Serviços são a nova experiência no varejo

Parece repetitivo, mas “experiência” foi um dos termos mais citados este ano na NRF, o maior evento de varejo do mundo. Isso porque, na verdade, no período pós-pandemia, gerar experiências de compra que unem valor à marca é uma questão de sobrevivência para as empresas inseridas em um mercado cada vez mais competitivo e com clientes ainda mais empoderados. Dessa forma, a experiência está em toda parte: não há aspecto da jornada do cliente que não demande redução de fricção, otimização de tempo, conveniência, simplicidade e relacionamento.

Sendo assim, dentre as diversas tendências apresentadas por especialistas na NRF 2022, uma delas aponta para a estratégia de diversificação dos serviços oferecidos pelos varejistas como nova forma de atrair, reter, converter e engajar, gerando consequentemente micromomentos e experiências memoráveis ao consumidor durante sua jornada. Ou seja, o varejo passa a ser gradualmente um fornecedor de serviços de abastecimento e informações, e os seus produtos são apenas coadjuvantes no processo de compra e venda.

Há um bom tempo, alguns serviços básicos já são oferecidos nas lojas físicas/online: a garantia estendida, a embalagem de produtos para presente e a entrega programada são alguns dos exemplos. Mas, quando falamos de uma nova tendência para os próximos anos, as comodidades para o comprador vão muito além disso. Cada vez mais, ele exige um posicionamento das empresas com soluções personalizadas às suas demandas e necessidades. Por isso é importante modernizar os serviços oferecidos, desde o atendimento ao modo de pagar. A missão agora consiste em conhecer a jornada do seu cliente de perto e incluir serviços atrelados à solução completa de compra e às tecnologias disponíveis, com objetivo de acompanhar as mudanças de comportamento dos consumidores.

Veja a seguir alguns cases de empresas citados na NRF 2022, as quais utilizam serviços para agregar valor aos seus consumidores e tornar a experiência de compra memorável:

Ulta Beauty
Localizada nos Estados Unidos, a Ulta Beauty é uma das referências em oferecer serviços diferenciados para os clientes. Além de comprar as maquiagens de que precisam, os clientes podem agendar um horário para utilizar na loja o salão de beleza, o “The Salon”, e ainda contar com a ajuda de uma consultoria para aprender mais sobre estética e saúde da pele. Há também um espaço dedicado para eventos, workshops e aulas educacionais. Os pedidos online podem ser retirados na loja em um local exclusivo. O “GLAMlab” é um aplicativo que permite às clientes experimentar virtualmente uma maquiagem e também identifica principais problemas de pele.

Nordstrom
A Nordstrom é uma sofisticada rede de lojas de departamento dos Estados Unidos especializada em moda, cosméticos e perfumes de alta qualidade e de marcas renomadas. Um dos seus diferenciais é oferecer o mais alto nível possível de serviço ao cliente associado a mercadorias de primeira linha, por meio de uma vasta gama de itens para atender à maioria das necessidades e faixas de preço.

Alguns serviços disponibilizados aos clientes: alfaiate e consertos de roupas na hora; personal stylist; personalização de roupas e objetos; entregas no mesmo dia por US$ 20; pick up store 24×7; devoluções e trocas de mercadorias descomplicada e sem perguntas; conserto e lavanderia de calçados (lavagem de tênis, serviços de proteção e impermeabilização, engraxataria, troca de saltos e solas, hidratação, alargamento, etc.); customização de jeans e acessórios; consultas com estilistas; coleta de roupas destinadas para doação e muito mais. Além disso, a Nordstrom é um templo da gastronomia: o local tem pelo menos cinco restaurantes e cafeteria, incluindo um bar no meio do piso de sapatos, o Shoe Bar.

A empresa ainda presenteia clientes fiéis (gastos anuais de US$ 20 mil) com “mimos”, como sessões particulares de compras em provadores previamente abastecidos com peças no tamanho certo, champanhe e piano ao vivo; ingressos para desfiles de moda e acesso a pacotes exclusivos de viagem e moda, incluindo eventos VIP.

Allure
A Allure é uma revista feminina americana que ganhou uma loja física própria no bairro do Soho, em Nova York. O espaço conta com uma coleção com curadoria de mais de 270 produtos vencedores do prêmio “Best of Beauty” e comercializados de acordo com as manchetes editoriais.

Os produtos vendidos na loja são trocados a cada nova edição da revista. Os editores da Allure promovem regularmente eventos na loja física, tutoriais e master classes e os clientes também podem acessar a agenda completa das ações em QR codes espalhados pela loja. O local conta com vários recursos de tecnologia para aprimorar a experiência de compra dos clientes, tais como: Realidade Aumentada, que permite ao cliente experimentar os produtos virtualmente; QR codes, que direcionam os clientes para conteúdo multimídia, no qual podem encontrar mais informações sobre um produto; espelhos inteligentes, que permitem que os usuários experimentem amostras de produtos para criar looks ou então tirarem uma foto, escolherem filtros e até simularem a capa da revista.

Starbucks Reserve Roastery
A maior rede de cafeterias do mundo não para de expandir seus negócios. “Roastery” é um lugar onde os grãos de café são torrados e processados para consumo. Esse é o propósito da Starbucks Reserve Roastery, uma loja-conceito da Starbucks que fica no bairro Chelsea, em Nova York. O sofisticado local já virou um ponto turístico e de encontro, bem como é uma verdadeira imersão no mundo do café que a marca da estrela leva para seus clientes.

O lugar é pura experiência, desde as linhas de produtos presenteáveis de marca própria (é possível comprar inclusive os uniformes dos colaboradores); os cenários “instagramáveis”; o painel que informa em tempo real a fornada de pães e cafés que acabaram de sair; uma grande torre, que funciona como uma espécie de silo para grãos, banhada a cobre; e, é claro, os bares de cafés. Existem também várias ilhas de degustação onde o cliente poderá pedir seu café, disponível tanto nas opções de espressos quanto de filtrados.

Ao todo são cinco ambientes: o Main Bar, onde o menu tem os pedidos tradicionais de café e capuccino, mas também oferece drinks novos; o Experience Bar, com cafés preparados por baristas de forma mais artesanal e lenta, para curtir todo processo; o Arriviamo Bar, um bar de drinks e cocktails, a grande maioria à base de café; o Princi Bakery, a padaria da Starbucks Reserve, com croissants e pães variados; e o Scooping Bar, onde é possível comprar grãos inteiros e moídos de países tradicionais no cultivo do café, incluindo o Brasil.

Conheça soluções de pagamento para oferecer a melhor experiência do cliente

Dezembro é um dos meses mais valiosos para o Varejo

As vendas de Natal e Ano Novo, para presentes e ceias, movimentam o comércio e injetam bilhões na economia. Estar preparado para o período, seja com estratégias de vendas definidas, produtos em estoque e promoções é essencial para obter sucesso.

Além disso, a diversidade de produtos, serviços e soluções de pagamento oferecidas garantem que o consumidor tenha a liberdade de escolher como prefere realizar uma compra, levando consigo uma experiência que pode garantir a fidelidade em próximas aquisições e gerar uma maior margem de vendas ao lojista.

Mayra Borges, vice-presidente de Negócios da Getnet Brasil, elenca algumas soluções digitais para quem quer oferecer a melhor experiência ao seu cliente.

Link de pagamento
Traz conveniência, segurança e agilidade para aqueles que têm ou não uma loja virtual. Com o link de pagamento é possível realizar vendas de qualquer local, utilizando os canais de preferência do consumidor, como WhatsApp, Facebook e Instagram, por exemplo. De forma segura, o link de pagamento permite que o cliente preencha os dados do cartão de crédito ou débito e finalize a compra, sem precisar acessar o seu e-commerce ou ir até uma loja física. Além disso, é uma solução plug&play, ou seja, o lojista, após contratar uma solução de link de pagamento, na maioria das vezes consegue gerar e enviar links a partir de um aplicativo, sem precisar fazer integrações complexas com seu sistema de caixa. Algumas soluções de link de pagamento são bem completas, e disponibilizam outras formas de pagamento como Pix ou boleto.

Loja virtual
Essa opção é ótima para garantir uma vitrine de todos os produtos para seus consumidores e futuros clientes, gerando um alcance que independe da barreira geográfica. Ter uma loja virtual ajuda a ampliar as vendas. Contudo, é fundamental que a loja online conte com ferramentas de antifraude, para garantir uma compra segura para você e seus clientes. Existem várias plataformas no mercado que permitem a construção e publicação de sua loja virtual no modelo “faça você mesmo”, com preços acessíveis aos pequenos comércios. Mas o segredo para sua loja digital dar certo é buscar soluções que estejam conectadas com ferramentas que tragam fluxo para o seu site, como buscadores ou conexões com grandes marketplaces. Por isso, a dica é avaliar esse ponto na hora de escolher qual ferramenta contratar.

Pagamento por aproximação
Tenha opções de maquininhas que ofereçam tanto Pix por QR Code como pagamento por aproximação. Ambos os formatos ganharam força durante a pandemia, já que apenas com aproximação de uma carteira digital – que pode estar em celulares e smart watches, o consumidor pode realizar uma compra, evitando levar cartões de débito e crédito ao estabelecimento. Entre as tecnologias oferecidas pelas carteiras digitais, estão a leitura por QR Code e a leitura pela Near Field Communication – NFC.

