“Mercado Livre aposta em tecnologia na logística para otimizar processos”, revela executivo

A logística figura entre as áreas mais importantes do e-commerce, especialmente em tempos de entrega mais rápida, em que a distância entre o clique da compra e o aviso de recebimento está cada vez mais curta. Porém, não é possível apresentar uma logística eficiente sem uma infraestrutura que comporte os desafios de demanda. E, se a infraestrutura presente não é suficiente, a tecnologia pode preencher essa lacuna. Esta é a receita do Mercado Livre apresentada por Luiz Augusto Vergueiro, diretor de Operações Logísticas do Mercado Livre, durante o Fórum E-Commerce Brasil 2022.

Para otimizar os processos, o marketplace criou uma rede de logística própria, com diversos setores integrados, como o de Automação e Sorter, que distribuem produtos e pacotes para os destinos dentro do CD (centros de distribuição) ou destinos de entrega do Mercado Livre, em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo.

“A logística precisa investir em infraestrutura, que é centro de distribuição, caminhão, tecnologia, processos e pessoas, principalmente. Hoje, o Mercado Livre é a maior rede de logística da América Latina”, conta o executivo.

Entre os processos da empresas, destacam-se o cross docking e o fulfillment. Vergueiro explica que, no cross docking, são coletados os pacotes e os produtos separados para seus destinos. Hoje, existem 13 operações de cross docking operando no Mercado Livre. Já na operação de fulfillment, a empresa armazena os produtos e, quando a venda acontece, os mesmos são coletados e entregues. O marketplace conta com 12 operações de fulfillment nos estados de Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina e São Paulo.

“As operações precisam ser dedicadas para serem eficientes. O vendedor vende de tudo, mas as operações são separadas. Criamos um centro onde comunicação com usuário é única, mas fazemos a distribuição em CDs específicos, Deixamos de usar o fulfillment tradicional para virar um ponto de separação dos produtos que serão enviados para localidades mais distantes. O Meli é uma empresa de tecnologia que faz logística”, detalha Vergueiro.

Fonte: Mercado Livre
Capacidade de envios do Mercado Livre
Atualmente o marketplace entrega no mesmo dia para 100 cidades brasileiras. Veja os demais números da empresa:

254 milhões de itens foram enviados no trimestre (+22,2%);
2,8 milhões de produtos enviados por dia;
54% foi entregue no mesmo dia ou no dia seguinte à compra;
80% foi entregue em até 48 horas;
81% foram entregas gratuitas;
90,5% enviado via MeliNet – rede gerenciado do Mercado Livre.

Amazon vai montar CD last mile no RS para agilizar entregas

A gigante Amazon, que já tem centro de distribuição em Nova Santa Rita, vai trazer ao Rio Grande do Sul outro modelo de ponto de recebimento e envio de produtos ao destino: o consumidor final. A novidade é um CD mais compacto e com um propósito: agilizar a entrega.

A Amazon confirma que terá, em 2023, a primeira estação de entrega no Estado. Será o CD last mile, de última milha, com menor tempo de entrega. No Brasil, só existem cinco estações.

A unidade gaúcha vai ser montada em 3 mil metros quadrados dentro da área que está em ampliação no Park LOG, em Canoas e do grupo Cassol, dono da Cassol Centerlar. A informação é do CEO da Cassol, Rodrigo Seara Cassol.

Como o Park LOG fica na divisa com Porto Alegre, clientes da Amazon na Capital vão receber mais cedo os pedidos.

Fim do frete grátis? Aumento dos custos logísticos colocam em risco benefícios aos consumidores

A política dos e-commerces de oferecer fretes grátis para compras acima de determinados valores pode estar com os dias contados graças ao custo das operações logísticas, que não param de aumentar.

De acordo com um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o custo médio do transporte marítimo de um contêiner permaneceu próximo a US$ 10 mil nos últimos meses. O valor é sete vezes maior do que o registrado antes da pandemia.

Os preços chegaram a US$ 13 mil no final do ano passado e deram uma aliviada nos primeiros meses de 2022, especialmente o custo médio de importação com origem na Ásia para o Brasil. A queda indica uma acomodação entre a demanda e a oferta de capacidade de transporte na rota.

O problema é que a China voltou a aplicar medidas restritivas para controlar o avanço do coronavírus. Os efeitos do lockdown em portos chineses, especialmente o de Xangai, e a piora nas condições do mercado de navegação global reverteram esse movimento de queda nos custos.

E não é apenas a rota Brasil-China que está mais cara. O custo de transporte de um contêiner de 40 pés do Brasil para portos dos Estados Unidos, por exemplo, está próximo a US $10 mil – valor oito vezes superior ao de antes da pandemia.

