voltando para o transporte urbano de cargas.

Outras empresas como Ambev, Coca-Cola Femsa, JBS e Grupo Boticário estão entre as primeiras a adotarem o modelo no Brasil.

O papel da logística nessa transformação digital é fidelizar o cliente

13 milhões de pessoas em 2020 fizeram sua primeira compra on-line, fazendo com que o número de e-consumidores desse um salto de 29% em relação a 2019.
Para o consumidor, a expectativa sobre uma nova experiência de compra é igual a última e melhor experiência de compra que ele já fez no passado. E graças a pandemia, essa barra ficou ainda mais alta. Para conter a disseminação do coronavírus, governos estaduais e municipais decretaram quarentena, fazendo com que o varejo físico fosse fechado. Sem opções, quem antes só consumia off-line, foi obrigado a migrar para outros meios, se transformando em um consumidor multicanal.
Para se ter uma ideia, 13 milhões de pessoas em 2020 fizeram sua primeira compra on-line, fazendo com que o número de e-consumidores desse um salto de 29% em relação a 2019, segundo a pesquisa Webshoppers 43, feita pela consultoria Ebit/Nielsen em parceria com o Bexs Banco. No total, o e-commerce brasileiro teve um crescimento de 41% no ano passado. Ainda assim, alguns empreendedores relutam em aceitar que o cenário mudou. Porém, estejam prontos ou não, o fato é: o consumidor mudou e ele não voltará a ser o que era antes.
Enquanto pequenos empreendedores correm para tentar manter vantagem na maratona do comércio digital, grandes varejistas, como a Magazine Luiza, Americanas e Mercado Livre lutam pelo posto de frete mais rápido do Brasil ao mesmo tempo em que determinam altos padrões logísticos para o mercado. Os consumidores estão cobrando de comércios menores a qualidade do serviço oferecido pelas grandes redes varejistas. O que estamos constatando agora é que a eficiência na entrega é essencial para garantir a melhor experiência de compra.
Conforme o relatório divulgado pela Cuponomia, 90% dos e-consumidores já desistiram de alguma compra por causa do valor do frete. Ou seja, não faz sentido investir todos os recursos para fazer com que a pessoa chegue até o carrinho de compras de sua loja on-line, se ela for desistir quando ver o frete caro e demorado.
A solução é estar preparado para atender qualquer necessidade do cliente. Para isso, o primeiro passo é expandir o sistema logístico da companhia. Atualmente, os centros de distribuição (grandes galpões que armazenam o estoque) são os mais usados – e é um setor que se mantém em crescimento. Todavia, nem sempre os CDs estão perto do consumidor. Isso prejudica o delivery. Uma boa alternativa é o ship from store, um modelo de logística descentralizado bastante vantajoso, porque entrega o produto localizado na loja mais próxima do cliente, diminuindo o valor e o tempo da entrega.
Entregas feitas na mesma hora e no mesmo dia da compra, respectivamente – também devem estar no radar. É o que chamamos de Same day e same hour delivery. Uma pesquisa realizada pela McKinsey mostrou que 50% dos compradores on-line estão dispostos a pagar mais para receber seu produto rapidamente. Ou seja, quem não tiver entrega expressa, poderá perder metade das vendas para o concorrente que oferecer esse serviço.
E se para 50% dos consumidores vale a pena pagar mais, para a outra metade é exatamente o oposto. O que fazer nesse caso? Para alguns empreendedores a solução foi escolher um em detrimento do outro, mas há outras possibilidades, como o “clique e retire”, modalidade cada vez mais utilizada por ser vantajosa tanto para o dono, quanto para o consumidor. Esse tipo de entrega oferece rapidez e preço baixo para aquele cliente que não está disposto a pagar caro no frete e está disposto a se deslocar até a loja para buscar a sua compra – além de permitir a geração de vendas adicionais por trazer o cliente até a loja.
O que costuma deixar o empreendedor inseguro é o custo para implementação de tudo isso. Até pouco tempo atrás só tinham duas opções: ter frota própria ou contratar uma transportadora. Ambos são serviços engessados e, normalmente, custosos. Entretanto, com o nascimento das logtech’s o cenário mudou.
Essas novas empresas têm oferecido uma solução flexível a partir da demanda do lojista: se precisar de mais entregas – é só pedir e caso não precise, não há custo adicional. Semelhante ao modelo de chamar um carro pelo aplicativo, as logtech de crowdshipping como Loggi e Eu Entrego tem se popularizado ao conectar motoristas a lojistas com encomendas a serem entregues.
Como se vê, são muitas as possibilidades logísticas à disposição no mundo on-line e físico. O que mais conta para o sucesso é a variedade, ou seja, atender o cliente da maneira que ele considerar mais conveniente. É assim que a empresa garante a melhor experiência e – se conseguir encantar – conquistará também a sua fidelidade.