Pix
Criado pelo Banco Central do Brasil, este é um dos meios de pagamentos favoritos do consumidor hoje em dia e foi muito utilizado durante a black friday este ano. De acordo com a Febraban – Federação Brasileira de Bancos, de 16 de novembro de 2020, data em que o Pix começou a funcionar no País, até o último dia 30 de setembro, foram mais de 26 bilhões de operações feitas, movimentando cerca de R$ 12,9 trilhões. Disponibilizar o pagamento via Pix, seja na máquina de pagamento ou no comércio eletrônico, mostra ao consumidor que ele tem a liberdade de escolher a melhor forma para realizar suas compras. É colocar o cliente como tomador de decisão. No caso do uso da máquina de pagamentos, o QR code pode ser um aliado nesse modelo, sendo igualmente rápido, atualizado, seguro e gratuito para o seu cliente. Além disso, disponibilizar o Pix na máquina de pagamentos facilita a integração com o extrato e a conciliação, melhorando a gestão do caixa.

Ferramentas de Automação Comercial
Contar com soluções de automação comercial ajudam a agilizar as vendas e facilitar a gestão do negócio. Entre essas ferramentas estão comandas eletrônicas, cardápios digitais e aplicativos de vendas que permitem que o próprio consumidor lance seus pedidos e solicite entregas pelo celular, sem a necessidade de fazer o download do aplicativo.

Outra facilidade para o lojista é a utilização de uma frente de caixa móvel, integrada aos meios de pagamentos e emissão do documento fiscal – NFC. Com esta solução, o comerciante não precisa de um computador ou de um caixa físico.

Lojas abraçam a tática de estoque infinito para oferecer melhor experiência de compra

Para não deixar nenhum consumidor insatisfeito, lojas físicas usam a solução de prateleira infinita para integrar estoque de lojas físicas e virtuais. O cliente recebe o produto em casa.

Depois de dois anos de aceleração na transformação digital do varejo, as lojas físicas estão retomando seu papel na jornada de compra dos clientes. Em março deste ano, as vendas no varejo físico alcançaram uma alta acumulada de 42% em relação a março de 2020. Enquanto isso, no mesmo período, o e-commerce saltou mais de 21%, segundo a pesquisa Mastercard SpendingPulse™.

Nessa volta ao universo físico, o Relatório do Varejo 2022 da Adyen/KPMG percebeu que o consumidor brasileiro está bem mais exigente do que antes: 77% dos clientes esperam que as lojas físicas ofereçam, além de bons produtos, boas experiências de compra. E 70% afirmam que deixariam de comprar novamente de uma marca em caso de experiências negativas. Ou seja: o varejo precisa não só agradar como também fazer isso consistentemente, para não perder a venda – e o cliente – para a concorrência.

O que é prateleira infinita?
Proporcionar essa boa experiência de compra requer que o varejista invista em um bom retail design, ofereça a maior gama possível de formas de pagamento e elimine todos os atritos do processo de compra. Nesse sentido, a solução de comércio unificado e seus recursos, como a prateleira infinita, são grandes aliados. Agora disponível pela Adyen na Adobe Commerce ─ solução da Adobe Experience Cloud ─, graças a uma parceria entre as empresas, a prateleira infinita integra a loja física ao estoque da loja virtual, permitindo que o cliente realize a compra mesmo que a loja física não tenha o produto em estoque naquele momento.

“Com a prateleira infinita, aquele cliente que vai à loja física e não encontra um produto específico pode, ali mesmo, finalizar uma compra através de um tablet e receber o produto na casa dele”, explica Tiago Albano, head de parcerias da Adyen para a América Latina. “Na prática, é a integração da plataforma de e-commerce a um meio de pagamento físico, o que ajuda na retenção dos consumidores e, consequentemente, no aumento das receitas.”

“A Adyen é o único parceiro que possibilita esse recurso para a Adobe Commerce no Brasil. Além disso, nós estamos falando muito sobre e-commerce unificado no país, que é trazer soluções de ‘omnicanalidade’, inteligência e gestão de canais integrados”, informa Raul Braga, diretor de contas da Adobe Experience Cloud.

Braga ainda reforça a importância da unificação de estoques para reduzir o número de perdas de vendas ocasionadas por falta de produtos em uma loja, além de resumir os pontos cruciais que a nova tecnologia possibilita: aumento da receita, experiência do cliente e novos formatos de loja.

Quais são as vantagens da prateleira infinita?
Entre as vantagens que a prateleira infinita traz para o varejista, Albano destaca o menor risco de chargeback, quando uma cobrança é contestada pelo titular do cartão e o valor tem de ser devolvido, uma vez que a transação é realizada com o cartão do cliente “presente” e, principalmente, a inteligência de dados que permite ao lojista conhecer melhor o seu cliente e ter mais respaldo nas tomadas de decisão de todos os departamentos, de compras ao marketing.

“A Adyen, por ser uma plataforma única para pagamentos tanto no mundo online quanto no mundo físico, trouxe ao mercado brasileiro o conceito de comércio unificado: jornadas integradas e totalmente sem atritos para o lojista e para o cliente final”, explica Albano. “Todos os sistemas conversam perfeitamente, facilitando o dia a dia dos times de loja e gerando dados que ajudam o varejista a comprar de forma mais inteligente, por exemplo, ou a escolher a melhor localização para sua próxima loja física.”

Para os varejistas que já vendem através da Adobe Commerce, integrar os estoques com a prateleira infinita da Adyen é simples: basta escolher a Adyen como adquirente e seguir com configurações diretamente na plataforma da Adobe. “O módulo de pagamentos da Adyen é bem simples e prático, leva apenas 25 minutos para ser instalado. Em menos de 1 hora, está tudo pronto para testes”, explica Luan Alves, head engineering da Webjump, líder em implementação da Adobe Commerce no Brasil e certificada pela Adyen.

Inteligência global no varejo local
Fundada em Amsterdã, a Adyen chegou ao Brasil em 2011. O país logo se tornou um mercado prioritário para a empresa, que criou aqui o seu primeiro time de desenvolvimento fora da Holanda. Esse time foi responsável por integrar à plataforma as formas de pagamento queridinhas do mercado nacional, como boleto, Pix e parcelamento. Há ainda um time de suporte totalmente dedicado aos clientes brasileiros, que inclui gigantes como Magazine Luiza, Amaro, Dafiti e MadeiraMadeira.

“Hoje, somos uma plataforma totalmente localizada para o Brasil, o que significa que aceitamos, de forma nativa, os principais meios de pagamento que o brasileiro usa, e temos times locais de suporte e desenvolvimento para garantir que estejamos sempre próximos ao nosso cliente daqui”, explica o head de parcerias da Adyen. “Temos a estrutura de uma grande empresa global e, ao mesmo tempo, conseguimos oferecer uma experiência customizada para o mercado e o público brasileiro.”

Americanas e Magalu são as que mais usam tecnologia para melhorar a experiência de compra

Mercado Livre, Amazon e Shopee completam o ranking das 5 empresas mais citadas como as que mais investem em tecnologia para melhorar a experiência.

Um consumidor mais exigente às novas tecnologias e disposto a experimentar novos caminhos nos próximos anos. É o que mostra a nova edição do HTR – Hight Tech Retail, estudo trienal realizado desde 2016 pela Croma Solutions, que traz o resultado do impacto da tecnologia na experiência de compra dos brasileiros em diferentes segmentos da indústria e comércio, nos mais diferentes canais e formatos de ponto de venda.

O estudo traz com exclusividade as marcas escolhidas pelo consumidor como as marcas que usam a tecnologia para melhorar a experiência de compra. A Americanas é a líder entre as que têm usado esta tecnologia para melhorar, resultado do pioneirismo e investimento em tecnologias que buscam integrar também do ambiente físico ao digital. Magazine Luiza também se destaca nessa transição entre canais com marketplace, amplo sortimento e comunicação constante de sua proposta de valor.

“Há quase 10 anos mapeamos o comportamento do brasileiro em relação às tecnologias para fazer suas compras. É possível dizer que os padrões comportamentais têm sido coerentes ao longo dos anos. A pandemia acelerou, mas não criou novos padrões. Hoje o brasileiro é ainda mais maduro tecnologicamente e exigente sobre autonomia e ganho de tempo, especialmente em relação aos meios de pagamentos,” explica Edmar Bulla CEO e fundador da Croma, empresa de design de soluções para inovação em negócios

Pioneirismo, comunicação, rapidez para inovar, logística eficiente, entre outros atributos, podem justificar a avaliação positiva dos anunciantes Americanas, Magalu e Amazon. Diferente do ranking acima, Amazon é a terceira mais lembrada, seguida de Mercado Livre e Shopee.