Além disso, as empresas viram o preço do óleo diesel disparar e, por consequência, encarecer o frete.

Dados da plataforma de transporte de cargas Fretebras mostram que o custo do transporte por eixo do quilômetro rodado subiu 3,79% entre maio deste ano e maio de 2021. Essa variação nem considera o reajuste de preços anunciado pela Petrobras (PETR3; PETR4) em junho, quando o litro do diesel avançou 14,26% nas refinarias da estatal.

Por mais que a tendência, a médio prazo, seja de uma estabilização dos preços, alguns varejistas já estão limitando o benefício. No mês passado, a Shoppe eliminou a opção de frete grátis sem valor mínimo – o consumidor agora precisa consumir, no mínimo, R$ 29. Outra que está seguindo na mesma linha é o Mercado Livre (MELI34). A varejista aumentou o valor mínimo necessário para o frete grátis de R$ 79 para R$ 199.

DHL investe em avião próprio para reduzir tempo de entrega no Brasil

No total, empresa de logística está aportando R$ 370 milhões no País.

A multinacional de logística DHL Express agora tem um avião próprio para fazer entregas no Brasil. A aeronave, um Boeing 767 com capacidade de 52 toneladas, faz a rota Miami-Campinas-Bogotá numa frequência de seis vezes na semana, com uma pausa técnica para manutenção, e custou R$ 130 milhões. No total, a DHL está investindo R$ 370 milhões no Brasil para diminuir o tempo de entrega de mercadorias, ampliar a atuação em ações ESG e aumentar a participação de mercado da empresa.

“Queremos aumentar nossa participação no mercado sem deixar a qualidade de lado e inserindo, cada vez mais, ações de sustentabilidade. De 2019 a 2021, foram investidos R$ 90 milhões. De 2022 a 2025, serão outros R$ 280 milhões, incluindo o avião”, destaca a CEO da DHL, Mirele Mautschke. Segundo ela, com o avião próprio a empresa quer dar a garantia de embarque para todos os clientes, independentemente do tamanho da remessa, em qualquer época do ano, sem depender das malhas aéreas comerciais.

A DHL continuará com voos diretos para os principais países da América Latina e Europa, oferecendo, assim, menor tempo de trânsito para as encomendas. Os clientes do Estado de São Paulo serão beneficiados com um dia a menos no tempo de trânsito para alguns tipos de importações.

Investimento em Viracopos
Maior aeroporto de cargas do País, Viracopos, em Campinas, também vai receber parte dos investimentos anunciados. Serão aportados R$ 40 milhões, nos próximos anos, para aumentar a capacidade de operação dos serviços de exportação. O investimento torna a DHL a primeira empresa a ter armazém alfandegário próprio no Brasil, o que permitirá ter o total controle sobre a cadeia logística das remessas no desembaraço da importação formal.

Em 2019, a Receita Federal do Brasil certificou a empresa como Operador Econômico Autorizado (OEA), na função de Agentes de Carga, Transportadora e Depositário Fiel.

A empresa também está investindo quase R$ 3 milhões para abrir ou ampliar lojas da DHL em diversas cidades do País, como Florianópolis (SC) e Vitória (ES). Ainda no Espírito Santo, outros R$ 3,5 milhões foram investidos na ampliação da filial DHL na cidade de Serra, região metropolitana da capital capixaba, para aumentar a capacidade de atendimento. A DHL possui 16 lojas próprias com mais de 450 parceiros e 19 filiais.

A DHL também vai eletrificar a frota de carros e motos, em até 60%, até 2030. Outro destaque é a parceria de R$ 2 milhões com a ONG Sobrasa, que atua na prevenção a afogamentos no mar e em águas doces.

Operações da Amazon Brasil unem regionalismo e elementos da cultura estrangeira

Do estilo de operação à valorização do fator humano, empresa tem buscado incrementar o know-how internacional com particularidades marcantes da logística e do consumo brasileiros.

Dizer que a logística ganhou um papel de destaque durante a crise de Covid-19 é quase clichê. Mas os clichês existem porque são verdade – e, neste caso, a verdade é comprovada na prática. Que o diga a Amazon: dos 12 centros de distribuição que a empresa tem atualmente no Brasil, 11 foram inaugurados durante a pandemia, refletindo um momento em que o comércio eletrônico ganhou status de necessidade básica para a população.

O investimento em Logística tem sido considerável, contemplando, inclusive, a força de trabalho humana. Atualmente, a área de operação da empresa, que chegou ao Brasil em 2012 e expandiu o target em 2017, é formada por 8 mil funcionários.