Franquia Flash Courier cresce 250% na pandemia e está de olho em cidades pequenas

Rede com mais de 30 anos de mercado projeta faturamento de R$ 740 milhões para 2021. Volume de entregas já é mais do que o triplo de 2019.
Com o crescimento do e-commerce e do delivery, empresas de logística viram seus números se multiplicarem nos últimos 18 meses. Uma delas foi a rede de franquias Flash Courier, que hoje já está 250% maior do que em 2019 e prevê fechar o ano com um faturamento total de R$ 740 milhões. A aposta para aumentar ainda mais o alcance são as cidades pequenas.
A Flash Courier foi fundada em 1994, pelo empreendedor Antônio Juliani, com o objetivo de entregar vales-refeição em papel para funcionários de empresas. Antes disso, ele tinha sido sócio de uma pequena companhia de aviação, que também trabalhava com logística de documentos, mas acabou não dando certo. O novo negócio, no entanto, deslanchou: com o tempo, integrou serviços postais corporativos e de instituições financeiras, como o do extinto Banco Nacional. Cerca de três anos depois, iniciou a expansão por franquias para chegar a mais cidades.
Por volta de 2003, a empresa se transformou no Grupo Flash Courier, com a aquisição da empresa de cartões JallCard. Um ano depois, Guilherme Juliani, filho do fundador, voltou para o negócio. “Aos 16 anos, eu fui o segundo franqueado da marca, em sociedade com meu irmão. Com o tempo, repassamos o ponto e saí para trabalhar em outras empresas. Depois, com mais experiência, voltei para a Flash Courier.”

No retorno, Guilherme cuidava de assuntos ligados a franquias. Aos poucos, passou a tocar também outras áreas operacionais e de vendas. Em 2016, assumiu a presidência do grupo. Àquela altura, o conglomerado já contava também com a iLog, que depois passaria a se chamar Moove+, hoje focada em meios de pagamento eletrônicos, transporte expressos e de medicamentos. Antônio passou a cuidar da empresa de cartões do grupo.
Guilherme conta que ficou apreensivo com os primeiros meses de pandemia: a demanda chegou a cair cerca de 40%. Ele precisou criar novas frentes de negócios para crescer. Assim, aumentou o escopo de serviços oferecidos pela marca, incorporando demandas de e-commerce e de produtos farmacêuticos.

Hoje, essas duas novas frentes já correspondem a cerca de 20% do volume de entregas da Flash Courier. “Ao longo do ano, criamos lockers em regiões aonde não conseguíamos chegar, para que o cliente retirasse as encomendas, fomos para cidades do interior e buscamos inovar cada vez mais no transporte”, diz.

No ano passado, a empresa superou as sete milhões de postagens – mais que o dobro do que foi feito em 2019. Neste ano, já passou das 10 milhões. Atualmente, a rede tem 320 unidades franqueadas e 285 franqueados.

A Flash Courier trabalha com dois modelos de franquia: comercial, em que o franqueado é responsável pela captação de novos negócios — neste formato há pouco mais de 30 unidades —, e o operacional, responsável pelas entregas. O perfil para os dois negócios é de empreendedores com uma pegada mais operacional, de acordo com Guilherme, para fazer a gestão dos mais de 3.600 entregadores contratados pelas unidades. “Agora, queremos ir para cidades pequenas, no interior, principalmente em regiões de Minas Gerais e Rio Grande do Sul”, diz.

O investimento inicial para abrir uma franquia da empresa é estimado em R$ 25.000. O valor contempla a taxa de franquia e o capital de giro, mas o interessado deverá providenciar um galpão para armazenagem e atendimento — este valor pode variar de acordo com o local de instalação da unidade. A metragem média é de 500 metros quadrados.

AliExpress e Shopee avançam no país – e acirram disputa pelo e-commerce brasileiro

Com entrega veloz, jogos, lives e até Jackie Chan, marketplaces asiáticos competem com gigantes como Mercado Livre, Amazon, B2W, Magazine Luiza e Via.

Por anos, investidores, especialistas e empresas brasileiras temeram uma grande investida de companhias asiáticas no e-commerce local. O chinês AliExpress (BABA34) desembarcou em terras brasileiras há dez anos. A singapurense Shopee (S2EA34) chegou há dois anos. Até aqui, no entanto, o avanço delas havia sido lento. Ao que tudo indica, porém, esse cenário começou a mudar.

AliExpress e Shopee vêm ampliando suas atuações no país. Entre as principais novidades das empresas no Brasil estão a redução do prazo de entrega de produtos, a abertura da plataforma para lojistas brasileiros e um investimento pesado em marketing que fez até o ator Jackie Chan falar português.

Ambas tentam atacar um mercado que faturou R$ 87,4 bilhões em 2020, segundo dados da consultoria Webshoppers. Mas, mais do que o passado, elas estão de olho no potencial futuro desse mercado. Para a empresa de pagametos Visa, o volume nacional de transações no e-commerce deve chegar a R$ 171 bilhões até 2023.

Dinheiro para isso parece não faltar: por trás dessas plataformas, estão companhias gigantes. O chinês Alibaba, dono do AliExpress, tem um valor de mercado de US$ 460 bilhões. Já a singapurense Sea, dona da Shopee, está avaliada em US$ 180 bilhões, após ter feito a maior captação de recursos do Sudeste Asiático.