Retrato do cliente do e-commerce no Brasil

O consumidor brasileiro está cada vez mais habituado a fazer compras pelo e-commerce, e tem se tornado mais exigente em buscas de boas experiências, preço e qualidade

A pandemia impulsionou o e-commerce e essa adesão foi se consolidando, com praticamente todos os consumidores e estabelecimentos comprando e vendendo online. A Opinion Box realizou uma pesquisa sobre os hábitos dos consumidores que oferece dados e insights para embasar estratégias para vender mais e melhor pelo e-commerce em 2023. O primeiro desafio para montar um plano eficiente é conhecer as características do consumidor no ambiente virtual, seus hábitos e motivações.

A Opinion Box entrevistou pessoas que fizeram compras nos últimos seis meses. Nesse grupo, chama atenção que a maioria já compra mais online do que presencialmente: 6 em cada 10 entrevistados dizem comprar mais pela internet do que em lojas físicas. E apenas 22% mais em lojas físicas do que na internet. 4 em cada 10 entrevistados já compram online há pelo menos 5 anos, e 19% têm essa experiência há uma década.

Três itens se destacaram como principais fatores motivadores das compras no e-commerce. Na percepção dos consumidores, os preços na internet são melhores, e o preço foi a razão mais citada para optar pelas compras online, seguido pela praticidade. A possibilidade de receber produtos no conforto de casa tem sido importante para 72% das pessoas entrevistadas na pesquisa. Em terceiro, os consumidores avaliam que o e-commerce tem campanhas promocionais que as lojas físicas não oferecem.

A frequência de compra é relativamente alta entre os entrevistados no e-commerce, com mais de 40% comprando online mais de uma vez por mês. Isso pode ser explicado, segundo a Opinion Box, entre outros fatores, pelo menor atrito que a compra online naturalmente tem. O cliente pode ser impactado por marketing enquanto navega pela internet e comprar na hora, sem a necessidade de se deslocar até uma loja e “se preparar mais” para uma compra.

Sete em cada 10 consumidores disseram que a frequência de compras online aumentou no último ano. Esse dado, junto aos números do segmento no Brasil, não é tão surpreendente, pois o setor não para de crescer, aponta a Opinion Box, que indica uma tendência de alta para o próximo ano.

Entre os aspectos que mais influenciam a decisão de compra dos consumidores no e-commerce, estão frete grátis, promoção, prazo de entrega, cupons de desconto e facilidade na compra.

Os dados coletados pela Opinion Box indicam que vários dos principais fatores que influenciam o consumidor estão relacionados à experiência de compra. Além das questões financeiras, é fundamental garantir uma experiência positiva para o consumidor online, recomenda a consultoria, com um processo de compra fácil em todas as etapas da jornada.

Onde as pessoas compram
O smartphone já é o dispositivo preferido de mais de 70% dos entrevistados para fazer compras. O movimento acompanha a digitalização dos brasileiros, que têm no celular o principal equipamento de conexão com o mundo. Por isso é tão importante oferecer uma boa experiência de compra, especialmente no mobile, para encurtar o ciclo de vendas e diminuir as etapas que podem culminar em um carrinho abandonado.

De acordo com as conclusões da pesquisa da Opinion Box, as lojas no e-commerce devem ser mobile first, o que vai muito além de design e estrutura responsivas com recursos que facilitem a jornada do cliente. O levantamento indicou que algumas funcionalidades podem ser decisivas, como a possibilidade de armazenar dados de pagamento, de “comprar com um clique” e agendar compras recorrentes.

Conheça o Mundo do CX

Outro desafio do e-commerce é o atendimento. Criar uma estratégia que seja eficiente, com canais e formatos que agradem o cliente é preciso focar em agilidade e, segundo a Opinion Box, valorizar o atendimento humano. Mesmo que o atendimento por chatbot economize em mão de obra, ele precisa ser humanizado e ser uma ferramenta para a satisfação do cliente, e não deixá-lo encurralado.

Com o atendimento humano ainda como preferido dos consumidores, a consultoria recomenda testar as funcionalidades do chatbot para filtrar dúvidas e problemas e construir um direcionamento eficiente para a jornada.

As cinco principais tendências de CX para investir em 2023

O cenário da CX e do atendimento ao cliente continua a evoluir em ritmo acelerado. De acordo com a quinta edição do relatório “State of the Connected Customer da Salesforce”, da Salesforce, empresa norte-americana de softwares on demand, 88% dos consumidores dizem que a experiência que uma empresa oferece é tão importante quanto seus produtos ou serviços.

Por isso, para se manter à frente no cenário competitivo de hoje, especialmente diante das condições econômicas instáveis, as empresas devem estar à frente das expectativas do consumidor.

Para entender as tendências para 2023, conversamos com duas empresas vencedoras no prêmio “Empresas que mais respeitam o consumidor 2022”, no setor de varejo pet e lojas de departamento em vestuário, que destacam cinco orientações.

Heber Santos, diretor de CX da Petlove, explica que a empresa encara a área como tudo o que abrange uma experiência sobre uma determinada vivência do cliente em relação àquela jornada. De acordo com Sahel Marques, gerente sênior do CRC (Central de Relacionamento com o Cliente) da C&A, o direcionamento das ações e inovações da fashion tech é fazer com que o consumidor se sinta realmente valorizado.

Harmonia entre humanos e automação

A automação é uma realidade que pode trazer benefícios para o atendimento ao cliente, como coletar rapidamente os dados da experiência do cliente e implementá-los no sistema de CRM; e o uso de bots para criar jornadas de clientes automatizadas. No entanto, as empresas também devem encontrar o equilíbrio entre automação e humanidade.

Heber Santos explica que a maior parte da equipe de CX (chamada de PX – pet experience) da Pet love é composta por veterinários e estudantes de veterinária, pois contribui com a especificidade que o tutor deseja. “Um ponto de destaque é a personalização de atendimento, de suporte, ou seja, da marca entender realmente com quem eu estou falando, personalizar, entregar para ele (cliente) aquilo que faz sentido, ter o meu time ciente de com quem ele está falando, conhecendo o meu cliente, sabendo suas necessidades, o seu desejo e saber como conseguir suprir os desejos desse cliente da melhor forma possível”, comenta o diretor da Petlove.

CX para Total experience

O TX é a evolução do CX que busca garantir a satisfação do público em todas as suas interações com a empresa. Os líderes precisarão considerar vários fatores, como negócios de forma holística, usuário e experiência do funcionário, afetam o resultado final para o cliente.

A Petlove já integra todas as áreas da empresa ao CX e criou um modelo de trabalho que todos da empresa passam um dia fazendo as atividades junto com a equipe de experiência do consumidor. “Todos da empresa passam um dia fazendo as atividades junto com o time de CX, ouvindo ligações, participando dos atendimentos, entendendo um pouquinho sobre o que acontece no dia a dia da operação de CX… Sentindo um pouco a dor do cliente”, salienta Heber Santos.

Olhar para a geração Z

Os primeiros nativos digitais estão chegando no topo da cadeia do consumo, o que faz valer a pena olhá-los com mais atenção. Nesse sentido, agilidade no atendimento, pagamento e em toda a jornada é um ponto essencial que se mantém cada vez mais forte. “Se antes, o cliente enviava um e-mail e era respondido em dois dias, nós achávamos ótimo. Hoje em dia, se o retorno não vier em quatro horas, a gente entende que não foi satisfatório. Então, a mágica está em entender como eu trabalho isso de forma com que eu consiga ter muita velocidade, com grande escala e utilizando um atendimento humano ou uma tecnologia, mas que dê para o meu cliente uma experiência de ser bem atendida”, reforça o diretor da Petlove.

Além disso, “a nova geração está sempre buscando novos conteúdos, que estão disponíveis nas mais diversas plataformas (Streaming, YouTube, Cinema, Rede Social, etc.) e, por isso, temos ampliado o número de produtos licenciados (mais marcas ano após ano)”, revela o Gerente Sênior da C&A.

A importância da omnicanalidade no mundo phygital

Com um contexto dinâmico e por ora caótico, os clientes querem ser atendidos em seu próprio tempo e lugar, e de forma alinhada entre o mundo cada vez mais híbrido entre o físico e o digital. “Entendemos que, a cada dia, o mundo fica mais phygital. As tendências devem mudar com mais rapidez, assim como os hábitos de consumo e desejo dos consumidores. Por isso, seguimos atentos e nos preparamos para sempre superar as expectativas e desejos dos clientes, seja no ambiente online ou físico”, aponta Sahel Marques.

E nesse universo é importante estar onde o cliente está. “Notamos, também, uma tendência de que os canais de contato entre a marca e os clientes deverão estar ainda mais integrados e, por isso, temos investido no atendimento digital. Este ano abrimos novas vagas exclusivas para atuação em atendimento, assim, também fortalecemos nossos pontos de contatos (on e off line), expandindo nossos canais (voz, Bot, chat e WhatsApp)”, completa o gerente sênior da C&A.

Inovar com responsabilidade

Outro destaque é a diversidade, de você se ver ali naquela empresa, e a responsabilidade socioambiental que deve estar baseada no CX. “Uma coisa que a gente tem buscado muito é essa diversidade, porque a gente entende que é na diferença que encontramos grandes soluções, que são mentes diferentes pensando de formas diferentes, trazendo bagagens culturais e emocionais diferentes, que fazem com que a gente consiga mapear melhor os nossos clientes e trazer os pontos que fazem sentido para que ele tenha uma ótima experiência”, argumenta Heber Santos.