E, apesar de o fator tecnológico estar presente nos centros de distribuição, o posicionamento da companhia é taxativo: “Não é o nosso intuito automatizar a operação, mas sim ter a tecnologia auxiliando os nossos colaboradores. Temos muita tecnologia para tornar melhores a vida e a atividade dos nossos funcionários, e não para substituí-los”, pontua Thomas Kampel, head of Public Relations de Operações da Amazon no Brasil.

Segundo Kampel, essa premissa é fortalecida pela expansão global da companhia, que deixa de ser vista como uma empresa americana.

“O que a gente tenta sempre é trazer inovação de outros mercados para aplicar aqui, além de ter flexibilidade em desenvolver ações pontuais no Brasil. É a mistura de inspiração em quem começou e o regionalismo para deixar a operação com a cara do Brasil.” – Thomas Kampel, head of Public Relations de Operações da Amazon no Brasil.

Um exemplo disso é o centro de distribuição da empresa em Nova Santa Rita (RS), empreendimento de 41 mil m² inaugurado em novembro de 2020 para o processamento das vendas feitas pela Amazon na região Sul do Brasil. Apesar de formado por sistemas e processos que são padronizados em nível global, o espaço também foi otimizado para refletir as características da operação, como o processo de armazenagem sortida.

A estratégia de armazenagem sortida consiste em distribuir produtos diversos de forma quase aleatória, seguindo tendências de consumo. Assim, quando um cliente faz uma compra de itens que, em via de regra, não se relacionam – exemplo: um livro, um fone de ouvido e um par de sapatos –, não se desperdiça tempo no processo de picking, uma vez que há uma variedade de produtos que foram armazenados estrategicamente próximos.

O fator humano também aparece nas questões particulares ao Brasil. De acordo com a líder do centro de distribuição da Amazon em Nova Santa Rita (RS), Ana Laura Bueno, foram contratados 550 funcionários temporários para trabalhar neste CD durante o Prime Day, evento de vendas da empresa marcado para os dias 12 e 13 de julho. Regularmente, o empreendimento em Nova Santa Rita possui 350 colaboradores regulares.

“O nosso ponto é simplificar. Além de que a contratação de novas pessoas é uma forma de garantir a qualidade de vida dos profissionais e não estressar a cadeia”, explica Ana Laura, enfatizando que o benchmark com unidades em outros países é fundamental para alcançar essa eficiência operacional.

“Se tem alguém lá na Europa utilizando uma ferramenta nova e ela fizer sentido para a nossa realidade, é possível trazê-la para cá, uma vez que é um sistema interligado. A gente faz muita troca com outros países. É uma forma de usar essa conexão para nos inspirar, até porque a Amazon ainda é uma empresa muito recente no Brasil.” – Ana Laura Bueno, líder do centro de distribuição da Amazon em Nova Santa Rita (RS).

CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO “SURPRESA”
No ano passado, em um intervalo de menos de dois meses – entre setembro e novembro de 2021 –, a Amazon inaugurou três centros de distribuição no Brasil – no Rio de Janeiro (RJ), em Cabo de Santo Agostinho (PE) e em Fortaleza (CE) – sem grandes alardes. E, de acordo com o Country Manager da empresa no Brasil, Daniel Mazini, o objetivo é esse mesmo.

“A gente não tem o hábito de anunciar o CD antes de lançar para que possamos ter a oportunidade de avaliar a viabilidade até o último momento possível, pois os planos podem mudar. Estamos analisando isso e vamos continuar lançado, mas só vamos lançar somente quando estivermos prontos para isso.” – Daniel Mazini, Country Manager da Amazon no Brasil.

Essa estratégia é associada à criação de centros urbanos, caracterizados por estações de entrega nas grandes metrópoles. Porém, Mazini explicou que o grande desafio desses centros urbanos é a quantidade de produtos possíveis de serem alocados.

Além disso, o executivo pontuou para a empresa uma meta ambiciosa: ter SKUs suficientes para que qualquer produto seja escolhido o mais rápido possível. “Para isso, a gente precisa investir em logística de mid mile e obter um last mile eficiente”, ressaltou.

A visão do executivo está em consonância com Ricardo Pagani, em entrevista exclusiva para a Mundo Logística em março deste ano. “Para selecionar um novo local, sempre fazemos uma análise da topologia de nossa rede de distribuição para descobrir quais as principais cidades para abastecermos com os produtos que vendemos e fazermos as entregas”, pontuou, na ocasião.

“Nós queremos criar um impacto real para o consumidor brasileiro ao anunciar que a Amazon aumentará significativamente sua estrutura por meio de um sistema de logística atualizado que reduzirá o tempo de entrega e aprimorará a experiência de compra com as novas operações no local. […] A Amazon tem um forte compromisso de longo prazo com o Brasil e planeja, acima de tudo, oferecer a melhor experiência de compra para nossos clientes. Isso envolve, é claro, uma melhoria contínua de nossa infraestrutura.” – Ricardo Pagani, diretor de Operações da Amazon no Brasil, em entrevista para a Mundo Logística.