As estratégias para crescer
Com onze anos de atuação local, o Brasil já está entre os cinco maiores mercados do AliExpress, segundo o estudo Beyond Borders 2020. Já a Shopee, apesar de chegar ao país apenas em 2019, já alcançou o marco de app de e-commerce mais baixado no Brasil, segundo o site de monitoramento de downloads App Annie.

Para entender as estratégias que essas companhias estão adotando para crescer por aqui, é importante lembrar suas origens.

O Alibaba começou como espécie de classificados online, em 1999, e foi crescendo junto da popularização da internet na China. Seu braço de comércio eletrônico internacional, o AliExpress, surgiu em 2010 — mesmo ano do desembarque da empresa no Brasil. Como até então era focado no mercado asiático, nos primeiros anos de operações internacionais, o Alibaba teve que entender e adaptar seus serviços para o mercado ocidental.

Já a Shopee faz parte do grupo Sea, que nasceu a partir da empresa de jogos Garena. O negócio foi criado pelos chineses Gang Ye e Forrester Li em 2009. O sucesso da produtora e distribuidora de jogos permitiu que seus fundadores expandissem também para o crescente mercado de e-commerce. A Shopee foi lançada em 2015. Em 2017, as duas marcas foram unidas no grupo Sea. A holding abriu seu capital na Bolsa de Nova York (NYSE) no mesmo ano.

Jaqueline Bartzen, diretora global de engajamento com merchants no Ebanx, aponta que os e-commerces asiáticos seguem um padrão em sua expansão. Primeiro, conquistam seus países de origem. Em segundo lugar, outros países da região. O terceiro passo é atacar mercados emergentes de grande crescimento para além da Ásia – e o Brasil está entre os países mais interessantes.

Por aqui, as empresas entenderam rapidamente a importância de se adaptar ao estilo brasileiro de fazer negócios. Uma das principais particularidades locais está nos métodos de pagamentos. O AliExpress adota boletos desde 2013, e atualmente permite até pagamentos por Pix.

Tanto AliExpress quanto Shopee também estão ampliando seus investimentos no marketing no local. “Essas empresas sempre fizeram um marketing digital agressivo por aqui, focado em aparecer nos buscadores e vender mais. Agora começam a construir uma marca, inclusive no mundo offline”, diz Bartzen, do Ebanx.

A nova onda de digitalização dos brasileiros, forçada pela pandemia permitiu que esses e-commerces asiáticos também emplacassem táticas de comércio eletrônico social (social e-commerce), que fazem sucesso há anos em seus países de origem. Alguns exemplos são a gamificação e o live commerce.

Inspirada na Garena, empresa de jogos que pertence ao mesmo grupo, a Shopee criou jogos que dão moedas virtuais que são transformadas em descontos no marketplace.

Já o AliExpress criou uma plataforma só para vendas por meio de transmissões ao vivo. O AliExpress Live permite ver uma agenda de lives por idioma. As transmissões ao vivo são uma mistura de entretenimento com descontos para quem as acompanha.

Tanto a gamificação quanto o live commerce têm em comum promoverem descontos aos consumidores – uma estratégia que já está computada no modelo de negócio dos e-commerces asiáticos. Enquanto a Amazon tem um evento anual para grandes descontos, o Amazon Prime Day, a Shoppe faz mensalmente seu “Dia Shopee”.

“Os descontos são uma parte do custo de aquisição do cliente, e tanto as plataformas quanto seus vendedores dão preços menores. Geralmente são compras de impulso, inclusive de produtos que os consumidores nunca tinham procurado antes, então a estratégia de desconto se torna adequada para gerar recorrência de compra”, explica Alexandre Machado, diretor da consultoria especializada em varejo Gouvêa Consulting.

Desafios para a nova invasão asiática

Os e-commerces asiáticos estão batalhando contra alguns desafios à sua nova invasão do mercado brasileiro. O primeiro deles é o câmbio: o dólar americano se valorizou em relação ao real brasileiro nos últimos tempos. Em 2020, a moeda teve alta de 29,33% e fechou o ano cotada a R$ 5,189. Na última segunda-feira (13), fechou em R$ 5,224.

“Quando a cotação do dólar atinge um pico, as pessoas seguram seu consumo. Mas vemos que esse comportamento de compra volta para uma curva interessante em apenas alguns meses. As pessoas ainda veem vantagem ao comprar pelo e-commerce asiático”, diz Bartzen.

Para mitigar o efeito do dólar, Shopee e Aliexpress estão investindo na atração de vendedores brasileiros para a sua plataforma. O AliExpress abriu sua plataforma para os brasileiros em agosto, com taxas agressivas de 5% a 8% sobre o valor dos produtos comercializados. Como comparação, a Shopee cobra desde junho deste ano uma comissão de 12%. Antes, a taxa também era de 5%.

Atraindo sellers locais, Shopee e Aliexpress passam a competir mais diretamente com os e-commerces brasileiros. Isso tanto em termos de variedade de produtos quanto em estratégia de negócios. Mercado Livre, Amazon, Americanas S.A. (AMER3, antiga B2W), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) têm hoje milhares de vendedores brasileiros em suas plataformas. Eles engordam as margens de lucro das grandes varejistas, pagando taxas para poder vender em seus sites e utilizar seus serviços de logística.

