Shopee pode ter alcançado R$ 16 bilhões em vendas ao fim de 2021 no Brasil

A operação da Shopee no Brasil, do grupo Sea Limited, de Cingapura, atingiu 5% do mercado brasileiro de comércio eletrônico cerca de dois anos após a sua entrada, nas estimativas da equipe de análise do Goldman Sachs, e terminou o ano já no patamar de um dígito alto. O Goldman já mencionou em outro relatório que projeta “share” de 20% da Shopee no Brasil até 2025.

Com base nessa taxa de 5%, a Shopee teria alcançado R$ 9 bilhões em vendas pela plataforma (chamado GMV). Se tiver alcançado um dígito alto, o valor passa para R$ 16 bilhões.

Essa conta, feita pelo Valor, considera vendas totais do comércio eletrônico de R$ 182,7 bilhões em 2021, como informado ontem pela NielsenIQ/Ebit (que inclui a venda on-line de produtos entre países).

Consultorias já ouvidas pelo Valor estimam montante entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões.

“Acreditamos que a concorrência com novos participantes disruptivos continuará sendo um tema para 2022”, escreveu a equipe em relatório hoje.

Embora o Goldman reconheça que certas preocupações específicas da empresa poderiam levar a gestão do grupo Sea a mostrar maior disciplina na alocação de capital, o banco acredita que seu compromisso em tornar o Brasil um mercado “core” é “inabalável”, diz a equipe. O comando da companhia vem ressaltando o interesse em expandir o negócio local nas teleconferências e conversas com analistas e investidores globais.

De qualquer forma, entre essas preocupações que vêm pressionando o grupo estão o aumento da queima de caixa, as projeções de analistas de uma operação mais fraca para o negócio de “games” — outro braço de operação do grupo Sea —, o custo de capital crescente e o desempenho recente do preço das ações (as ações SE estão em queda 66% nos últimos seis meses), diz o Goldman.

Segundo o relatório, o analista internacional da Sea prevê que o Shopee invista cerca de US$ 1,5 bilhão no Brasil/América Latina neste ano, num cenário de perda de lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação do grupo Shopee no mundo de US$ 3,5 bilhões em 2022. Conta ainda que o grupo controlador já disse que levantou no mercado quase US$ 7 bilhões em 2021 e pretende destinar parte disso para investimento no comércio eletrônico Brasil/América Latina e no braço de fintechs.

Na recente teleconferência de resultados do quarto trimestre da Sea, a administração reiterou o Brasil como prioridade, observando que o total de pedidos brutos no país atingiu 140 milhões no quarto trimestre. Isso se compara aos 145 milhões de itens vendidos por Mercado Livre — apesar de os dois números não serem diretamente comparáveis, ressaltam.

A equipe revisou a sua análise para Shopee no Brasil (publicada pela primeira vez em julho de 2021) para tentar avaliar como estão os números agora e como ele se compara ao Mercado Livre, reforçando que são para “fins ilustrativos”.

“Para Shopee, estimamos que cerca de 30% do custo de envio seja arcado pelo cliente. Analisamos que uma perda de Ebitda de pouco menos de US$ 2 por pedido [informação já publicada pela Sea] pode implicar em termos de custos de envio divididos entre a empresa e os clientes.” Ainda projetam um lucro unitário de R$ 1,5 a R$ 2 por pedido no Mercado Livre, que se compara a uma perda de R$ 10 (US$ 2) por pedido da Shopee.

O Goldman cita no relatório informações antecipadas pelo Valor sobre a Shopee. Diz que a empresa passa por gargalos logísticos, segundo conta a imprensa local, “apontando períodos de envio prolongados e alguns desafios no rastreamento de pedidos”.

“Mas, embora haja provavelmente uma curva de aprendizado que a Shopee precisará avançar, acreditamos que investimentos de parceiros [em logística] abordarão gradualmente esses pontos problemáticos”, afirma.

O Goldman ainda cita a notícia do Valor de que a J&T Express, prestadora de serviço da Shopee no mundo, está agora trabalhando para a empresa no país.

“Observe que a J&T Express trabalha com o Shopee há mais de cinco anos no Sudeste Asiático. Nossas verificações (de mais de 220 vagas de emprego no país, muitas das quais em localidades regionais) indicam que a J&T Express poderia eventualmente construir um modelo de serviço completo em todas as regiões do Brasil.”

Vencedores do digital

A equipe de análise ainda diz que os “vencedores” em termos de participação de mercado em 2021 foram Mercado Livre e Americanas, ganhando respectivamente 0,7 ponto e 0,9 ponto de fatia nas vendas. “Isso coloca a Americanas de volta à segunda posição do comércio eletrônico do Brasil, com 18,8% de participação, à frente de Magazine [Luiza], com 18,1% e da Via, com 10,7%, mas abaixo de Mercado Livre, com 31,2%”, disse.

“Para 2023, esperamos que Magalu e Americanas fiquem empatados em 20% de [participação de] mercado”, afirma.

Segundo a equipe de analistas, Magazine e Via “deram os passos mais notáveis” para aumentar a monetização” de seu marketplace e melhorando a lucratividade. Esse movimento se deu por mudanças recentes nas condições comerciais fechadas junto aos lojistas das plataformas, como o Valor já noticiou semanas atrás.

Ainda sobre esse tema, o Goldman diz que acredita que um fator chave para o baixo desempenho de Magazine e Via na segunda metade de 2021 foi a “alta exposição à categoria de duráveis, que teve desempenho inferior ao do varejo geral dado o agravamento do cenário macro”. Essas varejistas tem maior dependência, no on-line e no físico, da venda de bens duráveis de seu estoque próprio.

Apesar disso, o banco faz uma ressalva, e diz que, no Magazine, incluindo o dado anualizado de venda de KaBuM!, o marketplace já chegaria a 45% das vendas na plataforma.

Além desse fator da dependência, o banco cita como “lacuna” o nível de serviço prestado por essas cadeias no braço de logística do marketplace, em relação ao que oferecem em sua própria operação digital. A diferença na qualidade do serviço prestado (na entrega de produtos aos consumidores, por exemplo) ainda impediria um avanço maior desse marketplace.

“A velocidade de envio é uma das variáveis mais importantes para conversão (juntamente com custo de envio e preço do produto), por isso, acreditamos que longos períodos de entrega podem ter prejudicado o crescimento [do markeplace] ou exigiria uma compensação de descontos de preços/outras promoções.”

O banco reconhece que Magazine Luiza avançou em termos de nível de serviço e operação logística, mas a diferença para o Mercado Livre “continua importante”.

Fonte : https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/03/23/shopee-pode-ter-alcancado-r-16-bilhoes-em-vendas-ao-fim-de-2021-no-brasil.ghtml

Receita Federal prepara MP para combater ‘camelódromo virtual’

Movimento reflete ação de varejistas e indústrias para fechar cerco a sites estrangeiros.

A Receita Federal trabalha na elaboração de uma medida provisória (MP) para combater o chamado “camelódromo virtual”, disse no ultimo dia 23, o secretário da autarquia, Julio Cesar Vieira Gomes. Como antecipou o Valor em fevereiro, esse movimento reflete uma ação liderada por grandes varejistas brasileiras e indústrias, junto aos órgãos de governo, para fechar o cerco às plataformas estrangeiras que estariam importando mercadorias falsificadas, ou sem o devido pagamento de impostos.

Essas operações on-line, chamadas pelo mercado de “camelódromo virtual”, estariam enviando produtos do exterior para o Brasil burlando a legislação tributária de duas maneiras. Na primeira delas, lojistas hospedados nessas plataformas se classificariam como pessoas físicas. Assim, se aproveitariam de uma regra que permite que itens que custam até US$ 50 (cerca de R$ 250) não paguem impostos para ingressar no país, desde que também sejam endereçados a pessoas físicas.

Na segunda, essas empresas subnotificariam o valor dessas mercadorias, caso elas custem acima de US$ 50, justamente para não pagar os devidos impostos. Isso leva consumidores e lojistas a importar dezenas de produtos em compras “picadas”, até este limite em dólar, e revendê-los no país. A atividade cresceu fortemente com a crise após a pandemia, pelos baixos preços, oferecimento de frete grátis pelos sites e “apps” e promessas de envio rápido.

A afirmação de Gomes foi feita em evento realizado ontem pela Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, em Brasília. Em vídeo transmitido no encontro, o CEO da Multilaser, Alexandre Ostrowiecki, disse que o tema já foi levado por entidades empresariais aos ministérios da Justiça e da Economia e à Procuradoria-Geral da República. Entre as entidades estão a Abinee, do setor elétrico e eletrônico, a Eletros, dos fabricantes produtos eletroeletrônicos, a Abrinq, da indústria de brinquedos, e o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), a maior entidade do setor, com 70 redes associadas.