Mercado Livre (MELI34) faz ‘corte’ no frete grátis em meio a alta de custo

Em meio a um cenário de inflação de dois dígitos, ciclo altista de juros e projeções de recessão econômica, varejistas como o Mercado Livre (MELI34) estão ‘colocando o pé no freio’ nas despesas operacionais.

Recentemente a varejista optou por aumentar o ‘preço piso’ do frete grátis. Antes, toda compra de itens de supermercado acima de R$ 79 não vinha com cobrança de frete. Agora, o frete grátis do Mercado Livre só fica disponível para compras de supermercado acima de R$ 199.

“O que acontece é que, quando você entra na página de detalhe do produto, nós calculamos suas possibilidades de envio. Nesse momento, analisamos o endereço que você tem salvo em Meus dados e, se a distância do seu vendedor for muito grande e/ou o produto for muito pesado, em vez de frete grátis, você tem descontos tanto no frete normal como no expresso”, consta no site do Mercado Livre.

O movimento vem pouco tempo após a companhia comunicar que expandirá a entrega no mesmo dia para 100 cidades. Esse modelo de frete havia sido adotado somente em poucas capitais por alguns players, a fim de ganhar competitividade com uma entrega dinâmica.

Por conta de ter mais centros de distribuição (CDs) do que os concorrentes e visar mais serviços de logística – como entregas de avião, fruto de uma parceria com a Gol (GOLL4) – o Mercado Livre firmou essa meta ambiciosa, mesmo em meio a um ano dificultoso para o segmento de varejo.

No comunicado, do mês passado, a empresa cita que 2 mil cidades que já estão aptas a receber as compras em até um dia.

“Nossa missão de democratizar o comércio eletrônico passa diretamente pela logística e por oferecer uma entrega mais rápida em todo o Brasil. No primeiro trimestre de 2022, cerca de 54% das entregas da modalidade Full foram realizadas no mesmo dia”.

Para Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset, o mais importante a ser analisado nesse aspecto é o fator macroeconômico que atinge as varejistas e o segmento de e-commerce. Para o gestor, a precificação atual é fruto, em grande parte, da questão macro atual, com juros mais altos e mudanças nos hábitos de consumo.

“Essas empresas de e-commerce cresceram muito suas receitas há pouco, e muita gente entendeu esse crescimento como algo duradouro, já se tinha uma projeção desse crescimento. Antecipamos um crescimento na pandemia, em pouco tempo, e por conta disso muita gente achou que esse comportamento iria seguir, mas o que vimos foi algo totalmente diferente,; até temos uma certa ‘volta’ para o varejo tradicional”, afirma.

“Além disso você tem maior dificuldade de acesso a capital. As empresas que estão no ‘ciclo do negócio’ e dependem de caixa, de acesso a dinheiro para financiar um crescimento de receita, precisam fazer cortes no momento atual. Qualquer coisa que reduza custos, para poupar mais o caixa. Mas, isso tudo acontece em função da conjuntura macroeconômica”, segue.

Para o especialista, empresas como a Amazon (AMZO34) – que são diversificadas e não dependem somente do varejo – acabam sendo mais resilientes no cenário atual.

“Mesmo que em um determinado segmento como o varejo , ela sofra, a empresa terá outra fonte de recursos e acaba saindo beneficiada em uma situação como essa que vemos atualmente”, segue.

Com custos em elevação, Magalu e Via também fazem cortes
Com os custos operacionais em alta, o Mercado Livre acabou decidindo elevar o preço mínimo do frete grátis.

Contudo, a decisão pela redução de custos operacionais está sendo feita por boa parte das empresas do segmento e tem sido mais ‘intensa’ com players nacionais, como Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3).

A Via, por exemplo, está fazendo uma mudança no seu método de pagamento aos lojistas. Desde segunda (8), a empresa deixou de antecipar o pagamento, a fim de usar menos o seu fluxo de caixa

Junto com esse ‘corte’ da antecipação, a Via pagará com maior velocidade os lojistas que usam seus serviços de logística (fulfillment).

Vale lembrar que além do cenário altamente competitivo, com cada vez mais empresas disputando pelo mesmo consumidor, há uma retração nas vendas que também penaliza as empresas.

Os dados mostram um avanço de vendas no varejo de um modo geral, mas uma retração no segmento de e-commerce. Na última leitura do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), de maio, foram 6,9% de alta nas vendas, descontada a inflação. Em termos nominais, a alta foi de 23,9%.