Vendedores locais também ajudam as empresas asiáticas a ter uma entrega mais veloz. Para reduzir seu prazo de entrega de produtos internacionais para até sete dias, o Aliexpress investiu em uma logística proprietária, com quatro aviões fretados que pousam toda semana no Brasil vindo direto da China. A Cainiao, empresa de logística do Alibaba, identifica diferentes compras do usuário e as reúne em um só pacote, integrando vendedores em diversos países. O processo pode ser acompanhado online pelo usuário, da separação ao embarque dos produtos.

No Brasil, o AliExpress também implementou métodos eletrônicos de checagem de pacotes para acelerar a liberação na alfândega. As entregas em solo nacional são feitas pelos Correios. O AliExpress coloca até cinco dias para essa entrega para as principais regiões metropolitanas do Brasil.

Uma logística robusta tem sido o principal investimento de outras varejistas por aqui. O Mercado Livre, maior empresa do e-commerce brasileiro, por exemplo, tem quase cem centros de distribuição (CDs) espalhados no país.

O desafio da logística reversa ainda é grande para os e-commerces asiáticos, segundo Machado. “Devolver para a Ásia pode ser um martírio, o que é um problema para produtos que precisam de um padrão, como roupas e sapatos”, diz.

Depois de preço e entrega, garantir a satisfação dos consumidores com o produto é o último desafio. O AliExpress tem um programa de garantia de satisfação: se o produto adquirido não é como descrito ou não chegou dentro da data estimada, a empresa garante reembolso dentro de 15 dias após a finalização da disputa.

Já a Shopee tem garantias de acordo com a legislação brasileira: direito de arrependimento até sete dias após o recebimento do item, e reembolso do item em caso de defeitos de funcionamento até 30 dias após o recebimento. Os e-commerces também implementaram a avaliação de vendedores, recomendando comprar com os mais bem ranqueados.

“Quando o Mercado Livre surgiu, oferecia uma experiência bem diferente da vista em e-commerces com estoque próprio, como Americanas ou Magazine Luiza: atuava apenas como viabilizador da compra e venda, sem se responsabilizar pela qualidade do produto. Mas quando começou a garantir essa qualidade e a ter uma logística reversa eficiente, o consumidor ganhou confiança em comprar. Esse mesmo caminho está sendo trilhado pelas asiáticas”, afirma Machado.

Produtos piratas
Mesmo garantindo a satisfação do consumidor, autoridades pressionam essas plataformas contra a venda de produtos falsificados. A rigorosidade ainda é um desafio, mas está em evolução. Na China, as plataformas de comércio eletrônico serão impedidas de realizar determinadas operações online e terão licenças revogadas se não endereçarem graves infrações de direitos de propriedade intelectual por quem vende em suas plataformas. Em seu site, o AliExpress afirma que “listar réplicas não licenciadas e itens sem autorização, como roupas, relógios, bolsas, óculos e outros acessórios falsificados, é estritamente proibido no site”.

A Shopee diz em seu site que “os vendedores devem fazer anúncios apenas de produtos autênticos. A venda de produtos falsificados é estritamente proibida e será excluída”. Porém, o Procon de São Paulo notificou a empresa para que ela se explique sobre a autenticidade e a origem dos produtos oferecidos aos consumidores. Até o dia 17 de setembro, a Shopee deve compartilhar com o órgão documentação atestando a regularidade comercial, fiscal e tributária das empresas parceiras cadastradas na plataforma. Ainda deverá explicar os critérios de verificação, regularidade, autenticidade e segurança utilizados.

“A demora em resolver produtos falsificados e contrabandeados só reforça a percepção de alguns consumidores de que se trata de uma ’25 de Março online’ [rua conhecida pelo comércio informal na cidade de São Paulo]. Tem o seu público, mas isso inviabiliza a venda de itens de maior tíquete”, diz uma fonte especializada em inovação no varejo ouvida pelo Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney.

Quem será o líder do e-commerce brasileiro?
No primeiro semestre deste ano, 42 milhões de brasileiros compraram o equivalente a R$ 53,4 bilhões pelo comércio eletrônico, segundo a pesquisa Webshoppers. O comércio transfronteiriço (cross border trade) representou quase 18% desse faturamento, R$ 9,6 bilhões, no primeiro semestre deste ano.

E enquanto AliExpress e Shopee incluem vendedores locais. Os e-commerces brasileiros também estão de olho no cross border, incluindo vendedores internacionais nas suas frentes de marketplace. A Americanas, da B2W, tem a seção Americanas Mundo. A Via, em parceria com a startup uruguaia NocNoc, inaugurou sua prateleira infinita global de produtos.

“Varejistas tradicionais aderiram ao modelo de marketplace e de ecossistema. Incluíram vendedores de diversas categorias e criam ou fazem parcerias para logística, pagamento e até inteligência artificial. Todas as empresas de e-commerce estão se reestruturando e investindo”, diz Machado.

Por mais que essas empresas estejam convergindo, suas origens são muito diferentes. Para a fonte de mercado especializada em inovação no varejo, as origens de cada e-commerce pautam suas estratégias de desenvolvimento. Nesse ponto, as asiáticas saem na frente.

