Do estilo de operação à valorização do fator humano, empresa tem buscado incrementar o know-how internacional com particularidades marcantes da logística e do consumo brasileiros.
Dizer que a logística ganhou um papel de destaque durante a crise de Covid-19 é quase clichê. Mas os clichês existem porque são verdade – e, neste caso, a verdade é comprovada na prática. Que o diga a Amazon: dos 12 centros de distribuição que a empresa tem atualmente no Brasil, 11 foram inaugurados durante a pandemia, refletindo um momento em que o comércio eletrônico ganhou status de necessidade básica para a população.
O investimento em Logística tem sido considerável, contemplando, inclusive, a força de trabalho humana. Atualmente, a área de operação da empresa, que chegou ao Brasil em 2012 e expandiu o target em 2017, é formada por 8 mil funcionários.
E, apesar de o fator tecnológico estar presente nos centros de distribuição, o posicionamento da companhia é taxativo: “Não é o nosso intuito automatizar a operação, mas sim ter a tecnologia auxiliando os nossos colaboradores. Temos muita tecnologia para tornar melhores a vida e a atividade dos nossos funcionários, e não para substituí-los”, pontua Thomas Kampel, head of Public Relations de Operações da Amazon no Brasil.
Segundo Kampel, essa premissa é fortalecida pela expansão global da companhia, que deixa de ser vista como uma empresa americana.
“O que a gente tenta sempre é trazer inovação de outros mercados para aplicar aqui, além de ter flexibilidade em desenvolver ações pontuais no Brasil. É a mistura de inspiração em quem começou e o regionalismo para deixar a operação com a cara do Brasil.” – Thomas Kampel, head of Public Relations de Operações da Amazon no Brasil.
Um exemplo disso é o centro de distribuição da empresa em Nova Santa Rita (RS), empreendimento de 41 mil m² inaugurado em novembro de 2020 para o processamento das vendas feitas pela Amazon na região Sul do Brasil. Apesar de formado por sistemas e processos que são padronizados em nível global, o espaço também foi otimizado para refletir as características da operação, como o processo de armazenagem sortida.
A estratégia de armazenagem sortida consiste em distribuir produtos diversos de forma quase aleatória, seguindo tendências de consumo. Assim, quando um cliente faz uma compra de itens que, em via de regra, não se relacionam – exemplo: um livro, um fone de ouvido e um par de sapatos –, não se desperdiça tempo no processo de picking, uma vez que há uma variedade de produtos que foram armazenados estrategicamente próximos.
O fator humano também aparece nas questões particulares ao Brasil. De acordo com a líder do centro de distribuição da Amazon em Nova Santa Rita (RS), Ana Laura Bueno, foram contratados 550 funcionários temporários para trabalhar neste CD durante o Prime Day, evento de vendas da empresa marcado para os dias 12 e 13 de julho. Regularmente, o empreendimento em Nova Santa Rita possui 350 colaboradores regulares.
“O nosso ponto é simplificar. Além de que a contratação de novas pessoas é uma forma de garantir a qualidade de vida dos profissionais e não estressar a cadeia”, explica Ana Laura, enfatizando que o benchmark com unidades em outros países é fundamental para alcançar essa eficiência operacional.
“Se tem alguém lá na Europa utilizando uma ferramenta nova e ela fizer sentido para a nossa realidade, é possível trazê-la para cá, uma vez que é um sistema interligado. A gente faz muita troca com outros países. É uma forma de usar essa conexão para nos inspirar, até porque a Amazon ainda é uma empresa muito recente no Brasil.” – Ana Laura Bueno, líder do centro de distribuição da Amazon em Nova Santa Rita (RS).
CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO “SURPRESA”
No ano passado, em um intervalo de menos de dois meses – entre setembro e novembro de 2021 –, a Amazon inaugurou três centros de distribuição no Brasil – no Rio de Janeiro (RJ), em Cabo de Santo Agostinho (PE) e em Fortaleza (CE) – sem grandes alardes. E, de acordo com o Country Manager da empresa no Brasil, Daniel Mazini, o objetivo é esse mesmo.
“A gente não tem o hábito de anunciar o CD antes de lançar para que possamos ter a oportunidade de avaliar a viabilidade até o último momento possível, pois os planos podem mudar. Estamos analisando isso e vamos continuar lançado, mas só vamos lançar somente quando estivermos prontos para isso.” – Daniel Mazini, Country Manager da Amazon no Brasil.
Essa estratégia é associada à criação de centros urbanos, caracterizados por estações de entrega nas grandes metrópoles. Porém, Mazini explicou que o grande desafio desses centros urbanos é a quantidade de produtos possíveis de serem alocados.
Além disso, o executivo pontuou para a empresa uma meta ambiciosa: ter SKUs suficientes para que qualquer produto seja escolhido o mais rápido possível. “Para isso, a gente precisa investir em logística de mid mile e obter um last mile eficiente”, ressaltou.
A visão do executivo está em consonância com Ricardo Pagani, em entrevista exclusiva para a Mundo Logística em março deste ano. “Para selecionar um novo local, sempre fazemos uma análise da topologia de nossa rede de distribuição para descobrir quais as principais cidades para abastecermos com os produtos que vendemos e fazermos as entregas”, pontuou, na ocasião.
“Nós queremos criar um impacto real para o consumidor brasileiro ao anunciar que a Amazon aumentará significativamente sua estrutura por meio de um sistema de logística atualizado que reduzirá o tempo de entrega e aprimorará a experiência de compra com as novas operações no local. […] A Amazon tem um forte compromisso de longo prazo com o Brasil e planeja, acima de tudo, oferecer a melhor experiência de compra para nossos clientes. Isso envolve, é claro, uma melhoria contínua de nossa infraestrutura.” – Ricardo Pagani, diretor de Operações da Amazon no Brasil, em entrevista para a Mundo Logística.
Fonte : https://revistamundologistica.com.br/noticias/operacoes-da-amazon-brasil-unem-regionalismo-e-elementos-da-cultura-estrangeira