Contudo, dados da MCC/Neotrust mostram uma queda de 6,4% em abril e 1% em maio nas vendas do e-commerce, meio que representa uma parte relevante do faturamento das varejistas, especialmente as que apostaram mais na digitalização. O Magazine Luiza, por exemplo, já somou mais de 60% do seu faturamento com vendas digitais.

Desempenho das ações do Mercado Livre
Com o cenário atual, as ações do Mercado Livre caem 46% na Nasdaq desde o início do ano, ante 53% de baixa na janela de 12 meses. A cotação atual é de US$ 708.

Já os BDRs do Mercado Livre caem 50% no acumulado de 2022 e 52% nos últimos 12 meses, acompanhando o pessimismo com o varejo e o cenário global.

Amazon investe em transportadora para crescer marketplace no Brasil, dizem fontes

A Amazon aposta no apoio da Total Express para diminuir o tempo de entrega de itens de revendedores parceiros no seu marketplace no Brasil.

A Amazon.com comprou uma participação minoritária na transportadora de mercadorias Total Express, para acelerar o crescimento de seu marketplace no Brasil, disseram ao Scoop by Mover duas fontes com conhecimento direto do negócio.

Primeiro investimento da gigante do e-commerce no segmento no país, a Amazon exerceu uma opção para comprar 9,68% da holding que controla a Total, de acordo com as fontes e documentos revisados pelo Scoop. A Abril Comunicações controla os 90,32% restantes na holding, que está sediada em Delaware, nos Estados Unidos.

As fontes não revelaram o valor da transação. A decisão reflete a necessidade da Amazon em garantir um serviço confiável de transportes de encomendas no Brasil como forma de aperfeiçoar as entregas na chamada “última milha”.

Procurada, a Amazon não comentou. A Total Express confirmou o negócio.

A transação ainda depende de aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, disse a Total ao Scoop, notando que a participação da Amazon não afetará o controle, a governança e o modelo de gestão da transportadora.

Com receita de R$1,2 bilhão em 2021, a Total Express tem crescido rapidamente para concorrer de forma mais eficaz com a estatal Correios. De acordo com cálculos feitos pelo escritório de advocacia BMA, baseado em dados da NielsenIQ, o setor de entregas faturou perto de R$39 bilhões no ano passado.

Marketplaces
O e-commerce movimentou no Brasil R$182,7 bilhões em 2021, de acordo com levantamento feito pela consultoria NielsenIQ. As vendas de produtos de terceiros, nos diferentes marketplaces, representaram pouco mais de 70% desse volume, indica a pesquisa.

A Amazon não divulga o volume geral de vendas de seu marketplace no país. Contudo, as estimativas feitas pela companhia e presentes nos documentos enviados ao Scoop indicam que as vendas feitas por meio de seu ecossistema representam menos de 10% do segmento e que ele seria o quinto maior do país em volume geral de vendas.

Estão à frente Mercado Livre, Americanas, Magazine Luiza e Shopee. Atrás, viriam Via Varejo e Carrefour.

Líder do segmento no Brasil, a Mercado Livre fez um movimento similar um ano atrás ao comprar a plataforma de encomendas Kangu — empresa que realiza entregas em até um dia para mais de 2 mil cidades no Brasil.

Outras concorrentes também fizeram investimentos em transportadoras em anos recentes. A Via, em janeiro deste ano, anunciou a aquisição da CNT, uma startup do segmento. A transação visava o aperfeiçoamento da cadeia logística da companhia para atender os diferentes marketplaces das marcas Casas Bahia, Ponto, Extra.com.br e AsapLog.

A Magazine Luiza, outro gigante no e-commerce, iniciou esse movimento há mais tempo. Em 2018, adquiriu a Logbee, e no ano passado comprou a Sode, com a promessa de realizar entregas em uma hora.

A explicação por trás do interesse das varejistas em melhorar o tempo de entregas está na taxa de conversão das compras. À época da aquisição da Sode, a Magazine Luiza argumentou que a taxa de conversão de vendas que seriam entregues em até uma hora era 62% maior quando comparado com prazos superiores a 48 horas.

Segundo as fontes, a Amazon aposta no apoio da Total Express para diminuir o tempo de entrega de itens de revendedores parceiros no seu marketplace, reforçando a tendência iniciada por seus concorrentes neste segmento.

Na terça-feira, a Amazon anunciou um investimento no segmento de entregas nos Estados Unidos. A companhia adquiriu 2% da empresa de entrega de refeições GrubHub, de propriedade da Just Eat Takeaway.