“Alguns dos e-commerces chineses, como o AliExpress, nasceram como empresas de tecnologia. Não são varejistas que criaram seus braços digitais. Essa falta de amarras com modelos tradicionais dá mais flexibilidade na adoção de novos modelos de negócio, como as de experiências de social commerce“, diz.

Bartzen e Machado afirmam que os principais diferenciais dos e-commerces asiáticos no começo eram preço competitivo e variedade de produtos. Mas a diretora do Ebanx concordou que a nova experiência de compra se tornou um diferencial ainda mais importante – e mais difícil de ser replicado.

Para a fonte de mercado especializada em inovação no varejo, as varejistas brasileiras têm uma essência puramente transacional: foram criadas apenas para compra e venda de produtos, sem outras fontes de receita na concepção do seu negócio. Os players regionais mais avançados na transição de varejo para tecnologia seriam Magazine Luiza e Mercado Livre.

O “Relatório Setores do E-commerce”, publicado pela consultoria Conversion em agosto deste ano, mostrou os 15 maiores e-commerces do país em número de visitas. São eles: Mercado Livre; Americanas; Amazon Brasil; Magazine Luiza; Casas Bahia; AliExpress; Shopee; Netshoes; Extra; Pontofrio; Samsung; Elo7; Dafiti; Amazon; e Q Concursos. Assim, os players asiáticos superaram e-commerces de nicho e até algumas bandeiras dos grandes grupos de varejo, como Extra e Pontofrio.

Em faturamento, o banco Goldman Sachs estima que o Mercado Livre também tenha liderado o e-commerce brasileiro, responsável por uma fatia de 35%. Em segundo lugar está o Magazine Luiza, com 21,2%.

“É difícil falar quem vai ser o vencedor agora. O mercado brasileiro vai ter cada vez mais players internacionais, primeiro entrando cross border e depois localizando meios de pagamento, marketing e vendedores”, diz a fonte especializada em inovação no varejo.

“Vai ganhar a disputa aquela empresa que souber combinar preço competitivo ao serviço de entrega e devolução satisfatórios”, afirma Machado, da Gouvêa Consulting. “Segurança na transação, logística rápida e qualidade do que é entregue são pontos fundamentais e que se refletem nas vendas. Mas a localização também é importante nessa busca pela melhor experiência do usuário”, adiciona Bartzen, do Ebanx.

A XP Investimentos fez uma análise sobre a disputa entre esses e-commerces, publicada em maio deste ano. O relatório foi assinado pelos analistas de varejo Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt.

“Esperamos ver uma competição mais acirrada em 2021, uma vez que as empresas estão vendo a aceleração da digitalização causada pela crise da Covid-19 como uma oportunidade para se consolidarem no mercado. Além dos players nacionais, temos visto também players internacionais dando sinais de um maior interesse em crescer no Brasil”, escreve a empresa de investimentos na análise.

O Mercado Livre ainda seria o maior competidor para as brasileiras Magazine Luiza e Via. “Além de ser o líder do setor, o Mercado Livre possui um ecossistema bastante robusto na frente financeira (Mercado Pago) e logística (Mercado Envios). (…) Além disso, a companhia possui uma maior diversificação de categorias quando comparada à Magalu e Via, mas sendo em sua maior parte composta por estoque de terceiros”.

A redução de prazo de entrega anunciada pelo AliExpress também aumentou o risco de uma maior competição vinda do Alibaba sobre Magazine Luiza e Via. Esse anúncio foi somado a um serviço mais localizado ao consumidor brasileiro, como atendimento em português, parcelamento sem juros, melhor logística reversa local, gamificação e live commerce nacionais e inclusão de marcas brasileiras no e-commerce.

“A companhia ainda tem uma atuação limitada no setor e possui um mix de produtos/categorias que não competem diretamente com a maior parte das vendas dos grandes marketplaces brasileiros. (…) No entanto, alguns consumidores podem migrar a compra para o Alibaba em cenários de um preço mais atrativo, principalmente dada a redução no prazo de entrega”.

Já sobre a Shopee, a XP Investimentos afirma que seu crescimento tem sido impressionante. O tempo médio gasto no aplicativo se destaca frente ao de outros competidores, de 8:10 minutos ante 5:50 minutos. Isso acontece “principalmente por conta da estratégia de gamificação utilizada na companhia para distribuir descontos/cupons”.

“Apesar de acreditarmos que a evolução da empresa mereça ser monitorada de perto, por ora, não enxergamos a Shopee como uma ameaça relevante para os nomes sobre nossa cobertura, pois (i) apresenta um sortimento distinto, focado em produtos com ticket médio menor e majoritariamente sem marca; (ii) o foco agora parece ser em adicionar e treinar sellers pequenos e de nicho; e (iii) a depreciação do real pode reduzir a atratividade do mix de produtos importados. Nesse sentido, vemos o Shopee como uma ameaça para players como Alibaba e Wish, por atuarem com os mesmos tipos de produtos/sellers“, conclui a XP Investimentos.