Além disso, a C&A acredita que a tendência é que o consumidor procure, cada vez mais, por marcas que inovam e em que ele confie, inclusive na forma como a companhia extrai recursos naturais e os utiliza em seus produtos. “Por isso, além de todas as inovações no quesito tecnológico, entendemos e trabalhamos para criar uma moda transparente, com impacto positivo no meio ambiente”, salienta Sahel Marques.

No futuro, sustentabilidade e experiência do cliente devem caminhar juntos

Entre as mudanças pelas quais o mercado corporativo vem passando nos últimos anos, algumas das mais profundas dizem respeito ao foco no cliente, na criação e experiências cada vez mais encantadoras, e na preocupação crescente com a sustentabilidade. Curiosamente, os dois temas tendem a caminhar juntos em um futuro próximo, com a conscientização dos consumidores criando oportunidades para empresas que tenham estratégias sustentáveis efetivas.

De acordo com a diretora de sustentabilidade da SAP para a América Latina e Caribe, Renata Amorim, o foco em sustentabilidade dá às empresas a oportunidade de oferecer produtos melhores e de aprofundar o relacionamento com seu público, atendendo um mercado em franca expansão formado pelos chamados “consumidores verdes”.

“Estamos falando de um cliente mais exigente, que se preocupa não só com a composição do produto, mas também com a origem, o processo produtivo, a embalagem e o fim de vida útil do resíduo”, explica. Mais preocupado, este novo perfil de cliente também é mais fiel, tornando-se fã da marca. Tanto é assim que quando ele considera que seus valores estão aliados aos da empresa da qual consome, ele dificilmente compra em outro lugar e ainda promove a empresa em sua rede de contatos.

Para o professor e palestrante Edney Souza, muitas empresas estão percebendo isso e procurando alinhar suas estratégias de negócio às experiências de seus clientes. Ele reforça que parte deste esforço depende de métricas e processos. “Unir a estratégia de negócio a experiência do cliente requer se preocupar com a interpretação das métricas e eficiência dos processos na perspectiva do cliente. Toda empresa está focada em entregar resultados, porém nem sempre são os resultados esperados pelo cliente e isso é a peça fundamental para começar a construir uma disciplina de Customer Experience”, explica.

Mais que isso, ele lembra que as empresas precisam estar atentas às diferenças entre determinados tipos de público. No caso de gerações distintas, por exemplo, Souza afirma que muitas vezes as diferenças estão mais concentradas no canal e na linguagem, e menos nos processos. “O canal, do ponto de vista técnico, é o mais relevante aqui, porque se a empresa não atende no canal preferido do consumidor, ou atende nesse canal mas não mede a satisfação, ela terá um problema de percepção do consumidor e de análise dos dados”, diz.

Renata destaca que, quando se fala em diferentes gerações, trata-se do que vai vir e, principalmente, de mudanças inevitáveis, já que as novas gerações estão pensando em sustentabilidade e no seu próprio bem estar no longo prazo e as empresas precisam se adaptar a isso. “Vamos pensar no seguinte: hoje, uma pessoa deitada no seu sofá em São Paulo faz suas compras e pede comida tailandesa através de um aplicativo. Só que isso tem um custo, de logística, de consumo de recursos, de impacto ambiental. Se queremos continuar tendo esse mesmo bem estar no futuro, precisamos ajustar algumas coisas no meio do caminho para garantir a sustentabilidade desse modelo de consumo”, defende.

Sustentabilidade de fato

Um ponto crucial na junção das jornadas do consumidor e de sustentabilidade das empresas é que ambas sejam abraçadas de fato. Uma alegação de sustentabilidade que não se concretiza pode frustrar o consumidor e afetar a construção destas jornadas. É o chamado greenwashing e as empresas precisam entender o quanto ele desgasta a relação com seus clientes. Renata lembra que isso pode significar o abandono da marca para sempre.

“Confiança dentro da nossa atual economia da experiência é tudo. O greenwashing traz um risco tão alto que chega a ser contraproducente se a empresa quer realmente sobreviver e ter valor no futuro”, afirma. Ela ressalta que não se trata de calcular de forma equivocada o impacto da operação, mas de manipular dados e informações para parecer sustentável, ganhando clientes e vendendo produtos com mentiras propositais. “Nestes casos, o cancelamento é brutal e difícil de recuperar. É melhor fazer o que é requerido bem feito e as iniciativas de sustentabilidade gradativamente melhores com o tempo do que embarcar no greenwashing”, compara.

É por isso que, como lembra Souza, a sustentabilidade está, cada vez mais, alinhada a resultados financeiros e se traduz, por exemplo, em alternativas energéticas, menor custo e menos poluentes ou em embalagens recicláveis e biodegradáveis que podem ser mais baratas. “Há sim um investimento inicial na pesquisa e desenvolvimento, mas que tem um retorno financeiro em longo prazo com um impacto e retorno de imagem no curto prazo”, explica.

Se a empresa consegue colocar todas essas variáveis na mesa, ela pode ganhar com a economia no CAC (Custo de Aquisição de Clientes) e aumento do LTV (Lifetime Value) mais do que na redução de custos e despesas. Para Souza, existe uma preguiça em atender as exigências de sustentabilidade do consumidor quando se analisa essa situação de um paradigma ultrapassado de que sustentabilidade só traz custos. “Líderes desatualizados sobre avanços tecnológicos no setor ambiental podem levar suas empresas a prejuízos históricos e falência conforme as novas gerações vão se tornando mais relevantes para o mercado. Ainda existe tempo para se adequar, mas o mercado não vai esperar para sempre”, provoca.

E esta mudança, quando bem feita, traz resultados positivos. Renata cita o exemplo da banda de rock Coldplay, que se uniu à SAP para tornar sua turnê mundial mais sustentável e ecológica. A iniciativa possibilitou não apenas experiências e recursos incríveis para a tomada de decisão dos fãs, mas trouxe efetivamente a conscientização para apoiar a tecnologia verde. “Quando vemos uma marca artística com a força do Coldplay se posicionando e mais: agindo, é muito impactante. Influencia muito todo o entorno que está sendo envolvido e os fãs acabam sendo convidados a pensar no seu impacto individual”, comemora.

Para saber mais sobre o tema, acompanhe o CX Live Leaders ao vivo no dia 08/12, às 17h, ou assista a gravação após essa data no perfil @sap_brasil do Instagram. Apresentado por Monica Betini, especialista em CX da SAP Brasil, o evento contará com a participação de Renata Amorim, Sustainability Principal da SAP Latin America & Caribbean e Edney Souza, professor da ESPM. Não perca!

Quais são os 10 maiores varejistas digitais do mundo

A chinesa Alibaba encabeça a lista com 1.2 trilhões de dólares de volume bruto de mercadorias no e-commerce

Em 2021, 67% de tudo o que foi comercializado online no mundo foi vendido por apenas 20 empresas, segundo dados do relatório This Year Next Year: 2022 E-commerce and Retail Media Forecast, do GroupM.

O número mostra como o e-commerce global – que deve fechar este ano respondendo por 19% de todas as vendas do varejo, podendo chegar a 25% até 2027 – de acordo com o estudo, está concentrado nas mãos, gigantescas, de relativamente poucas organizações.

Quem são essas empresas e onde elas estão sediadas? A resposta não chega a ser surpreendente, confira.

O top 10 do varejo no e-commerce
O ranking elaborado pelo GroupM traz a varejista chinesa Alibaba como número 1 do mundo em 2021, com US$ 1.249 trilhão em valor bruto de mercadorias (gross merchandise volume, ou GMV) de comércio eletrônico. Em segundo lugar, está a Amazon, com um GMV de US$ 602 bilhões, um pouco menos que a metade da sua concorrente. Confira a lista completa:

Alibaba (China) US$ 1.249 tri
Amazon (Estados Unidos) US$ 602 bi
JD.com (China) US$ 505 bi
Pinduoduo (China) US$ 383 bi
eBay (Estados Unidos) US$ 85 bi
Walmart (Estados Unidos) US$ 73.2 bi
Shopee (Singapura) US$ 62.6 bi
Rakuten (China) US$ 32.8 bi
Mercado Libre (Argentina) US$ 28.4 bi
Vipshop (China) US$ 26 bi

Seis organizações do ranking estão na Ásia, cinco empresas são chinesas e uma é de Singapura, o que evidencia o imenso poder de compra da região e também sua grande capacidade de produção e distribuição. De acordo com o portal Insider Intelligence/eMarketer, as vendas do varejo via e-commerce na Ásia devem se aproximar do US$ 3.5 trilhões este ano, enquanto as da América do Norte serão de cerca de US$ 1 trilhão.

As gigantes do comércio eletrônico chinês, porém, não olham só para o mercado interno e também se beneficiam de vendas fora da Ásia. Uma prova é o sucesso dos aplicativos de compras das empresas em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Temu, app gratuito de compras do Pinduoduo, está entre os mais baixados. No Brasil não é diferente. Os aplicativos da Shopee e o AliExpress, da Alibaba, estão entre os mais acessados por quem compra online em uma disputa acirrada com o Mercado Livre e a Amazon.