Correios reduz prazo do SEDEX em mais de 17 mil trechos e amplia cobertura da linha Premium

Neste mês de julho, os Correios reduziram o prazo de entrega do SEDEX em 17.358 trechos estaduais e nacionais. Ao total, 717 trajetos passarão a contar com distribuição de SEDEX um dia após a data da postagem — ou seja, D+1.

Empresa também retomou a expansão da oferta dos serviços da linha Premium: ao total, estão sendo habilitados 209 novos trechos, sendo que em 18 deles será ofertado SEDEX 10 e, em 191, o SEDEX 12.

Dentre as rotas abrangidas com entrega no dia seguinte à postagem, estão aquelas que têm se destacado pelo alto fluxo de objetos, tais como as com origem em São Paulo e destino às seguintes cidades:

Itajubá(MG);
João Pessoa (PB);
Natal (RN);
Poços de Caldas(MG);
Ponta Grossa(PR);
Pouso Alegre(MG);
São Gonçalo(RJ);
Três Corações(MG);
e Uberaba(MG).
Outras capitais que passam a contar com D+1 abrangem os trechos Recife (com destino a Fortaleza e Salvador); Belo Horizonte (com destino a Vitória e Recife); bem como Fortaleza x Recife, Salvador x Recife, Rio de Janeiro x Recife, Manaus x São Paulo e Florianópolis x Vitória.

Negócios prioritários dos Correios
Desde 2019, os Correios iniciaram a implementação dos “corredores de negócios prioritários”. Neste caso, visa reduzir os prazos de entrega em trechos estratégicos, aprimorando a experiência dos clientes.

A empresa também retomou a expansão da oferta dos serviços da linha Premium: ao total, estão sendo habilitados 209 novos trechos, sendo que em 18 deles será ofertado SEDEX 10 e, em 191, o SEDEX 12.

O SEDEX 10 garante que as encomendas sejam entregues até as 10h do dia útil seguinte. Por outro lado, o SEDEX 12, com atributos equivalentes, tem entregas até as 12h do próximo dia útil. Por fim, o novo SEDEX Hoje — disponibilizado inicialmente em São Paulo — permite a entrega das encomendas no destino ainda no mesmo dia da postagem.

Consulta e simulação de preços e prazos dos serviços estão disponíveis no site dos Correios, assim como com as equipes de Atendimento Comercial dos Correios.

Qual é o futuro das entregas por drone?

Mais de 1,4 milhão de entregas por drone devem ser realizadas em 2022 em todo o mundo.

As entregas por drone estão se tornando cada vez mais populares nas operações logísticas modernas. As aeronaves não tripuladas transportam medicamentos, encomendas, documentos, alimentos e outros produtos de cuidados domésticos.

Essas operações de delivery por drones estão ganhando uma importância ímpar na logística de última milha, devido à precisão que apresenta, ao transporte ser mais sustentável, ao tempo de entrega mais curto e a um custo operacional menor do que os métodos tradicionais.

O setor foi impulsionado pela pandemia de covid-19. Apenas considerando os voos comerciais, nos últimos três anos mais de 660 mil entregas por drone foram realizadas no mundo, segundo a consultoria McKinsey. Somente no ano passado, foram cerca de 500 mil e, em 2022, cerca de 1,4 milhão de entregas deverão ser realizadas.

Quais empresas oferecem entregas por drone?

Mais de 100 empresas operam no mercado de entregas por drone. As líderes do mercado incluem Antwork (Líbano), Flytrex (Israel), Manna (Irlanda), Matternet (EUA), Skyports (Inglaterra), Swoop Aero (Austrália) e Zipline (EUA), entre outras.

A primeira entrega por drone foi de uma pizza, em novembro de 2016. A Domino’s, em parceria com a Flirtey, deixou um pedido na porta de um cliente em Whangaparaoa (Nova Zelândia). Mas a expansão do serviço aconteceu quando gigantes do comércio entraram no setor.

A Amazon tem um serviço próprio de delivery em testes. A Wing, do conglomerado da Google, oferece entregas por drones em parceria com a FedEx e a farmácia Walgreens. O Walmart também quer expandir a rede, em colaboração com a DroneUp, para 4 milhões de lares nos Estados Unidos até o final de 2022.

No Brasil, a startup Speedbird Aero é a única empresa com autorização para operar um serviço de entregas por drones. A companhia realiza o transporte de alimentos para o iFood e de sêmen de suínos para a BRF.

Desafios para expansão do delivery

Apesar do forte crescimento do setor nos últimos anos, ainda há muitos desafios para que as entregas por drones realmente decolem e se tornem mais comuns. O ambiente regulatório ainda é muito incipiente e pode limitar os voos a determinadas áreas, horários e condições climáticas, impactando os custos das operações.