Demanda do e-commerce por entrega rápida define os novos galpões de logística

O e-commerce tomou proporções nunca vistas no Brasil durante a pandemia, e agora os grandes varejistas como Magazine Luiza (MGLU3) e Mercado Livre (MELI34) travam uma verdadeira batalha pela entrega mais rápida. Este movimento tem ditado a forma com que os fundos de investimento direcionam seus recursos, priorizando galpões de logística próximos a grandes centros urbanos e dando atenção especial à região Nordeste do Brasil.

O Mercado Livre, por exemplo, trabalha para que 80% das encomendas que saem do centro de distribuição de Cajamar cheguem aos clientes em até 48 horas. Desse total, 70% precisam ser entregues antes de 24 horas.

Porcentagens similares podem ser observadas em outras varejistas, como a Via (VIIA3), que faz 42% das entregas em 24 horas. Em dois dias, o percentual sobe para 65%. Já o Magazine Luiza entrega 51% das compras em 24 horas, em dois dias, 70%.

Com isso, a corrida pela experiência de compra perfeita para seus consumidores passa necessariamente pela entrega rápida dos produtos. Para alcançar esse objetivo, as empresas de e-commerce buscam expandir seus centros de distribuição e locar galpões menores, o mais próximo possível dos centros urbanos, que permitam encolher ainda mais o intervalo entre o pedido e a entrega, o chamado last mile.

Estratégia last mile ganha relevância em galpões de logística
Felipe Sangalli, gerente de RI do fundo imobiliário Bresco Logística (BRCO11), destaca que a estratégia last mile é muito importante para o e-commerce.

“Pesquisas feitas nos EUA mostram que 68% dos consumidores de e-commerce tem como princípio que a entrega precisa ser rápida, 36% no mesmo dia. Então essas empresas precisam estar dentro dos centros grandes de consumo”, diz.

Com 11 empreendimentos na carteira e 446 mil m² de área bruta locável (ABL), o FII BRCO11 foca no last mile. Cerca de 70% dos imóveis investidos atendem essa estratégia, que vem dando certo para o fundo imobiliário.

Desde o IPO, em dezembro de 2019, o fundo saltou de 7 mil para 42,3 mil cotistas. A taxa de vacância física dos seus imóveis está em 5,9% e a financeira em 2,1%. Já o pagamento de dividendos está em 6,8% ao ano.

Nos próximos três anos, o Bresco Logística pretende dobrar de tamanho, com grande parte dos empreendimentos dentro da estratégia last mile.

Comércio on-line para todos
Considerada a “Disney dos galpões de logística”, a cidade de Cajamar concentra um grande volume de empreendimentos. O Mercado Livre e a Amazon (AMZO34), por exemplo, tem centros de distribuição na cidade.

Distante apenas 30 km de São Paulo, sua localização é estratégica para a entrega rápida dos e-commerces na região Sudeste, onde se concentra a maior densidade de consumidores. Porém, Leandro Bousquet, sócio do fundo imobiliário Vinci Logística (VILG11), destaca que, atualmente, a demanda por entregas rápidas é de todo o Brasil.

“No Brasil, o e-commerce cresceu cerca de 70% em 2020, isso é uma média do país inteiro. Se você recorta para a região do Nordeste, o avanço é de 100%”, diz Bousquet.

Para ele, a estratégia do last mile também representa a oportunidade de avanço do desenvolvimento de galpões de logística para outras regiões do País. O sócio do FII VILG11 ressalta que o braço de desenvolvimento do fundo imobiliário está atento a essas novas oportunidades que o setor tem apresentado.

Atualmente, 38% do portfólio do fundo imobiliário é composto pelo e-commerce, 24% fica com empresas de transporte e logística (que também operam no last mile).

Em relação a diversificação regional, o Vinci Logística tem imóveis no Rio Grande do Sul e em Pernambuco, além das propriedades na região Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo).

De acordo com a Log, empresa especializada no desenvolvimento de galpões de logística e condomínios logísticos, as locações desses empreendimentos em 2020 tiveram alta de 134% em relação a 2019. As regiões com o maior crescimento foram a Nordeste (101%) e a Norte (53%).

Pandemia mudou o patamar do e-commerce no Brasil
Em 2019, o faturamento do comércio eletrônico somou R$ 61,9 bilhões, de acordo com a consultoria Ebit/Nielsen. Naquele momento, o valor representava um aumento de 16,3% em relação a 2018 e era ótimo. Até que chegou 2020 e a alta foi de 41%, a maior em 13 anos, somando R$ 87,4 milhões em vendas eletrônicas.

Uma pesquisa da Colliers International ainda aponta que 32% dos galpões industriais alugados em 2020 foram impulsionados pelo comércio on-line e 6% estão ligados a empresas de logística.

De acordo com a SiiLA, ao final de 2021, o volume de condomínios logísticos no Brasil deve aumentar em 300 campos de futebol, o equivalente a 3 milhões de m². Um recorde para o segmento, que a empresa de mercado imobiliário atribui à febre do e-commerce. Esse novo estoque de galpões de logística é o dobro do último recorde de 2016.

Especialistas ouvidos pela SUNO Notícias afirmam que o advento do e-commerce na pandemia acelerou um processo de modernização do setor de logística que já estava previsto para acontecer, porém de forma gradativa e ao longo de anos, não meses.