No topo, mas com modelos diferentes
De acordo com Kate Scott-Dawkins, diretora global de Business Intelligence do GroupM, que assina o relatório, a pandemia de covid-19 estimulou as compras via mobile no mundo tudo, o que ajudou, por exemplo, no crescimento da Alibaba, que tem a seu favor o fato de possuir o próprio sistema de pagamento, o Alipay.

Mas as empresas que compõem o ranking atuam de forma diferente no mercado, de modo que não há como afirmar que existe um padrão que justifique sua presença na lista.

“A Alibaba, juntamente com o Pinduoduo, eBay e o Mercado Libre (no Brasil, Mercado Livre) atuam principalmente como marketplaces, ou seja, facilitam a conexão entre consumidores e vendedores e obtêm receita como uma porcentagem do preço de venda ou por meio de serviços adicionais oferecidos, como logística, armazenamento e publicidade”, diz.

Outras empresas estão no mercado vendendo diretamente para o consumidor final, como o Walmart, a Target, Best Buy e Wayfair. As três últimas estão em 13º, 14º e 18º lugar no ranking ampliado do estudo que contém 20 empresas. A Amazon, por sua vez, atua com os dois modelos e ganhou com o aumento de vendas dos seus vendedores terceirizados, segundo a autora do estudo.

Omnichannel é a lição a ser aprendida
Para Kate Scott-Dawkins, o olhar para o desempenho do e-commerce deve mudar nos próximos anos, uma vez que a experiência do cliente é cada dia mais phygital, mesclando etapas online e off-line.

Segundo ela, a linha que separa vendas físicas e vendas do e-commerce está se tornando mais sutil, especialmente após a pandemia de covid-19 ter apresentado ao cliente novos formatos de consumo, como a compra online feita dentro da loja, a retirada de produtos comprados no site direto em um estabelecimento físico ou ainda os pagamentos sem contato feitos através do smartphone.

Saber para que canal creditar as vendas vai ser um desafio nos próximos anos, o que deve tornar a penetração do comércio eletrônico menos significativa no futuro. “O que é mais certo é que as estratégias omnichannel devem ser rigor para varejistas e anunciantes daqui para frente”, afirma Kate Scott-Dawkins no estudo.

Segundo Kate Scott-Dawkins, o surto de coronavírus ajudou todas as empresas que realizavam vendas pela internet, mas agora, com o fim da pandemia e o retorno às “atividades off-line” uma desaceleração é esperada.

Durante a pandemia, os governos de muitos países deram auxílio financeiro à população e isso não vai mais existir. Ao mesmo tempo, passou o momento do “surto de compras” online por quem estava em isolamento. “Nós esperamos que a demanda por algumas categorias de produtos, incluindo eletrônicos, equipamentos de ginástica, utensílios domésticos e móveis, suavize”, alerta.

Correios lançam rastreamento de entregas em tempo real; veja cidades que terão o recurso

Medida vale para Sedex convencional, Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje.

Os Correios anunciaram um aprimoramento no sistema de rastreamento de encomendas feitas por Sedex, que inclui o Sedex convencional, Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje. O destinatário receberá as informações da entrega em tempo real. A novidade já está funcionando.
Para usufruir desse serviço de rastreamento, basta informar o número do telefone móvel do destinatário no ato da postagem (ou pré-postagem) para que ele possa receber as informações.

Quando o carteiro sair para realizar a entrega do objeto, o destinatário será avisado de que a encomenda está na rota de distribuição.

Quando o objeto estiver próximo do endereço de destino, o cliente receberá um link para acompanhamento em tempo real e interação com o entregador.

A funcionalidade está disponível para clientes das seguintes regiões do País: Maceió; Salvador; Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Vitória, Governador Valadares (MG), Varginha (MG), Montes Claros (MG), Uberlândia (MG), Cuiabá, Belém, João Pessoa, Jaboatão dos Guararapes (PE), Recife, Teresina, Maringá (PR), Curitiba, Londrina (PR), Rio de janeiro, Petrópolis (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ), Natal, Novo Hamburgo (RS), Caxias do Sul (RS), Porto Alegre, Gravataí (RS), Santa Maria (RS), São José (SC), Florianópolis, Itajaí (SC), Aracaju, São José dos Campos (SP), Jundiaí (SP), Limeira (SP), Franca, São José do Rio Preto (SP), São Paulo, Barueri (SP), Santo André (SP), Osasco (SP), Guarulhos (SP), São Bernardo do Campo (SP), Palmas (TO).

Para as demais modalidades de entrega, o serviço de rastreamento continua disponível para consulta pelo site ou pelo aplicativo dos Correios.

Black Friday phygital e a logística pós-pandemia

O e-commerce cresceu como nunca nos últimos anos e, agora, os clientes também podem ir à loja física. Como entregar uma experiência excepcional nesse cenário?

As imensas e inúmeras transformações que aconteceram no mundo em decorrência da pandemia de COVID-19 não são novidade para ninguém. No âmbito do consumo, todos os segmentos foram impactados de alguma forma – alguns, inclusive, cresceram de maneira inimaginável, como o e-commerce. E a Black Friday, uma das datas mais importantes para o varejo, também passou por mudanças sensíveis nesse período.

De acordo com a Ebit | Nielsen, em 2020 o número de consumidores do e-commerce cresceu 29%, totalizando 79,7 milhões de pessoas; em 2021, a empresa calcula que 87,7 milhões de brasileiros fizeram compras pelo e-commerce e, entre eles, 12,9 milhões eram novos compradores. Não por acaso, o setor faturou R$ 150,8 bilhões em 2021, segundo dados da ABComm – Associação Brasileira de Comércio Eletrônico – um recorde histórico. Para este ano, a previsão é de crescimento de cerca de 12%, apontando para um volume de R$ 169,5 bilhões.

EM 2021, 87.7 MILHÕES DE BRASILEIROS FIZERAM COMPRAS PELO E-COMMERCE;
ENTRE ELES, 12,9 MILHÕES ERAM NOVOS COMPRADORES
Fonte: Ebit | Nielsen

Os números tornam indiscutível o fato de que as empresas de e-commerce e os marketplaces precisam, sim, investir no ambiente e na experiência on-line. Entretanto, não se pode esquecer que o crescimento do digital nesse período esteve atrelado ao distanciamento social e ao fechamento de lojas físicas – ou seja, o e-commerce se tornou, em muitos casos, a única alternativa para quem precisava e queria consumir.

Mas qual será a preferência do consumidor nesse cenário? De acordo com um estudo realizado pela plataforma Tiendeo, 42% dos brasileiros consideram que as lojas físicas garantem uma experiência melhor e mais satisfatória do que as lojas on-line. E como as empresas devem reagir, então, nesse cenário? O único caminho possível é a aposta no modelo phygital que, há pouco tempo, era apenas uma utopia.

EM 2021, O E-COMMERCE FATUROU R$ 150.8 BILHÕES
Fonte: ABComm – Associação Brasileira de Comércio Eletrônico

É nesse cenário que, em novembro de 2022, ocorrerá a Black Friday. Até 2019, o e-commerce influenciava, moderadamente, os resultados desse evento; em 2020 e 2021, as vendas on-line foram determinantes. Agora, pela primeira vez, a capacidade de combinar o digital com o físico será testada. Mas os desafios não acabam aí. Uma vez feita a venda e concluído o pagamento, o varejo passa para mais uma etapa que, se não for bem planejada e administrada, pode se transformar em um grande atrito na jornada do cliente: a logística.

O e-commerce ainda enfrenta muitos desafios para garantir uma boa experiência de entrega para os clientes no Brasil. As principais dificuldades estão na chamada last mile, ou última milha, em que o produto é levado até a casa do cliente. Na Era da Conveniência, o consumidor espera receber a mercadoria em perfeito estado, com uma entrega rápida, confiável, com custo reduzido e em data e hora escolhidas por ele.

“Uma logística mal-acertada, com demora na entrega ou prazos surreais, é algo inconcebível no mundo em que vivemos hoje”, afirmou Charles Varani, consultor em Experiência do Cliente e Transformação Digital da Ambidestra. “A experiência da entrega passou a ser uma peça fundamental de diferenciação de marca.”

Nesse sentido, o autor do livro Logística – O Último Rincão do Marketing e ex-presidente da Associação Brasileira de Logística, Carlos Mira, enfatiza que, na Era da Conveniência, a logística passa a ser um diferencial da marca durante todo o ano, não apenas em períodos como a Black Friday. Ele lembra que, no passado, o marketing trabalhava muito com os 4Ps: produto, preço, propaganda e praça. “Hoje já se sabe: vender é fácil, difícil é fazer a logística de forma conveniente. As empresas precisam pensar em soluções criativas, tecnológicas e sérias para fazerem boas entregas”, explica Carlos.

ALTERNATIVAS PARA UMA LOGÍSTICA EFICIENTE

Ainda que seja necessário manter a atenção a questões de logística durante todo o ano, especialistas são categóricos em afirmar: em momentos de aumento de demanda ou de crise, as empresas precisam compreender que as áreas de back office devem assumir esse protagonismo. Portanto, quando se fala de Black Friday, a logística passa a ser o grande diferencial das marcas.