Nos cálculos apresentados por Ostrowiecki, uma caixa de som produzida no Brasil custa R$ 231, com a consequente incidência de todos os impostos, e a mesma caixa sai por R$ 100 se for enviada ao país por alguma dessas grandes plataformas. Ostrowiecki ainda afirmou que, segundo a própria Receita, mais de 700 mil dessas encomendas chegam ao país por dia, com perda tributária de cerca de R$ 80 bilhões ao ano.

“Ninguém está falando em proteger as empresas nacionais, mas simplesmente em ter regras iguais para todos”, afirmou. Segundo ele, são as “grandes plataformas da Ásia” que se aproveitam de “brechas” na lei.

Fontes afirmam que o foco da ofensiva são grupos como a AliExpress, da chinesa Alibaba, Shopee, da Sea Limited, de Cingapura, as americanas Wish e Shein, Mercado Livre, sediado na Argentina, e a OLX Brasil, com 50% do negócio nas mãos da sul-africana Naspers. Esses negócios vêm crescendo de forma acelerada, especialmente após a crise de 2015, ampliando ganho de participação de mercado sobre redes tradicionais, o que vem incomodando as empresas.

Relatório do Goldman Sachs publicado ontem relata que a Shopee já teria 5% de participação de mercado no Brasil em dois anos de atuação, e essa fatia pode ter chegado a um dígito alto no fim de 2021 (faixa de 9%).

A possibilidade de que avance uma MP é o primeiro sinal mais claro do aumento da ofensiva de varejistas e fabricantes locais sobre negócios informais no país e plataformas estrangeiras. Essas plataformas são acusadas de hospedar lojistas que não emitem nota fiscal e teriam sistemas de controle falhos para barrar irregularidades. Esse é um dos pontos centrais das críticas de varejistas. Redes brasileiras também operam “marketplaces” que vendem itens importados, mas vem afirmando a interlocutores do governo que possuem sistemas de controle mais sólidos.

O Valor apurou que, nas últimas semanas, representantes do IDV se reuniram com políticos, membros da Receita Federal, Polícia Federal, órgãos do MJ e a PGR. Há estudos encaminhados com sugestões de ações, como a responsabilização criminal das transportadoras pelo ingresso de importados ilegais, e exigência de notas fiscais de itens despachados pelos Correios. Outra sugestão envolveria rever a lei do limite de importação de US$ 50.

As plataformas estrangeiras vêm montando suas estratégias de defesa, segundo fontes. O Valor apurou que o Mercado Livre tem se colocado à disposição do setor e de órgãos do governo para colaborar. Também tenta reforçar a percepção de que não faz parte do grupo de plataformas alvo da MP, por ter aprimorado controles internos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte : https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/03/24/receita-federal-prepara-mp-para-combater-camelodromo-virtual.ghtml

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Invasão Amarela: o futuro do Mercado Livre na América Latina

O e-commerce pode chegar a 500 bilhões de reais no Brasil em 2025. Só neste ano, o Mercado Livre vai investir 17 bilhões de reais no país para seguir liderando em todas as frentes.

Assim como os grafites coloridos e os emaranhados de cabos de energia, as vans amarelo-fluorescentes do Mercado Livre passaram a fazer parte da paisagem urbana de São Paulo — e de quase todas as cidades brasileiras. Até três anos atrás, a maior varejista online da América Latina fazia 95% de suas entregas pelos Correios. Era, portanto, um gigante escondido aos olhos da população. Hoje, faz 95% das entregas por conta própria, e passou a ter uma exposição inédita.

A tomada das cidades coincidiu com o auge da pandemia, em que, confinados a suas residências, os brasileiros compraram como nunca pela internet — e mais de 1.000 veículos de entrega do Mercado Livre viraram figuras onipresentes nas cidades brasileiras. “Passamos a ter um reconhecimento de marca tão grande quanto nossa relevância para o varejo do Brasil e da América Latina”, diz Marcos Galperin, fundador e presidente do Mercado Livre, em entrevista exclusiva à EXAME.

A conversa, marcada inicialmente para ser presencial na Melicidade, a imponente e arborizada sede da companhia, em Osasco, precisou ser feita por videoconferência por um imprevisto comum neste início de 2022. Com um teste positivo para covid-19, Galperin não pôde vir ao Brasil. Mas, por vídeo, falou em primeira mão sobre um volume de investimentos sem precedentes no varejo brasileiro: 17 bilhões de reais. “Nossa meta é manter e ampliar a liderança em e-commerce e entre as fintechs no Brasil”, diz. “A logística é a face mais visível, mas estamos fazendo muito mais.”

O Mercado Livre, que divulgou seus resultados anuais na terça-feira, 22 de fevereiro, virou um império de números superlativos. É a segunda maior empresa da América Latina, com valor de mercado de 52 bilhões de dólares, atrás apenas da mineradora Vale, avaliada em 77 bilhões de dólares. A companhia, criada em 1999 na Argentina, opera hoje em 18 países da América Latina e tem escritórios em oito — a meta é abrir escritórios onde não está presente, e seguir ampliando o número de países atendidos.

Todo trimestre, envia cerca de 250 milhões de pacotes às casas de seus clientes. No Brasil, a capacidade de entrega é de 1,5 milhão de pacotes por dia, e vai crescer para 2,5 milhões com a construção de quatro novos centros de distribuição (em São Paulo, Barueri e Araçariguama, todos no estado de São Paulo). Com isso, o número total de galpões, que era zero até 2017, vai chegar a 11 neste ano. Há ainda 3.000 agências, espalhadas pelo país, em que os clientes podem retirar as mercadorias. Isso sem contar a frota de aviões, que passará de cinco, atualmente, para 15 até 2024. 

No total, a empresa vai investir no Brasil 70% mais do que os 10 bilhões de reais investidos no ano passado e quatro vezes mais do que os 4 bilhões de reais investidos em 2020. O número de funcionários vai passar de 12.000 para 19.000 neste ano no Brasil, e de 30.000 para 50.000 em toda a América Latina. “A escala permitiu acelerarmos os investimentos. Nossas necessidades não eram as mesmas das oferecidas e vamos investir cada vez mais em soluções de pagamento e envios, as duas maiores fricções do e-commerce”, diz Galperin. “Queremos ter os melhores vendedores, que ofereçam a melhor experiência de compra.”

A empresa não pode parar de acelerar porque, segundo Galperin, o mercado brasileiro de e-commerce é o mais competitivo do mundo. A pandemia de covid-19 acelerou o ritmo de expansão e a competitividade. As vendas do varejo online passaram de 93 bilhões de reais ao ano em 2019 para 201 bilhões em 2021, segundo estimativa do banco Goldman Sachs. O crescimento deve seguir acima dos 20% ao ano.

De acordo com o banco BTG Pactual, as vendas podem chegar a 500 bilhões de reais ao ano em 2025. A penetração do e-commerce no total do varejo terá passado, nessa toada, de 7% em 2019 para mais de 20% — de acordo com o BTG, chegará a 21,8% em 2025. Ainda assim, o Brasil estaria atrás do patamar que já têm países como a China, onde 25% das vendas são online, segundo a plataforma Statista.

A tendência dos próximos anos é de uma concentração crescente nas mãos dos líderes Mercado Livre, Magazine Luiza e Americanas — segundo o Goldman Sachs, eles terão 77% do mercado em 2024. O restante será distribuído entre grandes competidores nacionais, como a Via, e os gigantes estrangeiros, sobretudo a americana Amazon e a novata Shopee, de Singapura. 

A possibilidade de a Amazon ou alguma asiática, como a Shopee, atropelarem a concorrência nacional é o tema de dez entre dez rodas de conversa de especialistas em varejo e tecnologia no Brasil. Mesmo em mercados maduros, como o americano, empresas mais jovens e mais ágeis mostram que há, sim, espaço para peitar os gigantes. Por lá, a canadense Shopify, que cresceu com serviços pensados para os pequenos varejos, vendeu, em 2021, 175 bilhões de dólares, 40% do total do gigante Amazon.

Por aqui, a Amazon atua desde 2012 e já tem 11 centros de distribuição. Ainda está longe do apetite que demonstra em mercados como o indiano, onde já investiu 6 bilhões de dólares e de onde pode vir até 20% de seu crescimento nos próximos anos. Mas a maior ameaça recente é a Shopee. A empresa tem um investimento crescente em anúncios e oferece aos clientes um nível de interação, com jogos e chats, que a fez chegar, em pouco mais de um ano, a 30% dos smartphones brasileiros, segundo estimativa do Itaú — percentual comparado apenas ao do Mercado Livre. Mas os volumes comprados ainda são muito menores — o Itaú calcula que a Shopee vendeu 15 bilhões de reais em 2021, ou 7% do total do mercado brasileiro.