Acontece que o estoque de galpões de logística do Brasil, em sua maioria, não estava apto para as exigências que o e-commerce focado em entregas rápidas e experiência do consumidor demandam. O que levou a um movimento forte de desenvolvimento de empreendimentos no País.

Felipe Gaiad, diretor do fundo imobiliário HSI Logística (HSLG11), explica que uma das vantagens do setor é que os galpões logísticos têm um ciclo de desenvolvimento mais curto que o de outros imóveis.

“Um galpão grande, adequado para a demanda das empresas de e-commerce fica pronto dentro de um ano, ou até menos. Enquanto shoppings demoram anos e quando são entregues correm o risco do País estar vivendo outro cenário econômico, diferente de quando a obra começou”, diz Gaiad.

FII HSLG11 se prepara para expansão e prevê ocupação total até fim do ano
Isso, segundo ele, permite equilibrar a demanda por galpões de logística de forma rápida, atendendo a demanda das empresas no curto prazo, enquanto o mercado está devidamente aquecido.

Legado da pandemia para galpões de logística
Se em 2020 o e-commerce cresceu cerca de 40%, para 2021, consultorias já estimam um avanço na casa dos 70% a 80%. Rafael Fonseca, CEO do FII Bresco Logística garante que esse crescimento vem junto com a melhoria do serviço logístico.

“O crescimento que estamos vendo no setor de e-commerce faz com que as empresas busquem por mais espaço e intensifiquem a malha logística de suas operações. E o setor ainda tem muito o que crescer”, diz Fonseca em referência a taxa de penetração do e-commerce no Brasil.

Em 2019, a taxa de penetração das vendas on-line ficou em 6%. No ano passado, esse índice cresceu e fechou em 9%. Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa está em cerca de 20%, já na China, chega a 35%.

“Não acredito em retrocesso. O crescimento do setor vai continuar, mas não como nesses dois anos, que foi muito beneficiado pelo ambiente da pandemia. Vai continuar mais moderado”, afirma o CEO da Bresco.

Fonseca explica que, hoje, muitos galpões logísticos já registram estar no máximo de suas capacidades, o que implica em expansão de espaço. Mesmo com o salto no desenvolvimento dos empreendimentos neste ano, o mercado imobiliário absorve muito bem a demanda.

A taxa de vacância continua diminuindo nos últimos meses. Uma pesquisa da consultoria JLL indica uma queda da vacância no país, de 14,54%, no fim de 2020, para 13,89%, em março e 12,87% em junho.

Além disso, muitas empresas ainda não atingiram o nível de entrega rápida em determinados Estados, um objetivo importante para fidelizar os clientes. “O Brasil inteiro quer entrega rápida e frete barato” e para isso acontecer o setor de galpões de logística precisa crescer cada vez mais.

Natura e Avon testam entregas com drones

Empresas buscam melhorar a experiência de entrega para as consultoras e representantes.
Natura e Avon, parte do grupo Natura &Co, iniciam etapa de testes técnicos para a realização de entregas dos produtos das marcas por meio de drones. Com a nova tecnologia, as empresas buscam melhorar a experiência de entrega para as consultoras e representantes. Além disso, dado que a tecnologia de drone não gera emissões de gases de efeito estufa, o projeto contribuirá para alcançar a meta do grupo de atingir zero emissões líquidas de carbono até 2030 para suas quatro marcas: Avon, Natura, The Body Shop e Aesop.

Para o projeto, Natura &Co firmou parceria com a startup brasileira Speedbird Aero, primeira empresa a receber o CAVE (Certificado de Autorização de Voo Experimental) pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), no ano passado.

Natura &Co e Speedbird já começaram os testes técnicos e deram encaminhamento ao processo de autorização da ANAC para a execução do projeto piloto de entrega em condições reais, que será feito em um raio de até 200km já no primeiro trimestre de 2022. A operação buscará realizar as entregas de forma ágil e segura em locais mais afastados ou de difícil acesso. A iniciativa está sendo implementada por Natura &Co por meio do Natura Startups, programa que reforça a atuação da companhia no ecossistema de inovação e empreendedorismo para o desenvolvimento de soluções e serviços disruptivos.

A tecnologia de drone para fazer entregas de produtos de primeira necessidade e de bens de consumo já é uma realidade em diversas partes do mundo, como Ruanda e Gana, onde os drones permitem distribuir doações de sangue. Em países como Finlândia, Islândia, Suíça, China, Japão e Estados Unidos, drones estão sendo utilizados para entregas de varejo, alimentos e medicamentos. Além da redução significativa no tempo de entrega, outra vantagem dessa modalidade é o baixo impacto ambiental, uma das grandes prioridades no modelo de negócio das marcas do grupo Natura &Co.

“Nossa Visão de Sustentabilidade, o Compromisso com a Vida 2030, tem a ambição de tornar Natura &Co um grupo zero emissões líquidas de carbono vinte anos antes do que a meta estabelecida pela ONU. Por isso, é fundamental investirmos em soluções de entrega que não gerem emissões na nossa cadeia logística, como os drones, em linha com a nossa aspiração de sermos o melhor grupo de beleza PARA o mundo”, afirma Leonardo Romano, diretor de Supply Chain e Inovação Logística de Natura &Co. “Buscamos constantemente soluções de vanguarda que aprimorem as experiências das nossas consultoras, representantes e clientes com os produtos das nossas marcas. A logística através dos drones irá habilitar rotas de entrega em tempos muito curtos, com baixo custo e baixo impacto ambiental”, agrega o executivo.