Segundo o professor de Marketing e Mídias Sociais, Inovação e Gestão Comercial da FGV, Roberto Kanter, nos grandes centros esses desafios vêm sendo minimizados. “Uma das soluções que têm aparecido são os PUDOS, ou Pick Up & Drop Off, os quais são sistemas que permitem ao cliente pegar o produto em lugares como lockers e lojas de assuntos variados e fazem esse papel de centro logístico da última milha. Outras soluções têm sido os chamados dark places, ou dark stores, que são locais dentro das cidades onde você, simplesmente, armazena o produto; deixa uma parte do estoque”, detalha.

Mira afirma, entretanto, que mesmo as principais capitais do Brasil foram planejadas apenas pensando no fluxo de pessoas e não de mercadorias. “As cidades são projetadas a partir de um conceito ‘atacadista’ que, hoje, não funciona mais. É preciso repensar essas estruturas – criar centros de triagem de mercadorias nos bairros, por exemplo, para que as empresas deixem seus produtos para serem distribuídos por uma única van para as casas das pessoas”, defende.

O que o especialista explica é que a logística deve ser pensada de forma descentralizada, não dependente de tantos CDs (Centros de Distribuição) gigantescos, mas obedecendo a pequenos pontos que estejam localizados em raios de poucos quilômetros dos clientes. O desafio é muito mais de planejar o sortimento com maior saída nas diferentes áreas da metrópole do que, simplesmente, percorrer trajetos distantes dos CDs para os bairros e municípios adjacentes. Muitos varejistas utilizaram a própria rede de lojas como centros de coleta, de distribuição e, também, de troca.

42% DOS BRASILEIROS CONSIDERAM QUE AS LOJAS FÍSICAS GARANTEM UMA EXPERIÊNCIA MELHOR E MAIS SATISFATÓRIA DO QUE AS LOJAS ON-LINE.
Fonte: Tiendeo

Apesar dos desafios estruturais, os principais players do mercado têm investido no aprendizado e no investimento constante em logística. Já se sabe que o que se coloca para baixo do tapete durante todo o ano, principalmente em períodos de baixa demanda, acaba explodindo na Black Friday. Por isso, planejamento é fundamental.

COMPRE HOJE, RECEBA HOJE
Fala-se bastante – inclusive na Consumidor Moderno – sobre empresas que, por prestarem serviços acima da média, fizeram com que o consumidor se tornasse mais exigente. No
e-commerce, o Mercado Livre é referência nesse sentido. É ele quem faz entregas com mais velocidade no País: em menos de 24 horas, consegue entregar 20% das mercadorias compradas pela plataforma. Isso inclui cem cidades do País – aquelas com maior volume de vendas. Além disso, 75% das entregas são feitas no prazo de um dia, para mais de 2 mil cidades. Em dois dias, 90% das entregas são finalizadas em quase 5 mil cidades pelo Brasil.

De acordo com Julia Rueff, diretora de Marketplace do Mercado Livre, isso é possível porque a empresa entendeu que a logística é um dos principais pilares de competitividade hoje no mercado. Por isso, o Mercado Livre pensa e investe de forma contínua na área. Com uma malha logística própria, a empresa consegue ter total controle da qualidade da entrega e dos prazos. Hoje, a frota do Mercado Livre conta com 4.200 caminhões, 1.250 vans, mais de 2.300 carros Fiorinos, 5 aviões e 18 mil veículos atuando na última milha.

Mesmo sendo referência em entrega, Julia Rueff afirma que o Mercado Livre não se acomoda, se colocando sempre em uma posição de aprendizado e buscando soluções que melhorem a experiência do cliente. Já pensando na Black Friday deste ano, e seguindo o plano de investimento para a ampliação de sua eficiência logística, o Mercado Livre está fazendo a implantação do primeiro Centro de Consolidação (Sortation Center) da América Latina. Localizado em Cajamar, em São Paulo, o novo centro logístico deve ter a capacidade de consolidar cerca de 450 mil pacotes por dia, número que corresponde a cerca de 30% das entregas realizadas no Brasil.

O sistema funciona como uma grande esteira seletora de pacotes, que conecta todas as origens da rede do Mercado Livre com mais de cem destinos em 24 Estados do Brasil, por meio de tecnologia desenvolvida pela companhia. A executiva explica que, além de querer garantir uma melhor experiência de entrega para os clientes, o Mercado Livre está sempre inovando, pois acredita no potencial de crescimento do e-commerce no Brasil.

“Vemos um consumidor cada vez mais exigente, buscando excelência também na Black Friday. Então, estamos trabalhando para garantir ofertas e promoções relevantes. Estamos realizando eventos e treinamentos com os nossos vendedores, para que eles possam oferecer produtos interessantes, a preços imperdíveis, em prazos competitivos”, explica.

6 PASSOS PARA ASSEGURAR A MELHOR EXPERIÊNCIA DO CLIENTE NA BLACK FRIDAY
▷ INVESTIMENTO EM FORECAST: planejar a Black Friday com antecedência, aprimorando o portfólio de produtos para atender melhor à necessidade dos clientes.

▷ TRANSPARÊNCIA: garantir boas ofertas para o cliente e as informações necessárias para ele tomar a decisão de compra.

▷ ENTREGA RÁPIDA: não é porque o cliente está comprando com desconto que ele vai abrir mão da velocidade, que hoje é um grande diferencial dos principais players do mercado.

▷ CUMPRIMENTO DA PROMESSA: mais do que entregar rápido, é imprescindível que o produto chegue dentro do prazo combinado e nas condições informadas no momento da venda.

▷ PÓS-VENDA: garantir um bom atendimento no pós-venda, mantendo o cliente informado do status do pedido e oferecendo soluções rápidas em caso de “erros”.

▷ APRENDZADO COM OS ERROS: saber ouvir e entender as principais dores dos clientes, para aperfeiçoar a experiência oferecida no próximo ano.

ANTECIPAÇÃO E CUIDADO

Além de ser a primeira sem restrições e distanciamento social, a Black Friday 2022 acontecerá em meio à Copa do Mundo e pouco tempo depois do segundo turno das eleições no Brasil. Quem destaca esses pontos é Eduardo Souza, Digital Business Unit director da Evino. “Em outubro, a atenção do consumidor está mais dispersa”, comenta. “Talvez a Copa fortaleça players de produtos eletrônicos por exemplo, mas, para o nosso mercado, que não se encaixa no perfil da Copa do Mundo, fica difícil saber qual será o impacto desse evento.”

Apesar de tais fatores gerarem alguma imprevisibilidade, a Evino já está se organizando para a próxima Black Friday desde maio. Eduardo Souza, Digital Business Unit director da Evino, conta que o mês de novembro é o maior do ano para a empresa – o faturamento chega a dobrar. Por isso, a Evino trabalha dois pontos-chave para garantir uma Black Friday bem-sucedida: planejamento e plano de contingência.

A empresa começa a analisar o potencial da próxima Black Friday com seis ou sete meses de antecedência – estima o volume de vendas, planeja lançamentos, quantos produtos novos devem ser acrescentados ao portfólio e quanto de suprimento será necessário para isso.

Além disso, as áreas comercial, de compras e de marketing da Evino começam a trabalhar com a mesma antecipação, desenvolvendo as ofertas, organizando a produção de mídia, programando o que é preciso e buscando produtos novos para o portfólio da empresa, que é 99% composto por itens importados.

O dimensionamento da operação é outro ponto ao qual a Evino tem dedicado esforços desde maio. Nesse momento, de acordo com Souza, é avaliada a necessidade de aumentar a capacidade do Centro de Distribuição e de contratar mais pessoas. Também começam a ser planejados os treinamentos das equipes, para conseguir fazer uma entrega rápida e eficaz, sem perda de qualidade.

A Amazon, um dos players mais relevantes quando o assunto é e-commerce, também reforça o time de operações nesse período, recrutando associados temporários. E para entregar uma boa experiência para o cliente, mesmo com a correria exigida em períodos como este, a empresa considera essencial assegurar o bem-estar e a satisfação dos funcionários, como conta Thomas Kampel, líder de Relações Públicas das Operações da Amazon no Brasil.

Nesse sentido, a Amazon oferece a todos o maior conforto possível, que vai desde ar-condicionado central nas instalações, áreas de descanso, serviço fretado de ida e volta ao trabalho para diversas regiões e treinamentos constantes para manter os processos operacionais seguros. Para os entregadores, a Amazon disponibiliza um aplicativo criado pela empresa capaz de determinar a sequência das entregas de forma otimizada pelas rotas.

“Tudo isso nos permite garantir o alto nível de segurança que trabalhamos durante o ano, equilibrando a carga de trabalho dos nossos funcionários, enquanto atendemos nossos clientes com alta qualidade e agilidade. Um dos segredos do nosso sucesso é o fato de priorizarmos a saúde e o bem-estar de nossos associados e associadas antes de tudo o que fazemos. Acreditamos que, se eles estão bem e felizes, a experiência de atendimento certamente será muito melhor”, afirma Thomas Kampel, líder de Relações Públicas das Operações da Amazon no Brasil.