“A companhia diz que as compras online devem evoluir para atender às necessidades sobretudo dos clientes mais jovens, que cresceram comunicando, colaborando e se entretendo em aparelhos móveis”, de acordo com relatório do BTG Pactual. O relatório mostra, ainda, que a estratégia de gamificação da Shopee seguirá um diferencial da empresa nos próximos anos. Mas não deve ser o suficiente para ameaçar os líderes atuais do mercado, que têm como maior diferencial, segundo a instituição, os investimentos em serviços para reduzir os prazos de entrega. Shopee, Alibaba, Tencent, Amazon e outros estrangeiros devem, portanto, seguir como coadjuvantes no mercado local — embora tenham muito a ensinar. 

 (Arte/Exame)

“Não podemos ser paranoicos. Jogamos nosso jogo pensando no longo prazo. Em 22 anos, é uma estratégia que tem funcionado muito bem”, diz Galperin. A estratégia do Mercado Livre é unir o melhor de cada grande varejista global: o nível de serviço do Shopify para os pequenos, a qualidade­ de entrega da Amazon, a proximidade com os grandes vendedores que tem o Magalu, por exemplo, e a inovação dos asiáticos. 

O Mercado Livre tem uma posição de liderança típica do pioneirismo no mundo online, e possui o desafio de mantê-la num contexto em que a presença física é cada vez mais relevante. Os maiores competidores locais da companhia, Magazine Luiza e Americanas, começaram suas operações no mundo dos tijolos, e não dos bits e bytes — a única exceção é o Submarino, que hoje está dentro da Americanas.

A presença física é agora o diferencial que vai ajudar esses concorrentes a crescer no modelo de marketplace e a desafiar o Mercado Livre. No Magalu, por exemplo, a loja física é o ponto de entrada dos pequenos varejos — mais da metade dos negócios que se plugam à plataforma chega dessa forma. É ela que faz a captura dos negócios que estão ao seu redor para levá-los ao mundo digital.

A companhia aposta no conceito chamado internamente de hiperlocalidade. A ideia de crescer pela venda de produtos de outros varejistas só virou realidade na empresa em 2017, mas no balanço do terceiro trimestre de 2021 (último disponível) essa operação já representou 35% de toda a venda digital e mais de 25% dos 13,8 bilhões de reais vendidos pela companhia entre julho e setembro. 

Para ganhar terreno, os varejistas tradicionais oferecem aos pequenos varejos a logística e também seus vendedores. A força de vendas das companhias, que antes era dedicada apenas às lojas físicas, agora atua também online e trabalha em ambos os atendimentos com tudo o que está no sistema, como se o marketplace fosse um estoque ampliado. Exemplo disso é que funcionários de lojas da Via, que só mais recentemente entrou na briga do marketplace, já venderam para clientes produtos de parceiros, como trator e saxofone.

Mesmo quase uma estreante, a dona da Casas Bahia e do Pontofrio já viu 20% de suas vendas totais no terceiro trimestre virem do comércio eletrônico do marketplace. Portanto, as mais de 1.400 lojas e 22 centros de distribuição do Magalu e os mais de 1.100 pontos de venda e 31 centros de distribuição da Via não devem ser encarados apenas como infraestrutura logística no mundo da omnicanalidade.

É por essa combinação de capilaridade e força de vendas desses grupos que nasceram no mundo físico que o Brasil tem uma particularidade — além de seu tamanho continental. Nenhum analista acredita que em um horizonte visível haverá prevalência absoluta de um ou outro modelo, uma ou outra companhia. “Não vejo nenhum concorrente com posição de 50% do mercado ou mais”, diz Luiz Guanais, analista do BTG Pactual. 

Entrega do Mercado Livre: aplicativo permite também que donos de motos e carros particulares façam entregas (Leandro Fonseca/Exame)

Apesar de ser o mercado mais concorrido do mundo, como diz Galperin, o Brasil é visto ainda como um mar de oportunidades. Por isso a disputa é tão acirrada. O Magalu, por exemplo, focado apenas em CNPJs, ou seja, em varejistas menores, e não em vendedores individuais, calcula que existam no país mais de 5,7 milhões de pequenos negócios e apenas 330.000 estariam digitalizados. Só que o esforço das empresas nacionais em alcançar esses milhões de oportunidades custa.

E, enquanto as concorrentes domésticas lutam com a queda na rentabilidade causada por essa expansão no modelo de shopping virtual, o Mercado Livre tem diversificação de receitas com suas diferentes frentes de negócios, com vendas, entregas, cobranças, empréstimos, anúncios. Magalu, Americanas e Via ainda apresentam prejuízo operacional ou lucros espremidos, enquanto o Mercado Livre reportou um ganho de 90 milhões de dólares na última linha de seu balanço no terceiro trimestre. A venda dos serviços é algo que ainda está engatinhando entre as domésticas e, na luta por espaço, muita coisa é oferecida de graça a quem se pluga na plataforma. 

AliExpress: live commerce e games estão entre as fortalezas dos asiáticos na competição global (Angel Garcia/Bloomberg/Getty Images)

Por isso, nessa briga, a quantidade de vendedores cadastrados em cada uma das plataformas faz muita diferença: é deles que vem — ou virá — receita não apenas pelas vendas mas pelo serviço prestado. Não por acaso a preocupação do Mercado Livre com os pequenos é até hoje prioridade na forma como a varejista, que nasceu em 1999 como um site de leilões, se posiciona. A companhia tem 12 milhões de vendedores cadastrados. O Magalu tem 120.000; e a Via, pouco mais de 100.000. Apesar de os CPFs corresponderem atualmente a apenas 5% do volume de vendas do Mercado Livre, todas as soluções de entregas e de pagamentos oferecidas aos grandes vendedores são também disponibilizadas aos pequenos.

Um microempresário consegue, por exemplo, ter acesso a entregas no mesmo dia, parcelamento em 18 vezes e linhas de financiamento dentro da fintech Mercado Pago. “A relevância na plataforma é pela qualidade do serviço. E todas as nossas soluções são pensadas primeiro para os pequenos”, diz Gabriela Szprinc, head de pagamentos do Mercado Pago. Desde o início da pandemia, a companhia ajudou a formalizar 135.000 empresas que atuam em sua plataforma e que precisam da documentação em dia para usar os serviços logísticos e de pagamentos.

Os pequenos têm acesso a cursos sobre temas como estoques e precificação e a conteúdos de influenciadores como a Nath Finanças. “Amplitude importa. Nascemos com os pequenos, e digitalizar vendedores e compradores é um passo importante para ampliar nossa base no futuro”, afirma. 

 (Arte/Exame)

Na América do Norte, modelo semelhante é adotado pelo Shopify, fundado há 15 anos no Canadá pelo alemão Tobi Lütke. Seu negócio permite que 2 milhões de empreendedores gerenciem lojas online e se mostrou essencial para a sobrevivência de muitos varejistas na pandemia. Sua ambição é crescer democratizando o comércio — uma visão que não poderia ser mais parecida com a adotada pelo Mercado Livre na América Latina há 22 anos. 

Neste momento, Lütke está diante de um dilema: como continuar crescendo e peitando a Amazon? A empresa de Jeff Bezos tem 75 aviões, 175 centros de distribuição de grande porte e mais de 1.100 endereços de entrega e retirada de mercadorias. Talvez olhar para o Mercado Livre mostre alguns caminhos a Lütke. A empresa de Galperin, que nasceu focada nos pequenos, virou um gigante logístico. Em 2017, abriu seu primeiro centro de distribuição no Brasil. Hoje são 11 centros desse tipo no país, 17 centros de cross ­docking (que recebem a mercadoria do vendedor e a enviam ao comprador), 91 centros de serviço que permitem que distribuidores terceirizados retirem e entreguem produtos, e 3.000 agências de entrega e retirada de mercadorias. Além da enorme frota própria das vans amarelas, a empresa permite que entregadores particulares se cadastrem num aplicativo e trabalhem algumas horas por dia entregando mercadorias em suas regiões, o Mercado Envios Extra. A amplitude permite entregar 90% de seus produtos em até dois dias úteis e fazer 80% das entregas com frete grátis. 

Centro de distribuição do Magazine Luiza: presença física será decisiva para o sucesso nos maiores mercados (Leandro Fonseca/Exame)

A qualidade do serviço é essencial para que o Mercado Livre ganhe terreno não só com os pequenos mas, sobretudo, com os grandes vendedores. A companhia tem hoje parceria com 1.750 marcas, de Pão de Açúcar a ­Apple, para oferecer seus produtos em lojas oficiais dentro da plataforma. No ano passado foram 360 novas marcas, numa investida que vai continuar. Como estratégia para chegar a mais clientes grandes, o Mercado Livre tem destacado seus investimentos para evitar fraudes, uma preocupação constante dos marketplaces online. Fica difícil atrair uma grande marca se vendedores oferecem produtos falsificados na prateleira vizinha. Segundo Galperin, a empresa tem 100 engenheiros dedicados a coibir fraudes e já excluiu 40.000 vendedores da plataforma. O Mercado Livre investe para garantir segurança sem abrir mão da cauda longa de vendedores que está em seu DNA. É uma preocupação que ressoa na concorrência. Segundo o Instituto para Desenvolvimento do Varejo, a evasão tributária no Brasil atingiu entre 460 bilhões e 600 bilhões de reais em 2020. 