Para Manoel Coelho, CEO e fundador da Speedbird, o projeto com Natura e Avon permitirá testar o modelo de entrega em uma escala mais ampla de operação. “Somos pioneiros no Brasil em obter a certificação da ANAC para testar o modelo em condições reais de operação e na parceria com a Natura &Co será interessante observar que, ainda que feito em maior escala, o drone delivery seguirá sendo uma opção segura e viável”, assegura Coelho.

C&A investe em tecnologias para reduzir prazo de entrega

Em entrevista exclusiva à Mercado&Consumo, Paulo Correa, CEO da rede, fala sobre a aposta em serviços e soluções omnicanais.

Os desejos e hábitos de compra do consumidor brasileiro mudaram na pandemia, que incorporou novos canais e pontos de contato em seu processo decisório. No segmento da moda, passou a valorizar a comodidade e o conforto. Para atender essa mudança de comportamento, a rede varejista C&A investiu na transformação digital, com o uso de dados, para personalizar as compras, e antecipou projetos de suplly chain para reduzir o prazo médio de cada entrega.

“Avançamos significativamente no nível de serviço, com mais de 50% das entregas hoje no Brasil feitas em até dois dias úteis, além do avanço dos canais, com venda direta pelo WhatsApp; e novas modalidades de Clique e Retire, como o drive-thru, e o com retira a partir de duas horas”, diz Paulo Correa, CEO da C&A Brasil, em entrevista exclusiva ao portal Mercado&Consumo.

No Clique & Retire, as compras realizadas via site ou aplicativo, com pagamento aprovado até as 17h, podem ser retiradas em uma loja física. Já o drive-thru oferece a facilidade de o consumidor retirar a compra no estacionamento do empreendimento sem sair do carro.

Correa será um dos palestrantes do Latam Retail Show 2021, que vai discutir como a sociedade 5.0 pode gerar novas oportunidades de negócio e apresentar as transformações que já estão acontecendo na estratégia, marketing, cultura e experiência das empresas. O evento, considerado o mais completo de varejo e consumo da América Latina e promovido pela Gouvêa Ecosystem, acontecerá entre os dias 14 e 16 de setembro, 100% on-line, e vai reunir mais de 220 especialistas do Brasil e do mundo. O portal Mercado&Consumo faz a cobertura completa.

Um dos projetos antecipados com o avanço do e-commerce na pandemia foi a expansão para todas as lojas do ship from store, modelo operacional que possibilita utilizar o estoque disponível na loja mais próxima do cliente final, permitindo otimizar as rotas, aumentar a produtividade e fazer entregas mais ágeis.

Outro investimento para reduzir o prazo de entrega foi automatização do centro de distribuição que atende o e-commerce, em Cotia, na Grande São Paulo. A movimentação do estoque por meio de robôs tem capacidade de processar mais de 50 mil peças por dia. A C&A também adotou um software de gestão integrada para CD’s, o WMS Manhattan Active Warehouse Management, que promove o controle digital e em tempo real de toda a operação logística por meio de Inteligência Artificial, machine learning e outras inovações.

“Desde o ano passado, adotamos o projeto de RFID (Identificação por Rádio Frequência) em nossas lojas físicas. Em média, essa tecnologia permite contabilizar mais de 500 peças por minuto. Atualmente, nove lojas físicas contam com esse sistema logístico, com 100% de cobertura do vestuário e mais 22 lojas em fase de implementação neste momento”, diz Correa.

Soluções ominicanais
Além das iniciativas adotadas para atender o aumento de demanda do e-commerce – que teve um salto de 176% em receita líquida no primeiro trimestre deste ano, a C&A também acelerou uma série de serviços e soluções omnicanais e digitais. Um exemplo é o aplicativo C&A, que atingiu a marca de 3,2 milhões de usuários ativos mensais de janeiro a março de 2021.

A expansão do portfólio no no seu marketplace, que foi batizado de C&A, é outra frente nesse sentido. Para se ter uma ideia, em julho de 2020, a varejista de moda contava com quatro sellers. Hoje, já atingiu a marca de mais de 400 parceiros de diferentes segmentos. “Somos o maior marketplace de empresas omnicanais do varejo de moda do Brasil”, comemora Correa.

Entre os segmentos para os quais a rede expandiu sua atuação, está o de beleza, com cosméticos, produtos de skin care e perfumes. Além de ampliar a categoria no e-commerce, a rede expandiu o espaço dedicado para a categoria em suas lojas físicas.

Outra aposta da C&A na estratégia omnicanal são as mini stores para a venda de produtos licenciados localizadas em terminais de ônibus integrados as estações de metrô. A ideia é levar a marca para locais com grande circulação de pessoas. “Hoje contamos com quatro mini stores nas estações do Metrô São Bento, terminais de ônibus Carrão, Tatuapé e Tietê”, diz o executivo.