Desde 2020, a empresa inaugurou 11 Centros de Distribuição no Brasil, localizados em São Paulo, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio de Janeiro. Atualmente, a capacidade de produção da Amazon permite que a empresa atenda 100% dos municípios brasileiros, oferecendo uma variedade de mais de 45 milhões de produtos.

“Um planejamento sólido e com antecedência evita, de fato, muitas questões, assim como o uso mais intensivo de tecnologia, que permite o acompanhamento em tempo real de todas as etapas logísticas, de ponta a ponta. Uma equipe treinada e experiente também faz toda a diferença, pois, por meio dela, é possível se adaptar a eventuais imprevistos que ocorram”, afirma Gabriela Guimarães, VP de Operações de Varejo e E-commerce da DHL Supply Chain.

O QUE APRENDER COM QUEM É REFERÊNCIA?
▷ Pensar a logística como diferencial competitivo na Era da Conveniência
Investir na área durante todo o ano é um diferencial para se sair bem em momentos de alta demanda. Hoje, a logística é considerada um dos principais diferenciais das marcas, porque o consumidor quer receber o produto rapidamente, em perfeito estado, com segurança e custo reduzido.

▷ Planejar com antecedência
▷ Ter planos de contingência
▷ Integrar as áreas
▷ Dispor de tecnologia e inovação

ALÉM DA BLACK FRIDAY
Ainda que o volume de entregas da AMARO não possa ser comparado ao do Mercado Livre e ao da Amazon – até pela diferença entre os modelos de negócio – é preciso destacar que esta retail tech brasileira inovou na formatação da jornada oferecida ao cliente. O grande diferencial da AMARO é a possibilidade de conhecer, experimentar e comprar produtos nas lojas físicas – as chamadas guide shops – e recebê-los em casa, em um prazo curtíssimo.

Essa inovação está na raiz do modelo de negócio, mas a AMARO não parou por aí. Todos os meses, independentemente da Black Friday, a empresa lança novas features, produtos digitais e melhorias de navegação e integração entre o on-line e as lojas físicas, seguindo uma estratégia omnichannel. É um fluxo constante de inovação que tem como consequência menores prazos de entrega, uma experiência fluida e um menor índice de troca de produtos.

“A AMARO já é reconhecida por entregar uma experiência de compra incrível e ter uma entrega muito rápida para todo o País. Na Black Friday, vamos manter essa percepção positiva. Como esses níveis de serviço já são padrão, apenas aumentamos nossos contingentes para que eles sejam mantidos”, explica Wellington José, head of Digital Product da AMARO.

O esforço das empresas corresponde à necessidade de estar disponível e acessível para todos os consumidores, em todo o território brasileiro. Quem deu um grande passo nesse sentido foi a Riachuelo.

A partir de uma parceria iniciada em dezembro de 2021, com a Favela Brasil Xpress – uma startup parceira do G10 Favelas – em São Paulo, a Riachuelo já entregou cerca de 16 mil pacotes nas comunidades de Paraisópolis, Capão Redondo, Heliópolis, Cidade Júlia, Brasilândia e Diadema.

“A estratégia foi bem assertiva, pois, antes, o e-commerce não chegava às favelas por limitações de estrutura, como vielas estreitas, ou por falta de CEP ou numeração, e, assim, as entregas paravam nas agências dos Correios mais próximas. No início deste ano, com a intenção de ir aonde nosso cliente estiver, fechamos também uma parceria com o ‘Na Porta’ no Rio de Janeiro. No detalhe, a startup coleta os itens loja a loja na Riachuelo e, além de fazer middle mile, se responsabiliza pela entrega final”, conta Anaia Bandeira, diretora de Logística da empresa.

Esta é apenas uma entre as muitas inovações nas quais a Riachuelo apostou. A empresa investiu, nos últimos anos, em uma infraestrutura logística 100% integrada entre os canais físicos e digitais, em parcerias colaborativas, e vem implementando o conceito phygital em todas as suas lojas. Para a Black Friday, essa também será uma estratégia da Riachuelo.

“Estamos sempre buscando aprimorar nosso e-commerce e nosso canal direto com os consumidores. O cliente é omnicanal, podendo ter uma jornada que começa no digital, passa para o físico e finaliza no digital. Então, estamos aprimorando nossas ferramentas como o ‘Retire em Loja’, o ‘Retire Rápido’ e nossa operação E-store, plataforma digital de prateleira infinita que permite ao cliente comprar em nosso e-commerce e receber o produto em casa ou, então, retirar na loja”, descreveu Márcia de Bruno, head de E-commerce da Riachuelo.

PARCEIROS DE LOGÍSTICA
Além das inovações aplicadas internamente, as empresas contam com parceiros que atuam em diferentes frentes – no caso da Riachuelo, o apoio está em transporte e tecnologia com projetos integrados. Segundo a empresa, o efeito será percebido em um melhor prazo, menor custo e maior volume de entrega. “Melhoramos nosso tracking, desenvolvemos nossa Torre de Controle e investimos em novas ferramentas que nos permitirão ser mais proativos em caso de alguma dificuldade em alguma região específica”, exemplificou Anaia Bandeira, diretora de Logística da marca.

No caso do Mercado Livre, que é um marketplace, alinhar estratégias com os vendedores parceiros em um momento de aumento de demanda é indispensável. “É feito um planejamento conjunto, robusto, estimando a demanda”, explica Julia Rueff, do Mercado Livre. “Preparamos a nossa logística para o aumento do volume de entregas; fazemos um dimensionamento do time de pós-venda, para manter os níveis dos nossos serviços; e fazemos um investimento contínuo para garantir a satisfação dos nossos clientes – e isso inclui investimentos ao longo de todo o ano em logística.”

“Nossa intenção é sempre que o cliente volte. Não adianta a gente ter um excelente número de vendas, mas com um nível de serviço baixo. Temos meses maiores que a Black Friday. Queremos oferecer uma experiência que faça com que esse cliente que chega fique conosco dali em diante”, complementa a diretora de Marketplace.

Para a Evino, que trabalha com transportadoras terceirizadas, é fundamental investir em integração. “Nós passamos para elas a nossa expectativa de volume de entregas por região, para desenvolvermos juntos estratégias e negociarmos prazos para a operação”, conta o Digital Business Unit director da empresa. Ele explica que essa linha direta com as transportadoras é importante tanto para acompanhar o status detalhado da entrega do produto quanto para saber informar o cliente caso ele entre em contato com o atendimento.

Em relação aos principais desafios logísticos do e-commerce no Brasil em períodos como a Black Friday, Wellington, da AMARO, destaca o tamanho do País e a dependência de modais específicos como o rodoviário. Para driblar essas dificuldades, a AMARO se dedica a fazer um planejamento bem construído e a firmar parcerias sólidas com experts em logística. Além disso, a empresa conta com guide shops em formato de megastore, nas principais capitais do Brasil, que funcionam como minicentros de distribuição.

NÚMEROS, CÁLCULOS E ESTOQUE
O head of Digital Product da AMARO afirma, ainda, que o controle de estoque é um dos pontos centrais do planejamento para a Black Friday. A empresa se prepara meses antes para evitar qualquer tipo de desabastecimento ou rupturas. Isso é feito a partir de estudos das demandas de anos anteriores.

A C&A, por sua vez, além de possuir um Centro de Distribuição inteiramente dedicado ao e-commerce, investiu em tecnologias especializadas em promover agilidade e precisão em todas as etapas de preparação para a entrega de um produto. Uma delas foi o OSR Shuttle, que promove a movimentação de estoque de forma automatizada: robôs localizam e coletam os itens de cada pedido, enviando-os através de esteiras aos responsáveis pelas próximas etapas.

Segundo Marcel Modesto, head de Supply Chain da C&A, por meio desta tecnologia, o processo de separação de pedidos, que antes era feito em 2 horas, passou a ser finalizado em 5 minutos. Essa solução, somada ao Push & Pull por SKU, e a Identificação por Radiofrequência (RFID) são capazes de aumentar a eficiência logística do Centro de Distribuição e das lojas.

Nesse sentido, Kanter, da FGV, destaca que o estoque pode ser o “calcanhar de aquiles” de muitas empresas. “Na época da Black Friday, o principal desafio das empresas é fazer gestão de demanda, de estoque. Se está com muito estoque e não vende, há um problema no capital de giro. Em compensação, se há muita demanda e não há produtos suficientes, é uma perda irreparável”, detalha.

Armazém da DHL
Gabriela Guimarães, VP de Operações de Varejo e E-commerce da DHL Supply Chain, resume os desafios da Black Friday da seguinte forma: o primeiro é gerenciar um grande volume de pedidos em duas ou três semanas; o segundo é a entrega final que, ao mesmo tempo em que precisa ser rápida, não pode onerar muito a operação. Pensando nessas duas questões, as empresas precisam de um planejamento especial tanto na área de armazenagem como na de transportes, com o reforço de equipe, frota e estruturas dedicadas.