O público também tem de confiar e aceitar o serviço. Uma pesquisa realizada pela McKinsey em seis países apontou que quase 60% dos entrevistados usariam um serviço de entrega de drones se tivesse disponível. Parece promissor, mas acidentes, como ocorreram no programa-piloto da Amazon, e o risco de perda de privacidade podem afetar a opinião pública.

Existe, ainda, a preocupação com os custos iniciais. A implantação de plataformas de lançamento, alinhando o movimento de drones com edifícios e espaços operacionais abertos, licenças, instalações de carregamento de baterias, software, tecnologia, treinamento, pesquisa e desenvolvimento exigem altos investimentos.

Perspectivas para o mercado

O mercado global de entrega de pacotes por drones deve crescer de US$ 1,5 bilhão, em 2021, para US$ 31 bilhões até 2028, com um boom anual de 53,94% no período, segundo projeção do Fortune Business Insight.

A crescente demanda por entrega rápida e eficiente de produtos e serviços, o desenvolvimento tecnológico de plataformas automáticas de transporte pesado, drones de longo alcance e novas empresas de serviços de entrega de pacotes são os principais fatores que impulsionam o crescimento do mercado.

Varejo aposta corrida por título de entrega mais rápida do Brasil

Era por volta de 11h da manhã de uma quarta-feira quando a representante Letícia, 23, recebeu uma nova leva de pedidos para entrega no mesmo dia no seu aparelho portátil (handheld). Funcionária há dez meses do centro de distribuição (CD) do Mercado Livre em Cajamar, a 29 quilômetros da capital paulista, ela precisa ser rápida: todos os pedidos desta categoria devem sair do CD até as 12h59 em ponto.

Empunhando um carrinho de inox vazado, com capacidade para acomodar seis grandes caixas de plástico amarelas, ela circula com agilidade por algumas das 202 ruas do CD de 1.500 m², que abriga 800 mil itens de produtos diferentes, em pouco mais de 1 milhão de “endereços” -caixas com códigos de barras que identificam o estoque.

O sistema de gerenciamento de armazém (WMS, na sigla em inglês) do Mercado Livre indica à representante qual rota ela deve seguir para buscar todos os cerca de 30 produtos daquela leva da maneira mais eficiente possível: andando no máximo 12 ruas, em um percurso de até 30 minutos.

O fluxo nas ruas do maior CD de comércio eletrônico da América Latina é intenso: a cada “esquina”, ela bate as manoplas do carrinho para avisar aos colegas que está passando e assim evitar acidentes. São 3.000 funcionários no local que se revezam em turnos durante 24 horas, sete dias por semana.

Assim que termina de preencher as caixas com os pedidos, cada uma para localidades diferentes, ela deposita as caixas em uma esteira que segue até a seção de embalagem. Lá, outra representante tem até 18 segundos para empacotar e etiquetar cada produto, de acordo com as especificações informadas no sistema: caixa de papelão automontável para itens frágeis, saco de plástico amarelo para os demais.

O produto volta para uma esteira e segue até uma seção com tobogãs: assim que descem, os itens com entrega no mesmo dia recebem prioridade e são separados por CEP e armazenados em contêineres, alocados dentro de um caminhão baú. O pedido finalmente sai para a entrega, antes das 13h.

A rotina pode parecer banal, mas representa o novo estágio da disputa entre os grandes varejistas do comércio eletrônico no país: a entrega ultrarrápida, feita no mesmo dia, cada vez mais crucial para se definir uma venda no crescente comércio eletrônico, que faturou cerca de R$ 220 bilhões em 2021.

O Mercado Livre acaba de dobrar o número de cidades em que promove esta entrega ultrarrápida, de 50 para 100 no Brasil. O esforço consumiu parte dos investimentos de R$ 17 bilhões anunciados este ano no país, montante 70% superior ao do ano passado, que envolvem operações, tecnologia e finanças (a empresa também é dona da fintech Mercado Pago).

O novo patamar de entrega no mesmo dia também foi conquistado graças à parceria anunciada em abril com a Gol, envolvendo o fretamento de seis aviões cargueiros da GolLog, exclusivos para o Mercado Livre.

“Velocidade gera conversão em vendas”, diz o diretor de logística do Mercado Livre, Luiz Vergueiro. Os atuais 12 CDs no Brasil são “fulfillment”: estão equipados para armazenar e gerenciar o estoque dos lojistas virtuais, os “sellers”, que são desde pequenas empresas a grandes indústrias que vendem dentro da plataforma da companhia.

Americanas lidera entrega no mesmo dia, chegando a 900 cidades Com as cem cidades com entrega no mesmo dia, o Mercado Livre ultrapassa a Via, dona das varejistas Casas Bahia e Ponto, que oferece o serviço em 65 cidades do país. Mas ainda fica atrás do Magazine Luiza -onde o consumidor de 150 cidades pode receber no dia a compra feita no site- e permanece distante da Americanas, que oferece o serviço em 900 cidades do país.