Grandes marcas são essenciais para ampliar a penetração online de categorias que ainda dependem essencialmente do varejo físico. Enquanto 20% das vendas de smartphones são online, o e-commerce representa apenas 9% das vendas de moda, 1,5% das vendas de comidas e bebidas e 1% das vendas de produtos para pets, segundo dados do BTG. Moda é uma das prioridades, com parceria com mais de 100 marcas, das quais algumas, como Nike e Adidas, vendem só no Mercado Livre.

Outra prioridade, antecipada pela pandemia, é em alimentos e bebidas, com parcerias com redes de supermercados como Pão de Açúcar e Mambo. A estreia foi em maio de 2020 e as ambições são enormes para um negócio que representa 5% do PIB brasileiro. “É uma frente que traz novos compradores, amplia a concorrência e alimenta as vendas em outras verticais”, diz Julia Rueff, diretora de marketplace do Mercado Livre. Essas frentes ainda subexploradas trazem algo pelo qual todos brigam: recorrência.

Numa companhia do tamanho do Mercado Livre, um debate crescente é sobre quais oportunidades abraçar e de quais abrir mão — ou buscar um parceiro. A companhia não faz grandes aquisições, numa estratégia diferente do Magazine Luiza, por exemplo. “Fazemos as coisas da nossa maneira. Compras distraem. E integrar culturas diferentes é muito difícil”, diz Galperin. Soluções consideradas essenciais para o sucesso do negócio são desenvolvidas internamente. A mais emblemática é a fintech Mercado Pago, que nasceu para oferecer um serviço digital aos vendedores e compradores e cresce 45% ao ano há 12 anos, com 25 milhões de clientes ativos em dezembro.

Aos poucos a empresa foi ampliando a atuação para fora do Mercado Livre e do universo online, e hoje dois terços das transações são feitos fora do Mercado Livre. A companhia é, por exemplo, líder em distribuição de maquininhas de pagamento na América Latina, com 3 milhões de novos terminais no ano passado. O Mercado Pago processa mais de 20 bilhões de dólares em pagamentos por trimestre e tem uma carteira de crédito de mais de 1 bilhão de dólares. Em abril do ano passado, criou o cartão de crédito, e já tem 15 milhões de clientes no serviço. Em dezembro, passou a permitir o investimento em criptomoedas, e já tem 1 milhão de usuários. 

“Vamos seguir ampliando a oferta para os clientes atuais e buscaremos novos. Metade da população da América Latina ainda faz as transações no varejo com dinheiro. E metade é sub-bancarizada”, diz Osvaldo Giménez, presidente do Mercado Pago. Atualmente, a fintech é responsável por 40% da receita do Mercado Livre e, segundo estimativas, por 50% de sua geração de caixa.

Giménez afirma que há mais oportunidades na sinergia, mantendo os negócios unidos, do que em uma eventual cisão, como há anos se comenta entre investidores. Em 2022, o braço financeiro tende a ser ainda mais essencial para os resultados do grupo num ambiente de inflação e juros em alta. “Temos muita experiência com inflação. Seguiremos investindo em descontos, mas com equilíbrio. A migração para o varejo online seguirá sendo uma oportunidade maior do que as condições macroeconômicas desafiadoras”, diz Giménez. 

Entre os desafios para a frente, o Mercado Livre começou em novembro a vender produtos em lives, seguindo um modelo de sucesso na Ásia. Segundo o Goldman Sachs, 16% das vendas online na China já são feitas durante transmissões ao vivo. No Brasil, o aplicativo do AliExpress já oferece a possibilidade, sucesso em seu país de origem. Players internacionais como o Shopee devem trazer lives para o mercado brasileiro em breve, e competidores locais também devem ampliar as iniciativas.

Uma frente que não está no radar do Mercado Livre, por sua vez, é a produção própria de conteúdo de streaming, um caminho adotado pela Amazon, por exemplo. A varejista fechou em setembro parcerias com produtores como Disney e HBO para ampliar a oferta de serviço aos assinantes. “Estou sempre estudando novidades e entendendo como impactarão nosso mercado. Saber o que não fazer é quase tão importante quanto decidir onde investir”, afirma Galperin.

Ao completar 50 anos, o fundador da empresa afirma que em algum momento chegará a hora de sair da linha de frente dos negócios e deixar que uma nova geração assuma. Em março, um dos cofundadores, Stelleo Tolda, deixará o dia a dia da empresa. Outros chegam. Na foto que ilustra a abertura desta reportagem, apenas Osvaldo Giménez faz parte do time inicial da companhia. Fernando Yunes, líder da empresa no Brasil, veio do Sem Parar; Tulio Oliveira, responsável pelo Mercado Pago no Brasil, veio do Itaú; ­Pethra Ferraz, vice-presidente de marketing do Mercado Pago, da XP; Julia Rueff, da CNova; Gabriela Szprinc, do PayPal. São eles os responsáveis por conduzir a segunda maior empresa da América Latina.  


Entregador da Amazon: companhia tem 175 centros de distribuição nos EUA (Alexi Rosenfeld/Getty Images)

O DESAFIO DAS BIG TECHS

Alta dos juros e da concorrência ameaça crescimento de estrelas da bolsa  | Beatriz Quesada

Depois de dois anos de fortes ganhos em meio à pandemia de ­covid-19, a conta parece ter chegado aos gigantes de tecnologia, as big techs. Com o iminente aumento na taxa de juro nos Estados Unidos e a concorrência crescente, investidores estão reavaliando as perspectivas de ganhos com as empresas com grande potencial de crescimento. O principal símbolo do maior rigor de investidores é a Meta, novo nome do Facebook, que, em um só dia de fevereiro, perdeu 1,32 trilhão de reais em valor de mercado.

O tombo aconteceu em razão da divulgação do balanço do quarto trimestre, que revelou a primeira queda de usuários ativos na história da empresa famosa pela rede social. Mark Zuckerberg, CEO e fundador da Meta, admitiu — também de forma inédita — que a popularização do chinês TikTok preocupa. Para completar o cenário desafiador, enquanto os lucros do presente estão ameaçados, o futuro segue incerto: a Meta não ofereceu perspectivas de quando o metaverso, novo carro-chefe da empresa, será lucrativo. 

O caso ilustra o ceticismo do investidor com as ações de tecnologia. A alocação líquida de capital para o setor é a menor desde agosto de 2006, segundo sondagem do Bank of America na primeira quinzena de fevereiro, e o índice de tecnologia Nasdaq acumula perdas de quase 15% no acumulado do ano. Seria a hora de deixar as big techs de lado na carteira? A resposta é não, segundo analistas.

Grandes bancos estrangeiros, como Goldman Sachs e UBS, mantiveram suas recomendações de compra para os papéis da Meta, mesmo com os recentes contratempos, e as perspectivas são ainda mais positivas para outros gigantes do Vale do Silício. “As big techs tendem a ser menos afetadas por esse cenário de alta dos juros. Mas o mercado ficou desesperado e acabou penalizando todas as empresas que têm valuations relacionados a performance futura. É uma janela interessante para a compra dessas ações”, avalia Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, gestora especializada em ações de tecnologia.

 (Arte/Exame)

A situação, a propósito, não é a mesma para todas as empresas. Meta e Microsoft sofrem na bolsa neste ano, mas Amazon e Apple não chegam a registrar 10% de perdas. Para Bernardo Carneiro, analista de BDRs (os recibos de ações listadas no exterior mas negociadas na B3) do BTG Pactual, a diferença entre as quedas demonstra que as big techs não podem mais ser avaliadas dentro da mesma cesta.

“O mercado preferiu companhias que entregaram um bom guidance [projeções] e não sofreram com o risco de competição. Como exemplo, a Meta deu indicações para 2022 abaixo do consenso de mercado e admitiu a força do TikTok, enquanto a Amazon surpreendeu no crescimento de receita e lucro. Cada companhia está dentro de um momento muito diferente”, afirmou. 

O que une os grandes conglomerados de tecnologia e grandes varejistas digitais hoje é a capacidade de expandir horizontes e virar referência em outras áreas. A Amazon lidera soluções de consumo digital, que abrangem de dados a conteúdo. Quando o assunto é software, a Microsoft tem mostrado força com ferramentas corporativas, com destaque para o Azure, seu serviço de computação em nuvem.

A Apple é líder em dispositivos, enquanto a Alphabet (Google) é grande desenvolvedora de inteligência artificial com aplicações diversas. As varejistas digitais com atuação no Brasil estão diante do mesmo escrutínio: apenas planos não garantem bom desempenho presente. Diversificação e consistência na entrega serão mais importantes do que nunca. 