Analisando o cenário atual do Brasil, Gabriela também destaca a pressão sobre os custos, que continuam elevados. Fora isso, também devem ser levados em conta o baixo investimento em estradas e vias, a baixa disponibilidade de alternativas de distribuição e a falta de uma maior rede de lockers e pontos intermediários de entregas. A VP também falou dos aspectos de security, que ainda não tinham sido citados, mas que também se configuram como um grande desafio, principalmente, para a entrega de última milha.

Mesmo com todos os problemas que preocupam tanto as empresas como as transportadoras, a logística para o e-commerce cresceu, segundo Gabriela, cinco vezes ou mais em dois anos. O que por um lado é bom, por outro desenha um cenário bastante complexo e de grande competitividade. Para se diferenciar, são necessários investimentos pesados e mão de obra especializada.

“Uma forma de equacionar estas questões é compartilhar infraestruturas, equipe e malhas de entrega via operadores logísticos, que auxiliam também em questões de visibilidade na cadeia, inovação e flexibilidade para picos de demanda”, sugere a executiva. Atualmente, a área de e-commerce da DHL Supply Chain administra cinco fulfillment centers, com cerca de 300 mil m² de área de armazenagem, 6,5 mil colaboradores dedicados, 55 hubs de transporte e 800 veículos diários – a maior infraestrutura especializada de um operador logístico no Brasil, segundo Gabriela. A companhia trabalha tanto com armazenagem e e-fullfilment para e-commerce como com entregas em todo o processo produtivo, a partir de uma malha compartilhada de mais de 5 mil veículos e com visibilidade completa de ponta a ponta.

Seguindo a lógica de aprendizado e investimento constante, recentemente foi lançado o DHL Fulfillment Network, uma rede fulfillment multiclientes que auxilia na execução de toda a logística de e-commerce. A solução é indicada para indústrias e varejistas de médio e grande portes. Para a Black Friday deste ano, a DHL está trabalhando em duas frentes principais: utilizando, cada vez mais, dados para fazer uma previsão de demanda mais precisa e incorporando mais carros elétricos nas entregas, para agregar valor sustentável às soluções. Também está sendo feita uma expansão da equipe, da frota e de infraestrutura para atender ao pico de demanda.

PRINCIPAIS DESAFIOS LOGÍSTICOS DA BLACK FRIDAY NO BRASIL

Δ Dimensão territorial do País
Grande dependência dos modais rodoviários, acompanhada do baixo investimento em rodovias.

Δ Cidades planejadas para o transporte de pessoas, não de mercadorias
Manutenção do modelo atacadista, com grandes Centros de Distribuição nas marginais e baixa disponibilidade de alternativas de distribuição e pontos intermediários de entregas.

Δ Segurança, ou falta dela
Em muitos locais, a violência e os riscos de roubo de carga acabam se configurando como um grande desafio, principalmente para a entrega de última milha.

Δ Pressão dos custos
Altos custos para a manutenção de equipamentos e veículos; preços elevados de peças e combustível, associados à inflação, que dificultam a manutenção dos ativos logísticos; e alta taxa de desemprego no País.

Δ Aumento da demanda em um curto espaço de tempo

A Black Friday faz com que o volume de vendas cresça e se concentre em um período de dois, três dias, o que traz um desafio de gestão de demanda e de estoque.

LOGÍSTICA E ATENDIMENTO
Ainda que as etapas de descoberta, aquisição, transação e entrega sejam fundamentais, é fato que, em muitos casos, a experiência não termina aí. Por isso, as empresas estão olhando também para o pós-venda. É o caso, por exemplo, da Petlove, um dos principais players do mercado pet.

Diante de todos os desafios trazidos pela grande concentração de vendas em um único dia, a empresa vem investindo em melhorias dos algoritmos de estoque e frete, para garantir a melhor combinação para o consumidor. “O diferencial vai estar na disponibilidade, no preço do produto e no melhor frete. Em algumas regiões, iremos usar aplicativos de entrega gerenciados pela Petlove em parceria com agentes de transporte, trazendo um retorno mais rápido do status de entrega para o consumidor final”, contou Michel Gardim, diretor de Operações da Petlove.

Além disso, Heber Santos, diretor de CX da Petlove, afirma que a marca vem preparando o time de atendimento há um bom tempo para lidar com momentos “de crise”. Segundo ele, a equipe de atendimento ao cliente da Petlove é muito flexível, capaz de se ajustar de acordo com a demanda e a necessidade do momento. “Nós também planejamos um crescimento no headcount e um treinamento para essas pessoas pensando na Black Friday”, completa.

A previsão da Petlove é que haja um aumento entre 30% e 40% do volume de vendas na Black Friday em relação aos períodos convencionais. Heber reforça que, em uma época como essa, muitos fatores externos podem impactar o prazo da entrega dos pedidos. Para ele, a forma com que a marca lida com os problemas é o que vai fazer diferença.

“Nós tratamos caso a caso, entendendo a necessidade do cliente, atuando na medida do que for possível. Aqui na Petlove, temos como um princípio básico atender o cliente independentemente de qual seja a queixa ou a situação. Temos esse lema: mesmo durante um período de crise, a gente vai atendê-los da forma mais humana e empática possível”, enfatizou o diretor.

Mesmo diante de todo o planejamento, o Digital Business Unit director da Evino pondera sobre a necessidade dos “planos de contingência”, afinal, é impossível planejar 100% do que vai acontecer, e as equipes precisam estar preparadas para quando algo sair do controle. Por isso, a Evino monitora indicadores, que emitem alertas quando algo sai do planejamento, preparando a equipe do SAC para reagir.

“É importante preparar a equipe do SAC para a Black Friday. Quantas pessoas eu vou ter? Preciso de recurso extra? Nosso foco é manter a satisfação do cliente alta mesmo nesse período de aumento de demanda. Nosso NPS fica sempre em torno de 90% – é altíssimo – e a gente não tolera que ele fique menor nos momentos de pico. Não nos interessa vender mais a qualquer custo”, reforça Souza.

Na C&A, o uso de informações do ano anterior foi fundamental para o planejamento de 2022. Através do SAC e do relacionamento com os clientes, a marca conseguiu identificar as principais dores dos consumidores na última Black Friday: as queixas tinham relação com a agilidade na entrega dos produtos, a variação de preços e a necessidade de construção de um atendimento mais unificado, rápido e humanizado, que estivesse preparado para entender processos e auxiliasse clientes a solucionar seus problemas.

“Desde que identificamos essas questões, buscamos trabalhar para aumentar o acerto e garantir uma maior satisfação aos clientes. No ano passado, focamos muito em deixar o processo operacional mais dinâmico e estratégico. Neste ano, um dos focos será ampliar a efetividade do atendimento por meio dos canais digitais”, diz Modesto, da C&A.

Para a Black Friday, a C&A está ampliando o quadro de funcionários do atendimento visando estender a operação do SAC. A adoção de um bot auxiliará no filtro de demandas, agilizando ainda mais o atendimento nesse período de alta demanda. A empresa também está planejando com os parceiros logísticos, o SAC, o Centro de Distribuição e as lojas medidas para reagir rapidamente caso seja necessário.

“Para nós, a chave está na escuta ativa e na proximidade com o cliente. Entendemos e trabalhamos para que o consumidor realmente se sinta valorizado ao escolher nossa marca e ao comprar em nossas lojas. Além disso, para suprir o aumento da demanda, abrimos, recentemente, mais de cem vagas para atendimento digital e temos buscado trabalhar nosso canal de relacionamento com o cliente de forma unificada e ágil, trazendo uma experiência 100% satisfatória”, detalha Modesto.

Por compreender a importância do atendimento ao cliente e da integração entre os canais, a C&A também adotou o atendimento por WhatsApp em mais de 330 lojas. Hoje, o canal é responsável por quase metade das vendas da rede e é uma das plataformas que ajudam a solidificar a imagem omnicanal da C&A no mercado. Não por acaso, aprimorar esse canal é um dos focos da marca, que pretende usá-lo também para sugestões e reclamações e integrá-lo ao SAC.

BLACK FRIDAY NÃO É OBRIGAÇÃO
Diante de todos esses elementos, fica a questão: E se a marca não quiser ou não puder aproveitar a Black Friday? Os especialistas entrevistados pela Consumidor Moderno ponderam que participar desse evento não é uma obrigação. Varani, da Ambidestra, destaca que a pergunta mais importante antes de mergulhar em uma Black Friday é: “Para quê?”. Ele defende que os responsáveis pelas empresas devem avaliar se a participação está alinhada ao propósito da sua marca, se realmente faz sentido, se vai fazer diferença no fim das contas.

A iniciativa proposta vai gerar mais atritos do que benefícios? Se for gerar mais atritos, é melhor investir em algo diferente – uma promoção fora do calendário, novas estratégias comerciais, ferramentas de relacionamento com o cliente etc. Não dá para mergulhar cegamente em uma Black Friday, porque as consequências serão duras”, destaca.

Varani não nega os benefícios que uma boa Black Friday pode trazer: gera vendas, traz visibilidade para a marca, ajuda a nacionalizar marcas regionais, startups. Mas, é algo que precisa fazer sentido, e a empresa precisa estar preparada para oferecer uma experiência satisfatória para o cliente. Então, reforça: a Black Friday é uma ótima iniciativa se os “para quês” estiverem bem respondidos e alinhados à marca.