As três grandes redes de varejo do país (Magalu, Via e Americanas) têm mais da metade das suas vendas hoje feitas pela internet.

A Americanas acaba de anunciar a integração de 100% da sua malha logística, depois da fusão entre Lojas Americanas e B2W (Americanas.com, Shoptime e Submarino), promovida no ano passado. “Hoje, 35% das nossas entregas são feitas em até três horas e 59% em até 24 horas”, afirma Welington Souza, diretor da plataforma de logística da Americanas. Até ano passado, a entrega em três horas representava 14% do total, diz ele.

Com 25 CDs em 11 estados, a empresa conta com a ampla rede de 3.500 lojas e franquias, que servem como pequenos centros de distribuição, armazenando parte do estoque próprio e dos 132 mil sellers.

“Estamos investindo para entregar em 100% das residências brasileiras, incluindo becos e vielas das favelas”, diz Souza, destacando que a empresa deve chegar até 53 microbases em comunidades até ano que vem, com parceiros como a startup de logística Favela Brasil Express.

Já o Magazine Luiza, dono de 24 CDs em 15 estados e no Distrito Federal, vem se dedicando à implantação da tecnologia que vai transformar todos os centros de distribuição em fulfillment, a fim de acomodar o estoque dos 180 mil sellers.

“Com isso, vamos agilizar a entrega ultrarrápida em todo o país, hoje ainda muito concentrada no Sul e no Sudeste”, diz Luciano Telesca, gerente de entrega ultrarrápida do Magalu. “O cliente é muito sensível a prazo.”

A área ganhou impulso no ano passado, após a compra da Sode, plataforma digital especializada em logística urbana para entregas ultrarrápidas. Assim que entra o pedido, o sistema dispara as ordens de trabalho para o estoquista da loja e para o entregador, um motociclista parceiro, que leva o pedido em uma hora.

Com 30 CDs em 22 estados, a Via consegue entregar em 24 horas em 2.500 cidades. Segundo Fernando Gasparini, diretor executivo de logística da empresa, a implantação da tecnologia fulfillment nos centros de distribuição está evoluindo paulatinamente: hoje já está presente nos pontos em Jundiaí (SP), Barueri (SP), Extrema (MG) e Serra (ES).

“No início deste ano, a Via comprou a logtech CNT, marcando oficialmente nossa entrada nos serviços de fullfilment e fullcommerce”, diz Fernando Gasparini, diretor de logística da Via. No modelo de negócio fullcommerce, a varejista fica responsável pela comercialização e entrega da operação online de uma fabricante.

O primeiro contrato foi assinado em abril com a Mallory, de eletroportáteis: a Via assumiu toda operação do site de e-commerce da empresa, que inclui seu planejamento, operação, atendimento, segurança digital, vendas e entregas.

Leite condensado foi o campeão de vendas no Mercado Livre em 2021 Ter CDs em pontos estratégicos garante a entrega rápida. No Mercado Livre, a entrega no mesmo dia é oferecida em cidades próximas aos atuais 12 centros de distribuição fulfillment (até o fim do ano, o 13º será inaugurado em Belo Horizonte). O cliente visualiza o produto no site e aquele que tem o selo “full” está estocado no CD, pronto para envio imediato. Se o consumidor pede até as 11h da manhã, chega no mesmo dia. Se for depois deste horário, chega até o dia seguinte.

“Hoje cerca de 40% das nossas vendas são full”, diz Julia Rueff, diretora de marketplace do Mercado Livre. O Brasil representa pouco mais da metade (54%) das vendas da multinacional argentina, presente em 18 países da América Latina e que registrou vendas brutas no ano passado de US$ 28,35 bilhões (R$ 138,8 bilhões).

No Brasil, a empresa conta com 4 milhões de sellers. A categoria mais vendida no ano passado foi eletrônicos, enquanto em produto foi leite condensado.

A companhia subsidia parte das vendas em algumas categorias escolhidas, oferecendo cupons e descontos em parcerias com os lojistas.

Hoje o Mercado Livre tem 4.000 vagas em aberto, nas áreas de tecnologia, operações e finanças, e deve somar 17 mil funcionários até o fim do ano. “Mesmo com a reabertura das lojas físicas, o consumidor pós-pandemia mudou e quer a comodidade de comprar online”, diz Julia. “É uma mudança que veio para ficar. Em 2019, o comércio eletrônico representava cerca de 6% das vendas do comércio em geral. Este ano, deve atingir 14%.”