Fonte : https://exame.com/revista-exame/invasao-amarela/

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Dux Logistics anuncia investimento de R$ 130 milhões focado em transporte aéreo e last mile

Durante a Intermodal South America, a Dux Logistics anunciou investimentos de R$ 130 milhões até o fim do ano. Segundo a empresa, parte desses recursos serão destinados a uma nova operação voltada para entregas last mile em território nacional, envolvendo entrega porta a porta para atender em especial empresas que já são clientes no frete marítimo ou aéreo e agora precisam de logística doméstica. Os investimentos vão gerar 200 novos postos de trabalho.

Esse processo faz parte da divisão de transporte rodoviário do grupo, a Dux Trucking, que possui mais de 100 veículos e uma frota própria para atender demandas locais, serviços expressos, atuando em diversos segmentos como Aviation, Food & Beverage e Pharma & Healthcare. A Dux Trucking está presente em mais de 27 capitais brasileiras.

“As entregas last mile otimizam as operações logísticas e são fundamentais especialmente para empresas com e-commerce. Decidimos investir nesse segmento, complementando tudo que já oferecemos com o marítimo e o aéreo, com o objetivo de atender clientes que já são servidos pela DUX em outras etapas da operação logística” disse Raphael Rossi, CEO da Dux Logistics.

Do investimento previsto para este ano, R$ 30 milhões vão para o Last Mile e R$ 100 milhões para a DUX Express, a unidade de transporte aéreo do grupo.

Segundo o executivo, todas as etapas são feitas pela Dux e a média do tempo de entrega é de 12 horas e isso será garantido com a criação de pontos estratégicos em todo o Brasil e pequenos centros de distribuições, reduzindo o tempo de entrega.

Fonte : https://revistamundologistica.com.br/noticias/dux-logistics-anuncia-investimento-de-r$-130-milhoes-focado-em-transporte-aereo-e-last-mile

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“E-commerce obriga que logística se amplie”, diz diretor da JSL

JSL Logística teve 58% de crescimento na receita em 2021 e 565% no lucro.

“Os produtos de alimentação e bebida tiveram aumento de consumo na pandemia, por exemplo, seja pelas pessoas em casa, seja pelo crescimento do e-commerce. Com o e-commerce, você obriga que a logística se amplie. Para você pedir, eu preciso ter o produto perto de você. Para isso, tem de ter mais centros de distribuição, mais transporte e movimentações internas”, diz Ramon Peres.

O CEO da empresa explica também que o crescimento da empresa aconteceu devido à JSL estar presente na “ponta, na movimentação interna e no final”. Em novos contratos, foram mais de R$ 4 bilhões.

As vendas novas foram realizadas principalmente nos setores de papel e celulose (30%), alimentos e bebidas (26%) e siderurgia e mineração (12%).

No setor de papel e celulose, o crescimento foi forte porque a empresa trabalha em toda a cadeia.

“O aumento das margens é explicado pela junção de várias coisas: gestão de redução de custo com abertura de portas para negociação em meio ao aumento de insumos básicos. O que vivemos em 2021 não vivíamos há mais de 20 anos. Com alguns clientes a negociação foi de 3 e 4 vezes. Quem acreditar que vai repassar 100% de seus insumos para o cliente, está acreditando em coelhinho da Páscoa”, diz o CEO Ramon Peres.

Por trás da alta no lucro e na receita está o crescimento isolado de empresas adquiridas pela JSL desde 2020.

“Essas cinco empresas vieram enriquecer um de nossos segmentos. Vieram empresas cada uma em um segmento diferente. Cada um em um pedaço da cadeira logística. Exatamente por isso continuaram com a administração independente. A vontade de ganhar em sinergias não é maior do que a nossa preocupação de perder essas empresas tem de bom”, defende o presidente.

Em 2020, as empresas crescerem 23%. Juntos, a combinação foi de 17%.

Em 2021, foram três aquisições (Transportadora Rodomeu, TPC e Transportes Marvel), que se somam às duas realizadas em 2020. Essas aquisições somaram R$ 2 bilhões de receita bruta à JSL em 2021.

Fonte : https://exame.com/negocios/e-commerce-obriga-que-logistica-se-amplie-diz-diretor-da-jsl/

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Correios vão ter seu ‘marketplace’ em 2022

Os Correios realizaram um lucro recorde em 2021, resultado que será apresentado nesta quinta-feira na reunião do conselho de administração da empresa. O balanço ao qual o Valor teve acesso com exclusividade revela um lucro líquido de R$ 2,3 bilhões, e um lucro recorrente de R$ 3,7 bilhões.

Esse resultado permitirá que a empresa retome o pagamento dos dividendos, uma ação interrompida há dez anos. O valor projetado para esse acerto é de R$ 251 milhões, mas que ainda depende de aprovação da assembleia geral, convocada para abril.

O presidente dos Correios, Floriano Peixoto, também antecipou, com exclusividade ao Valor, o próximo salto de sua gestão: transformar a empresa de operador logístico em um “marketplace”, lançando até o fim do ano o “Correios Shopping”.

“Vamos mudar o nosso perfil. Somos um dos maiores operadores logísticos do Hemisfério Sul, mas isso já não nos basta. Os Correios vão competir junto às demais empresas do setor porque com a nossa capilaridade, expertise, recursos humanos, materiais e financeiros, podemos galgar, com mais e melhores condições, outras opções para a empresa”, afirmou o general da reserva, que assumiu a presidência da empresa em junho de 2019.

“É a atividade que chamam de fulfillment”, acrescentou. “Os Correios vendem a mercadoria, embalam, entregam, fazem tudo. Já temos um projeto piloto em São Paulo, em Cajamar [próximo a Osasco]. A ideia é expandir para o Brasil. Isso é uma tendência mundial. Nos Estados Unidos você encomenda um produto e pode receber no mesmo dia, ou no dia seguinte”, completou.

Para viabilizar a transformação, a empresa vai inaugurar também neste ano mais dois centros internacionais de operação. Ele preferiu não antecipar onde serão instalados. As atuais unidades em funcionamento operam em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. “Isso é trabalho permanente de adaptação da empresa à realidade do mercado e às necessidades do setor”, argumentou.

O balanço traz o melhor resultado da empresa em 22 anos, e o maior num período de dez anos. A contabilidade registra que no período entre 2010 e 2019, o lucro líquido foi de R$ 873 milhões, enquanto nos últimos dois anos da gestão de Peixoto, o lucro líquido somado totalizou R$ 4 bilhões.

Peixoto atribui esse resultado a um conjunto de medidas estruturantes adotadas para evitar que a empresa se tornasse dependente do Tesouro Nacional. Em 2019, havia um risco de liquidez, envolvendo um passivo de R$ 18 bilhões. “Revisamos valores dos contratos, retiramos benefícios, fizemos um acordo coletivo de trabalho em 2020, estabelecemos medidas de saneamento, firmamos parcerias com a Controladoria Geral da União, agimos com estrita obediência ao Tribunal de Contas da União e às normas de compliance”, enumerou.

Peixoto ressalta, ainda, a mudança de imagem da empresa, que atribui à ausência de interferência política. “Os Correios sumiram das páginas policiais”, registrou, em alusão indireta ao esquema de corrupção denunciado em 2005.

Ele rechaça qualquer tentativa de intervenção, e afirma que o presidente Jair Bolsonaro lhe delegou “total independência” para conduzir a empresa. “Tive plena autoridade para administrar, eu e minha diretoria, todos gestores muito competentes”.

Alguns números do balanço são expressivos: o saldo de caixa foi de R$ 3,6 bilhões. Em 2020, foram R$ 569 milhões. O Ebtida (lucro antes de impostos, jutos, depreciação e amortização) foi R$ 3,1 bilhões. No ano anterior, havia sido R$ 1,5 bilhão. Técnicos da empresa chamam a atenção para a margem do Ebtida que alcançou dois dígitos em 2021, com o percentual de 14,6%. A meta é sustentar o índice em dois dígitos pelos próximos cinco anos.

Também houve uma redução de R$ 9,5 bilhões das despesas com pessoal (PDI/PDV, e o acordo coletivo de trabalho celebrado em 2020 rendeu economia de R$ 800 milhões.

O plano de saúde foi saneado (dívida de R$ 600 milhões em 2019 foi zerada). O Postalis, fundo de previdência, também foi saneado (devia R$ 3,6 bilhões em 2019 e hoje o saldo é de R$ 7,2 bilhões).

A pandemia foi um dos fatores que viabilizaram a expansão da receita de vendas em 23% em relação a 2020. No auge da crise sanitária, os Correios redobraram ações para assegurar qualidade, regularidade e tempestividade às operações. Por exemplo, a digitalização de pequenos vendedores em todo o território nacional. Foram feitos investimentos em tecnologia e automação, o que possibilitou o aumento da capacidade de processamento de carga e permitiu a redução dos prazos de entrega.

O custo do objeto transportado caiu de R$ 4,87 em 2020 para R$ 4,24 em 2021. O prazo médio de entrega do Sedex – que estava em descrédito no começo da pandemia – caiu de 5 dias para somente um dia.

A empresa também expandiu as vendas internacionais, cujo resultado foi de R$ 2,7 bilhões no ano passado. Em 2020, o valor alcançado pelo setor foi de R$ 1,2 bilhões.

As principais plataformas de “marketplace”, inclusive as estrangeiras, são clientes dos Correios, mesmo as que possuem frota própria. Com a expansão das vendas, o setor varejista nacional intensificou a pressão sobre as plataformas estrangeiras, que não sofrem com a alta carga tributária brasileira.

Nesse ponto, a posição dos Correios é de que no caso das encomendas internacionais de importação, a documentação é a “declaração para aduana”, onde constam os dados de remetente, destinatário e conteúdo, conforme exige a legislação em vigor.

Os Correios exigem que seus remetentes apresentem as respectivas notas fiscais e/ou Declarações de Conteúdo afixadas às encomendas. O argumento é de que no momento do desembaraço aduaneiro, os Correios já enviaram todos os dados das encomendas para a Receita Federal e cumpriram as exigências previstas.

Mesmo com a saúde financeira positiva e as metas ousadas para os próximos meses, o processo de privatização da empresa segue em estudo.

Peixoto diz que a privatização é “uma questão muito sensível”, e que os Correios entraram como objeto de estudo.

“A missão que recebemos foi de fortalecer a empresa financeiramente e nós trabalhamos nisso alcançamos esse objetivo, sem preocupação com a privatização, porque isso cabe ao Ministério da Economia e ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]”.

Peixoto não citou o nome do colega de caserna que administra outra estatal no governo Bolsonaro, mas mandou um recado velado no contexto da escalada inflacionária que pressiona os brasileiros. O presidente dos Correios observa que, mesmo com todas as dificuldades, com o aumento dos combustíveis, com os insumos de transportes, a empresa não aumentou as tarifas das encomendas por dois anos, “em respeito ao momento em que o país esta vivendo”.

Peixoto afirma que a empresa poderia ter apresentado um resultado ainda maior, mas que sua percepção é de que era preciso entrar no “contexto da realidade nacional, e maneirar os resultados, para compensar esse esforço com benefícios para a população”. Ele diz que a empresa pública “não pode se afastar da realidade social”.

Fonte : https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/03/17/correios-vao-ter-seu-marketplace-em-2022.ghtml

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Magazine Luiza (MGLU3): “Expandir o marketplace será o foco para superar dificuldades em 2022”

O consenso Refinitiv esperava que o Magazine Luiza (MGLU3) entregasse um prejuízo líquido de R$ 16,5 milhões no 4T21. Nesta segunda (14), a varejista divulgou que seu lucro líquido contábil foi de R$ 93 milhões, uma queda de 57,6% na comparação com o 4T20. Com ajustes de valores não recorrentes, o valor caiu para um prejuízo líquido de R$ 79 milhões.

Em entrevista ao Suno Notícias, o vice-presidente de negócios do Magazine Luiza, Eduardo Galanternick, afirmou que o ano de 2021 foi importante para a empresa avançar nas suas estratégias de longo prazo, ainda que o cenário macroeconômico do País tenha sido mais duro e imposto dificuldades.

“Desde 2019, o principal motor do Magalu é o marketplace. Nesses dois anos, as vendas na plataforma quadruplicaram e chegaram a R$ 13 bilhões em 2021. Comparado com 2020, o crescimento foi de 69%. É uma grande conquista e coloca 2021 como um ano importante para a estratégia”, diz Galanternick.

Sobre o prolongamento do cenário de inflação e juros em alta no Brasil, o VP de negócios afirma que o que cabe à empresa é reagir com medidas de curto prazo, como uma análise mais minuciosa sobre o repasse dos preços, o parcelamento de compras sem juros, os subsídios com descontos, entre outros ajustes que buscam mitigar os efeitos e compensar parte das perdas com boas vendas.

Mas o foco da empresa agora, segundo Galanternick, está no avanço da estratégia de longo prazo. “Temos uma visão construtiva para este ano. No segundo semestre vai acontecer a Copa do Mundo, que é um evento importante para as vendas do Magalu. Temos que focar no que está em nossas mãos”, diz.

Embora não tenha aberto os valores, a empresa informou que em fevereiro de 2022, pela primeira vez, as vendas do marketplace do Magalu superaram o faturamento das lojas físicas.

Em 2021, a participação do e-commerce total chegou a 71,5% das vendas totais da varejista. Para 2022, é nessa expansão da plataforma marketplace que o Magazine Luiza vai focar para superar as dificuldades do cenário macroeconômico do país.

Segundo o VP de negócios, o crescimento dos sellers para a aceleração do 3P em conjunto com a estratégia de logística para diminuir os custos e o tempo das entregas é o movimento da empresa para se diferenciar de seus concorrentes.

“Os mesmos diferenciais competitivos do modelo de negócio multicanal que fizeram o Magalu atingir de maneira sustentável a liderança no 1P brasileiro estão sendo utilizados para alavancar nossa operação de 3P. Atualmente, temos mais de 160 mil sellers, a maior parte deles pequenos varejistas locais, que estão integrados à nossa plataforma. Eles vendem absolutamente tudo, de maneira formal e legal″, diz o Magalu em seu balanço financeiro.

Veja os números do balanço do Magazine Luiza

Magazine Luiza está de olho nos pequenos empreendedores

Galanternick destaca que o Magazine Luiza acredita na força dos comércios locais. Mais do que focar em sellers que já estão no ambiente digital, a varejista quer captar aqueles que ainda não fizeram a digitalização dos seus negócios.

“Cidades menores ou mesmo capitais mais distantes ainda impõem desafios de prazos mais longos e cobranças de fretes. Com a captação desses sellers, a empresa consegue aumentar o marketplace e integrar essas vendas aos pontos de logística das lojas físicas”, explica o VP.

Em 2021, os Parceiros Magalu somaram 96 mil varejistas digitalizados, sendo mais de 50 mil deles captados pelas equipes de lojas físicas. Para a empresa, isso significa maior distribuição geográfica e expansão de sortimentos locais.

A varejista já tem mais de 1.481 lojas físicas em diferentes localidades do País e planeja avançar no lançamento de mais unidades ao longo de 2022.  “Nossas lojas são mais do que espaços para entrar e comprar produtos. Hoje elas funcionam como ponto logístico de última milha, ponto de retirada para clientes e também de captação para novos vendedores.”

O “Parceiro Magalu” foi um projeto criado pela empresa no início da pandemia, com o objetivo de ajudar pequenos lojistas analógicos a viabilizar seus negócios no período de lockdown. Desde então, a estratégia cresceu e foi incorporada aos planos de longo prazo da varejista.

A adesão ao marketplace do Magalu por esses pequenos empreendedores disponibiliza para eles sistemas de faturamento, back office, crédito, logística, treinamento, promoção e marketing para o negócio.

Novas fontes de receita do Magalu

Magazine Luiza e KaBuM!. Foto: Divulgação
Magazine Luiza e KaBuM!. Foto: Divulgação

Além das categorias tradicionais do Magazine Luiza, em 2022, a varejista deve focar na expansão de novos negócios. No ano passado, as vendas de produtos de novas categorias representaram 45% das vendas do e-commerce (em termos anualizados), impulsionadas também pelo marketplace.

Entram nessa categoria negócios como Netshoes, Época Cosméticos, KaBuM!, Vip Commerce, entre outros. “Todos os novos negócios vêm gerando resultados positivos, acima das expectativas iniciais, e se mostrando extremamente resilientes às oscilações da economia”, diz a empresa.

A categoria de esportes e moda, com a Netshoes, atingiu uma receita recorde de R$ 5 bilhões em 2021. Já a KaBuM! somou um GMV de R$ 4 bilhões. A categoria beleza, com a Época Cosméticos, arrecadou R$ 1 bilhão em vendas totais, assim como a Vip Commerce.

“Quando a gente olha para esses números, é claro o potencial desse setor não tradicional. Todos eles foram importantes durante o período da pandemia e ganharam tração no ano passado. Agora, vamos olhar para frente, para o longo prazo”, diz o VP de negócios do Magazine Luiza.

Fonte : https://www.suno.com.br/noticias/magazine-luiza-marketplace-vendas-expansao/

Lalamove: ‘Todo dólar investido no Brasil é olhado com cuidado’

Todo cuidado é pouco quando se trata de fazer negócios no Brasil. É com essa desconfiança que a Lalamove, startup chinesa de entregas que chegou ao País em 2019, tenta percorrer um mercado disputado por nomes como Uber, Rappi, Loggi, Frete.com (ex-CargoX) e Mandaê. Após desacelerar durante a pandemia, a companhia pretende fincar raízes nas 15 cidades onde passou a operar no ano passado.

“Ter cautela é algo nosso. Primeiro observamos o que acontece, e aí decidimos nossos próximos passos”, conta ao Estadão Helena Lizo, gerente regional da Lalamove no Brasil. Por isso, a executiva não faz promessas para 2022, ano em que a recessão econômica e as eleições presidenciais assustam os mercados e investidores. “Todo dólar investido no Brasil é olhado com cuidado”.

Apesar do cuidado ao pisar por aqui, o Brasil é um dos principais mercados da Lalamove, que já soma 170 mil usuários no País. Helena diz que foi fácil a adaptação do negócio da Lalamove em território brasileiro. Similar ao iFood e ao Uber, o modelo da chinesa permite que motoristas façam entregas de diversos tipos de pacotes (de motoboys a carretos de mudança) à casa dos consumidores — a tal da “última milha” da jornada da logística.

“Temos o foco de ir atrás de cidades mais acostumadas com Uber, iFood, Rappi. Elas já têm um movimento de educação do consumidor e do prestador de serviço”, explica Helena. Ao final, a startup fica com 16% da remuneração das entregas feitas por esses prestadores de serviço.

Abaixo, leia os principais trechos da entrevista.

Como tem sido a operação da Lalamove no Brasil, desde a chegada em 2019?

Vir para cá foi uma grata surpresa. A empresa entendeu a necessidade brasileira pela “última milha”. E crescemos em ritmo muito bacana: do primeiro ano para o segundo, quando operamos só alguns meses, crescemos 47 vezes. Em 2021, pouco mais que triplicamos de tamanho, o que é algo expressivo. Entendo que hoje o modelo de negócio da Lalamove se adaptou bem ao modelo da demanda brasileira.

Por que a adaptação por aqui foi boa?

Por causa da educação do usuário. Já ter pessoas que prestam serviços como motoristas e já se cadastram em vários apps facilita muito a nossa vida. Quando temos uma base grande de pessoas prestando serviço acostumadas com esse modelo, o negócio costuma se adaptar e se desenvolver mais facilmente.

O quão representativo é o Brasil para a Lalamove?

Somos um mercado bem importante para a empresa. Temos atuação global, mas concentrada na Ásia. Na América Latina, estamos no México e no Brasil. Já operamos em mais de 20 mercados e o Brasil opera entre os dez maiores.

Como está a expansão pelo País?

Começamos em 2019 por Rio de Janeiro e São Paulo e hoje estamos em 17 cidades. Na pandemia, não sabíamos como as coisas iriam se desenrolar, porque tínhamos de crescer o time e a empresa de forma remota. No ano passado, resolvemos abrir outras cidades. Começamos com Belo Horizonte e a expansão foi bem-sucedida. Depois fomos para outras capitais, com exceção de Ribeirão Preto (SP). Temos o foco de ir atrás de cidades mais acostumadas com Uber, iFood, Rappi. Elas já têm um movimento de educação do consumidor e do prestador de serviço. E temos como plano abrir em novas cidades assim que a expansão esteja bem consolidada.

Vocês buscam que tipo de consumidor? Pessoas físicas ou empresas?

Classificamos nosso cliente em três tipos. Há as grandes corporações, que são os maiores usuários que temos na plataforma. Mas temos também microempresários e pessoas individuais que classificamos como usuários individuais, como pessoas que vendem bolos e fazem entregas pela Lalamove. Apesar de não ser a mais representativa, essa categoria deu um salto e dobrou a representatividade no último ano.

Como a Lalamove faz para conter as reclamações que aparecem nas plataformas e redes sociais?

Até o ano passado, tratamos os canais externos de reclamações de maneira muito superficial. Queremos que usem nosso canal interno, porque a pessoa vai ter um processo claro de como vai ser atendida. Em um canal como o ReclameAqui, ou por mídias sociais, o caso nunca vai ser tratado por lá. Todas as empresas fazem isso. Queremos direcionar a pessoa para um fluxo de atendimento padrão, em que ela terá uma experiência melhor. Fizemos ajustes constantes para entender quais são os horários mais frequentes de reclamações. E nosso chat tem tido constante atualização de pessoas atendendo nos horários de pico para não deixar nosso cliente ou motorista sem resposta.

A ômicron mudou o clima de 2022. Ainda existe recessão econômica e as eleições presidenciais no segundo semestre. Para a Lalamove, o que esperar deste ano?

Somos muito cautelosos em falar o que esperamos. Primeiro observamos o que acontece, e aí decidimos nossos próximos passos. Não consigo dizer a quais cidades vamos chegar, porque não sabemos se nosso plano de expansão vai se provar bom rapidamente ou se vai levar mais tempo. Ter cautela é algo nosso, porque todo real e todo dólar investido no Brasil é olhado com cuidado. Temos uma perspectiva de solidificar nosso negócio, em especial nas 15 novas cidades. A recessão, que já começou em 2020, foi muito forte para alguns setores. Não sabemos quais serão impactados agora, mas o e-commerce não entrou em recessão. Se mantivermos perfil parecido com o de 2020, é muito provável que 2022 não tenha impacto tão grande para a última milha.

Como a Lalamove faz para se diferenciar da concorrência?

Oferecemos muitos modais diferentes, de duas a quatro rodas. E tem a questão da taxa de 16%. Ainda, o motorista tem muitas opções de entregas ao longo do dia, sejam curtas ou longas, escolhendo quando e como trabalhar. É o contrário do motorista do Uber, que fica amarrado à demanda de pessoas físicas em horários de pico.

Uber, 99 e empresas de entregas sofrem com a alta da gasolina. Como a Lalamove lida com esse problema?

No final de 2021, implementamos a tarifa dinâmica. É um ajuste de preço para organizar melhor a demanda e fazer um repasse maior para que o motorista se sinta mais atraído.

Isso foi suficiente para manter a demanda?

Não vimos queda no atendimento. Naturalmente, a demanda é diferente em janeiro e fevereiro (por causa das festas de fim de ano). Agora, retomamos o cenário normal. Em pedidos colocados e atendidos, essas duas métricas se mantiveram boas. Isso mostra que colocar esse plano de ação foi suficiente para manter a Lalamove atrativa.

Fonte : https://www.terra.com.br/noticias/tecnologia/inovacao/lalamove-todo-dolar-investido-no-brasil-e-olhado-com-cuidado,883ab832a56e247c17df7dfb24112b2del8o6d66.html

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Shopee lança live commerce no Brasil no Dia do Consumidor

Plataforma terá transmissões ao vivo às terças e quintas, com vendas de produtos e entretenimento.

A plataforma de comércio eletrônico Shopee lança nesta terça-feira (15), Dia do Consumidor, o live commerce Shopee Live, por meio da conta oficial da marca. A plataforma terá, inicialmente, transmissões ao vivo às terças e quintas (20h), com vendas de produtos e entretenimento, além de influenciadores convidados como apresentadores.

Os consumidores terão acesso a cupons exclusivos, moedas Shopee e outros recursos. Os conteúdos serão criados por um time próprio da Shopee direto do escritório da marca em São Paulo.

“O live streaming transformou o modo como as marcas se envolvem com os consumidores. Nosso objetivo é continuar inovando e oferecer aos vendedores novas opções para se conectar com seus compradores e desbloquear novas oportunidades de crescimento, especialmente em celulares, de onde vêm mais de 95% de nossos pedidos. Também estamos trazendo uma experiência ainda mais divertida, interativa e social para o nosso aplicativo. Esta é uma forma de democratizar o acesso ao live commerce e oferecer reviews mais detalhados sobre os produtos vendidos em nossa plataforma para que os consumidores se sintam ainda mais seguros para comprá-los”, diz o responsável por Marketing e Estratégia na Shopee, Felipe Piringer.

A Shopee Live foi lançada oficialmente em 2019 no Sudeste Asiático e em Taiwan com o propósito de criar uma experiência interativa, envolvente e social que vá além das compras.

Dia do Consumidor

Para acompanhar as transmissões da Shopee Live, o consumidor deve clicar no ícone do recurso localizado na página inicial do aplicativo e seguir o perfil da oficial da Shopee para conseguir participar das promoções especiais.

É possível também ativar um lembrete para não esquecer de entrar no horário. Durante as sessões ao vivo, os usuários terão a oportunidade de coletar Moedas Shopee. Com elas, poderá economizar ainda mais nas compras em todo o app aplicando descontos no carrinho.

Cupons exclusivos de desconto e de frete grátis também serão disponibilizados durante a transmissão. Outra novidade é que o consumidor pode participar de enquetes e ainda utilizar o recurso “O Clique Mais Rápido da Rodada”, em que benefícios especiais serão oferecidos para o usuário que for mais veloz.

A apresentação desta terça na Shopee Live será às 20h e contará com o influenciador Lusca Vivot. Os consumidores terão cupons de frete grátis sem mínimo de compra e R$ 5 milhões em vouchers de desconto a partir da 0h.

Fonte : https://mercadoeconsumo.com.br/2022/03/14/shopee-lanca-live-commerce-no-brasil-no-dia-do-consumidor/

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Shopee, marketplace de Cingapura, enfrenta problemas de logística no Brasil

Lojistas criticam atrasos após grupo elevar venda para ganhar mercado – equipe foi criada para gerenciar a crise

A plataforma de venda on-line Shopee, controlada pela Sea Limited, de Cingapura, está enfrentando uma série de problemas em sua logística no Brasil, apurou o Valor. Crescimento acima da capacidade de gerenciamento, excesso de ações comerciais em curto espaço de tempo – para tentar acelerar tráfego de clientes e vendas – e estrutura de transporte e atendimento insuficientes obrigaram a companhia a montar um plano de ação, dizem fontes.

São gargalos na operação num momento em que aumenta a pressão dos rivais sobre os “marketplaces” estrangeiros, inclusive a Shopee, que importam itens da Ásia – numa estratégia liderada pelas principais plataformas on-line brasileiras, como antecipou o Valor semanas atrás.

Nas últimas semanas, o Valor conversou com lojistas, transportadoras, consultores e funcionários da Shopee, sob condição de anonimato, para traçar um histórico dos problemas e das ações tomadas para reduzir o gargalo nos serviços. Uma equipe de gestão de demanda criada pela Shopee trabalha no assunto e há reuniões semanais entre esses funcionários e as transportadoras para ajustar as medidas tomadas.

As dificuldades começaram a aparecer, principalmente, após novembro, quando a empresa decidiu lançar ações comerciais de grande porte em curto espaço de tempo. Foram quatro datas, com frete grátis em certos itens, e promessa de entrega rápida, no intervalo de cerca de 45 dias (campanhas de 11/11 e 12/12, além de “Black Friday” e Natal) que levaram a um acúmulo de pedidos, dizem fontes. “Eles deram um passo maior que a perna, e a situação foi piorando após outubro. Entre novembro e dezembro, foram quatro, cinco vezes mais pedidos [que o ano anterior], e eles não estavam preparados”, diz um prestador de serviço logístico para a Shopee.

A cada data nova criada, em volume de pedidos, era uma espécie de “mini-Black Friday”. “Nós fomos administrando dentro da logística acertada com eles e, de repente foi um ‘boom’. Para a ‘Black’ normal, de todos os anos, a gente se prepara por meses, e isso não é á toa. Porque dá problema se não se programar”, afirmou.

Outro parceiro da Shopee diz que, como a empresa tem alta concentração de encomendas de itens leves (miudezas de baixo preço), eles precisam de grandes quantidades para gerar venda. “A questão é que isso enche galpão, sobrecarrega a equipe e empata a vazão”, afirma ele. Segundo três fontes, pelo menos duas transportadoras – CargoBR e J&T Express – fecharam acordos recentes com a Shopee para acelerar entregas e tentar melhorar o nível de serviços.

A J&T virou parceira neste ano e a CargoBR entrou na segunda metade do ano passado. Além delas, entre as grandes que já operam para a Shopee estão Total Express, Sequoia, Loggi, Rede Sul e Correios (por onde passa a maior parte dos envios). Vendedores têm ido ao site Reclame Aqui, plataforma voltada a consumidores, para pedir solução de atrasos em coletas de pedidos. Eles dizem que boa parte dos problemas com a Shopee se concentra no atendimento da Sequoia. “Eles são o segundo maior contrato da Shopee, só perdem em envios para os Correios, e quando os pedidos dispararam, proporcionalmente quem sentiu o baque mais foi a Sequoia”, diz uma fonte a par dos contratos.

A estratégia que tem sido adotada é congelar a conta da plataforma quando os pedidos de retirada junto à Sequoia se acumulam. “Alguém sabe como faço para tirar a Sequoia da minha conta Shopee?”, diz um deles, num grupo de mensagens formado por vendedores que o Valor teve acesso. “Pus a conta em modo férias [paralisa a chegada de pedidos por certo período] pois não aguentava mais as reclamações no chat. Aparece pedido entregue [ao cliente], mas que não foi enviado pela Sequoia”, diz um lojista, na semana passada, num grupo reunido no Telegram, com 2,2 mil lojistas. Neste domingo, eram 2,9 mil menções no grupo em críticas à Shopee. Mercado Livre tinha menos da metade, sendo bem maior que a rival – bancos calculam que a Shopee venda no Brasil (em valor que passa pela plataforma) entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões ao ano, e Mercado Livre fez R$ 68 bilhões em 2021.

De acordo com Anderson Candido, dono de uma loja de produtos naturais na Shopee, há falhas de processos. “O cliente vê a demora para entregarem, cancela o pedido e pede estorno. Só que a encomenda chega dois, três dias depois. E aí, o cliente fica com o produto e o dinheiro. E nós ficamos com o prejuízo”, diz.

Reclamações de lojistas não são incomuns – muito menos relativos à entregas on-line no Brasil. Mas as reações conjuntas das empresas a isso só ocorrem quando o cenário é mais crítico. O Valor apurou que a Sequoia vem tratando há meses dos problemas junto à Shopee – há reuniões semanais sobre o assunto. Foi criada área específica de atendimento na Sequoia, com cerca de 70 pessoas, para lojistas da Shopee por causa dos problemas. Vinte e cinco equipamentos de separação de pedidos, que seriam distribuídos para toda a base de clientes da Sequoia, hoje estão voltados só para dar vazão às encomendas da Shopee.

A ação da Shopee nesta semana, quando o varejo realiza campanha promocional batizada de Semana do Consumidor, foi desenhada com prazo de entrega (em dias) até duas vezes maior daquele do fim de 2021, apurou o Valor. Isso tende a reduzir as pressões na sua estrutura. “Houve melhora no nível de serviço nas últimas semanas, depois que montaram uma equipe focada, mas não normalizou ainda. Eles foram agressivos e subestimaram a demanda. O trabalho que dá para entregar um fone de ouvido é o mesmo de entregar um celular, que vale muito mais. Só que eles entregam muito mais fones que celulares”, disse um parceiro logístico.

Vista como uma ameaça às plataformas brasileiras, a Shopee incomoda as grandes cadeias locais pelo seu crescimento e também pelo volume de importados oriundos da Ásia. Em 2021, o Procon-SP questionou a Shopee sobre a autenticidade de seus produtos. A empresa disse na época que está comprometida com a lei.

Fontes próximas à empresa negam gargalos e citam “transformações para se adequar à expansão”. Dizem que as reuniões entre transportadoras e a empresa são normais e que 85% das vendas no Brasil são de lojistas locais. E vai manter os Correios como parceiro, apesar de estar migrando, desde janeiro, parte dos lojistas atendidos pela estatal para a sua operação de entrega própria, a Shopee Express.

Migrações desse tipo levam um tempo para ficar redondas, mas fonte próxima à empresa diz que a evolução é boa. Em nota ao Valor, a Shopee afirma que à medida que cresce, está oferecendo “mais opções de parceiros logísticos aos vendedores brasileiros para otimizar a coleta e a entrega de produtos aos consumidores”. Afirma que em breve terá “novas opções logísticas” e que todos os parceiros logísticos devem seguir os altos padrões de serviço” da empresa. Diz ajudar no empreendedorismo e “oferecer uma experiência segura, fácil e divertida de compras”.

O CEO da Sea, Forrest Li, disse a analistas em março que a Shopee Brasil registrou mais de 140 milhões de pedidos no quarto trimestre, avanço de 400% frente a 2020, e cerca de US$ 70 milhões de receita, alta de 326%. Também destacou que, apesar dessa melhora, atingiu um prejuízo antes de juros, impostos, amortização e depreciação de cerca de R$ 10 (US$ 2) por pedido no Brasil, uma melhora de 40% em um ano. No mundo, a perda por pedido foi de US$ 0,45.

Entre novembro e dezembro, a empresa começou a operar, inicialmente na fase de testes, a sua primeira área de “cross-docking” no Brasil. O local fica em Barueri (SP) e faz a armazenagem para despacho em poucas horas, diferente de um centro de distribuição. A ideia com o espaço é acelerar as entregas, mas ele ainda opera em fase de testes. Com novos pontos de armazenagem de apoio, a Shopee quer criar por aqui uma espécie de Mercado Envios, o modelo próprio de entregas do Mercado Livre. Não à toa, quem lidera a logística na Shopee é Rodrigo Calderaro, que saiu do Mercado Livre em junho para ir para a Shopee, para montar uma estrutura local.

Procurada, a Sequoia não se pronunciou.

Fonte : https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/03/14/shopee-enfrenta-gargalos-na-logistica.ghtml

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